E se um reencontro o destino preparasse... escrita por Eubha


Capítulo 247
Capítulo 247:




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– Anita você pode me dizer o que está acontecendo pra você me bater aqui. – Bernadete não se convencia com as explicações iniciais de Anita.

– Bernadete olha... – Anita fez uma pausa para respirar antes de qualquer coisa. – Se você não quiser que eu fique aqui, eu dou outro jeito, arrumo outro lugar, amanhã mesmo, é que você tem razão de não querer se envolver, bom ultimamente você esgotou tua cota de tomar bronca da minha mãe, por causa de coisas que eu praticamente te obriguei a concordar. – ponderou ela em plena sinceridade, entendendo também que Bernadete tinha o direito de se manter neutra diante do conflito educado que ela e Vera pareciam começar a travar.

– Não. – murmurou a mulher dispersa. - Quer dizer claro que pode ficar. – se retratou ela se justificando com mais clareza. – Eu só achei estranho você querer sair do Grajaú, ainda mais com o Ben lá. – explicou Bernadete, apanhando na mesa de centro da sala perto ao sofá um copo com o refresco que Soraia havia preparado, para que elas pudessem conversar com calma tomando o suco.

– É pois é. – Anita proferiu atônita e pensativa sentado ao sofá menor de frente para Bernadete e Soraia.

– Ai Anita, que foi hein, brigou com o bofe. – perguntou Soraia que até então só ouvia a conversa atenta. – O que ele aprontou hein, que aí você rodou a baiana e veio pedir asilo pra Detinha. – falou ela em um tom divertido e também curiosa com o pedido repentino e inusitado da menina.

– É foi isso, você e o Ben se desentenderam. – reforçou Bernadete compartilhando do pensamento da amiga.

– Não, não, tá tudo tranquilo entre mim e o Ben. – Anita riu das perguntas das duas. – Minha vinda pra cá não teve a ver com ele ou por algum desentendimento que a gente possa ter tido. – esclareceu Anita.

– Ah ufa, menos mal então. – Bernadete fez gesto de quem agradecia aos céus.

– Eu vou explicar gente, mas antes preciso de um banho, porque to podre de cansada, não parei o dia todo. – afirmou Anita se vendo exausta.

– Claro, cabeça minha gente, vai lá, fica a vontade, você conhece o caminho e a casa é tua. – Bernadete riu de sua própria falta de atenção para as coisas.

– Muito obrigada, por mais essa viu. – Anita falou agradecendo, a mulher parecia ser sempre quem a salvava nos piores momentos de tempestades a trovoadas.

– Imagina, pode pular essa parte. – disse ela solicita.

Anita deixou as malas no corredor mesmo, não tinha cabeça para desfazê-las de imediato, e entrou pelo quarto olhando tudo em volta, enquanto seus pensamentos viajavam parecendo não chegarem a um lugar exato, ela andou confusa em direção do banheiro ao tempo que tirava os calçados, só necessitava de um banho para acalentar seus pensamentos. – Ahaaaa! – um grito tomou conta do apartamento, ao instante que Anita entrou no banheiro distraidamente e constatou de que ele já estava sendo ocupado por outa pessoa.

– Anita aiiii... – a intrusa também gritava assustada e pega de surpresa.

– Meg. – Anita reconheceu a figura da americana por trás das toalhas brancas enroladas nos cabelos e em volta do corpo.

– Ai que susto. – aloira finalmente falou algo que não soasse como um grito, se apoiando a parede perto a pia do banheiro.

– Desculpa ter invadido assim, eu não sabia que tinha gente. – Anita argumentou ofegante, com o coração em fortes batidas.

– Não desculpa eu. – a estrangeira alegou mal sabendo por que pedia desculpas.

– Meninas, meninas, desculpa eu. – Bernadete ao ouvir os gritos ecoantes das duas, quando estava na cozinha entrou no quarto ao lado de Soraia que a acompanhava. – Com você chegando assim Anita, de repente, eu preocupada, ai gente. – ela parou para controlar a respiração agitada que a impedia sua fala. – Esqueci-me de te avisar que a Meg estava aqui. – a mulher justificou-se a sua total falta de atenção com o fato.

– Tá tudo bem Bernadete, a gente tá legal. – Anita afirmou já recuperada do susto. – Acho que foi mais fricote do que susto. – supôs ela rindo, ao perceber que ela e a loira pareciam partilhar da mesma mania escandalosa quando levavam um susto.

