Sentimentos insanos escrita por Freddie Allan Hasckel


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Enfim o capítulo está finalizado, acredito eu que ele é o mais esperado de toda história, e também extenso. Dedico ele a todos vocês, meus queridos leitores anônimos e não anônimos, com todo carinho do mundo.
Aguardo ansioso a opinião de vocês, espero que gostem!



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Quarta Feira,

30 de Junho de 1953

Caro Confidente,

Foi uma semana exaustiva e desprovida de noites satisfatórias de sono, pois se não bastasse a ansiedade, também ando com medo dos meus sonhos e das crises que vem ocorrendo com certa frequência.

O céu está repleto de estrelas nesse instante, sinto que todas elas vieram saudar a nossa tão sonhada e recém adquirida liberdade, a brisa refrescante em minha pele que a muito eu não sentia me leva para outra dimensão. Em pensar que muitos não dão valor a esses pequenos detalhes, tão primordiais e revigorantes. Qual foi a última vez que você admirou um por do sol, a lua, ou as estrelas? Eu costumava sentar na varanda do nosso casarão e passar as tardes de domingo na companhia de um bule de chá e um maço cigarro, em silencio, apenas admirando a dinâmica da vida e refletindo sobre ela.

Sem mais delongas, você deve estar ansioso para descobrir como fugimos daquele lugar, ou estou errado? Acho que vou enrolar mais algumas linhas antes de matar a sua curiosidade.

Tudo bem, não me mate, é apenas uma brincadeira.

Pois bem, imagine um plano fugiu completamente do nosso controle e deu quase completamente errado, o nosso!

A cada dia uma etapa foi concretizada, pois devagar se chega ao longe. Thomas foi bastante persuasivo com o enfermeiro, e eu com Edwin. Pois é preciso um certo grau de loucura crer que duas duas pessoas internas em um hospício teriam êxito em assaltar um banco, e os gratificariam de forma satisfatória pela 'forcinha'. Eu no lugar dos dois não colocaria fé alguma em nosso plano. Qual a garantia de que iríamos verdadeiramente pagar esse dinheiro? Era a palavra de dois insanos, ninguém iria nos culpar se não pagássemos, mas sim rir daqueles que caíram na nossa lábia.

As tarefas foram divididas de forma bastante equilibrada. O enfermeiro, o qual eu não possuía muita confiança, recebeu a função de adiantar o horário do jantar, fingir que nos trancara em nossos quarto após o surto e nos arrumar o éter. Sendo assim, só notariam a nossa falta pela manhã, quando já estaríamos longe o suficiente para sermos rastreados. Quanto a Edwin, que apesar da cara de louco é um homem legal, pedi a ele roupas novas, um carro e duas armas, sem falar que ele é o responsável por nos guiar até a saída.

Tudo começou a desandar logo pela manhã, quando Thomas não apareceu para o café, chegou a hora do almoço e nem sinal do homem, que só deu o ar da graça no final da tarde. Estava péssimo, fraco, e os braços cruzados a altura do estômago como estivesse protegendo o mesmo.

– O que fizeram com você? – perguntei tentando dar suporte para ele caminhar.

– Eu acho que vomitei todos os meus órgãos – ele disse com uma voz mole.

– Thomas, o que eles fizeram com você? – eu quis gritar e sacudi-lo na intenção de desperta-lo, mas me contive.

– Eu não sei, Alex. Eu não sou nenhum médico, não quero falar mais disso... como estão as coisas? – Tom não é de desviar o assunto, não quando se trata do presente, tenho medo de imaginar tudo o que ele passou naquela sala, eles poderiam ter me escolhido, era para eu estar lá, não ele. Eu preferia que tivesse sido assim do que ter de vê-lo nesse estado, mas não foi.

– Indo, nós temos outras prioridades nesse momento, preciso arrumar algo pra você comer, Tom. Você mal consegue parar em pé – disse tentando ocultar o desespero em minha voz sem nenhum sucesso.

– Você sabe que isso é impossível fora dos horários de refeição, eu fico bem com água até o jantar. Eu vou me recuperar, vai dar tudo certo, 397! – ele segurou a minha mão firmemente tentando passar a confiança que nem mesmo ele tinha.

Ele dormiu divinamente, um sonho profundo, tranquilo, sereno e belo, cheguei a sentir inveja. Enquanto ele dormia sentei-me aos céus pés e permaneci em alerta caso viessem busca-lo uma outra vez, repassei nosso plano mentalmente centenas de vezes para evitar surpresas, mas as mesmas foram inevitáveis.

Sete horas da noite fomos chamados para o jantar, perfeito, o gerente do banco sai exatamente as oito, sem nenhum imprevisto teríamos tempo de sobra para alcança-lo.

– Tom, vem, vamos comer! – acordei ele que abriu os olhos um pouco mais animado do que estava horas atrás.

– Por quanto tempo eu apaguei? – perguntou-me ele ainda sonolento

– Aproximadamente duas horas – eu não acompanhei o relógio, ou mesmo fiz contas, queria poupar os meus neurônios para mais tarde, portanto supus que era isso.

