Minha mãe me acordou às 7:00 - ótimo, a escola não ligou. Me arrumei e liguei para nat e pedi para que ela fosse me buscar, sabe, só para fingir que eu estava indo à escola. Quando ela chegou, dou um beijo de despedida em meus pais e entro no carro.

– Você não presta - ela diz não tirando os olhos da estrada.

– Ham?

– Fingindo que vai para a escola, tsc tsc - ela balança a cabeça.

– Ah tá, e você contou para a sua mãe que espancou o genro dos sonhos dela na escola e foi suspensa por 1 semana? - Pergunto com a sobrancelha arqueada. É, a senhora Wik... Que senhora que nada, é tia mesmo, a tia Angel sempre adorou Noah, ele foi o único namorado da nat que ela gostou. Isso foi o que nat contou.

– Não, mas eu já estou acostumada a isso, essa é sua primeira vez.

– Só por causa daquela vaca.

– Então - ela diz -, vamos para onde?

– Ah, sei lá! Eu coloquei umas roupas na mochila.

– Pra quê?

– Não sei!

– Não vamos tão longe.

– Ok, então vamos ficar rondando por aí?

– Sabe, não é má ideia, mas não, eu estava pensando em irmos a uma lanchonete, sei lá, e colocar o papo em dia, sabe? Como as amigas fazem.

Não é má ideia, na verdade eu gostei, mas é estranho isso vindo da nat.

– Parece que o término afetou você - zombo e recebo um tapa no braço.

– Não é isso, é que - ela suspira.-, sei lá, me deu vontade de fazer isso, que tal?

Dou de ombros.

– Você sabe que eu adoro fofoca.- Digo.- E você é minha maior fonte de fofocas, vamos lá.

Ela dá um gritinho de alegria.

– Cara, eu tenho bastante coisa para te contar, sabe, as coisas que eu não te contei pois estávamos ocupadas demais com a lista e eu sempre esquecia.

– Ok, agora estou curiosa, mas vamos em que lanchonete?

– Waffle's town.

– Viva, amo waffles, ainda mais de manhã.

– Eu sei disso - Ela coloca uma música no celular (é, eu devolvi pra ela) e começa a cantar junto com a música, eu não canto pois não conheço a música. Logo começa outra e ela parece se animar mais e começa a gritar.

– Sua voz parece a de um pinguim sendo decapitado - Ela para e me olha.

– E quem disse que eu ligo? - E então ela começa a gritar de novo, reviro os olhos.

Chegamos na lanchonete normalmente com Nat fazendo barulho com o pneu do carro chamando atenção de algumas pessoas, ela adora chamar atenção. Saio e me arrependo de não ter trago um casaco, aqui faz frio de manhã.

– Nat, você tem um casaco? - Pergunto me abraçando, uma tentativa falha de me esquentar.

– Sim, e está no meu corpo.

– Eu sei, tô perguntando se tem outro, sua anta.

– Não, mas a lanchonete deve estar quentinha, vamos.

– Ok.

Quando entramos na lanchonete eu quase morri de hipotermia. Que débil mental ligaria o ar em uma manhã fria?

– Nat, vamos para outra lanchonete - Começo a tremer, mas nat não vê pois já está se sentando, bufo, mas mesmo assim a sigo, me sento ainda tremendo.

– Já fiz os pedidos.

Já? Que rapidez? Penso em dizer, mas não consigo pois meu queixo está tremendo, eu estou tremendo.

– Vamos falar sobre o quê?

–Q-q-q-que t-t-tal s-s-so-so-sobre c-co-co-isas p-p-pa-para-paralelas? - Gaguejo pois estou tremendo muito. O ar dessa lanchonete é potente.

– Hãm?

– Q-qualquer c-c-coisa.

– Não estou entendendo.

– F-f-f-f-fala s-so-sobre q-q-qualquer c-coisa, p-p-p-porra. - Nem xingar eu consegui direito.

– Continuo sem entender - fico com raiva, ela não está vendo que eu estou CONGELANDO?

– CARALHO, EU VOU MORRER DE HIPOTERMIA, NATALIE - Grito me levantando chamando atenção de todos no restaurante, pelo menos eu não gaguejei.

– Ér... Mocinha, se não percebeu, tem um aquecedor do lado de sua mesa. - Diz um cara alto com cabelos castanhos ralinhos e olhos claros, até bonitinho.

Olho para o lado e vejo uma caixinha encaixada na parede bem do meu lado. Aperto o botãozinho e logo o ar quente me aquece, me arrepio na hora e me sento.

– Assim está bom - Digo aproveitando o ar quente. Os pedidos chegam, Waffles redondos com mel pra mim e quadrados com calda de chocolate e sorvete pra nat, ela gosta de comer sorvete em qualquer dia, não importa se seja na Antártida.

– Vamos às fofocas? - Nat pergunta comendo o sorvete.

– Vamos às fofocas - Respondo pegando um pedaço de waffle.

...

– Tá brincando? - Pergunto incrédula com o que acabei de ouvir, a esse ponto os waffles já acabaram.

– O pior é que não.

– Então a Jéssica apanhou da Clove? Tipo, Clove, a nerd?

– Estranho, não? Agora ela está sendo caçoada, coitada.

– Nunca ouvi ninguém caçoando dela.

– Você é desligada, Jolie.

– HEY - Protesto fazendo uma careta.

– Ok, tenho mais outra pra contar.

