Facilis Densensus Averno escrita por Heosphoros


Capítulo 19
Acheronta movebo


Notas iniciais do capítulo

"Flectere nuqueo superos, Acheronta movebo"

'Se não posso me erguer ao Céu, ascenderei o Inferno'

Vírgilio



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Sebastian estava observando a cidade, sentado de pernas cruzadas no telhado da estalagem. Subiu lá com um esforço de dar pena, mas a vista compensava. Ver Londres, enevoada e prateada, diante dele deixava uma sensação de alívio relaxar os músculos tensos.

O vento frio não o arrepiou. Era relaxante. O Morgestern mais velho realmente havia se esquecido de como era aquela sensação de paz...

Que foi substituída por alerta e, então, desespero, ao ouvir o grito de Clary.

. . .

– Mais uma - Jace pediu, talvez pela décima vez, ao homem com os braços cruzados atrás do balcão. Ele franziu os lábios sob o bigode e pediu ao aprendiz que trouxesse mais uma garrafa da adega. O vinho tinto estava ajudando e o garoto mal lembrava que a vida estava uma completa desgraça!

Embora ele precisasse de mais uma dez para ficar realmente bêbado. O jovem sempre teve um ótimo controle...

Talvez o preço por toda aquela bebida fosse caro, mas quem ligava? Ele pagaria!

– Mais uma? Você não tem cara de "Jovem, Bêbado, Rebelde e Desesperado" - uma voz disse ao lado dele.

Jace virou o rosto. Pôs uma mecha do cabelo dourado atrás da orelha para ter de encarar um sujeito magricela sentado ao seu lado. Ele devia ter pelo menos a idade dele, mas as semelhanças param por aí; o garoto tinha cabelos negros e olhos castanhos fundos e cobertos por um par de óculos velhos. Não se vestia como alguém com bons recursos financeiros.

– Eu não lembro o momento em que pedi sua opinião - Jace o respondeu, sem se preocupar em esconder o olhar de repulsa.

O garoto mal se importou. Deu de ombros.

– Você fez isso dois minutos atrás, quando me pediu em casamento.

O corpo de Jace foi para trás, involuntariamente.

O garoto deu uma risada alta e nada discreta.

– Estou brincando. Todos sabemos que esse tipo de coisa é contra a lei - outra risada - não que as pessoas por aqui se importem.

– Garoto... - Jace piscou os olhos dourados - quem é você?

Ele deu de ombros de novo, como se isso não importasse, mas respondeu:

– Meu nome é Simon Lewis.

– Bom, Simon Lewis, eu sou...

– Jonathan Morgestern - fez uma pausa - quer dizer, Herondale. Conheço você.

Jace piscou os olhos mais uma vez.

– Que...?

Simon Lewis fez um gesto de indiferença.

– Não se preocupe em me fazer perguntas - sorriu - não responderei nenhuma. Estou aqui só para avisar uma coisa.

Jace franziu o cenho. Não entendia o que estava acontecendo e definitivamente não gostava de não saber.

– Acontece o seguinte - Lewis cruzou os dedos sobre o balcão - minha irmã mais velha trabalha na Scottland Yard e ela me disse sobre seu irmão. Ocorre que, se você o entregar, o dinheiro que eu ganharei pode com certeza pagar meu estudo. Eu trabalharei com ela e você também será recompensado. Eu vi como você e o senhor Sebastian se "gostam".

– Você tem olhos de rato, por um acaso? - Jace indagou.

– Pode-se dizer que sim.

– Pois agora escute você; não vou denunciar meu irmão e eu sei que você não pode me denunciar porque, se pudesse, já o teria feito. E você não sabe para onde meu irmão foi pois, fique sabendo, que ele sai todos os dias e logo eu também estarei saindo.

Simon o encarou um instante.

– É verdade, não sei onde ele está e Rebecca crê que você também não faz ideia. Não, você não é importante. E hostilidades com você só atrairiam problemas com a Rainha Imogem. Mas se a polícia achar Sebastian, ou até mesmo sua irmã mais nova, não serão amistosos.

Jace permitiu que o canto de seu lábio se curvasse, num meio sorriso.

– Espero que a sua irmã não pense que você é a melhor opção para ameaçar um suspeito, Roedor. Você não assusta nem uma criança.

Simon sorriu.

– Mas espero que minha proposta valha seu tempo - levantou-se - e reflexão.

Andou alguns passos na direção da porta, então se virou.

– Se quiser me ver, o balconista tem meu endereço.

E se foi.