Thomas e eu devoramos o nosso prato o mais rápido possível, pois sabíamos que o motim poderia começar a qualquer instante e não queríamos ficar sem comida. Suzy tirou a cabeça sua boneca e atirou em Harry, que jogou toda baba de seu novo balde no homem ao lado, e assim uma guerra de comida se instaurou. A bagunça assumiu proporções inesperadas, eu não conseguia avistar Edwin ao meio de tanta balburdia, mas a velha-menina, atenta, agarrou a minha mão e me guiou por todo refeitório até o homem que estava na companhia do nosso outro cúmplice.

– Eu volto para te buscar! – foi a última coisa que disse a Suzy. O enfermeiro nos encarou por um instante, e elevou o braço direito exibindo seu relógio, ele apontou para o mesmo e eu entendi o recado. Tínhamos uma hora e meia para entregar o dinheiro, se não ele nos entregaria.

Edwin nos orientou através de corredores que eu sequer tinha conhecimento, para nossa sorte todos estavam abandonados, não havia ninguém por eles, e as luzes permaneceram desligadas para não levantássemos nenhuma suspeita. A porta que saímos dava em um beco escuro, onde diversas sacolas estavam abandonadas a nossa espera.

– Está tudo aqui? – perguntei analisando toda a tralha.

– Tudo o que você pediu – ele garantiu.

– Nem acredito que estamos livres – Thomas deu um pulinho de alegria.

– Ainda não temos o que comemorar, Tom. Nosso tempo é curto temos que dar prosseguimento ao planor – Edwin nos entregou os ternos com certa pressa após me ouvir, estava nervoso, gostas de suor escorriam por sua face. Eu optei por não usar a gravata e o deixei paletó de lado. Quanto ao charlatão, Tom, decidiu vestir o traje completo.

– Olha só, está um verdadeiro Gentleman – elogiou meu amigo após me analisar, ele trazia um imenso sorriso no rosto, tão lindo, em outra situação teria me feito derreter – Nem acredito que estou te vendo sem aquela camisola, parece um sonho.

– Gentleman Jack, e você já pensou em quem vai ser? – decidimos que recomeçaríamos nossa vida do zero, novos nomes, novas cidades... Resumindo, tudo novo.

– Gostei, combina com você, Jack. Alguma sugestão para mim? – pediu ele.

– Temos a vida toda para decidir! – Tom tem o segundo sorriso mais perfeito que já vi em toda minha vida, só perde para o Claire. – As armas! – pedi, e então o zelador nos entregou duas espingardas. – Espingardas, sério? Onde você quer que eu esconda essa coisa? – chamei atenção do velho, não acreditei que isso estava acontecendo, assaltar um banco com essas velharias gigantes.

– Esconde na bunda! – Thomas mantém a piada até momentos críticos e de muita tensão.

– Sem capital, o que você queria que eu fizesse? Peguei as armas que uso para caçar com meu filho! – o velho explicou, no fundo ele tem razão, mas isso não muda o fato de estarmos com duas armas de caça.

– Pois é, quem sabe eu encontre um açor investidor da bolsa de valores dando sopa dentro do banco – eu quis enforcar Edwin nesse instante, contudo, não tínhamos tempo para isso.

– Acho que você deveria deixar para assaltar a minha ironia uma outra hora, temos algo muito maior para roubar nesse momento, você se lembra? – Tom me repreendeu e então partimos em direção a rua principal.

– É ele! – disse me referindo ao homem de chapéu que atravessava a rua.

– O que eu faço agora? Eu nunca fiz ninguém de refém antes, eu era um charlatão, não um seqüestrador!

– Usa a criatividade, você tem em excesso, sei disso! – ele quem tinha que abordar o homem, afinal, ele é o intimidador, não eu. O homem riria na minha cara se eu lhe apontasse uma arma, ainda mais a que estamos usando, não preciso comentar o nível dos nossos recursos, já fiz muito isso, concorda?

– Eu gostaria de fazer um saque! – Tom disse ao homem que abria a porta do carro.

– Impossível, o banco já fechou, volte amanhã em horário comercial – retrucou o banqueiro sem sequer olhar para o meu amigo.

– Acho que o senhor ainda não entendeu o nosso pedido – coloquei o cano da espingarda na nuca do homem.

Caminhamos rumo ao banco em silencio, como se acompanhássemos um cortejo fúnebre. Eu já fui aquele lugar tantas vezes para resolver negócios, que possuía certas suposições quanto ao sistema de segurança, e para nossa sorte a maioria delas estavam corretas. Assim que entramos demos de cara com dois guardas no Hall de entrada, os quais nos livramos com certa facilidade, eles se renderam sem pestanejar, quando viram que seu chefe estava em nossa mira. Sendo assim, após tomar suas armas, os apaguei com éter, e então os amarrei.

– Por aqui – chamou o gerente seguindo em frente.