– Manda aí.

– Bradley terminou com Rebbeca - Ela diz com um sorriso, mas minha cara deve estar parecendo a de uma pateta agora.

– Quem é Bradley e Rebecca?

O sorriso dela desaparece em questão de segundos.

– Bradley é o garoto que eu estava gostando, Jolie, e Rebecca era a namorada imbecil dele, acorda.

– Espera aí, gostando? Você estava gostando de um garoto comprometido e na época em que estava namorando com Noah?

Ela afirma com a cabeça.

– Noah era do tipo “diversão”, entende? - Ela faz aspas com a mão.

– Entendo que você é uma idiota - não tenho medo de ser grossa com ela, ela foi mesmo idiota.

– Você é mesmo uma chata quando o assunto é o Noah, que foi? Vai me dizer que está gostando dele agora?

– Não! Mas nat, o Noah é lindo e ele te adorava, até fingiu ser burro para...

– Ah, de novo essa história, Jolie? - Ela me interrompe. - Quebrou o disco?

– Não, mas eu vou quebrar seus dentes se você me interromper outra vez.- Suspiro - Antes de você falar de novo, vou te fazer uma pergunta, você gostava mesmo do Noah?

Ela revira os olhos.

– Você é surda? Eu disse que ele estava mais pra “diversão”.

– Hmm... Entendi, então você é uma dessas garotas sem coração que só querem curtir? - Era pra ser um insulto, mas ela não entendeu muito bem.

– Mais ou menos isso.- Ela olha pra janela e depois para o celular.- Quase 9 horas, seus pais já estão no trabalho, né? - Afirmo com a cabeça.- Então vamos para sua casa.

Ela se levanta e vai em direção ao caixa. Desligo o aquecedor e vou para o carro, eu não vou ajudar a pagar a conta, ela que teve a ideia de vir pra cá e ainda mais, eu não trouxe dinheiro. Encosto no carro e nat o destranca apertando um botão, entro e agradeço por ele estar quentinho.

...

– Que tédio! - Exclamo com a cara enfiada no travesseiro.

– Nem me diga - diz nat jogada, literalmente, em um puff.

– O que podemos fazer?

– Hmm.. Sabe, lá em casa, quando eu estou entediada, eu danço e faço maluquices no meu quarto - dá de ombros, a olho.

– Já olhou para minha janela? É em frente...

– Eu sei, não precisa repetir.- Ela me interrompe e olha para a janela. - A casa parece vazia. Josh está na escola a essa hora.

Olho na mesma direção.

–É. - Nos olhamos e abrimos sorrisos maliciosos.- Tá pensando no mesmo que eu?

– Se estiver pensando em invadir a casa dos Grey, então sim.

– Claro que não!- Ela dá um muxoxo.- Vamos dançar, baby - me levanto e ela também, pego meu celular e coloco uma música qualquer, começamos a dançar e a cantar, nossa, faz anos que eu não faço isso, tinha me esquecido do quanto é bom “extravasar”. Logo a música acaba e toca outra e assim vai, não passamos nenhuma música, nós dançamos todas. Estamos parecendo duas loucas, mas quem liga, somos mesmo. Começa a tocar So What da P!nk, e eu amo muito essa música.

– OH MY GOD!! - Natalie também ama. Surtamos, ela subiu na cama e eu também e ficamos pulando, e o fato de ela ser bem mole nos ajudou. Começamos a cantar/ gritar e por um momento eu esqueci que a casa do meu futuro marido está ao meu lado.

Queria não ter esquecido.

Olho em direção a janela e o vejo nos olhando, mas como? Era para ele estar na escola, quer dizer, era, não era? Paro de pular na hora, mas nat não percebe e continua pulando na minha cama, lhe dou um beliscão e ela me dá um tapa, mas eu ignoro pois estou olhando para aqueles olhos verdes que estão também me fitando.

– Ele viu? - Pergunta nat descendo da cama.

– Claro, e ainda está vendo.

Ela dá de ombros e começa a dançar de novo.

– O que está fazendo?

– Não ligo para o que Josh vá pensar, eu quero dançar.

A olho pular feito uma macaca e olho para Josh que continua olhando tudo. Por fim dou de ombros e danço também, afinal, quem é ele para me julgar?

O garoto cujo você sofre de amores.

Legal, a voz da minha cabeça que ama me atazanar voltou, não estava com saudades. Ignoro e continuo a dançar. Depois de um tempo, Josh sai me deixando aliviada.

Depois de alguns minutos, paramos de dançar e fomos comer algo, eu iria comer nutella, se ainda tivesse.

– Jolie, você não tem nada decente aqui pra comer? - Natalie pergunta após olhar a geladeira pela décima vez, talvez ela esperasse que algo iria aparecer ali por mágica.

– Você é muito abusada, vai pra sua casa comer. Já deve estar na hora de ir embora.

Ela olha para o relógio da cozinha e dá de ombros.

– Minha mãe não liga se eu... - Ela é interrompida pela campainha sendo tocada.

–Quem será? - Pergunto mais pra mim do que pra ela.

– Sei lá, olha pelo olho mágico.

A olho com cara fechada.

– Não temos olho mágico, imbecil.

– Vai logo atender a porta - ela se joga no sofá pegando o controle e ligando a TV, folgada. Vou até a porta e a abro dando de cara com quem eu não queria, e não é Josh, ah não, quem dera se fosse.

– O que faz aqui ?