– Anita tem razão foi bobagem. – a garota também acabou achando graça.

– O que aconteceu foi que estourou um cano lá quartinho da Meg, inundou tudo ela teve que sair de lá, como a casa é grande e está sempre vazia eu convidei ela pra ficar aqui comigo. – Bernadete explicou o que a americana fazia ali.

– Bom eu não sabia pra onde ir, e ficar em um hotel mesmo que modesto iria sair caro pra mim. – Meg acrescentou meio deslocada ao achar que podia estar incomodando. – Aí eu acabei contando pra Soraia, ela comentou com a Bernadete e me convidou pra ficar aqui. – exclamou agradecida.

– Nossa coitado do Serguei, fazer obra assim de repente, e de você não é, imagina de uma hora pra outra não saber pra onde ir. – disse Anita que não sabia do ocorrido, já que não havia falado com o amigo a não ser no colégio pela manhã.

– Mais Anita, eu não sabia que você vinha pra cá. – a loira ponderou.

– É pois é, nem eu sabia, eu decidi de supetão. – Anita falou ainda meio confusa.

– Então vocês tem algum problema de ficarem juntas. – Bernadete questionou apreensiva. – Não é porque tem três quartos aqui, um é meu, o outro eu sedie a Soraia, e esse aqui, aí caso contrário vamos ter que dar outro jeito. –disse ela.

– A Detinha já se esqueceu que as duas se estranharam por causa do Ben é. – Soraia salientou falastrona sem pear as palavras.

– Xiuu Soraia, quieta. – pediu Bernadete a cutucando.

– Se a Anita quiser eu dou outro jeito, numa boa. – contrapôs Meg.

– Eu gente, hei calmem, eu não mordo não e também nunca fui uma patricinha cheia de vontades. – Anita ria diante do semblante apavorado das três. – Meg a Bernadete não te convidou pra ficar, então você fica. – reforçou ela, imaginando que poder ela teria de mandar em um lugar que se quer a pertencia de fato. – E quanto a isso que você disse Soraia, a gente já chegou a um acordo, quer dizer uma resolução, não tem porque continuar com isso até porque tanta água rolou debaixo dessa ponte depois disso, que colocar tudo em evidencia seria até difícil. – garantiu Anita sem neuras.

– Bom se você não for mesmo se incomodar, então eu fico Anita, realmente o que eu to ganhando com as aulas de dança não está dando pra pagar um lugar, eu tenho mandado sempre um dinheiro pra minha mãe e meu orçamento tem ficado apertado. – Meg respondeu sendo sincera.

– Já disse que pode ficar, sem problemas algum, relaxa Bernadete a gente vai se comportar além do mais eu vim em busca de paz e não de mais problemas. – Anita exclamou brincalhona.

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– Ah Anita foi embora mesmo. – Ronaldo saltou do sofá quando viu Ben entrar em casa a passes lentos.

– Foi, ela estava decidida, nada que eu dissesse faria ela ficar de bom grado. – afirmou Ben caminhando até o pai.

– Você demorou, achei que quem sabe ela não tinha desistido. – desabafou ele, ao ver que o filho demorou a voltar depois que foi acompanhar Anita até o taxi.

– É eu fui andar, to com a cabeça cheia. – Ben justificou, realmente se sentindo cansado e mais desanimado ainda só de imaginar que Anita estava longe no momento, estava tão acostumado a tê-la por perto desde que os dois reataram namoro, que mesmo sem admitir pra os demais por saber o que eles diriam, já sentia uma falta da garota que se quer sabia explicar.

– Ela te contou o que houve, pra querer ir embora assim em um repente. – Ronaldo indagou, com pesar pela partida da menina.

– Não, o motivo mesmo ela não me disse. – afirmou Ben aos suspiros desolados, sentando na poltrona de frente para o pai. – O que houve pai, o que vocês fizeram pra ela. – ele questionou sem cerimonias e não calculando que Ronaldo poderia se ofender.

– A gente Ben, do jeito que você fala parece que somos pais em uma família da Idade Média. – Ronaldo retrucou descontente.

