Guerra Elemental escrita por Ed Henrique


Capítulo 28
Que comecem as confusões!


Notas iniciais do capítulo

Capítulo cheio de coisas novas para confundir vocês! – ha ha ha.



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Regra de ouro de Terra n° 1: Não usar magia dentro dos prédios da escola.

Matheus on

Me espreguicei e abri, muito lentamente, os olhos. Me virei para o lado e Edgar já estava de pé.

–Você acorda cedo demais. – Falei.

–Eu durmo cedo e acordo cedo. Como diz: o ditado, Deus ajuda, quem cedo madruga. – Estranhei as palavras dele.

–Você me lembra o Davi.

–Quem? – Parou o que estava fazendo para me olhar.

–Davi é um amigo meu e filho do diretor do Norte! – Afirmou. – Ele acorda cedo, igual a você, e também é um mago de cura. Só estranhei você falar: “Deus ajuda”. Geralmente eu ouço os magos falarem o nome do seu espírito no lugar de “Deus”.

–É uma mania que eles têm. – Disse. – Mas é porque eu sou cristão.

–Sério?

–É tão estranho assim?

–É. Você usa magia do espírito da terra, Terim, mas acredita em Deus? Combinemos que é um pouco estranho.

–Podemos não entrar nesse assunto? A última pessoa com quem eu entrei, fiquei sem falar com ela por um dia! – Disse sorrindo de olhos fechados. – Eu sou do tipo que não consegue ficar zangado muito tempo com uma mesma pessoa. Meu recorde foram três dias. – Sentou-se na cama. – Mas conta, eu quero saber mais sobre seus amigos. – Me sentei na minha, e pensei por qual deles começar.

–Vou pelo Davi, já estava falando dele mesmo. – Disse. – Como eu disse, ele é um mago de cura, ou seja, preza curar em vez de atacar. Uma vez ele tentou me ensinar sobre magia de cura, mas eu prefiro ataque mesmo. Bom, ele tem quinze anos, magro, é alto para sua idade, olhos acinzentados e cabelo moreno. Que mais? Ah, tem um irmão que foi diretor ano passado, cujo qual não vou com a cara. – Acabei fazendo uma careta, e Edgar riu. – Também tem um primo que estuda aqui. Também tem o Lucas, que é um velho amigo que reencontrei na EE. Usa magia de fogo, é meio infantil ás vezes, mas é muito bom. Tem a minha namorada Yuri, que é a Representante de gelo. Ela também foca no ataque, porém, sabe magia de cura. A Parris e o Cauã que conheci ano passado. A Parris é uma maga de fogo, e o Cauã um fantasma de fogo.

–Pera, pera, um fantasma? – Se espantou.

–Qual o problema? Você acredita em Deus, em espíritos, sabe que sou um, mas não acredito em fantasmas?

–É que eu nunca ouvi falar sobre um! Nenhum livro daqui fala sobre isso, e olha que temos uma biblioteca maior. O que é um pouco ridículo, porque o pessoal desse lugar mal entra lá.

–Qualquer dia desses talvez você possa o conhecer. – Falou. – Se decidir ir para o Norte estudar ou passar uns dias eu viro seu guia.

–Sério? Então ano que vem eu vejo se dou um pulo lá. – Ele pareceu animado com a ideia. – Mais quem são seus amigos?

–Bom, amigo, amigo, não, mas tem o Lucio. Atual Representante do terceiro ano de fogo. Minha primeira batalha foi contra ele, isso no meu segundo dia de EE. Como eu o venci e recusei a proposta de entrar na equipe dele, ele não vai muito com a minha cara.

–E ele?

–“Ele”? – Repeti, tentando imaginar quem era. – Só sobrou o meu irmão.

–Ele mesmo. O famoso King do Norte. – Seu olhar parecia admirado para poder ouvir o que eu tinha a dizer sobre ele.

–Bem, ele é um pouco parecido comigo, só que mais velho, com o cabelo maior também, uns traços do rosto diferentes e mais forte. – O final saiu quase como um sussurro.

–Já enfrentou ele alguma vez? – Perguntou.

–Sério só uma. Ele era forte demais e até hoje não tive minha revanche! – Cruzei os braços.

–Qualquer dia desses enfrento o daqui.

–Como assim? Não existe só um King?

–Na verdade, existe um no Norte e um aqui. O título é dado ao aluno mais forte da EE. Por isso, não existe um King de vento ou de gelo.

