Podre até o âmago escrita por Nina


Capítulo 2
Capítulo 1 - Anúncio


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas. Então tive dois comentários no meu primeiro capítulo e fiquei muuuito feliz com isso. Muito obrigada à Frozen Heart e à MaDu por deixarem os primeiros comentários da minha história. Bom esse é o primeiro capítulo de verdade. Ele se passa dez anos depois do prólogo e serve mais para apresentar os personagens, mesmo. Enfim, boa leitura.



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Inglaterra, 1496

O Sol estava se pondo, sua luz alaranjada entrando pelas janelas do imponente e antigo castelo. Os criados cozinhavam o jantar, tentando deixar tudo delicioso, como de costume, para seus senhores, a família real Mikaelson. A jovem princesa Rebekah Mikaelson era arrumada pelas suas damas de companhia. Costumava ser uma moça falante e enérgica, no entanto encontrava-se sonhadora e com um leve sorriso. Enquanto apertavam o corpete ao seu redor, Rebekah, sequer sentia-se desconfortável. Sua mente estava ocupada demais com suas doces lembranças daquela tarde. Estivera mais uma vez com Marcel, seu amante pode se dizer. Embora fosse apenas o servo de seu irmão Klaus, ele fora o primeiro homem a realmente atrair sua atenção. Os dois se conheciam havia anos. Quando Rebekah se sentia entediada ia importuna-lo ou chama-lo para fazer alguma coisa. Conforme Elijah e Klaus foram crescendo pararam de se importar com ela gradualmente e suas damas de companhia só sabiam arruma-la e concordar com tudo o que a menina dizia, mas Marcel, ele a desafiava e provocava. A menina sabia que por trás disso havia carinho, que ele se importava, nem que um pouco, com ela. Seu pai não gostava nada da amizade dos dois e Klaus sempre enchia Marcel de tarefas tentando impedir que ficasse com Rebekah e quando isso não adiantava, o ameaçava. Mesmo assim os dois continuavam se encontrando. Foi no aniversário de 14 anos de Rebekah que Marcel beijou a garota pela primeira vez e depois daquilo souberam que nada nem ninguém poderia separa-los. Sabiam que o Rei mandaria açoita-lo, senão executa-lo, caso descobrisse sobre seu caso com a princesa, mas nenhum dos dois se importou. Naquela dia Marcel, secretamente, a levou para cavalgar e os dois passaram a tarde juntos na floresta. Ninguém dera por sua falta, algo que antes enfureceria Rebekah, mas agora a deixava feliz. Quanto mais ignorada fosse mais poderia encontrar-se com seu amado. Quando chegou ao castelo soube que seu pai avisara que tinha um comunicado para seus filhos e que o jantar seria adiantado por causa do mesmo. Depois de ser devidamente arrumada, a princesa estava indo encontrar o resto de sua família, sem desconfiar da tragédia que estava prestes a atingi-la. Ao chegar no salão onde a família real fazia as refeições cumprimentou à todos com pequenas reverências e sentou-se ao lado da mãe. Havia apenas sua família ali, o que deixou Rebekah curiosa, já que seu pai geralmente gostava de realizar banquetes com toda a corte. Faltava apenas Klaus para completar a família. Curiosa em relação ao tal anúncio Rebekah avaliou rapidamente as expressões de todos à mesa. Sua mãe mantinha a típica expressão vazia, como se estivesse em transe. Havia tempos sua mãe já não era mais a mesma. Esther, que costumava ser tão viva e disposta agora passava os dias no quarto, tinha surtos e falava sozinha. Rebekah lembrava-se de quando tudo mudou, durante A Desolação. Tinha apenas oito anos na época e tivera de lidar com tudo como uma adulta e sem o apoio da sua mãe que todos diziam ter enlouquecido. "Mas quem não iria à loucura com tudo aquilo acontecendo?" pensava Rebekah, que sentia-se tonta só de se lembrar dessa época. Sua tia, Lady Jenna, mantinha seu típico sorriso tranquilo e forçado e seu tio Alaric conversava em voz baixa com seu pai sobre algo que não a interessava. Jeremy, seu primo, parecia já estar bêbado e entediado. Seu pai, Mikael, tinha uma expressão satisfeita. No entanto Rebekah se preocupou ao notar que seu irmão parecia ligeiramente incomodado e que evitava o seu olhar inquisitivo.

–Boa noite minha filha. Está linda. - o Rei falou, afetuosamente.

–Obrigada pai. O senhor falou que tinha algo a anunciar. Posso perguntar o que é?

–Primeiro esperemos o seu irmão, meu amor. Tenho esperança de que ele não deva demorar. - Mikael falou, ficando mais sério.

