Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 21
Receio


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus lindos e maravilhosos leitores!
Não sei se isso está evidente, mas gostaria de informar que essa fic já está quase acabando, esse cap é um dos últimos. Não me xinguem, por favor. Bem, o negócio é que esse é o ano final deles. Depois de Hogwarts eles vão seguir suas carreiras profissionais e continuar a viver no mundo bruxo. Por isso, eu só queria deixar registrado que eu agradeço imensamente à todos vocês que acompanharam a fic até o fim e que sempre comentam, me encorajando a continuar. Obrigada, de verdade!

esse cap nao tem nada tão "uau", mas o prox quase certeza que vai ter ;)
boa leitura

Atualização: Seguinte, eu estou pensando em escrever uma continuação para a fanfic Amor de Maroto e queria saber se vocês apoiariam a ideia. Eu sinto muita falta da dinâmica de publicar os capítulos e responder comentários de leitores, portanto acabei pensando nessa como a única maneira de suprir minhas necessidades de escritora. O meu principal problema é que escrever uma fic não é um processo da noite para o dia, ele requer muito tempo e paciência, então a minha real pergunta é se vocês teriam curiosidade de ler se eu elaborasse uma continuação. Se o caso for que não exista essa vontade, nem me darei o trabalho de me preocupar. Comentem o que vocês acham!



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Capítulo 21 - Receio

— Aluado, você está bem? - Tiago o pergunta quando o amigo chega ao dormitório. Ele tinha uma expressão cansada. Suas roupas estavam amarrotadas e com alguns furos e rasgos. Sua pele estava com alguns arranhões e suja de terra.

— Já estive pior. - o maroto respondeu, se sentando na cama mais próxima. - Por que as cortinas fechadas, Pontas? - indagou, apontando para a cama do amigo, que tinha as cortinas fechadas em sua volta.

— É a Lily. Ela estava muito arrasada e não queria dormir sozinha no dormitório dela. Eu pretendia ficar lá para fazê-la dormir, mas com a ameaça do espelho ela ficou inquieta e não parava de tremer, então resolvi trazê-la pra cá, para acalma-la e…

— Mas ela deixou Carol sozinha no dormitório? Se ela estava lá, Lil não estaria sozinha. - Remo disse duvidosamente.

Sirius fechou os olhos, franzindo o cenho e contraindo tortamente os lábios. Ele tinha que ter falado com Remo sobre aquilo antes que Tiago contasse sobre a ameaça que Lily recebera.

— Almofadinhas, que cara é essa?

— Lembra que eu te falei no caminho que eu precisava lhe contar uma coisa muito séria? - Remo assentiu, esperando que o amigo prosseguisse. - Era sobre a Carol. Ela… – ele fez uma pausa, tomando coragem para falar. - Ela foi internada.

— Como assim? - Remo questionou, pensando ter ouvido errado. Tinha que ter ouvido errado. - Black, o que aconteceu com ela? - seu tom de voz se elevou um pouco.

— Envenenamento. - o maroto disse simplesmente para não aborrecer mais ainda o amigo.

— Quem o fez? - não houve resposta. - Quem, Black? - exigiu saber com a voz mais bruta. - Foi ela?

— Não sabemos. Mas se for, ela é apenas a mandante. Quem estava observando Carol era um sonserino.

— Eu avisei vocês. - Tiago entrou na conversa. - Vocês não deviam tê-la provocado. Primeiro você, Aluado. Depois Almofadinhas.

— Sirius? - Remo questionou.

— Ah, eu esqueci de falar… Ela veio me procurar algum tempo atrás, pedindo que eu voltasse a ficar com ela como antes. Eu disse que não, pois tenho namorada. Não citei o nome de Anna nenhuma vez. Uma semana depois minha morena estava indo, inconsciente, para o hospital.

— Por que você nunca me disse isso?

O maroto deu de ombros.

— O que ela poderia fazer? Ela é apenas ela. E como eu iria imaginar que ela fosse arranjar aliados? Como eu iria pensar que ela fosse capaz de fazer alguma coisa?