– Pai não enrola, você não está desse jeito preocupado só porque a Anita saiu dessa casa, com sinceridade em outra ocasião você ficaria até aliviado. – Ben não o poupou. – Aconteceu alguma coisa, disso eu não tenho dúvidas, eu conheço a Anita, ela saiu daqui em choque, anestesiada, com cara de quem estava com vontade de botar tudo pra fora aos gritos, mais não fez. – afirmou o garoto ao pai impaciente com a situação. – O que aconteceu, porque mais cedo ela tinha me falado que não queria agir por impulso, justamente pra não fazer algo que ela se arrependesse, aí eu chego em casa isso. – alegou, ao passo que Ronaldo só o fitava parecendo confuso e nervoso.

– Eu mais ou menos imagino Ben, e se a Anita não te disse, é sinal que eu não estou errado. – admitiu o homem, enquanto Ben só ficava apreensivo. – Ela deve ter ouvido a conversa que tive com a Vera, ela falou umas coisa sobre afastar você e ela, mandar a Anita pra morar um tempo com a tia em São Paulo, falou também do quanto estava frustrada com o rumo da vida da Anita, e... – Ronaldo parecia ter medo de confidenciar o resto.

– E o que pai, começou termina. – Ben rebateu exasperado, só tendo pensamentos confusos rondando sua mente a respeito do que ouvia.

– Veja filho, eu não tenho certeza disto e nem estou afirmando que sim. – Ronaldo procurou falar com calma. – Na verdade foi o Hernandez que me falou, mais antes eu ouvi sem querer do Antônio. – ele argumentou, e só percebeu uma enorme preocupação se formar no rosto de Ben. – A Vera também comentou dessa relação eu diria conturbada que Anita teve com o Antônio, e o Antônio bom, não é surpresa pra você que ele se nega a se afastar da Anita. – Ronaldo afirmou verdadeiro.

– Ele já está afastado da Anita pai. – respondeu Ben com descontentamento.

– Eu sei, mas o fato é que o Antônio... – Ronaldo não sabia que palavras usar. – Ben, você sabe realmente o que aconteceu entre a Anita e o Antônio? – ele indagou mesmo com receio. – Porque o Antônio tem falado coisas por aí, e foram justamente essas que chatearam a Vera, mas ela não pretendia falar isso a Anita nem eu, veja eu não estou dizendo que acredito. – ele procurou falar com calma.

– Eu não acredito, eu vou pirar, ou pior vou matar o Antônio. – Ben se levantou dando as costas a Ronaldo sem acreditar no que acontecia.

– Bem, por favor pare de loucura. – pediu o homem.

– Ah você acha super normal as loucuras do Antônio, não pior é a Vera não é, ficar falando isso aqui dentro pra Anita escutar. – Ben irritou-se mesmo sem querer. – Quer saber também pouco me importa o que o doente do Antônio fala, não que não me de muita raiva disso porque dá, depois de tudo que ele já fez. – contrapôs ele, querendo mesmo não dar a devida importância a situação. – Mais eu sei o que a Anita me contou, e o que ela me disse me basta, eu confio nela, e também ela não teria motivo pra mentir pra mim, e mesmo que ela tivesse tido algo de muito sério com ele nessa proporção, como ele deu pra dizer por aí, eu não ia poder condenar ela, a Anita não se perdeu sozinha eu também contribui pra isso, por mais que seja decepcionante pra eu admitir isso, e mesmo que fosse, isso dá o direito do Antônio sair por aí falando dela desta forma, e o Hernandez está querendo o que, que a todo custo a Anita fique com o Antônio. – Ou Ben tinha uma visão muito distorcida dos fatos, ou dava a entender que Hernandez sabia muito bem o que falava, mesmo que motivo pela influencia mentirosa de Antônio, não sendo só um pai que defendia o filho acima de tudo. – Alegando o que isso, o namoro extremamente sério dos dois, mais isso não vai acontecer, eu já to ficando cansado dessa insistência dele de vir aqui falar em defesa do crápula do Antônio. – confessou Ben, mesmo querendo muito não estragar a boa relação com o padrasto por isso já que sabia que não valia a pena.

– Calma, eu não te contei isso pra você ficar ainda mais nervoso, chega disso nesta casa por hoje. – Ronaldo procurou ponderar.

– O Antônio tá fazendo isso porque ele é esperto, ele sabe que eu iria ficar pirando se alguém viesse me falar isso, ou se ele mesmo falar, o intuito dele ainda é o mesmo de sempre, minar meu namoro com a Anita, até que eu largue dela, até que ela não aguente mais as cobranças que eu possa vir a impor a ela, o Antônio sabe e me conhece muito bem pra saber que eu não tenho sangue de barata, que talvez uma hora isso acabaria me irritando. – previu ele cansado de sempre remoer os mesmos problemas.

