É sério, eu vou matar aquela garota. Só por que ela deu a bunda (provavelmente para um daqueles caras bonitos -sim, eles eram bonitos – que estavam no apartamento) ela foge para as colinas (aqui em Vegas tem colinas?), ela é uma imbecil escrota mesmo.

O carro, ou o que um dia foi um carro, de Natalie está morrendo toda hora e se depender desse troço, nunca vamos chegar aonde estamos querendo chegar.

Perai, onde estamos querendo chegar? Tô voando aqui ainda.

Sabe o que me deixa mais “boladona”? É que a própria IRMÃ de Rebeca está pouco se lixando para ela, tipo:

“Ai, OMG Tess, eu dei a bunda para um estranho”

“Foda-se”

“Ai, OMG Tess, eu fugi e provavelmente estou perdida”

“Foda-se”

“Ai, OMG Tess, meu cabelo está totalmente rosa e é provável que nossos pais te coloquem de castigo para sempre já que eu sou a mais nova e você é responsável sobre mim”

“Foda... Perai, o que?”

Nossa, como eu quero bater nas duas... Também quero muito bater no Noah pois ele não para de me cutucar. Por que eu sentei no banco de trás mesmo? Ah é... Eu estava querendo bater na Tess, mas então a vaca tirou a Charlie do banco da frente e sentou lá, agora não tem como eu bater nela já que eu estou sendo sufocada aqui por essa montanha QUE NÃO PARA DE ME CUTUCAR.

Quando ele iria me cutucar de novo eu o paro.

– Se esse seu dedo imundo encostar em mim de novo – desvio o olhar da janela para vê-lo com a sobrancelha arqueada em forma de desafio – Vai ser a última vez que ele encosta em alguma coisa.

E então, vagarosamente, ele encosta o dedo na minha bochecha. O olho mortalmente e em seguida vou para cima dele, Charlie começa a gritar já que nós estamos esmagando-a, mas Natalie parece indiferente e Tess está roncando no banco da frente. Charlie acaba entrando na briga e me arranha. Tipo, ela ME arranhou, em vez de me ajudar, ela ajudou ele! Que primona. Bato a cabeça dela na janela e Noah segura meus braços, dou um chute em seu joelho e quando vou ver, Noah está deitado de barriga pra baixo enquanto eu seguro suas duas mãos atrás das costas, Charlie está prendendo suas pernas (consegui convencer ela a mudar de lado, uhuu).

– Ok, ok, eu não encosto mais em você – A voz dele sai abafada já que sua cara está enterrada no banco.

– O quê? Eu não escutei direito – Provoco e aperto mais suas mãos. Ele solta um gemido de dor.

– Eu disse – e então ele chuta Charlie, que cai, e se vira, eu iria cair também, mas ele me pega e me prensa no banco, aff's cara, sério mesmo? - Que vou encostar em você o quanto eu quiser.
Reviro os olhos e tento fazer o que ele fez, mas ele está em cima de mim agora e essa é uma posição obscena e desconfortável.

– Charlie! - grito – Me ajuda! - Exagero? Puf... Of course que not, quirida.

– Se você não percebeu – ela diz – Eu tô presa também – Viro a cabeça para o lado, o suficiente para ver que Noah a está prendendo com a perna.

– Solta ela.

– Por que deveria?

– Porque estou mandando.

– Ah tá, então deixa eu me curvar perante a rainha da discórdia.

Não faço ideia do que seja discórdia, mas com certeza não é algo bom.

– Vá se ferrar.

– Eu também te amo.

Eu juro que se ele não estivesse segurando meus braços, eu iria dar um soco – com minha força de mosca – na cara dele.

PS: Eu estou com 2 anéis.

– Ei, vocês aí atrás, querem que eu os deixe em um Motel? - Natalie provoca – É o que mais tem por aqui.

– Por que você tem que ser tão vadia às vezes? - Não foi eu quem disse isso. Tess “acordou” de seu sono de beleza.

– Por que você tem que ser tão imbecil às vezes? - Natalie responde com outra pergunta e então fica por isso até ela dar uma freada que faz com que Noah caia.

– O que houve? - Charlie se levanta e vai até a parte do meio e acaba pisando em Noah, mas ela não parece ligar muito.