Antes que um dos três amigos o pudesse responder, os quatro ouviram um barulho esganiçado vindo da cama de Tiago, que tinha as cortinas fechadas em sua volta. Mais um barulho. Algo batendo desesperadamente na madeira. Tiago se aproximou, abrindo as cortinas. Lily estava contra a cabeceira, como se estivesse espremida ali pelo ar. Suas mãos em volta de seu pescoço, mas não diretamente em sua pele - parecia que a ruiva tentava tirar algo invisível de lá, sem sucesso. Antes que o namorado a pudesse ajudar, a pressão que mantinha Lily daquela maneira pareceu ter se dissipado, fazendo com que seu corpo frágil cedesse.

A porta do dormitório de abre, mas ninguém aparente passa por ela. A menina respira ofegantemente, passando a mão em volta de seu pescoço. Lily voltara a tremer e a chorar, tentando desesperadamente procurar por algo que não estava ali.

Tiago foi o primeiro a se mover, indo ao seu encontro imediatamente. Ele envolveu a namorada com os fortes braços, acariciando seus cabelos. Queria perguntar o que tinha acontecido, mas sabia que ela não conseguiria falar em choque. O maroto então a acalmou antes de fazer um interrogatório.

— Ei, - disse em uma voz suave. - o que houve? - a menina hesitou em responder.

— Eu… não sei. Eu acordei com alguma coisa em volta do meu pescoço me enforcando. Não saia. - a tremedeira tinha quase cessado e seus olhos ainda expressavam pânico. - Não saia. - repetiu, tentando regular a respiração.

— Calma, não foi nada. - Tiago disse, mesmo sabendo que estava mentindo. - Shh… Não precisa chorar. Está tudo bem agora.

Remo fez menção de falar algo, mas Tiago o repreendeu com um olhar. Eles precisavam que Lily se acalmasse antes de tudo. Ela estava no seu nível máximo de tensão.

— Lil, se sente melhor? - Remo indagou. Ela assentiu com a cabeça.

— Eu acho melhor eu voltar para o meu dormitório. Eu preciso tomar um banho, trocar de roupa… E vocês precisam conversar. - deduziu. - Já vou indo.

Os marotos se entreolharam, não achando aquela uma boa ideia. Tiago disse que ia acompanha-la.

— Por quê? - a ruiva perguntou, sem entender.

— Primeiro: você vai ficar louca se entrar sozinha lá e encontrar a “mensagem” no espelho. Segundo: você vai começar a chorar ao se lembrar de Anna e Carol, que normalmente dividem o quarto com você. Terceiro: você quase foi asfixiada agora pouco. Não vou deixar que você ande por aí sozinha. E não adianta reclamar. - reforçou a ideia.

A menina pareceu aceitar a proposta, saindo da ala masculina com o namorado.

— Como está Remo? - Lily perguntou quando já estavam entrando em seu dormitório. - Não sobre a lua cheia. Digo sobre o estado de Carol. Vocês já contaram pra ele?

Tiago assentiu lentamente.

— Ele ficou irritado no início. Mas foi apenas momentâneo. Ele, aparentemente, está bem, mas tenho certeza que vai ficar o resto do dia no quarto, arrasado. Ele baseia a vida dele inteira na Carol. Tudo que ele faz, ela está junto, assim como tudo que ela faz, Remo está junto. Aluado não vai suportar por muito tempo. Ele vai perder o controle, assim como aconteceu com Almofadinhas. E assim como aconteceria comigo se algo ocorresse a você.

——

Naquele dia Tiago virou o segurança particular de Lily, que não reclamou. Mesmo não achando necessário, tentou enxergar o ponto de vista dele, intentando o compreender. Ela também não gostaria de perdê-lo, então decidiu não argumentar.

Tiago fora com Lily até o Salão Principal no café da manhã, rumando depois para a biblioteca estudar mais um pouco. As provas seriam dali mais ou menos duas semanas, o que significava que seus nervos estavam à flor da pele não apenas por conta das amigas, mas também pelas provas finais, que decidiriam sua vida. Era muita tensão acumulada para qualquer um suportar.

— Não acha melhor fazer uma pausa? - Tiago sugeriu, como quem diz “Ei, estou cansado de tudo isso!”.

