Eu não podia mais ficar lá, não depois do sonho que tive.

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Era uma campina. Muito verde, árvores diferenciadas, e eu estava sentado embaixo de uma delas. O ar tinha cheiro de eucaliptos. Parecia um daqueles lugares a que minha mãe me levava quando eu era pequeno, mas preferi afastar a lembrança. O que acontecia depois não me orgulhava nada.

Demorei alguns segundos até reparar na mulher de pé a meu lado. Teria levado um susto se a beleza dela não me hipnotizasse por um momento.

Sacudi a cabeça para me livrar disso. Eu sabia quem ela era, mas não o que queria. Vênus, num sonho meu. Pra tudo tem que ter uma primeira vez.

Eu acho um completo clichê. - Disse ela, como se estivéssemos continuando uma conversa de amigos.

O quê? - Perguntei, confuso.

Ora, você e a Rachel. - Respondeu a deusa do amor e da beleza, com um gesto entediado. - O garoto chato, odiado, que não presta. A garota legal, que todos adoram, que faz as coisas certas. Ele se apaixona por ela, ela se apaixona por ele, mas eles não podem ficar juntos, blá-blá-blá. Isso é tão... utópico! Tipo Nicholas Sparks. É muito trivial.

[n/Aut: Ei! Para de falar mal do meu Nicholas!] [n/Vênus: Tá, tá, calma, barraqueira.]

Não sei do que está falando. - Disfarcei. - Não gosto da Rachel assim.

Por favor, Octavian! Você nem a chama mais de graecus. Sinto muito desapontá-lo, mas ela não pode namorar. Ela abriga o Oráculo de Delfos dentro de si, o que exige um corpo puro. É uma regra. E você deveria entender as regras. Se continuar assim, tudo o que vai conseguir fazer é magoá-la.

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Não sei por que isso mexeu tanto comigo. Simplesmente não tive mais vontade de ficar no Meio-Sangue. Eu preferia voltar para a boca do leão a dar o braço a torcer.

Em outras palavras, senti um aperto no peito ao pensar em magoar a ruiva. Mas, pelo que pareceu, foi exatamente isso que eu fiz sendo rude com ela. Droga, Octavian. Seu idiota!

Ela tinha saído pisando duro e, sem olhar para trás, sumiu rápido atrás da colina. Na mesma hora, foi como se alguma coisa desabasse em cima de mim. Mas eu não podia voltar, não agora.

Pensei em algum sinal que eu poderia deixar, alguma coisa que só ela entendesse. Logo, pensei no meu ursinho. Peguei-o e, sorrindo involuntariamente, o deixei perto do pinheiro de Thalia. Com um graveto, escrevi R-A-C-H-E-L no chão e voltei correndo para a estrada, torcendo para que ela visse.

Vamos, ruiva, você tem que voltar! Corri de novo até a estrada e fui andando pelo acostamento, rumo a Manhattan. Vai ser uma longa caminhada. Será que tem café naquela livraria? Preciso de café.