–Entendo. Mas por que você disse: “um dia enfrento”? Por que não o enfrenta agora?

–Ele já se formou, mas antes de eu me formar, eu o desafio! – Disse. – Fora que tem aquilo. – Levou a mão ao peito.

–O que quer dizer?

–O diretor te explicou sobre as magias que aprendemos aqui? – Respondi que sim e ele continuou. – A natureza possuí um lado bom e ruim, o bem e o mal, é a lei da selva. Como nós, usuários de terra, usamos magia da natureza para lutar, também “sofremos” esse impacto natural.

–Não tô conseguindo entender.

–De uma maneira simples, todos os usuários de terra possuem uma outra personalidade que é mantida presa dentro de si. Somos bons de natureza, digo, desde nascença, mas não quer dizer que todo usuário de terra seja bonzinho, ou que seja assim de nascença. Se ele é bonzinho, possuí um lado ruim preso, se é ruim, possuí um lado bom.

–Você até agora parece ser bom. – Falei desconfiado.

–Não é tão simples assim. Eu amadureci muito rápido, por conviver com minha prima, minha mente ficou, digamos assim, mais madura, e também tinha muito contato com plantas, porque minha avó tem várias no quintal. Isso tudo, fez com que eu despertasse meus poderes com quatorze anos. Geralmente acontece com filhos de já magos.

–Mais a data não bate. Se você despertou seus poderes de terra com quatorze, deveria estar no quarto ano agora!

–Eu tive um problema no segundo ano e tive que repetir o mesmo. Mas voltando a explicação de antes, no final do primeiro ano, nós passamos por um “tratamento” e aprendemos a controlar esse outro lado.

–Tá, mas então por que você disse: “fora que tem aquilo.”? Você ainda não controlou seu lado ruim?

–Infelizmente não. Para nos tornarmos um só, precisamos conversar e nos acertar, se lutarmos entre si e um matar o outro, não funciona, pelo menos, não que alguém tenha me dito. – Explicou. – Isso também resulta em outro problema, para mim. Não posso enfrentar o King daqui, pois minha magia de terra é dividida entre mim e meu outro eu. Eu só controlo as plantas e a parte de pedras é com ele.

–Foi por isso que virou um mago de cura? Por que não pode controlar as pedras.

–Na verdade, não! Não gosto de me machucar e depender dos outros, então aprendi magia de cura. O que não significa que eu seja fraco no ataque, tira essa ideia da sua cabeça. – Olhou para o relógio. – Tenho que dar uma saída. Fique à vontade.

–O que você pôs dentro de mim? – Perguntei, assim que a mão dele tocou a maçaneta.

–Do que está falando? – Sorriu com os olhos fechados, o que me irritou.

–Não finja. Eu sei que quando desmaiei você fez algo comigo! – Olhei nos olhos dele e ele soltou a maçaneta.

Edgar poff's on

–A segunda batalha vai começar. – O professor avisou.

–Então vai ser arma, hein. – Me referi à batalha. A primeira havia sido com punhos e a segunda seria com arma. Como os usuários de terra começam sabendo controlar plantas, e como não tem plantas perto o suficiente da arena, nós aprendemos a passar magia para armas, assim podemos lutar na Batalha, porém, não podemos participar de batalhas programadas.

–Comecem. – Passei magia para a arma e fui para cima do oponente. – Sua arma não é um pouco estranha para esse país?

–Só porque eu uso um florete?

–É.

–E você que está usando bastões tonfas. Isso é coisa Japonesa.

–Bom, eu gosto do Japão.

–E eu do país que usa o florete.

Paramos de conversar para poder continuar lutando. Eu não era muito bom com armas, então estava em desvantagem nesse quesito, porém, minha aura de defesa me ajudava. A batalha só acabou quando o enganei, fingindo fazer algo, fazendo outro.

Edgar poff's off

–Ei. – O chamei. Parecia que ele estava no mundo da lua.

–Eu. – Pareceu despertar. – Desculpa, pode repetir o que disse.

–Eu disse: Não finja. Eu sei que quando desmaiei você fez algo comigo! – Veio na minha direção.Esticou a mão na frente da minha barriga, e sua mão foi coberta por uma aura verde clara. Algo dentro da minha barriga começou a ressoar com a aura dele, pois a mesma brilhou.