Klaus estava, de fato, quase pronto. Terminava de se recompor após seu encontro com a criada Hayley. Se atrasaria e embora seu pai não o proibisse de "ter suas meretrizes", Klaus, sabia que ele não gostaria de pensar que elas lhe eram mais valiosas do que os jantares com sua família. Amarrou sua camisa de pressa, calçou seus sapatos e estava prestes a sair do quarto quando a voz de Hayley o impediu.

–Quando o verei de novo, meu senhor? - ela disse, amarrando o vestido.

–Você me vê todo dia Hayley, trabalha aqui.

–Quero dizer, quando o verei em particular?

–Quando eu sentir sua falta mandarei chama-la.

–E quanto aos meus sentimentos, bom senhor? - ela falou o abraçando por trás, mas Klaus se desvencilhou.

–Ambos sabemos que não tem sentimentos Hayley. Agora volte ao trabalho, ou a mandarei embora.

–Se eu for embora não terá ninguém para entrete-lo.

–Arranjo outra como você antes que possa sentir sua falta. - Klaus falou calmamente, saindo do quarto - Seu dinheiro está em cima da cama. Saiu do quarto para encontrar o resto de sua família, quase correndo pelos corredores do castelo. Hayley só era de seu interesse quando ficava calada. Sua voz e as lamúrias o irritavam profundamente. Não havia sentimento entre Klaus e ela, apenas desejo. Ele a desejava, ela desejava seu dinheiro. Klaus sabia que não precisava paga-la, porém dava um ar mais justo e frio à coisa toda. O pagamento imprimia o caráter de serviço com que Klaus via a relação de ambos. Apenas um negócio. Ao chegar ao salão de refeições todos já estavam lá. Após uma rápida reverência sentou-se ao lado de seu irmão mais velho, Elijah.

–Está atrasado. Sabe que, se não quiser minha interferência nos seus encontros não deve deixa-los atrapalhar o que realmente é importante. - falou o Rei, direcionando à Klaus o olhar e o tom de reprovação com os quais costumava trata-lo.

–Perdão meu pai. Não acontecerá de novo. O senhor desejava nos comunicar algo?

–Sim. Pois bem, como vocês todos sabem, Elijah está noivo e em breve casará com a princesa Quetsyah. Com o primogênito garantido, sabia que deveria cuidar do casamento dos dois mais novos o mais rápido possível. Rebekah e Klaus trocaram um olhar preocupado, mas se mantiveram calados. -Naturalmente havia muitas opções para ambos, muitas vantajosas de maneira diferente. Como vocês sabem, casamento trata-se de um negócio e para meus filhos quero o melhor deles. Após muitas reuniões com os conselheiros reais, trocas de cartas com diversos países e visitas de alguns nobres e mensageiros como vocês devem lembrar, cheguei à uma decisão.

–E qual é a sua decisão, meu pai? - Rebekah perguntou, contendo o nervosismo. A alegria que até então a consumia se fora e agora ela sentia-se prestes a vomitar.

–Você e seu irmão se casarão com os gêmeos franceses. Para Niklaus, princesa Caroline, e para Rebekah o delfim Matthew.

Houve alguns segundos de silêncio enquanto ambos digeriam a notícia, até que Klaus, num ato típico, ficou furioso.

–O quê?! Você deveria ter pelo menos nos avisado, perguntado nossa opinião! Eu sou uma pessoa pai! Não pode me vender! Não pode simplesmente me casar com qualquer uma que julgar adequada. Não serei conivente com isso!

–Sim eu posso e sim você será! - Mikeal praticamente berrou - Você não é um homem qualquer! Representa um país, assim como seus irmãos e tem deveres a mais com sua família e seu povo! Você não se casará com uma mulher, mas com um país. Então cale-se! - Klaus fez menção de responder mais foi cortado por Mikael - É melhor obedecer ou terei que lhe dar uma lição, Niklaus. E farei você aprender nem que seja a base do chicote! - ao ouvir isso Klaus cerrou os dentes e se calou. Mikael acomodou-se na cadeira e respirou fundo - A família real Forbes virá nos visitar em alguns dias para o fechamento do negócio. Isso possibilitará uma aliança duradoura e forte entre nossos reinos. Vocês serão agradáveis e obedientes. Essa aliança é extremamente importante e não quero reclamações. Pelo tom definitivo e forte da voz de Mikael os dois irmãos sabiam que seu futuro fora decidido e eles não podiam fazer nada, a não ser lamentar. Klaus se levantou da mesa e dirigiu-se pra fora do salão.

–Aonde pensa que vai?! - perguntou Mikael.

–Perdi a fome. Desejo me retirar para meus aposentos.

–Após o jantar. Agora sente-se!

Vermelho de raiva, Klaus, sentou-se novamente. A pobre Rebekah a sua frente parecia prestes a desmaiar. Sentia vontade de se esconder em baixo das cobertas e chorar.

–Enfim, - continuou o Rei - com a chegada da corte francesa precisaremos de mais criados e damas de companhia. Já selecionei alguns e gostaria que você fosse convoca-los Elijah.