– Eu juro que eu vi a Rebeca ali – Ela aponta para um prédio totalmente azul.

– Como você pode ter visto ela ali? - Pergunto me sentando.

– Com os olhos?

– Ela não veio tão longe, qual é.

– Ela ganhou a medalha de ouro na corrida lá em L.A 4 vezes consecutivas – Tess diz parecendo estar em outro mundo.

– Ah, agora você se importa, né?

– Você viu uma garota de cabelo rosa, Natalie? - Pergunta Charlie interrompendo uma possível briga.

– Bem... Não.

– Então não é ela.

– Mas parecia com ela.

Bato a mão na cabeça.

– Se não tinha cabelo rosa, sua anta, não é ela.

– Ah é, ela está de cabelo rosa.

WHAT THE HELL!

Parece que essa “busca” pela Rebeca vai demorar.

...

– É! Aí o babaca ainda teve a audácia de falar que eu estava errada.

– Que imbecil.

– Não é? Mas ainda tem pessoas que amam ele, ele é tipo um poço de educação e boniteza.

Boniteza. Que merda é essa? Pigarreio para chamar a atenção dos dois. Natalie desvia o olhar do balconista e me olha, mas ele continua olhando para ela.

– Não viemos aqui para falar do Noah, Natalie.

– Ele quis ouvir a história – Ela dá de ombros.

– É o seguinte, moço – ele me olha – Perdemos uma garota de cabelo rosa, ela estava com um vestido azul escuro... Ou será que era preto? Foda-se, ela estava de vestido e...- eu começava a fazer movimentos com as mãos, me motivando a continuar, mas eu não lembrava com que roupa ela estava, não sabia nem se ela estava mesmo de vestido. Olho para Natalie – Me ajuda.

– Ah, bem – o cara a olha e abre um sorriso – Ela tem um olho, dois narizes, um ouvido e duas bocas e tem cabelos – ela balança a cabeça, convencida de que o que ela disse estava certíssimo – AH! Ela também estava com roupa e ela tinha 2 pés. Eu acho que é só isso.

Não falo nada, apenas fico observando- a de boca aberta. Não é possível, ela ainda está bêbada, só pode!

– Ah, não, não vi não.

É claro que não! Sério? Um olho, dois narizes, um ouvido e duas bocas? O que é isso? Uma aberração da natureza?

Pego meu celular e tento ligar para ela mais uma vez. Nada, caixa postal. Vadia. Eu quero matar ela, isso se conseguirmos achar ela viva, né? Nunca se sabe.

– Ok, muito obrigada – Agradeço e puxo Natalie pelo braço, sem nem dar chance para ela se despedir. Chego no carro e encontro Tess sentada no capô conversando com Noah, Charlie ainda não estava ali.

– Conseguiram algo? - Pergunto me aproximando.

– Eu consegui um pacote de M&M – Diz Tess balançando o saquinho amarelo.

– E eu consegui o número de 2 gatas e de um gay escroto que eu fiz questão de jogar fora depois – Ele diz e então começa a rir junto com Tess.

Reviro os olhos.

– Noah, estou falando sério, não é você que vai se ferrar pois sumiu por um dia e ainda PERDEU A PRIMA... - então eu lembro do piercing – E AINDA TEM ESSA COISA! - Aponto para o piercing de argola no meu nariz.

– Se serve de consolo, você ficou sexy com piercing – Noah argumenta e eu o olho com o meu olhar de “Foda-se sua opinião” - Quer dizer, você ficou menos horrível.

Arfo e então lhe dou um chute na canela, ele se curva e encosta a cabeça no capô do carro, tirando logo depois com um urro de dor.

– Merda, sá porra tá quente! - Ele passa a mão na testa que começa a ficar vermelha.

Começo a gargalhar e Natalie também (não se esqueçam dos sons de porco), Tess continua com cara de “nada” comendo M&M.

Noah olha para Natalie com cara de “WTF?”

– Que merda de risada é essa? - Ele pergunta se pondo de pé, ainda com a mão na testa.

– A minha – Então ela faz um som de porco de propósito.

– Você nunca riu assim quando estávamos namorando.

– Não acontecia nada realmente engraçado.

– E aquelas piadas que eu te contava? Você ria!

Ela demora um pouco para responder.

