Amor de Maroto escrita por Helena Prett


Capítulo 16
Hipoglicemia


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente espero que gostem!
Boa leitura!

Atualização: Seguinte, eu estou pensando em escrever uma continuação para a fanfic Amor de Maroto e queria saber se vocês apoiariam a ideia. Eu sinto muita falta da dinâmica de publicar os capítulos e responder comentários de leitores, portanto acabei pensando nessa como a única maneira de suprir minhas necessidades de escritora. O meu principal problema é que escrever uma fic não é um processo da noite para o dia, ele requer muito tempo e paciência, então a minha real pergunta é se vocês teriam curiosidade de ler se eu elaborasse uma continuação. Se o caso for que não exista essa vontade, nem me darei o trabalho de me preocupar. Comentem o que vocês acham!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/481874/chapter/16

Capítulo 16 - Hipoglicemia

— Não vou - Lily recusou. - Eu não vou ver esse jogo sendo que as provas estão chegando. Posso usar esse tempo para estudar um pouco mais, só pra garantir.

— Lílian, você já está “se garantindo” há mais de três meses! - a loira argumentou, possessa. - Poxa, Lil, nós sabemos que o Tiago vai jogar e que vocês terminaram, mas não precisa de tanto drama!

— Não é drama! - exclamou a ruiva. - É só que eu não quero ir e ponto final.

Depois de mais dois minutos discutindo sobre isso, Anna e Carol deixaram Lily sozinha no dormitório, indo para o jogo de quadribol que ia acontecer em apenas alguns minutos. Grifinória jogaria contra Sonserina naquela tarde, o que não era uma disputa nada fácil, porém todos os leões tinham certeza de que iriam ganhar.

Lily então ruma para a biblioteca, o único lugar da escola em que ela podia pensar sem barulho algum. Ela carregava os livros de Herbologia e Transfiguração e alguns resumos que tinha feito na semana anterior. Ao se sentar, abriu o primeiro livro, começando a ler sobre Ditamno, coincidentemente um dos ingredientes que usara no dia anterior para fazer a poção Wiggenweld e depois curar sua mão por conta do corte. Não queria se lembrar daquele acontecimento então passou para a próxima página, que tinha Moly, mais um ingrediente que também usara. Próxima página. Wiggentree. A ruiva fechou o livro, mais irritada do que nunca. Respirou fundo e abriu o segundo. Teoria de transfiguração de cadeiras em gaiolas. Mais um livro fechado com força. Por que tudo a remetia a Tiago? Qual era a dificuldade do mundo de entender que ela apenas queria esquecê-lo?

Como sabia que não ia conseguir estudar direito, Lily começou a pensar. Será que fizera a escolha certa? A menina tenta ponderar mais, porém a única coisa em que consegue se concentrar é na imagem que tinha na memória do sorriso atraente do maroto.

——

— Onde está a ruivinha? - Sirius perguntou, ao ver que apenas Carol e Anna estavam indo em direção da entrada às arquibancadas. Ambas vestiam roupas vermelhas e amarelas da Grifinória para prestigiar o time.

— Biblioteca. - as duas responderam uníssono.

Sirius deu de ombros, já sabendo que a amiga era daquele jeito.

— Prett, - o maroto a chamou, fazendo a morena olhá-lo imediatamente. - preciso de um favor seu. É urgente. - alegou.

Quando a menina perguntou o que o namorado precisava, o mesmo lhe respondeu:

— Um beijo de boa sorte. - respondeu, fechando os olhos e fazendo biquinho.

Anna o encarou, ainda pensando no quão infantil seu namorado era. A morena riu. Sirius espiou por um dos olhos, e, ao ver que não ia dar certo, refez sua expressão facial, tornando-a “triste”.

— Por favor? - implorou, encolhendo os ombros.

— Se a Grifinória vencer, talvez você ganhe algo ainda melhor que um beijo… - a morena o provocou, o olhando maliciosamente. - Bem, se os leões conseguirem, nos veremos em breve. - se despediu, piscando para ele.