— Mas as provas são…

— Daqui poucos dias. Eu sei. - completou a frase. - Mas eu quero minha namorada de volta! Tudo está nos afastando. Os acidentes, as aulas, os seus estudos… Tudo. É o nosso último ano aqui, deveríamos estar aproveitando ao máximo! Tem coisas que se não fizermos agora, não faremos nunca mais.

— Mas eu realmente…

— Precisa estudar. Eu também sei disso. - o maroto completou sua frase novamente. - Mas e nós? Onde nós ficamos, Lily? Precisamos de um tempo juntos também. Pelo que eu me lembre, você está namorando a mim, e não a seus livros. - Tiago realmente estava indignado com certas atitudes dela, mas tinha deixado aquela pilha se acumular por muito tempo para escondê-la agora. Não tentou mascarar sua expressão, que indicavam mágoa em relação àquilo.

— Eu não sabia que isso te incomodava tanto assim. Me desculpe. - Lily disse, realmente se sentindo mal pelas suas atitudes. Ela nunca pensara por aquele lado. Mas naquele momento, ela só estava estudando, pois não queria se lembrar do fato de suas melhores amigas estarem afastadas. Só queria se distrair. - Pra onde você quer ir? - perguntou, fechando os livros à sua volta e os empilhando. Tiago estava certo. Por mais que ele não tenha falado desse modo, ela precisava dar um tanto mais de valor ao relacionamento deles.

— Qualquer lugar em que eu não esteja rodeado de livros.

O casal, depois de devolver os exemplares, rumou para um lugar não muito específico. Eles rodaram o castelo sem ter para onde ir, conversando sobre qualquer assunto aleatório que surgisse em suas mentes.

— Não, claro que não!

— É claro que estava, sim! Estava estampado na sua cara que você estava caidinha pelo Guilherme! - Tiago fez cócegas na barriga de Lily, que se encolheu.

— Eu não estava “caidinha” por ele! - os dois riam. - Eu estava apenas interessada. É bem diferente.

— Tudo bem, tudo bem. - o maroto põe as mãos para cima, como se estivesse se rendendo. - Se é isso que a senhora diz…

— E você? - ele a encarou, sem entender. - Alguma menina por quem você já teve uma queda? Não vale mentir. - o informou.

— Bem, eu nunca me apeguei muito às meninas, você pode comprovar isso com o meu estilo antigo de pegador. - os dois riram. - Mas o fato é que nenhuma delas realmente me pareceu muito interessante. Elas eram bonitas fisicamente, mas tinham uma péssima mente, um péssimo coração… E aí eu conheci você e tudo isso mudou. Eu fiquei procurando seus defeitos tão freneticamente que você não tem ideia. Não era possível. Você era linda, tinha um corpo maravilhoso, tinha um coração muito bom, era inteligente… Você era tudo! Isso, pra mim, era impossível de aceitar, tanto que eu comecei a ficar intrigado.

— Você não respondeu a minha pergunta… - a ruiva cantarolou para disfarçar. Ela corara levemente com os elogios do namorado. - Tenho certeza que deve ter tido uma antes de mim.

— Por mais absurdo que pareça, não teve nenhuma antes de você. Absolutamente nenhuma. - disse o maroto apaixonadamente. - Eu amo você, Lílian Evans. Pode ter certeza disso.

— Eu nunca duvidei. - ela disse, o beijando.

— Sabe, - o maroto sussurrou em seu ouvido com uma voz sedutora. - foi péssimo quando Remo nos interrompeu naquele dia… - a provocou, passando a ponta do nariz em sua maçã do rosto. - Bem que poderíamos continuar de onde paramos…

— Seu tarado. - Lily o acusou, encaixando seus lábios nos de Tiago, os puxando.

— Sabe, Lírio, estamos no sétimo andar e… - o maroto a olhou.

Lily captou a ideia rapidamente, logo o seguindo por alguns corredores. Antes que chegassem na parede certa, o casal se beijou por algum tempo, com Lily sendo pressionada contra a parede pelo corpo de Tiago, que já estava pensando em convocar a Sala. Antes que ele o fizesse, outro maroto apareceu no corredor, indo em direção ao casal.