– Sou uma ótima atriz – Ela diz enfim, jogando os cabelos ruivos para trás se achando a tal.

Noah revira os olhos, dá a volta e entra no carro. Charlie chega esbaforida.

– Meu Deus, que foi? - Pergunto. Ela aponta freneticamente para uma farmácia, mas não consegue dizer nada, ela pede um segundo e se curva, se escorando nos joelhos. Quando ela recupera o ar, ela se levanta.

– O atendente da farmácia disse que – ela olha para Tess e depois para o M&M, Tess, que não estava olhando para a gente, percebe o silêncio e se vira encarando Charlie, ela revira os olhos e estende o saquinho de M&M, Charlie pega e come um pouco a entregando novamente depois – Continuando, a atendente da farmácia disse que viu uma garota de cabelo rosa forte, ela comprou umas pílulas.

Oh céus.

– Pílulas? - arfo, eu tô querendo muito rir, mas rir de raiva. Passo a mão na testa - Só ela mesmo para achar que pode engravidar pela bunda.

– É, mas nunca se sabe, né? Ela foi esperta – olho para Natalie com a testa franzida – Quer dizer, e se nós... Quer dizer, vocês perderam a virgindade? Nunca se sabe – Ela dá de ombros e então percebo que ela tem razão. Começo a me desesperar.

– Ai meu Deus, merda!

– Que foi, Jolie? - Pergunta Natalie, mas não parecia interessada.

– Ah sei lá...- ironizo – só não é o sonho de toda garota perder a virgindade e não se lembrar de nada!

– Perder a virgindade com um estranho – Tess ri olhando para o nada como se estivesse tendo lembranças – Bons tempos – Ela fica mais um tempinho olhando para o nada e então come o resto de M&M do pacote, o jogando no chão logo depois.

Arregalo os olhos a olhando.

– Com certeza, é muito bom fazer sexo com um completo estranho que pode ter AIDS! - Natalie ironiza.

– Charlie, continua pelo amor do Senhor sua história – Peço quase ajoelhando.

Ela dá de ombros.

– Ela comprou pílulas, um remédio pra dor de cabeça, água e disse alguma coisa sobre preocupação e amigos, suponho que sejamos nós esses “amigos”.

– É, pode ser, mas o que tem a ver essa preocupação?

– Não sei, tentou ligar para ela?

– Tentei, mas ela não atendeu.

– Como que ela veio tão longe em tão poucos minutos? - Pergunta Natalie.

– Eu já disse – Tess revira os olhos e desce do capô – Ela venceu uma corrida qualquer lá em L.A 4 vezes consecutivas. Ela devia estar desesperada e saiu correndo em busca de uma farmácia.
– Mas será que ela acha mesmo que transou com um cara? Ou será que alguém disse à ela que se podia engravidar pela bunda? - Dou ênfase no 'alguém' e olho para Tess que está olhando para as unhas como se nada estivesse acontecendo.

– Indireta recebida com sucesso, Jolie – ela diz e então me olha – É, eu posso até ter dito isso, mas ela foi burra em ter acreditado em mim e não ter pesquisado – Ela dá de ombros.

– Que irmã maneira – Charlie ironiza com as mãos na cintura. Tess dá de ombros e entra no carro.

– Tá, ok, ela já se “preveniu” e agora, para onde vocês acham que ela foi? - Pergunto.

– Quando estávamos nos arrumando ontem, ela me disse que queria ir – Charlie vai até o meio- fio e aponta algo no céu – lá.

Franzo a testa.

– Ela queria ir pro céu?

– Não idiota, vem aqui – Vou até ela e olho na direção que ela aponta. - Lá. - Ela está apontando para um tipo de cadeira giratória que fica “pendurado” em cima de um prédio enormemente alto.

Arregalo os olhos.

– Nem a pau que eu vou naquilo e olha que eu sou mais corajosa que ela.

– Parece ser maneiro – Tomo um susto quando ouço uma voz masculina atrás de mim, me viro e vejo Noah olhando para o brinquedo mortal.

– De onde você saiu?

– Do carro.

Aff's.

– E aí, você acha que ela pode estar indo para lá? - Charlie pergunta.

– Claro que não, ela não iria tão longe assim a pé.

– Eu tenho uma ideia de onde ela pode estar – Noah diz.