Sirius ficou parado, observando Anna e Carol se afastarem.

— Pontas - ele chamou, ao vê-lo no meio da multidão. O maroto de óculos se virou. - Precisamos ganhar.

— E você acha que eu não sei disso? - Tiago respondeu.

— Nós realmente precisamos ganhar - repetiu, com mais intensidade na frase. - Tem muitas coisas a mais em jogo, cara.

Tiago o olhou confuso, mas, como a partida já ia começar, nem ligou, apenas foi até o vestiário pegar sua vassoura, entrando em campo no segundo seguinte.

——

Obviamente, a Grifinória venceu o jogo de quadribol daquele dia, mesmo que inesperadamente. Felizmente, os leões capturaram o pomo antes que a Sonserina virasse o jogo ou eles mesmo pegassem o dourado objeto voador. Todos os alunos de verde evitavam contato visual com os de vermelho, com vergonha e raiva ao mesmo tempo. Para eles, que se achavam melhores que todos, a Sonserina ganharia com certeza, mas o time eficaz da Grifinória provou o contrário, mostrando que não é orgulho e egoísmo que ganha um jogo, e, sim, um time unido.

Os grifinórios saíram pelo castelo de Hogwarts pulando, correndo e gritando, comemorando ao máximo. Todas as tentativas dos Professores de fazê-los ficar em silêncio foram em vão, pois os alunos ignoravam as ordens, apenas berrando mais alto ainda. Como era de se esperar, Corvinal e Lufa-Lufa festejavam junto, fazendo a multidão ser não apenas vermelha, mas também amarela e azul, apenas excluindo a cor verde, que não se misturou em nenhum momento a eles.

Após os alunos se aquietarem um tanto, eles rumaram para suas respectivas Salas Comunais, fazendo menos bagunça do que antes. A Torre da Grifinória parecia estar viva de tanto movimento dentro dela, com alguns alunos conversando, outros comendo e bebendo e o resto desfrutando de mais diversas atividades. Os jogadores eram prestigiados em todos os cantos da Sala, com abraços, beijos e cantorias.

No meio de toda essa alegria, Sirius procurava freneticamente por sua namorada, Anna, que parecias ter desaparecido do mapa justo naquele momento. Eles tinham ganho o jogo, o que significava que o maroto precisava achar a morena para que ela cumprisse sua promessa. Sirius não se importava com o que ela tentava esconder dele. Mesmo que fosse apenas um beijo ele já ficaria muito feliz. Na busca, encontrou um Remo perdido, que estava caçando sua namorada, Carol.

— Você viu a Carol, Almofadinhas? - o com cabelos claros perguntou.

— Não. - respondeu. - Anna? - indagou para Remo, que apenas balançou a cabeça de um lado para o outro, negando tê-la visto.

— Eu não vejo as duas desde o jogo. - explicou. - Bem, boa sorte com Anna!

— Boa sorte com Carol! - Sirius desejou de volta, retomando a busca.

Sirius acabou desistindo por um tempo de achar a namorada, indo para seu dormitório. Lá, ele tirou as vestes de quadribol, tomando um banho. Vestiu roupas limpas e voltou para a Sala Comunal, que continuava cheia e ensurdecedora. Avistou alguns amigos do time e com eles conversou por bastante tempo, até que de longe avistasse uma cabeleira morena com cachos, que iam na direção oposta a dele. O maroto pediu licença e correu em direção a ela.

Anna sentiu uma mão pegando seu braço, a impedindo de continuar.

— Onde você esteve? - perguntou o menino. - Fiquei te procurando desde que o jogo acabou.

— Bem, Carol queria conversar e então ficamos andando pelo castelo até agora. Desculpe por te fazer esperar. - a morena disse, reparando mais nele. - Tomou banho? - indagou ao ver que ele não vestia mais os trajes do time, e sim uma camiseta do mesmo. Seus cabelos negros estavam molhados e arrepiados. Anna podia sentir o cheiro de shampoo mesmo não estafando muito perto.

