E se... escrita por Orpheu


Capítulo 4
E Se... a felicidade se acabasse?


Notas iniciais do capítulo

Antes de ler, uma pequena curiosidade sobre o Pokémon protagonista da história: "Diz um ditado que a felicidade virá a todo aquele que conseguir fazer ele dormir a seus pés. Dizem que ele armazena em seu casco sentimentos de alegria. Eles são capazes de sugar a energia positiva dos outros, em seguida, liberá-lo para aqueles que precisam dela.". Divirta-se



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/482605/chapter/4

Acho que sou uma dessas poucas pessoas que pode dizer ter uma vida cheia de felicidade. Sou mãe de três crianças maravilhosas e não digo isso por serem meus filhos, muito pelo contrário, digo isso porque ouço a todo momento. Tenho o esposo mais lindo, mais carinhoso e mais prestativo da face da terra. Acabo de ser promovida para o cargo mais alto que alguém formado em contabilidade conseguiria na vida. É por isso, e por muitos outros motivos, que posso dizer: Eu tenho uma vida perfeita.

Só existe uma coisa que eu gostaria que deixasse a minha vida perfeita. Um pequeno incômodo que tenho desde os meus oito anos e que meu marido diz ser a ‘preocupação com o dinheiro’ que me deixa dessa forma, mas algo me diz que não é – na verdade tenho certeza que definitivamente não é preocupação com o dinheiro ou o trabalho. A escuridão sempre me assustou.

Todos que sabem dessa minha pequena fraqueza ao escuro, dizem que é uma paranoia minha e que eu preciso começar a apagar as luzes da minha casa, afinal não há necessidade de ficar gastando energia em todo o andar de cima sem que sequer haja alguém por ali. Minhas colegas de trabalho, as mais íntimas, brincam dizendo que minha casa tem o espírito natalino durante todo ano; outras, as mais intrometidas, alertam que é perigoso que algum estranho entre na minha casa. Já eu sinto que mantendo as luzes acesas ficarei segura e ninguém entrará na minha casa durante a noite.

Quando visito minha mãe, uma viagem de três longas horas com uma paisagem repleta de fazendas, e conversamos sobre o meu medo – mamãe sempre consegue fazer a minha fobia virar o assunto principal de qualquer jantar – ela diz que tudo começou depois que eu aleguei com todas as minhas forças que o nosso bichinho de estimação havia nos deixado. “O mais engraçado disso tudo é que nunca tivemos um animal nessa casa”, mas é claro que eu me lembrava muito bem de ter tido e para mim era apenas uma falha na memória de minha mãe.

Posso não ter uma capacidade de guardar lembranças tão bem, pois não lembro nem de um terço da minha infância, mas lembro-me quando encontrei com meu pequeno bichinho de estimação, acho que posso dizer que foi ele quem me encontrou:

Todo verão, eu, costumava passar algumas semanas na casa de minha tia e brincava com minhas primas e primos. Adorava a imensidão daquela casa urbana e como o quintal deles era tão mais lindo e belo que o nosso. Sempre nos divertíamos brincando de pega-pega ou então esconde-esconde e foi em uma dessas brincadeiras da infância que eu me encontrei com ele.

Estava me escondendo de minha prima perto dos arbustos da casa, quando vi algo se movendo no meio deles, a curiosidade infantil me fez entrar dentro daquele matagal e pegar com minhas mãos o animal. Jamais havia visto algo parecido com aquilo, mas lembro-me de ter acolhido ele. O que aconteceu em seguida eu não sei. Não lembro se mostrei para os outros, apenas sei que levei para minha casa. Não me lembro da reação da minha mãe ao ver ele, nem sequer lembro-me da minha reação. Lembro que todas as noites eu entrava em baixo das cobertas e ficava observando ele dormindo junto aos meus pés; hoje eu tenho receio de olhar para os meus próprios pés.

Eu sentia que enquanto ele estivesse comigo, eu seria a criança mais feliz de toda a região. Quando sentia o calor do seu corpo junto ao meu parecia que estava no céu, era a melhor sensação. Todavia um dia isso acabou, ele se foi. Sempre o tratei bem e sempre o amei, mas ele partiu mesmo assim. Olhava todo dia para a janela, procurava entre as cobertas, entretanto nunca ele estava ali. Com o tempo fui me acostumando a ficar sem ele, no entanto as noites eram agonizantes e insuportáveis.

Agora, que sou uma mulher realizada e de bem com a vida, não desejo que ele volte mais. Não sei bem a razão para esse sentimento, apenas não desejo que ele volte, não quero que ele retorne.

Hoje a noite completa dez anos que ele partiu. Toda minha família já esta pronta para dormir, sinto algo quente em meus pés e sinto algo nostálgico, uma sensação que não sentia a anos. Acordo e olho para meus pés e lá está ele, deitado em mim, mas acordado, com seus grandes e brilhantes olhos me observando... eu realmente não gostaria que ele estivesse aqui e agora lembro o porquê. Ele me trouxe essa felicidade que pertencia a outra pessoa e agora veio buscá-la de volta.

Pokémon (imagem)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Chegou até o fim já? Se não, pode voltar lá pra cima e ler na sequência certinha! Para você que já terminou de ler, então... como acha que ficaria a vida de uma pessoa sem felicidade alguma? O amor pelos filhos e o marido continuaria o mesmo? A relação com os colegas, como o próprio trabalho, seria a mesma coisa?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "E se..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.