Eu deveria confiar nele? Dane-se, eu preciso encontrar a Rebeca... Para depois matar ela e depois ser morta por minha mãe por ter matado ela e etc.

...

– Você não tem outra ideia?

– Nop.

– Esse bar não fecha nunca? São três da tarde. - Pergunta Charlie.

– Não. Olha só, eu acho que ela pode estar procurando o cara que pode ter tirado sua virgindade e ela pode ter vindo aqui procurá-lo, não custa tentar.

– Tá, eu vou perguntar para os barmans então e vocês façam qualquer coisa aí – Natalie já ia em direção ao bar, mas eu a puxo de volta.

– Não não não, assanhada. Essa sua vida de periguete já acabou.

Ela revira os olhos, mas continua do meu lado.

– Natalie? Parar de ser periguete? Humpf... Ok, então eu vou virar a Miley Cyrus. - Tess provoca.

– Bem que combina, vocês duas são escrotas.

Elas iriam começar a discutir, mas alguém dá um tiro no globo de luz e ele se espatifa no chão. Todos gritam, inclusive eu. A música para na hora.

– Ora ora ora, olha só quem voltou – Um negão alto pra cacete vem em nossa direção, ele usa uma jaqueta de couro preta e calças surradas. Há uma garota loira atrás dele e um cara loiro muito parecido com ela, bonitinho até, ao seu lado, ambos também com uma jaqueta de couro preta.

Olho para trás, mas não tem ninguém. Demorou um tempo para ver que ele falava conosco.

– Ham, desculpe, mas está falando com a gente? - Pergunto e então o trio começa a rir. Fico com cara de tacho até que aquela morena que estava com o carro da Natalie chegou do lado do negão.

– Ih, olha só, oi de novo, não é nenhum prazer ver vocês.

– Eu que o diga, por causa de você, perdemos a Rebeca – Digo.

– A rosinha? Não aguentou a verdade? Será que ela sabe pra quem ela “deu”?

– Claro que não, ninguém sabe.

– Claro que alguém sabe, nós – ela faz um sinal indicando o grupo - Me deixa te apresentar o Jack, e foi para ele que ela “deu” – Ela puxa o cara bonitinho. Ela nunca vai parar de falar “deu”?

Olho para ele. Nossa, pelo menos foi com alguém bonito, né?

– Ok, chega de papo furado – o negão olha para trás, onde estão todos nos olhando – Vamos para outro lugar.

– Não vamos com você – as duas meninas e o tal de Jack nos rondam, vejo que estamos encurralados – Ok, vamos com você, mas só um minutinho.

Eles nos levam até os fundos do prédio e apontaram as armas para nós. Vish, que violência.

– É o seguinte, noite passada, nós fizemos apostas e vocês perderam todas, menos uma e foi esse moleque aí – ele apontou para Noah com a cabeça. Ah, por isso que ele não tem nenhuma diferença, viado – Vocês cumpriram, pintaram os cabelos, fizeram tatuagens e colocaram piercings – ele me olha e se vira para Jack – Você não acha que o piercing a deixou muito sexy?

Bufo. Jack dá um sorriso.

– Ô.

– Continuando, vocês fizeram tudo e até roubaram o macaco do meu chefe, o Dickson.

– Perai, seu chefe é o Dickson ou o macaco é o Dickson – Natalie pergunta.

– O macaco, sua lerda – Diz a loira.

– Vish, nada a ver com Tobias. - Diz Tess.

– Quem é Tobias? - Jack pergunta.

– Esquece – Digo.

– E por que roubamos o macaco do seu chefe? - Pergunta Charlie cruzando os braços.

– Porque mandamos, vocês perderam a aposta – Responde a loira outra vez. Eles ainda estão apontando as armas para nós.

– Tudo bem, mas – paro, não vou conseguir me concentrar com armas apontadas para minha cabeça – Será que tem como abaixarem essas merdas, isso dá nervoso.

Então para provocar, o negão encosta a arma em minha cabeça. Bufo outra vez.

– O que vocês querem?- Pergunto.

– Já dissemos.

Quando? Olho para trás e faço uma careta de confusão, Charlie levanta os ombros, Tess balança a cabeça negativamente, Natalie parece desligada e Noah franze a testa e arqueia a sobrancelha. Me viro para o negão de novo, tombando a cabeça para o lado com a testa franzida. Ele revira os olhos.