Remo andava rapidamente com um sorriso estampado no rosto. Ele não podia conter sua felicidade, mesmo que não fosse um tão grande motivo.

— Olá, Remo. - Lily o saudou, se desapontando um pouquinho com a chegada do amigo. Mais uma vez, ele atrapalhara o momento dela e do namorado. - Alguma coisa aconteceu?

— Professora Mcgonagall veio falar comigo hoje. - agora, Remo tinha toda a atenção do casal, que antes estava esperando para que ele saísse de lá o mais rápido possível.

— O que ela disse? Ela disse quando as meninas vão voltar? - a ruiva perguntou esperançosa.

— Infelizmente, não. - admitiu o amigo, deixando a menina um tanto desapontada. - Mas ela me disse que Carol já está conseguindo respirar sem os aparelhos. Os pulmões dela voltaram a funcionar. - Remo não pôde conter um sorriso. Ele estava aliviado que recebera notícias de sua namorada, por mais breves que estas fossem.

— Viu? Eu disse pra você que ela se recuperaria rápido. - Lily o alegrou. O menino estava muito feliz, o que mascarava um pouco seus olhos vermelhos e inchados. - E ela disse alguma coisa sobre Anna?

O maroto negou, baixando o olhar um pouco. Tiago fechou os olhos, suspirando. Por mais que tivesse ficado feliz por Carol, ele se desanimou mais ainda com o fato de não ter nenhuma informação sobre sua melhor amiga. Aquilo era péssimo; tirou toda a alegria que lhe restava.

— Tiago - Lily o chamou. - Ela vai ficar melhor. Não se preocupe. Talvez a Professora Mcgonagall tenha esquecido de falar sobre Anna, só isso.

— Não tente fazer a situação ficar melhor, pois não está melhor. - o maroto disse seria e rigidamente.

— Pontas, uma coisa de cada vez. - Remo disse. - A notícia hoje foi sobre Carol, mas amanhã pode ser sobre Anna.

O maroto fingiu aceitar aquilo, parando de retrucar.

——

Quando Tiago voltou para seu dormitório, encontrou Sirius sentado na beirada de sua cama, brincando com a caixinha preta. Ele passava o objeto de uma mão para a outra, parando algumas vezes para encara-la e então voltando ao exercício. Sua expressão não era a das melhores, mas ele já esteve pior naquela semana. Agora, se preocupava mesmo era com Anna, já que Carol estava melhorando consideravelmente. Ele não podia perdê-la. Ela era a única esperança que ele tinha de ser feliz. Não que ele não gostasse de passar tempo com os amigos, mas Anna era a pessoa que sempre estava lá pra ele. Sendo para coisas boas ou para coisas ruins.

— Você está bem, Almofadinhas? - Remo indagou ao entrar logo atrás de Tiago. O maroto não respondeu, o que o fez concluir que a resposta era negativa. - Eu te entendo, mas não tem como você ficar aqui, chorando e lamentando. Ela não ia querer isso.

— E você espera que eu faça o quê? - seu tom de voz estava severo e firme. - Saia por aí festejando? Pelo que eu me lembre, você também estava assim antes de falar com a Professora Mcgonagall. Mas você esqueceu-se do fato que eu estou esperando por uma notícia há mais de uma semana e não um dia. Aliás, nem há um dia você está esperando, pois você só descobriu o que aconteceu hoje de manhã. Você sabe o que é ficar desesperado por tanto tempo?

— Sirius, você tem que se acalmar. - Lily o aconselhou. A ruiva se sentara ao lado dele, colocando a mão em seu ombro. - Não adianta ficar assim. Nós todos estamos péssimos por causa do que aconteceu com as duas, mas a sua melhor amiga está melhorando. E tenha certeza que Anna também vai melhorar. Tenho certeza que sim.

Era impressionante o poder que Lily tinha sobre as palavras. Sirius após ouvir sua fala, se acalmou instantaneamente.

— Mas o que eu faço enquanto ela não volta? Quer dizer, como que eu vou sobreviver?