— Não te encontrei, então aproveitei. - explicou, dando de ombros.

— Você viu Lily? - o maroto respondeu negativamente. - Bem, depois falo com ela. - houve uma pausa.

— Não está esquecendo de nada, Prett? - questionou Sirius,com um olhar malicioso. Já estava se preparando para receber um beijo longo e intenso. Mas isso não ocorreu.

— Não aqui. - gesticulou para a sala cheia de grifinórios que vinham de todos os lados. - Não vou me comover com o seu olhar, Black. - o advertiu, ao ver que ele fazia cara de coitadinho. - Precisamos de um lugar mais reservado, não posso simplesmente te beijar na frente de todos. - falou com voz baixa, atenta às pessoas em sua volta.

— Claro que pode!

Anna não o respondeu, apenas revirou os olhos, pensando em um lugar. Por sua sorte, Sirius teve uma ideia, o que a poupou de ter de gastar suas energias. Mesmo que fosse arriscado, a opção que ele lhe dera era a melhor que tinham no momento.

— Mas e se um dos marotos entrar e nos encontrar lá, sozinhos? - Anna perguntou-o, receosa.

— Primeiro: eles são nossos amigos, não é como se já não soubessem que estamos namorando. Segundo: não é como se fossemos fazer algo demais. Se eles entrarem, com a gente lá dentro, só vão nos encontrar aos beijos. Não é como se não fosse normal para um casal. - apontou Sirius.

A menina pensou. Infelizmente, ele tinha razão. Anna odiava perder a razão para Sirius, mesmo que fosse com coisas pequenas, como essa. Ela averiguou e viu que só tinha essa opção.

— Ok - se rendeu, deixando que o namorado pegasse sua mão a guiando no meio da multidão.

Sirius a puxava, desviando das pessoas, rumando para seu dormitório. Nenhum dos meninos chegaria tão cedo, mesmo Pedrinho, que deveria estar comendo no Salão Principal. O maroto abriu a porta, verificando os corredores, procurando por olhos curiosos. Como não encontrou nenhum, deixou que Anna entrasse, indo atrás dela.

A morena fechou a porta e logo se virou para Sirius, que a encarava com olhos ternos. Ele colocou a mão no queixo dela, admirando sua beleza.

— Você é tão linda. - a elogiou, colocando a mão vaga na cintura de Anna, puxando-a para perto.

Sirius a guiou para a parede, onde a pressionou contra. Ela podia sentir seus batimentos cardíacos, que faziam as veias do seu pescoço saltarem. Antes que Anna pudesse dizer algo, o maroto beijou sua bochecha, indo em direção à boca e parando lá. A morena riu, mordendo de leve o lábio inferior do namorado, fazendo com que suas bocas de encaixassem.

Como qualquer um pode prever, aquilo se transformou em um beijo, começando lentamente, do jeito que Sirius aprendera que Anna gostava. Ela o puxou para perto com uma das pernas. O beijo era doce e calmo, cheio de paixão. Ele acariciava a fina cintura de Anna, que tinha uma das mãos nos cabelos negros do maroto e a outra em seu peitoral.

Anna, por mais que gostasse daquilo, tinha que parar, pois tinha a impressão que estavam há horas naquilo.

— Já estamos aqui devem fazer uns cinquenta minutos. Daqui a pouco os meninos chegam. - explicou, ao ouvir o namorado resmungar. - Você não gostou?

— Óbvio que eu gostei! - alegou. - Eu sempre gosto de passar tempo com você. - Ele olhou seu relógio, a encarando em seguida. - Mas parece que você não gosta… - Anna não entendeu, esperando por uma explicação. - Prett, só se passaram doze minutos desde que entramos aqui.

— Neste caso… - Anna inclinou a cabeça, o beijando profundamente, aproveitando o tempo que tinham.