– Eu realmente achava que era só isso. – deixou claro o pai.

– E a Anita pai, a cabeça dela, ela não podia ter ouvido a Vera dizendo isso, a culpa dela por tudo que ela fez já é demais, não quero nem pensar em como que tá a cabeça dela agora depois disso, de pensar que isso só aconteceu porque a Vera se recusa a falar com ela, ela acha mesmo que afastando a Anita de mim, de tudo, ela vai resolver algo, ainda por cima começa a desenterrar essa história do Antônio de novo e ligando pros devaneios daquele desgraçado, sinceramente eu quero distância desse garoto, eu nunca desejei o mal pra alguém, mas pra mim o Antônio pode se ferrar a vontade que eu não vou ter pena ele merece. – proferiu Ben com ira. - Poxa eu já estou exausto dessa mania de vocês sempre desconfiarem da gente, sempre acharem que a gente é leviano, egoístas, não pensamos na família, vocês não acreditam na gente nunca, pior jogam a culpa de tudo em cima de nós, como se a gente tivesse que responder e ser condenado o resto da vida pelo que houve, como se tentar de novo fosse errado, porque não merecemos. – ele jogou ao vento tudo que pensava.

– Ben não seja tão pessimista. – Ronaldo procurou defender-se.

– Eu só pessimista, ou consigo entender exatamente aquilo que vocês nunca confessam. – Ben contrariou, maneando a cabeça descontente junto a um olhar cabisbaixo. – E tudo porque fomos vítimas antes do destino ou do Antônio ou sei lá. - Qual a justiça disso, eu e a Anita pagar o resto da vida pelo que houve, arrastar essa história que só nos trouxe e trás infelicidade, ter aberto mão de tentar se acertar encontrar um rumo. - Tudo pra que? - Pra que vocês sejam plenamente felizes, que você e a Vera não tenham que se preocupar com o que os outros pensam, ou as consequências disso que possa vir a vocês, enquanto isso a gente faz o que, desisti de viver o que a gente sente, por vocês, ao passo de que vocês não toleram ceder num um misero centímetro a tentar nos entender, na boa pra mim é muito egoísmo junto, e eu estou como a Anita, farto. – admitiu Ben, por mais que se sentisse desconfortável de olhar as coisas de uma ótica tão racional e fria.

– Ben, por favor, também não tente resolver tudo de uma vez, como se não houvesse amanhã, eu te peço. – Ronaldo ficou sem saber que argumentos usar para convencê-lo de que estava errado, talvez Ben não estivesse cogitou imaginar por um segundo.

– Eu não resolvi nada pai, nem antes e nem agora, a gente tem deixado essa situação se arrastar, talvez esse seja o grande problema. – afirmou Ben contrariado apenas. – Bom eu vou tomar um banho e tentar dormir, pelo visto o dia de amanhã se ensaia pra ser pior que esse. – informou Ben sob suspiros ansiosos. – Boa noite!

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– Tá tudo tão calmo né. – Anita tentava escutar os barulhos do ambiente, mas só conseguia contemplar o silêncio que se encontrava pelos cômodos do local.

– É pior, mais acho que aqui sempre é calmo, na verdade você deve estar achando isso por conta da agitação do casarão. – brincou Meg que fazia companhia para Anita na cozinha tomando um copo de suco, enquanto as duas ensaiavam limpar a bagunça deixada pelo jantar.

– Pior, lá estranho é quanto está calmo. – Anita se viu concordando.

– Anita eu sei que a gente não tem intimidade pra mim te perguntar isso, mais porque você saiu de casa assim de nada. - Meg mesmo hesitando acabou a perguntando.

– Ah Meg, acho que eu sou uma pessoa extremamente complexa, só pode às vezes eu sinto vontade de fugir mesmo, principalmente quando a fuga significa me livrar de me irritar e brigar, fazer e acontecer com a pessoa que eu devo respeitar e amar acima de tudo. – disse Anita entre sorrisos serenos juntando os pratos de cima da mesa e os pondo dentro da pia.

– Yes, e você não tá falando do Ben, não é, ok eu to certa. – reforçou a estrangeira.