— Podemos começar por planejando como você vai pedi-la em casamento. - a ruiva sugeriu. - Eu posso te ajudar, se você quiser.

Então Lily ficou conversando com Sirius por bastante tempo, o distraindo. Eles falaram praticamente apenas sobre Anna: as coisas que ela gostava e não gostava, suas manias, seu jeito… Tiago e Remo ficaram até um pouco surpreendidos com a nova amizade que conseguiu surgir em um momento tão inesperado.

— Cravos cor de rosa são as flores preferidas dela. - Lily assentiu, esperando que Sirius prosseguisse. - Talvez um buquê? - ele ponderou. - Não. Muito clichê. - a menina riu. - Que tal uma carta?

— Ela te pede em casamento antes de ler. - Tiago supôs, fazendo os amigos rirem.

— É, ela é um pouco impaciente… Hmmm, e se eu usar aquele jeito que você um dia me contou do jogo, Pontas?

Tiago ficou paralisado, lançando um olhar repreensivo para o amigo, que se calou no momento seguinte.

— Que jeito, Tiago? - Lily questionou, não entendendo.

— Nenhum. - Sirius respondeu-a rapidamente. - E se eu tentar algo romântico como eu fiz para pedi-la em namoro? - tentou desviar o assunto.

— Eu acho uma ótima ideia. - Tiago disse, tentando fazer com que Lily esquecesse daquilo. Sabia que ela não ia, mas precisava tentar. - Mas sem o buquê de flores. - sugeriu. - Ela pode acabar te batendo com ele se você não for rápido.

— Vocês têm fotos juntos? - a ruiva perguntou.

— Algumas, por quê?

— Acho que tenho uma ideia.

——

Era incrível como uma coisa tão ruim pôde gerar algo tão bom como uma nova amizade. Lily e Sirius passaram a semana quase grudados, conversando não apenas sobre coisas relacionadas ao namoro do maroto com Anna, mas também fatos cotidianos, como as aulas e fofocas da escola. A ruiva sempre o dava dicas de como agir em certas situações que ele podia presenciar com Anna.

— Não, você não pode falar isso. Definitivamente não.

— Mas por que não? - o maroto indagou. - Não há nenhum mal nisso.

— Você dizendo “Seu cabelo está lindo” parece que só naquele momento ele está bonito, e que normalmente é feio. Se você falar “Seu cabelo está diferente” parece que você anda reparando mais. As meninas são capazes de usar a sua fala contra você mesmo, cuidado! - os dois riram, entrando na próxima aula. Eles se sentaram lado a lado, deixando Remo e Tiago como uma dupla.

— Que cara é essa, Pontas? - Remo indagou, ao ver a expressão emburrada do amigo. Tiago olhava em direção a Sirius e Lily, que não paravam de conversar. - Ciúmes? Sério? - ele riu. - Você está com ciúmes de seu melhor amigo com a sua namorada? Eles só arranjaram um meio de se consolar. Não se preocupe com isso. A Lil tem um bom coração, ela gosta de ajudar os outros, e ajudar Almofadinhas a faz sentir melhor, pois ela também está mal pelo estado de Anna.

Tiago bufou um pouco. Infelizmente, Remo estava certo. Ele teria de lidar com isso até que Anna voltasse. Só assim poderia ter sua namorada 100% pra ele novamente. O maroto entendia que precisava respeitar aquilo, sabia que Sirius estava sofrendo muito, então não abordou aquele assunto nenhuma vez sequer com ele ou com a namorada, vendo que aquilo também fazia bem para ela.

Depois das aulas de quinta, os alunos receberam o anúncio de que outro baile seria feito. Dessa vez era apenas para os formandos, que iniciariam suas carreiras profissionais assim que saíssem de Hogwarts naquele ano. Essa ideia inquietava a maioria dos alunos, que buscavam estudar o máximo que podiam para se saírem bem nos N.I.E.M.’s.

Lily, ao receber a notícia do evento, ficou cabisbaixa, pensando nas amigas. Se as mesmas estivessem ali, as três estariam naquele momento falando sobre vestidos e sapatos que usariam no dia. O baile seria na última semana de aulas, logo após as provas finais.