Sirius a pegou no colo, jogando-a em sua cama. Ele ficou por cima dela, impedindo que ela escapasse das cócegas.

— Black! - Anna mal conseguia falar, de tanto que ria. - Para! Assim não vale!

— Mas é claro que vale! - respondeu, depositando um beijo em seu pescoço. - No amor e na guerra vale tudo.

— Então é guerra? - a morena perguntou, se sentindo desafiada.

— Não foi isso que eu quis dizer.

——

Lily recolheu os volumes em uma pilha. Ela passou em algumas fileiras da biblioteca até devolver o último livro, remanescendo apenas dois, os seus de Herbologia e Transfiguração. A ruiva saiu do local, indo em direção à Torre da Grifinória.

No caminho encontrou algumas amigas da Corvinal, que pareciam estar indo para a biblioteca estudar. Elas conversaram um pouco, até a loira, Ashley, tocar em um assunto delicado.

— E o Tiago, como está? - perguntou animada.

A ruiva hesitou em dar a notícia não tão nova logo de cara, mas se não o fizesse pareceria que ainda estava caída por ele, o que não seria agradável.

— Nós terminamos. - Lily a informou.

— Nossa, eu não sabia, me desculpe! - a loira se redimiu.

— Não tem problema.

O fato é tinha problema, sim, mas não quis falar, apenas fingiu que Tiago nunca teve a mínima importância para ela. Foi a atuação mais difícil que já fizera na vida.

— Bem, melhor irmos andando - Alicia disse, puxando a amiga. - Tchau, Lily, foi bom te ver!

— Igualmente. - a ruiva respondeu, tentando parecer alegre.

Assim que viu que as duas já estavam um tanto longe, Lily voltou a andar, continuando seu caminho.

Por que todos se referiam a ela como a namorada de Tiago Potter? Isso sempre acontecia mesmo que a ruiva não quisesse. O fato é que isso a incomodava, agora que o namoro tinha acabado. E não era como se fosse durar para sempre, não é mesmo? Lily suspirou. Bem, ela queria que durasse para sempre…

A ruiva mudou sua rota ao se sentir um tanto desconfortável. Não estava se sentindo bem. Talvez um dos inúmeros tônicos da Madame Pomfrey a animasse. Mas ela não pôde descobrir se daria ou não certo, pois, antes mesmo que pudesse andar mais dois passos, sua visão se tornou turva, seus pés pararam de funcionar, seu corpo parecia ser feito de gelatina, e então tudo ficou preto.

——

Schmidt. Ele o pagava! Como poderia ser tão imbecil a ponto de derrubar Tiago da vassoura? Para sorte do maroto, eles estavam muito perto do solo quando isso aconteceu, o que amenizou os estragos que teriam sido bem piores a uma altura maior.

Em uma tentativa de pegar a goles, Tiago levou um empurrão de um dos jogadores da Sonseria - Schmidt era o sobrenome do estúpido. Nesse negócio de empurrão, Tiago voou de sua vassoura, atingindo o solo com brutalidade. Na queda, o pedal da vassoura cortou significativamente o antebraço direito d maroto, que também ralou o braço esquerdo com o atrito com o campo. O lado esquerdo inteiro de seu corpo doía, pois fora o lado com que caiu no chão do campo. Para sua sorte, segundos depois, o apanhador dos leões conseguiu capturar o pomo, encerrando o jogo.

— Eu vou para a enfermaria bem rápido - Tiago informou Sirius, saindo de campo.

No caminho fora prestigiado por vários alunos, que davam vivas ao andarem pelos corredores. O maroto apenas agradeceu, voltando a andar com dificuldade para a Ala Hospitalar. Madame Pomfrey saberia o que fazer.

Ao andar pelo primeiro andar, percebeu que os corredores iam ficando cada vez mais vazios, quase desertos. Porém, em um deles, Tiago viu algo estanho no chão bem ao longe. Resolveu ir mais para perto para ver o que era.