–Minha magia é contida pelo diretor, então eu uso sementes para economizar aura. Só a dou para meus amigos, ou quando preciso curar alguém e só usando a aura não vai dar. – Explicou e pude ver a semente. Ela era pequena e esverdeada. – Também é útil para criação de árvores, magia do primeiro ano.

–Por que não me contou? – O fuzilei com os olhos.

–Porque não era nem para você saber que ela estava em você, a menos que alguém dissesse. As sementes são tiradas de um fruto da Grande Árvore, ou seja, elas possuem magia dentro de si, por isso economizo aura. E por isso, você não poderia senti-la! – explicou-me. – Bom, agora tenho mesmo que ir. – Saiu do quarto. Senti como se ele tivesse fugido, mas dei de ombros e fui tomar banho.

Após o maravilhoso banho de água gelada, saí para o corredor. Decidi explorar a escola sozinho, então fui lá na área das salas. A cada momento parecia que haviam olhos me seguindo, mas devia ser só os alunos que me olhavam curiosos. Eu era tão famoso que já saí no jornal. “O Híbrido do Norte”, era como a manchete se chamava. Bom, era o que me disseram, porque nunca li esse jornal na minha vida! Depois pergunto ao Edgar.

Ao sair de uma sala, vi um caderno jogado no chão e o peguei.

–Legal. – Fui folheando e vendo vários desenhos diferentes, quando parei em uma página com um dragão que se estendia até a página seguinte. – Que legal. – Toquei no dragão e o mesmo brilhou vermelho.

Personagem on

Cadê? Cadê, cadê, cadê?

–Onde está meu caderno? – Me perguntei, pôs não havia mais ninguém ali. Ou era o que eu achava, pois ao sair no corredor, vi um garoto branco e com cabelo preto, em pé com algo na mão. Pensei na hora que podia ser meu caderno, porém, antes de perguntar ele mexeu a mão, o que significava que ele iria fazer merda, e com isso, quero dizer...

–Não! – Gritei, mas já era tarde. Ele fez o “favor” de tocar em algum desenho, o que fez com que o mesmo brilhasse. – O que fez? – Cheguei perto dele e o mesmo me olhou surpreso. Parando para pensar, eu nunca o vi aqui antes.

–O que está acontecendo? – Perguntou, fechando o caderno.

–Em qual desenho você tocou?

–O caderno é seu? – Perguntou. Pelo que parecia, já era tarde. O dragão saiu do caderno com a cor vermelha. – Então ele realmente não é daqui. – Pensei.

–Um dragão? – Vi os olhos dele se arregalarem. Ia falar algo, contudo o dragão fez seu som característico e, como estávamos no final, voou corredor a fora.

Já estava na metade, quando vi uma silhueta conhecida por mim descer as escadas. Olhou para nós e se surpreendeu quando viu o dragão, pelo menos, foi o que pareceu. Correu na direção dele e atirou umas sementes, que tirou de um saquinho da cintura, mas as mesmas queimaram ao ter contado com o dragão. Ele pulou para trás e as paredes tremeram um pouco, porém, antes de usar magia, algo acertou sua mão o impedindo. Depois, o dragão começou a ficar mais duro e parar de voar, caindo no chão, metalizado.

–Conselheiro Pedro?

–Todos bem? – Ele perguntou. Eu e o menino do meu lado respondemos que sim, mas o garoto que estava ao lado do Conselheiro negou.

–O senhor me machucou. – Reclamou, passando uma mão na outra.

–Você sabe muito bem qual é a regra de ouro de terra, Edgar. – O repreendeu. – Hugo, tenha mais cuidado com as suas coisas. E cuide do Matheus para mim, vou levar o Edgar para o castigo.

–Hã? Por quê?

–Se eu não o impedisse, você teria quebrado uma regra. E antes que reclame, pelo que eu entendi, o Matheus não sabia que o caderno era do Hugo quando tocou e liberou o dragão, já você sabia muito bem as regras. – O pegou pela camisa e saiu arrastando-o.

–Mas...

–Sem “mas”.

Ficamos apenas eu e o tal de Matheus.

–Vem comigo. – O chamei e comecei a andar.

–Por quê?

–Bom, você pode ficar aí também. Pra mim não faz diferença! – O larguei para trás, mas ele começou a me seguir. Fui até o dormitório dos meninos e entrei na terceira porta da esquerda. – Pode entrar.

–Pode me dizer quem é você? Pelo seu uniforme, você é um usuário de terra, mas é o bom ou o ruim?