– Não, nós não queremos esse cofre, mas o lá de cima – pude ver o homem assumir uma expressão surpresa, nem mesmo Tom esperava que eu tivesse conhecimento sobre um segundo cofre. Acontece que não precisa ser nenhum 'Einstein' para entender que o cofre do último andar armazena mais dinheiro que o do primeiro, afinal, é lá que está guardada a fortuna dos grandes empreendedores, o primeiro tem em seu conteúdo apenas as economias de meros civis e pequenas transações que o banco realizou ao longo do dia.

Já no segundo andar ouvi dois tiros e consequentemente dei dois saltos de susto.

– Apaga eles! – ordenou-me ele trazendo de volta a realidade. Dois tiros certeiros que derrubaram os homens sem mata-los, incrível.

– Faltam dois! – eu disse tomando as armas dos seguranças e encostando-os em um canto após deixa-los inconscientes e amarra-los. Ele respondeu-me apenas com um gesto afirmativo, estava tenso, seus músculos enrijecidos como pedra, o palhaço já não existia ali.

Assim que demos seguimento ao nosso plano, um segurança surgiu em nosso caminho de forma inesperada, Tom apagou o pobre coitado com uma pancada forte na cabeça, ele deu a mesma com a o cabo da espingarda, acho que o homem vai precisar de uma intervenção cirúrgica para recuperar o nariz. Rendi o segundo com a minha arma apontada para sua cabeça, dessa vez a descente que eu roubei de um dos seguranças, foi fácil apaga-lo da mesma maneira que os outros.

– Abre logo essa merda! - gritei ao homem que nos enrolava, e ele permaneceu em silencio. – Se você prefere assim – apontei a arma para sua cabeça e já ia apertando o gatilho, mais para pressiona-lo do que na intenção de ocasionar um disparo.

– Eu tenho família, não faça isso! – implorou ele, e então eu dei um tiro no porta-retrato a mesa com a foto de sua esposa e filhos. – É isso que vai acontecer com eles se você não abrir logo essa porra – e então efetuei outro disparo sem querer que acabou acertando seu pé gerente, então Tom me encarou com os olhos arregalados – Não me olha assim, você atirou em dois homens

– Eu nunca vi tanta grana na minha vida! – exclamou Thomas boquiaberto assim que o cofre estava aberto, eu também nunca vi tantas notas verdes reunidas em um local.

– Conseguimos! – exclamamos juntos, e então nos abraçamos tão forte, tão rentes um ao outro, que chegou faltar ar em meus pulmões, senti um tremor tomar conta de meu corpo todo. Eu quis chorar, por um motivo diferente dessa vez, alegria. O magnetismo que nossas bocas já sentiam uma pela outra foi intensificado pelo momento, e quando percebi nossos lábios já estavam colados, os dele eram firmes e macios. Por um instante não me importei com o futuro, e me desliguei do o passado, apenas desfrutei o Presente. Eu se quer pensei nas consequências de tal ato, em como isso afetará o nosso amanhã, a nossa convivência, ou mesmo nossa amizade, apenas me deixei guiar por essa nova experiência que acelerava de maneira nada singela as batidas do meu coração. Nossas línguas, perfeitamente sincronizadas em movimentos lascivos, a minha um tanto quanto enferrujada perante a dele, mesmo assim perfeito.

– Rãm... – o barulho fez com que nossas bocas se separasse, era o gerente

– Apaga logo ele! – ordenou Tom um tanto impaciente e risonho.

Era tanto dinheiro que mal podíamos carregar sozinhos, quando chegamos ao local marcado com Edwin, ele nos esperava, mas não em um carro, e sim em uma charrete.

Existe jeito mais elegante de fugir do que em uma charrete? Se sim, eu prefiro nem saber, tudo deu errado, mas ao mesmo tempo tão certo que nem me irritei com esse pequeno detalhe. Afinal, eu já tinha motivos suficientes para estrangular o zelador. Todavia só tenho a agradecer, ele foi extremamente ágil ao retornar ao hospício e entregar a grana ao enfermeiro, e agora estamos longe o sufiente da cidade, o que nos permite ter certa confiança. Assim que chegarmos ao segundo prédio do Hospício Marshall, onde eu acreditei ser o último lugar que nos procurariam, Tom e eu seguiremos sozinhos.

Pois é, caro confidente, o êxtase ainda circula pelas minhas veias, ainda tenho muito para desfrutar. Não seja egoísta, volto em breve para lhe contar o restante dos acontecimentos.

Com Carinho, Jack.


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Notas finais do capítulo

Queria propor um desafio e pedir uma forcinha a você.
Primeiro: Se você fosse colocar um apelido no Thomas, qual seria?
Segundo: Agora que ele vai precisar de uma nova identidade, portando, um nome novo. Sugestões?
Por último um aviso um tanto chato, vou revisar capitulo por capitulo desde o prólogo para que a história fique perfeita, então talvez eu atrase um pouco o próximo capitulo. Aviso desde já que ele vai um pouco/muito caliente
Mais uma vez, muito obrigado por estarem acompanhando.