Parecia ser alguém deitado no piso de pedra. O maroto achou estanho, pois não era como se a pessoa estivesse procurando algo no chão ou olhando algo no teto, uma vez que tinha um dos braços estirado no solo e a cabeça virada para o lado. Dois livros estavam caídos perto da menina, ambos abertos em páginas aleatórias virados para baixo. Seu cabelo vermelho marcava o piso de pedra cinza, tornando-a familiar. Aliás, muito familiar.

— Lily?

A ruiva não moveu um músculo, continuando inerte.

— Lily? - Tiago chamou-a novamente, com o tom de voz mais elevado. Novamente, não obteve resposta, o que o preocupou.

O maroto acelerou o passo chegando ao encontro da menina no chão. Os olhos normalmente verdes brilhantes, agora estavam fechados. Suas mãos sempre bem cuidadas, apresentavam unhas roídas e sem esmalte.

Mesmo ao tocá-la, não houve nenhum movimento. Nem voluntário ou involuntário. Tiago se desesperou, a pegando no colo, ignorando o sangue que escorria de seus machucados e seus músculos que queimavam por conta da queda.

— Senhor Potter! - Madame Pomfrey exclamou ao vê-lo, mas logo mudou a expressão de seu rosto ao ver que ele carregava uma Lily inconsciente para dentro do local. - O que aconteceu?

— Não sei - admite, respirando pesadamente. Ele tinha corrido o mais rápido que pôde para a enfermaria. - Eu a encontrei assim. A trouxe para cá o mais depressa possível. Não sei o que a deixou assim.

Tiago deita Lily cuidadosamente em uma cama vaga, não soltando sua mão.

— Isso é sangue? - a curandeira perguntou, abismada.

— Jogo de quadribol - o maroto explicou. - Ela vai ficar bem… não é mesmo? - perguntou com receio.

— Não sei o que aconteceu, mas posso dar um jeito, não se preocupe. - o garantiu, sorrindo.

——

Tiago subiu as escadarias correndo para avisar alguém. Precisava de uma explicação para quando Lily acordasse. Ela não poderia saber que ele fora quem a levara para a Ala Hospitalar. Ele deixou a enfermaria assim que pôde, com curativos no braço e no antebraço e com um saquinho de gelo pressionado contra o lado esquerdo do corpo.

Na Torre da Grifinória, foi recebido com vivas e elogios sobre o jogo. Ele pediu licença e correu para o dormitório, procurando pelo melhor amigo da ruiva.

— Remo, eu preciso que… - Tiago parou de falar assim que viu a cena.

Anna e Sirius estavam deitados na cama de Almofadinhas, com apenas um lençol cobrindo seus corpos nus. Os dois estavam colados e Tiago acabara de interromper um de seus beijos. A morena enrubesceu mais do que nunca, cobrindo seu rosto com as mãos de tanta vergonha. Era uma péssima situação estar sem roupa com seu namorado, igualmente nu, deitado com ele em uma cama e ser flagrada pelo seu melhor amigo.

Tiago fechou os olhos percebendo que aquele não foi um bom momento.

— Só preciso de uma coisa - alegou, indo para a sua cama e abrindo seu malão. Ele pegou o que parecia um cobertor pequeno dobrado e voltou até a porta.

— A capa? - Sirius questionou, achando estranho. Ainda era plena luz do dia.

— Depois explico. - Tiago disse. - Você viram o Remo?

— Não vejo o Aluado há bastante tempo. - Sirius o informou. - Ah, você falou com o pessoal do time sobre as táticas novas que…

— Sirius! - Anna o cortou, querendo muito que o amigo saísse de lá.

— Ok, depois falamos sobre isso, Pontas.

Então Tiago saiu do dormitório o mais rápido possível, tentando ao máximo esquecer-se da cena que acabara de presenciar.

——

— Lil! - Remo disse aliviado. - Ainda bem que você acordou! Já estava começando a ficar preocupado.