— O que foi, Lírio? - Tiago perguntou-a ao ver sua expressão desanimada.

— Eu queria que elas estivessem aqui para conversarmos sobre isso. - ela suspirou, dando um sorriso forçado. - Bem, eu acho que vou dormir. Boa noite pra vocês. - ela desejou aos marotos, subindo à escada em espiral.

Tiago observou-a, até que ela desaparecesse atrás da porta que levava à ala feminina. Depois da tentativa de asfixia, Lily dormiu no dormitório dos meninos por dois dias para que nada acontecesse no meio da noite. Após esse período, os cinco concluíram que nada de ruim aconteceria mais, o que permitiu que Lily voltasse a dormir em seu quarto.

Os marotos, não muito tempo depois, também decidiram ir dormir, pois na manhã seguinte teriam aulas. Os quatro entraram no cômodo, mas alguns minutos depois Tiago decidiu ver se estava tudo bem com Lily, só para garantir. Ele sabia que provavelmente nada estava errado, mas queria desejar-lhe boa noite mais apropriadamente, com seu casual beijo na testa.

Ele entrou na ala feminina, procurando pelo dormitório certo. Ao entrar, não viu Lily, supondo que a mesma estivesse no banho, pois ouviu barulho de água. Antes que pudesse se sentar, ouviu barulhos estranhos. Não era o barulho normal de quando alguém está tomando banho. Parecia que estava ocorrendo um maremoto, pois o fragor era de água saindo da banheira, indo direto ao chão com violência.

— Lily? - ele a chamou. Pôde ouvir algo. Ela estava falando, mas era impossível de entender a fala, pois ao invés de escutar sua voz, Tiago atentou o barulho de bolhas e batidas na água.

O maroto entrou no banheiro para ver o que estava ocorrendo. Aquilo não era normal. Os ruídos cessaram. Logo, Tiago pôde ver Lily. Ela estava dentro da banheira, imersa na água. Seu corpo não se mexia. O único movimento era os de algumas pequenas bolhas que ainda saiam se suas narinas.

— Por Merlin! - Tiago correu, a tirando da água o mais rápido possível. Ela não reagiu. - Lílian! - Nada.

O maroto a deitou no chão, tampando seu nariz e forçando o ar entrar pela boca de Lily por meio de ventilação boca-a-boca. Após fazer isso duas vezes, começou a massagem cardíaca, para reanimá-la, alternando com respirações para forçar o ar entrar em seus pulmões.

— Vamos lá! Funciona!

Após repetir o processo duas vezes em meio de agonia, Lily acordou, forçando água para fora de sua boca. Ela começou a tossir, mas logo sua respiração começou a se estabilizar. Tiago a abraçou, se acalmando. Mesmo achando a situação estranha, a ruiva não comentou nada sobre estar nua, apenas o abraçou de volta com a mesma intensidade, um pouco assustada.

— Você está bem? - o maroto a perguntou, ainda grudado nela.

— Acho que sim. - o respondeu, ainda tremendo, fechando os olhos em seguida. Quase morrera poucos instantes atrás. Se Tiago não tivesse chegado à tempo, ela com certeza não teria vivido para contar a história.

— Se você tivesse morrido, eu com certeza iria junto. - os dois riram.

— Até em momentos como esse você consegue fazer piada? - sua respiração voltara ao normal.

O maroto riu novamente, se levantando com Lily, ainda abraçados. Eles só se desvencilharam alguns minutos depois, quando tiveram certeza de que estavam bem.

— Eu preciso de uma toalha… - Lily comentou, corando. - Não é por nada, mas, já que agora estou consciente, você pode… Você sabe… Fechar os olhos para que eu possa me cobrir? - ela estava sem graça de pedir isso, pois ele a tirara da banheira ainda nua e com certeza tinha visto todo seu corpo, mas de qualquer forma estar sem roupa na frente dele era constrangedor naquela situação.

Tiago riu, a obedecendo.

— Sabe, - o maroto iniciou a fala, ainda de olhos cerrados. - eu bem que prefiro você sem a toalha. Ai! - Lily o dera um soco.