– Nós queremos o macaco.

Rosno. Cara, estávamos com o macaco quando encontramos a morena peituda. POR QUE ELA NÃO PEDIU A PORRA DO MACACO LOGO? JÁ ESTARÍAMOS EM CASA AGORA!

– Ok, ele está no abrigo de animais – Tess diz se pondo ao meu lado.

– Então vão buscá-lo.

WHAT?! Ah tá, vai nessa, meu bem...

– Ah tá, ok. - Reviro os olhos.

– Estou falando sério – Ele faz um barulhinho com a arma. Ok, agora eu tô nervosa.

– Ér.. Mas sabe, pensamos que vocês poderiam fazer isso já que vocês tem armas e tudo mais.

– Não queremos invadir o abrigo, meu pai trabalha lá, ele iria me pôr de castigo.

Cara, sério isso? O cara é enorme, tem uma arma, trabalha para... Sei lá, um traficante? E ainda tem medo do pai? Vá se ferrar, né...

– Também não queremos invadir um abrigo de animais.

– Mas vocês vão – ele pressiona mais ainda a arma em minha cabeça – Se não...

– É sério, é só um macaco! Um macaco bêbado! Deixem o coitado lá na “clinica de reabilitação”- Tess tenta argumentar, mas eles a ignoram.

– Estamos com sua amiguinha, a rosinha – Arregalo os olhos e prendo a respiração, eles estão com Rebeca?

– Onde ela está?

– Por que falaríamos? - ele bufa – Nos encontre no prédio que fica ao lado do Caesar's palace, levem o macaco e levaremos a rosinha.

Droga, isso está parecendo com “The Hangover” 1, 2 e 3 misturados. O 1 porque estamos em Vegas sem se lembrar de nada, o 2 por causa do macaco e o 3 porque sequestraram nossa amiga e estão nos ameaçando. O ponto comum é que eles perdem alguém em todos.

...

– Ok, o plano é esse, vamos até o abrigo, que fica no ponto A e depois vamos até o prédio que eles indicaram, que fica no ponto C – Digo tentando manter a calma. Estamos no carro indo até o abrigo de animais.

– Tá, mas e o ponto B? - Natalie pergunta.

– Quê?

– O ponto B – continuo com a expressão confusa – Você pulou de A para C, e o B?

– Natalie, não existe ponto B.

– Mas deveria, não aprendeu o alfabeto na escola?

– Claro que já.

– Então devia saber que tem um B entre o A e o …

– CHEGA! - Tess grita e coloca a cabeça entre o banco do motorista e o do passageiro – Já estamos chegando nessa budega?

– Quase – Natalie responde.

– Ér... Temos um probleminha.

– Que foi, Noah? - O olho pelo espelho retrovisor.

– Eu não o coloquei num abrigo, eu o coloquei num zoológico – Natalie freia bruscamente fazendo os carros que estavam atrás buzinarem e os motoristas a xingam.

– O QUÊ? - Ela grita.

– Aqui em Vegas tem zoológico? - Charlie pergunta meio avoada.

– Ai, quebrei a unha, que bosta, vai demorar séculos para ela crescer de novo – E essa foi a Tess, se importando totalmente.

– Por que não disse antes? - Pergunto.

– Ah, sei lá, eu tava meio fora de órbita e só me dei conta do que estava acontecendo agora e resolvi avisar.

Ele está tão calmo que me dá vontade de bater nele.

– Por que você mudou de ideia? - Pergunta Natalie entredentes.
– Porque eu quis – ele provoca e ela ameaça avançar, ele recua – Ok, foi porque o zoológico era mais perto.

– Eu realmente não sabia que em Vegas tinha um zoológico – Charlie parece não prestar atenção em nada a não ser em “Vegas tem Zoológico”.

– Merda, agora vai ficar mais difícil – Afundo no banco, coloco a mão na testa e a massageio.

– Onde fica esse zoológico? - Natalie pergunta ligando o carro.

– Vai direto e vira na primeira esquerda.

...

Chegamos ao tal zoológico em três minutos contados. Compramos nossos ingressos e entramos. Ok, agora onde está o Tobias/ Dickson?