– Não, o que nunca nos faltou foi motivo e disposição pra discutir. – ela zombou de si própria. -Estou falando da minha mãe, não quero perder o respeito, eu me conheço se eu ficasse lá, suplantando tudo que vem acontecendo à gente só iria se magoar ainda mais, e pra mim a culpa de entristecer ela, faz sim muita diferença, pode não fazer pra ela, mais pra mim faz – confidenciou Anita. - Mais deixa pra lá, eu não vou ficar alugando teu ouvido agora, até porque se você der brecha eu não para mais, acontece sempre com quem não tem a mania de falar da própria vida. – contrariou Anita rindo.

– Acredito que vocês vão se entender, a Vera sempre foi alguém disposta a diálogos, talvez o tempo se encarregue do resto. – desejou Meg.

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– Pronto, até que ter um monte de gente pra arrumar a cama todo dia, não é tão ruim, pelo menos agilidade eu ganhei com isso. – disse Anita brincalhona, terminando de estender e arrumar as cobertas sob o colchão que Bernadete tinha disponibilizado para que ela pudesse se ajeitar.

– Ótimo, agora a gente faz assim eu vou pra aí e você fica com a cama. – sugeriu Meg já recolhendo seus pertences que estavam sob a cama.

– Porque, vai fazer tanta diferença pra mim, me serve mesmo é o colchão porque a cama sem o colchão, pra mim não vai ser de adianto. – ironizou Anita em um tom de brincadeira.

– Ai Anita, eu to falando sério. – Meg argumentou rindo.

– Eu também, você pode ficar com a cama, você já tinha se ajeitado por esse lado do quarto. – alegou Anita, percebendo que a garota já tinha ate organizado suas coisas ao bidê do lado da cama. – Eu durmo no chão sem problemas, e eu não to falando isso pra ser boazinha não, você chegou primeiro você fica com a cama, ai Meg por favor a gente não vai discutir pra ver quem é que vai ficar com a cama ou não, não é, o mais objetivo seria discutir pra ver quem é que vai dormir no chão, por favor. – Anita gargalhou diante da troca de gentilezas que ambas tentavam fazer sem sucesso diante da teimosia da outra.

– Tá bom mais, tem razão, mas também você frequenta mais a casa Bernadete do que eu, agora você dorme no chão e eu me aposso da cama, sem lógica isso. – contrariou a americana justificando seu jeito gentil.

– Tá bom pode deixar, amanhã eu vou fazer questão de espalhar pra escola inteira o quão cruel você é, quando decidiu me deixar dormindo no chão, fica fria não vou esquecer. – encenou Anita com ar debochado. – Boa noite, dorme bem. – desejou ela, jogando o travesseiro contra o colchão e deitando-se rapidamente deixando Meg sem ter como recusar seu gesto de deixa-la ficar com a cama.

– Tá então tá, boa noite dona Anita. – Meg falou também a desejando a fitando Anita sorridente, desistindo e a convencê-la do contrário.

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Anita vislumbrava a rua calma e com um silêncio ensurdecedor, que fazia em plena madrugada, escorada a sacada na varanda do apartamento de Bernadete, já que o sono e o cansaço que lhe dominam quando ela foi dormir foi substituído pela saudade que se viu sentindo de Ben, como se simplesmente ouvir a voz do garoto fosse a ponto para aplacar sua ansiedade, que se fazia em insônia naquele momento. Enquanto seus pensamentos viajavam nos últimos acontecimentos que a levou a estar ali e seus olhos eram puxados para dentro do enorme mar, um pouco afastado de suas vistas, cuja as ondas pareciam tão revoltas, como se ela pudesse ter certeza que o vento leve e tranquilo que ela sentia bater em seu rosto, pudesse trazer as gotículas de água salgada até si, mas parecia que aquela sensação de calmaria que interrompia sua confusão mental em tal momento, era o atrativo perfeito para que seus pensamentos só pudessem ter forças para pensar em alguém, para pensar em Ben, remontar alguns dos momentos felizes com o garoto.

Pensamento...

– Bom pelo menos se ser arquiteta não der futuro Anita, você pode vivar diarista, já tem até pós graduação nisso, de tanto fazer faxina e de graça ainda. – Anita distribuía palavras e mais palavras a si mesma e as paredes do banheiro que tentava limpar.

– Anita o que você tá fazendo. – indagou Ben chegando à porta, depois que ouviu os sussurros e resmungos da garota da cozinha.