— Seu tarado! - o acusou.

— Ok, já captei a mensagem. - disse rapidamente. - Já posso olhar? - ela assentiu. Tiago então contemplou a namorada com cabelos molhados e o corpo envolto na toalha branca, que ressaltava seus seios. - O que aconteceu?

— Eu não sei. Fui tomar banho e alguma coisa me empurrou para dentro d’água. É só disso que me lembro antes de perder a consciência. - a ruiva o respondeu. - Eu não entendo o porquê desses ataques. - a menina já estava mais calma, conseguindo falar sem tremer.

— Isso já passou dos limites. - o maroto disse. - Lily, você não pode dormir aqui sozinha. Definitivamente. Não tente retrucar. - avisou, ao vê-la abrir a boca. - Eu não vou perder você.

Depois daquela frase, Lily se trocou, sendo escoltada pelo namorado até o dormitório dos marotos. Seus cabelos vermelhos ainda pingavam, mas nenhum dos dois ligava para isso, continuando seu caminho. Ao chegarem ao seu destino, Tiago abriu a porta para que ela entrasse, a seguindo depois.

Os três marotos presentes no quarto estranharam ao vê-la, pois esperavam ver apenas o quarto maroto.

— Alguma coisa aconteceu? - Pedro perguntou ao perceber que os cabelos de Lily ainda estavam molhados.

— Alguém tentou afogar Lily no banho. - Tiago se adiantou.

Remo e Sirius se entreolharam. Aquilo não era um bom sinal.

A ruiva estudava todo canto que passava perto, com medo de alguém aparecer para matá-la. Qualquer movimento brusco de quem quer que fosse já a alarmava, fazendo-a virar para checar o que estava acontecendo. O toque das pessoas a desesperava, entrando em pânico.

— Calma - Tiago pediu quando Lily se esquivou com o seu toque. - Sou eu. Não vou te fazer mal. - garantiu, a deitando em sua cama. O maroto acariciou seu rosto e fez cafuné na namorada até que a mesma dormisse. Ela dormia um tanto encolhida, como se mesmo durante o sono temesse algo. Tiago a cobriu com um lençol para que ela não sentisse frio. Ele passou a mão delicadamente no pescoço da namorada, notando marcas: algumas foram consequências dos ataques, outras feitas por ele mesmo, que se amaldiçoou mentalmente por ter deixado a namorada tão marcada. Eles realmente deveriam ser mais discretos.

— O que houve? - Remo perguntou, agora mais preocupado. - Primeiro a tentativa de asfixia, agora, afogamento? Se continuar desse jeito, logo ela estará com Carol e Anna!

— Aluado! - Sirius o repreendeu, quase gritando. - Nem pense nessa hipótese!

— Precisamos fazer alguma coisa. - Tiago assentiu, pensando. - Já pensou em falar com Dumbledore?

— Lily não quer que eu fale com ele. Ela diz que não devemos perturbá-lo com algo tão “irrelevante”.

— E você realmente a levou a sério? - Sirius o ironizou. - Ela está correndo perigo! Não é questão de incomodar ou não. É questão de vida ou morte. Eu vou com você lá, se quiser. - se voluntariou.

— É melhor eu ir apenas com ela mesmo. Lily não vai se sentir bem com tanta gente junto tentando protegê-la. Ela odeia se sentir frágil. - Tiago disse.

— Não é só ela. Anna e Carol também estão envolvidas nisso. Precisamos agir juntos. - Sirius brigou. Os outros três marotos concordaram. - Hmm, Pontas?

— Diga.

— Tem uma coisa que já estou querendo te perguntar há algum tempo…

— Que é…?

— Bem, quando fomos visitar Anna no hospital, não pude deixar de notar que Lily estava com duas marcas roxas no pescoço. Algumas esses dias apareceram casualmente… E notei que essas marcas voltaram a parecer no seu pescoço também. - Tiago começou a corar, se lembrando. - E eu queria saber se vocês já… Você sabe. Só por curiosidade mesmo.

Potter ficou bastante vermelho naquele momento. Não era pra ele ter percebido.