– Será que ele já está na gaiola? - Pergunto para ninguém em especial.

– Já – Noah responde.

– Como você sabe?

– Eu tô vendo ele – Ele vai na direção da gaiola de uns macacos estranhos, Tobias está encostado na grade, as criancinhas esticam o braço para poderem encostar nele.

– Ok, como vamos fazer isso? - Tess pergunta. Agora ela se interessou, é?

– Fácil – Noah vai até a gaiola do macaco, escala e pula dentro dela, as pessoas começam a gritar. Minha boca vai ao chão, como? Ele fez isso na maior cara de pau! CARA. DE. PAU. E que merda de gaiola é essa que não tem teto? E por que os macacos não fazem a mesma coisa que Noah, só que pra fora? Qual é, eles não são burros. Noah pega o Tobias e o gruda na grade, os dois começam a escalar e pulam com uma habilidade incrível, eu teria quebrado as pernas, esse troço é alto.

– Corram! - Ele começa a correr segurando o macaco, saio do meu transe e começo a correr também, olho para trás e vejo Charlie andando rápido.

– CORRE, CHARLIE!

– NÃO DÁ PARA CORRER COM ESSES SALTOS!

O Alarme toca, é só uma questão de tempo até os guardas virem.

– ANDA LOGO!

– ESPERA!

– ESPERA O CACETE, ESTAMOS ROUBANDO UM MACACO, CARALHO! - Os guardas vêm correndo em nossa direção – CORRE!

Ela tenta correr, mas acaba caindo, vou até ela, Noah, Tess e Natalie vêm em nossa direção. Os guardas cada vez mais perto.

– Não, corram, nós nos viramos...- os guardas nos alcançam antes de eu terminar a frase, sorte/azar que Noah solta o macaco e ele sai correndo em direção a saída -... Aqui.

Merda. Estamos mais que ferrados agora.

...

– Gente, eu poderia passar por entre as grades se não fossem meus peitos – Diz Natalie murchando a barriga e tentando passar entre a grade da cadeia.

– É, e sua enorme cabeça de melancia – Tess revira os olhos. A polícia nos pegou e não deu chance de nos explicarmos, agora estamos na cadeia que fica na sala de um policial gordão que saiu por alguns minutos.

– Isso tudo é recalque – Ela se senta na cama que fica encostada na parede.

Tess não responde, apenas revira os olhos e encosta a cabeça nos joelhos que estão encolhidos.

– Como eu vou sobreviver sem celular? - Resmunga Charlie que está deitada no chão de forma dramática.

– Quero ver como vai sobreviver quando eu puser as mãos em você – Digo ameaçando levantar, mas Noah me segura, como ele anda fazendo faz duas horas, Charlie recua.

– Vish, não estou a salvo em lugar nenhum.

– Não mesmo.

O policial gordão entra, coloca um molho de chaves em cima da mesa, pega uns papéis, olha pra gente e nos lança um olhar de reprovação, ele começa a procurar algo nas gavetas, depois guarda alguns papéis e pega um, saindo logo depois. Reviro os olhos. Policial maluco. Maluco e egoísta, acredita que ele não ofereceu nenhum donut para nós? Humpf...

Tess olha para frente e logo arregala os olhos.

– Gente, as chaves! O policial gordão deixou as chaves! - ela diz e vai até a grade e começa a se esticar, sorte que a sala é pequena, então a mesa não fica muito longe, ela desiste – Não dá, tem que ser alguém mais magro.

Todos os olhares se dirigem a mim. Aff's.

– Ok, eu acho que consigo pegá-las e então nós vamos ter que correr, Charlie, tira essa merda de salto pois se fomos pegos por causa deles de novo eu o enfio pela sua garganta. - Ela acena positivamente e tira os saltos, me levanto e vou até onde Tess está, começo a me esticar, a ponta de meus dedos toca as chaves, mas ainda não é o suficiente, vamos, mais um pouco e...

CONSEGUI! CONSEGUI!

A chave da cela, eu vi, é a prata mais limpa dali, destranco a porta e em um segundo estamos todos fora dela. LIBERDADE! Me deu vontade de gritar, mas chamaria atenção.