E Jace gostaria de dizer que não pensou nem um pouquinho na proposta dele...

Mas seria a pior das mentiras.

. . .

Quando Clary acordou, gastando toda a força de seus pulmões para gritar de terror, sentiu um frio vazio e repentino. Sebastian não estava ali, com ela. Isso só serviu para deixá-la mais desesperada e louca, rasgando os lençóis, chorando e sem força para emitir mais gritos.

Então, rápido e repentino, Sebastian entrou pela janela do quarto e correu até ela. Envolveu-a com seus braços, apertando-a contra si, e sussurrando que estava tudo bem. Os dedos dele acariciaram no fundos de seus cachos vermelhos, e só assim ela conseguiu se acalmar.

– Tudo bem - ele sussurrou - tudo bem, anjo.

Ela enterrou o rosto no pescoço dele. E chorou.

– Você morria - murmurou com a voz falha - e eu morria... e nós caímos...

– Calma, Clary! - ele pediu.

– Não consigo - ela agarrou a manga da blusa dele - iremos para o Inferno, Sebby. Iremos sofrer algum tipo de castigo terrível...

– Por quê? - ele segurou o rosto dela, de forma que podia encarar seus olhos de folhas e ela, seus olhos de corvo - por que eu te amo? Qualquer castigo que venha por causa disso será bem-vindo.

Ela sorriu, não tinha como não sorrir. Enquanto ele, seu protetor, pairava ali diante dela, os cabelos brancos bagunçados porque ele teve que correr para chegar até ela. Fazer o que ele sempre fazia. Clary desenhou a sobrancelha loira dele com o dedo e soube que não podia ficar sem aqueles olhos escuros.

– E eu te amo - ela disse, leve como se estivesse respirando as palavras.

Ficaram quietos. O único som era o do vento da janela, a manhã estava cinzenta. Mas Clary não olhava o céu ou a cidade; olhava para os olhos profundos do irmão, mas os detalhes prateados de seus cabelos, para sua pele de mármore e para seu rosto de anjo.

Não demorou muito tempo. Dois segundos, talvez? Clary só sabia que num piscar de olhos, as mãos de Sebastian estavam na raiz dos cabelos dela, puxando seus lábios para os dele num beijo cheio de desespero. Ela agarrou o pescoço dele, encaixando as pernas em volta de seu corpo, desejando que pudesse fundir os dois em um só.

As mãos deslizaram a camisola dela, dos joelhos para o colo, deixando suas pernas nuas. Ela chegou mais perto - se é que tinha como - e suspirava enquanto os lábios dele traçavam beijos do pescoço até a clavícula dela, com toques delicados e ardentes que chegavam a doer.

Clary gemia nos lábios dele, tentando dizer seu nome numa espécie de engasgo que ela não conseguia compreender, mas que fazia total sentido. Num movimento, os dois tiraram a blusa branca de Sebastian fora. Ela admirou o peitoral do irmão, a pele da cor de mármore branco e até mesmo a cicatriz que se formava em cima do umbigo.

Ela deslizou os dedos pelo corpo dele, mal conseguindo respirar. Então também deixou beijos por seu corpo; seu peito, seu machucado, e depois seu pescoço e seus lábios novamente.

Continuaram beijando-se, como se fossem dois condenados que fossem morrer no dia seguinte. E Clary pouco se importava com como iria sentir-se depois, pois tudo o que sabia era que o queria e que precisava dele. E Sebastian só podia agir; deitando-a no colchão, encaixando-se entre suas coxas e suas mãos exploravam cada parte do corpo dela como se fosse uma espécie de arte rara.

Ele tirou a calça. O último resto de pano - além da camisola praticamente destruída dela - entre os dois. Ele desceu mais os beijos, novamente dos lábios para o pescoço, e de lá para clavícula, e depois para os seios. Seus dedos apertavam as coxas dela e acariciavam suas curvas.

– Sebastian - ela disse, em voz alta, gritante, desesperada. E ele sorriu dentro dos lábios dela, aproveitando cada sensação que causava na irmã mais nova.

Aconteceu o que deveria. A última peça de roupa se foi. A ardência desesperadora de dois amantes poderia ser divina e infernal. E poderia ser perfeita...

Poderia.

Mas há preços para tudo.

E os irmãos Morgestern não sabiam que foram ouvidos.


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Notas finais do capítulo

RESPONDEREI A TODOS OS COMENTÁRIOS AMOOORES. To muuito sem tempo esses dias. Espero que tenham me perdoado. :3



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