Lily ainda estava um pouco tonta, sem entender muita coisa. Não estava na biblioteca e nem no caminho para os dormitórios. Seus livros não estavam mais em seus braços, deixando-os estranhamente vazios. Sua cabeça doía não sabia porquê.

— Com quem você estava conversando? - foi a primeira coisa que Lily falou. - Eu ouvi vozes.

A menina, antes de acordar completamente ouviu algumas vozes abafadas e descobrira que era Remo e mais alguém. Uma das meninas talvez?

— Com a Madame Pomfrey. - mentiu Remo. - Eu perguntei quanto tempo ela achava que você ia demorar para acordar. Só isso.

— Ah, entendi. - tinha uma ponta de decepção na voz de Lily, mas o maroto não comentou nada sobre isso. Ele sabia que a amiga queria que outra pessoa estivesse lá. Outro maroto… Bem, não era como se ele não estivesse.

Depois de Tiago ter ido atrás de Remo na Torre da Grifinória e presenciado um… momento entre Anna e Sirius, o maroto foi atrás do melhor amigo de Lily, que estava chegando ao dormitório. Potter explicou a ele que encontrara a menina desmaiada e a levara para a Ala Hospitalar. Pensou em ficar lá, porém a ruiva provavelmente não iria gostar de vê-lo logo de cara, já que esteve a semana inteira o evitando. Por esse motivo, Tiago pediu para Remo mentir, dizendo que fora ele que a encontrou e levou para a enfermaria. Mas como Potter não ia deixá-la sozinha com Remo (por mais que confiasse no amigo), ele acompanhou Lupin e ficou conversando com ele até que Lily acordasse, escondido por sua Capa da Invisibilidade.

Madame Pomfrey apareceu do fundo do local, segurando na mão direita um cálice que continha um tônico roxo.

— Senhorita Evans, que bom que já acordou! Está se sentindo bem? - a mulher lhe perguntou, entregando-lhe o cálice.

— Sim. O que aconteceu? - indagou, bebendo o líquido roxo, que a aqueceu por dentro.

— A senhorita não tem comido direito, não é mesmo?

— Claro que tenho! - Lily exclamou tão prontamente que ela mesma se questionou.

— O que a senhorita almoçou hoje? - Madame Pomfrey a testou.

— De almoço eu… - ela pensa, mas não se lembra. Não lembra simplesmente porque não comeu nada. - Eu não almocei.

— E de café da manhã?

— Eu comi… - a menina pondera. Não se lembrava de ter ido ao Salão Principal. - Eu só bebi um copo d’água no dormitório.

— A senhorita precisa se alimentar. - concluiu.

— É que eu ia estudar para a prova e não estava com vontade de comer, então fui direto para a biblioteca.

— Sem desculpas, senhorita Evans. - a curandeira manteve sua voz firme. Ea se tornou para Remo. - Ele já foi embora?

— Quem? - a ruiva se intrometeu, sem entender a quem ela se referia.

— Oras, o senhor Potter! - responde como se fosse óbvio.

— Remo… - Lily o encara. - O que Tiago estava fazendo aqui?

— Ele cortou o antebraço no jogo. - explicou rapidamente. Não era uma mentira, era apenas parte da verdade. Eu dei o seus livros para as meninas. - muda de assunto. O amigo pediu que ele falasse isso.

— Ah, obrigada. - Será que Tiago tinha se machucado muito? - Eu já posso ir? - perguntou esperançosa para Madame Pomfrey.

— Apenas se você me prometer que vai jantar.

— Eu cuido dela. - Remo a garante. - Não se preocupe, eu converso com ela - disse em um tom sério, deixando a ruiva intrigada. Como assim “eu converso com ela”? Conversar sobre o quê?

Lily se levantou com dificuldade e voltou com Remo para a Torre da Grifinória, se apoiando nele. Mesmo tomando o tônico que a enfermeira lhe dera, ainda se sentia um pouco fraca.

— Lil, há quanto tempo você não come de verdade? - Remo a pergunta.

— Como assim, Remo? Eu como todo dia. - respondeu a ruiva como se fosse óbvio.