– Ok, eu vou abrir a porta, vai estar cheio de policias, então vamos ter que correr muito, ok? - Eles sussurram um “ok” e então eu conto até três com os dedos, abro a porta rapidamente e todos nós corremos. Um policial apita e então todos começam a correr atrás de nós. Noah é o mais rápido e nos deixa para trás, cavalheirismo não existe, né? Um policial consegue pegar Natalie, mas Charlie o ataca com os saltos e ele a solta rapidamente, voltamos a correr e só paramos quando conseguimos despistar os policiais e estamos bem longe da delegacia. Tô morta, cara. Me jogo no chão para poder respirar, meus pés estão latejando e minhas pernas queimando.

– Conseguimos – Natalie diz se sentando no chão também. As pessoas nos olham estranho e Tess lança o dedo do meio para uma senhora na rua que não para de nos encarar, agora ela parou ù.ú

– Tá, mas agora temos que achar o Tobias outra vez – Charlie acaba com minha “felicidade”.

– Cara, eu odeio esse lugar e suas bebidas violetas – Resmungo antes de me levantar.

...

Desisto. É oficial, esse macaco morreu. Rondamos a metade de Vegas (eu acho) e não encontramos a praga, e se ele não conseguiu sair do zoológico? Ah meu Deus, iria ser o fim já que provavelmente fomos banidos de lá. Noah desmaiou no banco de trás – ele fica bonitinho dormindo. Achamos o carro no estacionamento do zoo (sorte que ninguém nos reconheceu e que a chave ficou com Natalie o tempo todo).

– PERAI! - Tess grita fazendo todos se assustarem, menos Noah que está desmaiado, claro.

– Tá maluca?- Pergunto.

– Me lembrei de uma coisa – ela tem uma expressão de pavor no rosto – Rebeca disse que iria comprar remédios para mim e que iria voltar em poucos minutos, mas eu não prestei atenção, eu estava jogando angry birds, agora que eu fui lembrar! Não devíamos ter saído do hotel.

Eu não consegui dizer mais nada, eu estava com muita raiva, muita. Por que Senhor, por que?

– Jolie? - Natalie chama, mas eu apenas viro para frente e olho a estrada.

– Por favor, apenas dirija, vamos para o hotel ver se ela está mesmo lá.

Ela balança a cabeça levemente e vira uma curva. Parece que ela conhece bem aqui. Em poucos minutos estamos de volta àquele hotel horrendo. Saio correndo do carro quando Natalie estaciona, quando chego dentro do hotel, paraliso, Rebeca está lá, vivinha e sem nenhum arranhão, mexendo no celular. Corro até ela e a abraço, não sei porque fiz isso, mas fiz, logo depois corto o abraço e a olho com raiva, mas não tem motivo, eu tenho que ficar com raiva da babaca da Tess, os outros chegam e a abraçam também, Noah pelo visto ficou no carro.

Está começando a escurecer.

– É melhor irmos logo, não aguento mais ficar aqui – Digo.

– Perai, uma coisa que eu não entendi, por que saíram do hotel? Eu pedi para esperar – Rebeca diz cruzando os braços.

– Longa história, conto no carro, vamos?

– Gente, se a Becky está aqui, então aquele grupo estava mentindo! - Diz Natalie batendo o pé no chão.

– É e quanto ao macaco? - Pergunta Charlie.

– Quer dizer o Tobias? Ele está ali – Rebeca aponta para a televisãozinha que está em cima do balcão. Está passando uma matéria sobre um macaco doido e quatro jovens correndo atrás dele e então mostra as imagens, aquele grupinho do bar está correndo atrás do macaco e é muito engraçado, mas não estou com vontade de rir.

– É, ok, o problema do macaco foi resolvido – Digo batendo as mãos uma na outra teatralmente como se estivesse tirando poeira.

– Então é melhor irmos logo – Rebeca diz e sai do hotel, Tess a segue.

– Tá, mas gente, e quanto a nossa – Charlie pigarreia – virgindade?

Passo o braço pelo seu ombro.

– O que acontece em Vegas fica em Vegas.

– Então eu tenho que ficar aqui?

– Ham?

– Meus pais se conheceram em Vegas... 9 meses depois eu nasci.

– Vá se ferrar, Natalie.

Ela ri e então saímos do hotel. Agora sim, partiu morte mais que certa.