–Pois não, senhor.

–As senhoritas Pierce e Young são requeridas nesse momento.

–Posso lhe perguntar o porque de tais escolhas, Majestade? - Lady Jenna perguntou. Tudo que acontecia no castelo era do seu interesse e cedo ou tarde chegava ao seu conhecimento.

–John Pierce e Isaquiel Young, tem sido um grandes aliados na luta contra a bruxaria no nosso reino, além de serem influentes, e as senhoritas Pierce e Young me parecem jovens educadas e polidas. Tenho certeza de que serão uma boa adição à corte.

–Irei até as duas famílias amanhã, meu pai.

Enquanto isso na casa dos Pierce o jantar transcorria calmo e sério como sempre. Katherine, a única filha dos Pierce, falava sobre as novidades recebidas enquanto seus pais a ouviam com raro interesse. Como não costumavam frequentar a corte, apesar dos pedidos de Katherine, as notícias chegavam depois aos seu ouvidos. Embora a família Pierce fosse pequena eles moravam em uma grande e antiga casa de campo. John era um homem muito religioso e acreditava que assim se manteriam longe dos perigos e tentações que cercavam as grandes cidades e principalmente a corte, ainda assim era muito leal ao Rei. Os Pierce não eram ricos ou nobres, tampouco eram pobres. Viviam uma vida simples porém confortável. John, no entanto, era um homem importante diante dos fiéis. Ao lado de seu amigo, Isaquiel Young, comandara O Expurgo e tinha muita influência em sua comunidade.

–Por fim, tem circulado rumores sobre a escolha dos cônjuges do príncipe Niklaus e da princesa Rebekah. As maiores apostas são de uma união com a Grécia, Espanha ou França. Particularmente acho que será uma das duas últimas. - comentou Katherine, bebendo um gole de sua taça de vinho.

–Creio que não. A união da princesa Quetsyah e do príncipe Elijah, infelizmente, poderia dar margem para outros casamentos entre os dois países. - Mesmo querendo manter distância da corte, política era do total interesse de John já que esta influenciava na religião. Já não era do seu agrado uma nova princesa e futura Rainha pagã e caso tivesse que suportar e, principalmente, venerar mais desses infiéis teria que estar preparado.

–Acho que não, senhor. O Rei já firmou uma aliança com a Grécia. Acredito que ele verá mais vantagem em aproveitar o príncipe e a princesa para se aliar a outros países.

–Não sabia que entendia de política minha filha. - comentou Isobel, olhando curiosa para a jovem, que apenas sorriu.

–Política é tudo mãe, assim como estratégia. Acredito que quem não dominar as duas não tem uma real chance de prosperar.

–Religião e fé são as coisas mais fundamentais da vida, Katherine. E é melhor mudar seu lema, senão passará por gananciosa e você sabe o que Deus pensa sobre ganância.

–Eu sei pai.

Katherine suspirou e forçou um sorriso. Seu pai provavelmente a queimaria se soubesse que em seu coração Katherine não dava a mínima pra onde iria após morrer, contanto que tivesse a vida que acreditava merecer. Uma vida de luxo. Ela era gananciosa, porém, diferente de seu pai, via isso como uma qualidade, algo que a faria importante.

–Muito bom, agora vá rezar e depois deite-se. Continuaremos com seu ensino religioso amanhã e à noite, os Salvatore vem jantar aqui.

Katherine conteve sua alegria. Stefan Salvatore era seu melhor amigo, se é que ela tinha amigos. Ele não possuía renome, dinheiro, riquezas ou terras, porém era sem dúvida a melhor pessoa que Katherine já conhecera e provavelmente a única com quem ela realmente se importava, mesmo que contra sua vontade. Katherine temia que até mesmo o amasse, já que, aos seu olhos, amar alguém que não pode lhe oferecer nada é um horrível fardo e erro. Murmurando boa noite para seus pais Katherine correu para seu quarto tentando sufocar todo e qualquer sentimento que tivesse em relação ao Salvatore.

Na manhã seguinte foi violentamente acordada por sua mãe que parecia mais agitada do que nunca. Seu enorme sorriso e expressão de deleite despertou a curiosidade de Katherine que logo perguntou o motivo de tamanha emoção.

–Seu pai acabou de receber uma carta do príncipe Elijah. Ele virá aqui esta tarde! Tem assuntos a tratar com seu pai.

–O quê?! Que horas ele chega?

Katherine nunca havia conhecido ninguém da família real, apenas os vira nas poucas vezes quando fora à Corte junto de seus pais, o que totalizava umas três vezes. Essa era a sua chance de finalmente conhecer alguém importante e de maneira nenhuma ela deixaria essa oportunidade passar em branco.


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Notas finais do capítulo

Comentem! No próximo capítulo tem o 1º encontro entre bisKath e Elijah. Até lá. Bjs.



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