– O que você acha, por esse cheiro de desinfetante. – ela rebateu, já não aguentando se render a faxina. - Aí nossa acho que até eu estou cheirando a desinfetante, ai meu deus como diz a Sofia, nunca mais vou me livrar desse cheiro, to começando a cogitar. – disse a menina desconfiada ao cheirar a mecha de seu cabelo que havia se desprendido do coque que ela havia feito.

– Eu te garanto com toda certeza, que você não corre esse risco, essa suspeita pode ser mais fricote da tua cabeça. – Ben se colou a rir do jeito dela.

– Ai legal. – Anita franziu a testa entre uma careta irônica. – Eu tenho certeza que aquela irmã do Ronaldo que era dona da casa antes dele comprar nunca esfregou os azulejos desse banheiro, nem com as mãos dela, e nem com as da empregada que pagou, parece até que eles se materializam a gente limpa, aí quando olha de novo, está do mesmo jeito, eu hein. – reclamou ela.

– Anita. – chamou ele entre gargalhadas largas apenas.

– Não entendi a graça, mania de rir da minha cara. – respondeu a garota descontente. – Ai ih, acabei de falar mal da tua tia não é, também quando a gente pensa que esta a par de toda complexidade dessa família, descubro que nem todos os teus parentes são meus também. – ela alegou com pressa.

– Pode até ser. – concordou Ben com um sorriso a ela. – Mais você tá bonitinha assim de gata borralheira. – brincou ele.

– É sinto muito te decepcionar mais minhas chances de virar uma princesa elegante e tremendamente arruma depois são poucas, quase nenhuma pra ser exata, nem que seja só pro enquanto durar até a meia noite, é mais aceitável eu continuar sendo a abóbora, e antes dela virar carruagem mesmo. – afirmou Anita, abrindo o registro do chuveiro com intuito de encher um balde com água para jogar no local. – E pode parar com a graça porque eu não acho nenhuma. – ela alegou o olhando séria e emburrada.

– Ah não, tem razão tadinha de você não é, sempre se pondo pra fazer as piores tarefas, já que nossos irmãos caem fora sempre. – Ben se aproximou dela risonho. – Eu posso te ajudar sabia. – sugeriu divertido.

– No que, realiza desejos agora, tipo limpeza em dois segundos. – ironizou Anita implicante.

– Não, eu posso te ajudar a se livrar do cheiro do desinfetante, te ajudando a encontrar o caminho do chuveiro por exemplo. – zoou Ben, a empurrando em direção ao chuveiro que estava aberto.

– Ah não Ben, é hoje que você morre. – esbravejou Anita se irritando apenas tendo tempo de sentir a água fria cair sob seus cabelos. – Água gelada, eu desliguei a quente, você não tem amor à vida não garoto. – perguntou ela, entre risadas descontes pela atitude dele, tentando empurrá-lo para que pudesse sair, sem conseguir sucesso.

– Tenho muito, até demais, mais a você. – declarou ele, a envolvendo em um beijo empolgado, ao mesmo tempo que a água caia ininterrupta sobre os dois.

– Gastar água pode ser crime hoje em dia sabia. – alfinetou ela sorridente, abraçada a ele.

– Concordo, mais sério que você vai querer bancar a ativista justo agora. – Ben questionou fazendo charme.

– Não faço muita questão. – Anita riu, e voltou ao beijo com paixão e pressa.

– Anita você tá aí ainda. – Bernadete falava com Anita, numa tentativa se trazê-la de volta a realidade já que ela parecia não notar sua presença é sorrir concentrando a fitar o nada.

– Ai que... – Me desculpa, desculpa tava viajando aqui mesmo. – Anita disse finalmente parecendo se despertar.

– Eu percebi né. – ria Bernadete.

– Perdi o sono e acabei vindo pra cá, olhar a noite um pouco, mais melhor eu tentar dormir não é, até porque vou ter que acordar mais cedo amanhã se eu quiser chegar no colégio no horário. – lembrou –se Anita de que não estava mais praticamente ao lado do Destaque.

– Ótima lembrança, vai dormir meu amor, boa noite. – desejou Bernadete docemente.

– Boa noite, tenha bons sonhos também. – retribuiu Anita divertida, deixando a varanda e entrando pela porta a sala no intuito de se conduzir até o quarto.


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