–Então já sabe sobre isso. Não precisa se preocupar, eu não tenho um lado ruim dentro de mim.

–Como assim não tem? O Edgar disse que todo usuário de terra possuí um lado bom ou ruim!

–Ele esqueceu de falar que existem duas exceções, e eu sou uma delas. Meu nome é Hugo, prazer. – Estendeu a mão, que foi apertada. Dezessete anos, cabelo cinza, olhos castanhos escuros, branco e médio.

–Matheus. – Disse. – Sem querer ser intrometido, mas, por que você não tem um lado ruim? – Meu sorriso se desfez, e caminhei até a janela do quarto. – Se não quiser responder, não tem problema.

–Tudo bem, você é amigo dele, afinal. – Suspirei. – E uma hora ou outra você ia ficar sabendo. Eu sou conhecido como o Aluno Amaldiçoado.

–Como assim? Nunca ouvi falar de alguém que tenha sido amaldiçoado.

–Existem algumas maneiras de acontecer. A pessoa pode ser castigada pelos espíritos, pode negar fortemente sua magia e tudo mágico, e os espíritos retirarem seu poder, como é o seu caso, pode perder em um contrato, ou, o mais difícil de acontecer, um outro mago pode sacrificar os poderes para tirar os seus, lhe amaldiçoado. – Expliquei.

–Como...?

–Eu sei sobre você? – Terminou a frase de Matheus. – Ficamos sabendo sobre sua batalha contra Light, depois as notícias da perda de seus poderes se espalharam. Só precisei juntar as peças.

–Tenho uma dúvida. Duas, mas no momento, essa é a mais inquietante!

–Só perguntar.

–Eu realmente estou sem meus poderes, mas então como aquele dragão de fogo apareceu após eu ter tocado naquele desenho.

–Por causa da maldição, perdi meus poderes, mas ainda consigo usar a materialização. Se eu desenhar no meu caderno, qualquer mago que pôr sua aura no desenho pode invocá-lo. Mesmo você não tendo poderes, não quer dizer que deixou de ser um mago por completo. Se juntar seus poderes ao meu, pode usar magia!

–Sério? Eu quero tentar!

–Não! – Cortei a felicidade dele. – Meu caderno não é brinquedo, fora que já tenho muito trabalho. Qual era a segunda dúvida?

–Por que você foi amaldiçoado? Só existem as regras da escola, e nenhuma delas fala sobre maldições.

–Bom, eu nada, mas parece que um bisavô, ou alguém antes dele, matou uma humana. A história é que ele matou uma senhora, não sei porquê, e foi amaldiçoado a nunca poder usar magia. A maldição se estende até hoje, mas ao que parece, ela deveria ter parado em mim. – Matheus pareceu ficar pensativo, e sua expressão mudou.

–Então foi sua família.

–Hã? – Levantou de repente e plantas surgiram na sua frente.

Matheus on

–Já voltou? – Hugo perguntou.

–E na hora! – Edgar falou.

–Essa história bate perfeitamente com a que minha avó me contou. – Falei e a atenção foi voltada para mim. – Minha avó me disse que a avó do meu irmão foi morta por um mago de terra, que foi amaldiçoado e perdeu os poderes.

–E o que você pretendia fazer ao se levantar assim?

–Hein? Ah, desculpa se ficou meio estranho. Eu não ia partir para cima dele, foi o choque da descoberta que me assustou.

–Tudo bem se for só isso. – As plantas voltaram ao estado de semente. – Ele te contou uma história interessante, não? – Se referiu a tudo o que ele me contou.

–Uhum.

–Ainda tem mais. Ele é responsável pelo sistema de selos da escola.

–Selos?

–Já ouviu o boato de que o diretor do Norte usa uma magia “diferente”?

–Feitiços?

–Isso. O nosso diretor também usa, mas não com o mesmo poder que o do Norte. O sistema de selos serve para poupar magia do diretor. Existem selos para as alas dos dormitórios, um selo para fortificar o feitiço dos uniformes, para proteger a escola, entre outros.

–Tá, tá. Por que voltou tão rápido? – Hugo perguntou.

–Bem, é porque... – Antes de ter a chance de terminar a frase, os três foram teletransportados para fora da escola.

Continua...

Próximo capítulo: 4° Filho! Primo. Professor?


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Notas finais do capítulo

A conclusão continua no próximo capítulo.



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