— Você emagreceu muito, Lílian. Até eu percebi. E você sabe que eu não sou muito atento a detalhes.

— Eu não emagreci. Tenho certeza que não. - a ruiva começou a pensar. Ela sempre comeu coisas saudáveis. Sempre.

— Eu não estou brincando. - disse em uma voz séria.

— E por que eu estaria? - Lily retrucou. - Remo, eu como todos os dias quase a mesma coisa. Não tem motivo para se preocupar. Hoje foi só um descuido, mas eu prometo que vou me cuidar a partir de agora.

— Por que você não comeu hoje?

— Eu esqueci - a menina deu de ombros, como se não importasse muita coisa.

— Você também não comeu ontem. Nem anteontem. Você tem sobrevivido só à base de água há três dias. - ela fez menção de discordar, mas Remo não a deixou falar. - Eu nunca te vejo comendo no Salão Principal com as meninas. Você não comeu hoje e ontem eu notei que você não jantou. - ele fez uma pausa. - Você entende o que isso significa?

— Eu não estava com fome. Só. - respondeu, como se fosse a única resposta possível no mundo. - Como foi o jogo? - tentou desviar o assunto.

— Não mude de assunto. - ele ainda falava firme. - E se ninguém tivesse te encontrado hoje? E se alguém chegasse tarde demais? O que poderia ter acontecido?

— Nada. Não ia acontecer nada, Remo. Uma pessoa consegue, em média, sobreviver um mês sem comida. Eu fiquei apenas algumas horas sem alimento. E de qualquer jeito beber água atrasa o processo.

— Pessoas normais conseguem todo esse tempo por conta da gordura no corpo. Você quase não tem gordura, Lily. Você é magra.

— Com muita ou pouca gordura alguém consegue sobreviver. Eu nem sou magra direito. - se defendeu.

— Olhe para seus pulsos. - ela o obedeceu. Os pulsos estavam finos e marcados pelos ossos. Suas mãos estavam esqueléticas. - O que eu e a Madame Pomfrey - “e Tiago” adicionou mentalmente - estávamos falando antes de você acordar era que você estava começando a ficar anoréxica. E não adianta negar, são fatos científicos. Para ser mais específico, ainda falando dos seus hábitos alimentares, você não come direito desde que o seu namoro com Tiago acabou. Você emagreceu muito desde que vocês terminaram.

“Desde que ela terminou comigo” Tiago pensou, acompanhando os dois na caminhada.

Aquela fala atingiu Lily bem forte. Não apenas sobre a descoberta da quase anorexia, mas ele ter falado que, supostamente, o culpado era Tiago não parecia justo. Ouvir o nome do maroto a abalou, assim como aconteceu na Ala Hospitalar quando a enfermeira dissera que ele estivera lá para fazer um curativo.

Ela pensou em se desculpar, inventar um desculpa e em tentar desviar de assunto. Para sua sorte, teve um momento oportuno para fazer o último. Antes que pudesse falar algo, ela ouviu um barulho. Passos.

— Você ouviu isso? - indagou a ruiva.

— O quê? - Remo fingiu não ter ouvido nada, embora estivessem em um corredor deserto. Não podia dizer para ela que Tiago esteve todo aquele tempo a observando, escondido pela capa.

— Passos. - Remo fez menção de discordar, mas ela foi mais rápida. - O corredor está vazio.

— Deve ser o Pirraça. - fala a primeira coisa que lhe vem à cabeça, porém Lily não presta atenção. Ela ainda tenta captar mais sons.

— Pararam. - nota.

— Não deve ser nada. - ele diz, desviando o assunto. Para sua sorte, a amiga não percebeu. - Lily, e o Pontas? - o maroto indagou delicadamente, tentando não ser muito intrometido.

— Não quero falar sobre ele. - Lily respondeu ríspida e objetivamente, não prolongando a fala.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

o que acharam do flagra de Sirius e Anna? hahaha