— Almofadinhas! - Remo o repreendeu. - O que ele fez ou deixou de fazer com a namorada dele não é da nossa conta a não ser que ele queira que nós saibamos. Não se meta!

— Mas qual é o problema nisso? Nós somos amigos! - Sirius revidou. - Mas, tudo bem, se não quiser falar, sinta-se à vontade, Pontas.

— Nós ainda não fizemos. Vamos dizer que duas tentativas ela vetou e duas foram atrapalhadas por Remo. Aliás, as que foram interrompidas pelo nosso querido lobisomem tinham sido iniciadas por ela.– os olhos dos três marotos caíram sobre Remo, que corou.

— Quando? - foi a única coisa que Remo disse, ainda vermelho.

— Quando você foi me avisar sobre Anna e quando nos disse que Carol já estava respirando sem aparelhos. Aliás, na primeira, estávamos em um estágio bem avançado… - comentou Tiago, se lembrando. - E você viu. - garantiu.

— Aluado! Como você consegue? - Sirius o perguntou, fazendo os quatro rirem.

— É um poder natural. - se gabou, rindo mais.

Após mais alguns minutos conversando, os marotos decidiram ir dormir. No dia seguinte, com ou sem o consenso de Lily, iriam atrás do diretor da escola para informá-lo dos ataques frequentes. Era preciso achar um culpado. E Tiago não iria descansar até achar um.

——

— Não vale a pena incomodar Dumbledore por isso. - Lily argumentou. - E eu estou bem. Não houve nenhum problema. Estou viva e inteira. Sem nenhum arranhão.

— Lílian, você quase morreu asfixiada e depois afogada, e seu pescoço está repleto de hematomas. Querendo você ou não, nós vamos falar com ele, nem que eu tenha que te levar à força.

— Não são hematomas, são as marcas que você fez. - apontou a ruiva, tentando engana-lo. Para seu azar, Tiago sabia muito bem quais eram e quais não eram os seus chupões.

O maroto se aproximou dela, passando a mão em seu pescoço. A menina se esquivou, sentindo dor quando seus dedos passavam nos machucados.

— Ok, talvez a pessoa tenha me machucado um pouco, mas e daí?

Tiago revirou os olhos e não a respondeu verbalmente. O maroto a levantou e começou a andar com a namorada em seu ombro, sem ligar para as reclamações dela. Teve um momento que Lily desistiu de protestar e ficou quieta até que chegassem na porta do escritório de Dumbledore. Tiago bateu na porta e entrou ao ser autorizado. O diretor usava suas vestes vermelhas, acompanhadas pelo chapéu e a costumeira longa barba branca. Ele estranhou ver o maroto carregando Lily, fazendo cara de dúvida. Tiago logo a depositou no chão, desamassando sua camisa.

— Professor Dumbledore, alguns fatos aconteceram e eu gostaria de relatá-los.

— Pois bem, senhor Potter, como posso lhe ajudar? - o diretor perguntou educadamente, fazendo gesto para que o casal se sentasse.

— O senhor provavelmente ficou sabendo sobre o que aconteceu com Anna Prett e, posteriormente, com Carolina Andrew, que agora estão no hospital. - o diretor assentiu, encorajando-o a continuar. - Esses dias, Lily sofreu dois ataques, sendo o mais recente deles ontem à noite.

— Me explique melhor, por favor. - Dumbledore pediu. Tiago o fez, mesmo que Lily o quisesse matar. Ele precisava falar. - Senhorita Evans, isso tudo é verdade? - a menina, com relutância, assentiu, ainda de cabeça baixa. - Professora Mcgonagall, que momento mais oportuno. - a vice diretora acabara de entrar no escritório do velho bruxo. - O que temíamos já está acontecendo. - o senhor de barba disse com um tom baixo e severo.

— Como assim, Alvo? - a senhora perguntou-o com um tom alarmado.

— Ele está conseguindo o que queria e o que temíamos. - Minerva continuou sem entender, assim como Tiago e Lily. - Lord Voldemort está convertendo os alunos de Hogwarts em Comensais da Morte.


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Notas finais do capítulo

nao resisti. eu precisava de outro baile pra fechar com chave de ouro hahaha