A Thousand Years escrita por Serena


Capítulo 28
Capitulo 27: A verdade dói


Notas iniciais do capítulo

Bonjuor
Sim depois de quase um mês eu dei as caras,q lindo.SQN!
Gente to meio desanimada com a fic e a vida de escritora de novo.
Mas não posso deixar de finalizar essa fic por isso ta ai.
Amanha vou postar outro cap,e preparem-se porque as explicações sobre ''o que'' a Caroline é enfim estão surgindo.



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Capitulo 27: A verdade dói

‘’Clok, clok, clok..’’

Este era o som barulhento do salto tilintando contra o concreto da calçada.Encolhida,com os braços enroscados ao redor do corpo, com certa brutalidade.                          

Estava Caroline,enquanto atravessava em passos lentos a praça publica da cidade.

 Nos cantos mais afastados de seu caminho,podia-se enxergar grandes arvores de copas altas,que preenchiam o chão com folhas secas.

Um vento forte rodopiou ao seu redor,levando consigo algumas das folhagens do concreto que pisava.Balançando os cabelos loiros de modo alvoroçado.Todo seu corpo estremeceu involuntariamente.                            

Os olhos claros,se levantaram para o céu,analisando se aquela pequena ventania que balançava as galhas das arvores,indicava um inicio de mal tempo.

Aquele estava sendo um dia estranho.Quase não se via pessoas caminhando pelas ruas.Atravessando os semáforos,comprando nas lojas.                                                                                                  

As nuvens tantos metros acima dela, se mostravam pesadas e cinzas.                                                                   

Não iria demorar a chover...

Mas não era como se ela se importasse.                                                                              

Seu coração estava arrebentado,sua alma esmagada e seu corpo dolorido demais para tentar se preocupar com qualquer coisa.Naqueles segundos ate respirar doía..

O ar pesava em seus pulmões,atravessando com força suas narinas.

Sua expressão estava vazia,entorpecida em um modo automático.                                                    

Os olhos perdidos a sua frente,analisando as imagens que se formavam a através de suas córneas.

Se perguntava como poderia em poucos segundos ter toda a sua alegria tragada daquela forma? Onde estava a garota apaixonada,suspirando pelos cantos da mansão?                                                        

Uma pequena falha,um ato egoísta.

E então todo o seu mundo perfeito se desfazia,e tudo o que sobrava era uma coração ferido e olhos úmidos.

Riu sem achar a menor graça.

Tentando sufocar a dor da traição, faze-la voltar de onde havia vindo.                                                                                                     

É, ele nunca havia a amado.

Não havia sido mais do que um joguete em suas mãos,um brinquedo bonito.                                                       

Nada de amor ou redenção.

Apenas uma sede de vingança implacável, e ela em seu caminho como distração.                                                 

O que poderia ser pior? Saber que todo aquele tempo amara um homem que não merecia seu amor e que lhe tinha usado? Ou ter a certeza de que mesmo com todas estas mentiras ela ainda o amaria como nunca?

Não conseguia dizer quem era mais estupido.                                                                                                             

Se era ela mesma por ainda sim amar Klaus, ou ele por ser um bastardo mentiroso.

Tudo o que desejava era se esconder nos braços de sua mãe, ou mesmo ficar aninhada no sofá da mansão Salvatore com Elena e Bonnie de cada lado.Qualquer coisa, qualquer um seria melhor do que ficar sozinha naquele instante.

Suspirou erguendo seus olhos e fitando a sua frente.                                                                                       

Parecia que todos naquela cidade haviam revolvido se abrigar dentro das casas, temendo o temporal que viria.

Não havia para onde ir, ou a quem recorrer.                                                                                                    

Porque ir a algum lugar, acarretaria em ter que dar explicações sobre seu rosto banhado pelas lagrimas. Suas razões para não conseguir parar de chorar.                                                                                                

Avistou um banco de praça feito de concreto duro e frio.Se encaminhou ate ele,sentando sobre a pedra,com todo o corpo retraído.A visão embaçada pelo choro,a garganta ardendo pela constante força para silenciar a dor.

Abraçou a si mesma,contraindo os dedos e fincando as unhas no tecido de sua roupa,perfurando a pele.Não conseguia respirar,o desgosto estava lhe matando aos poucos.Tremeu dos pés a cabeça puxando o ar com urgência,unindo suas pernas e se encolhendo quase como uma bola.

Se sentia interiormente mortificada.Não desejava caminhar ate sua casa ou se arriscar a ir a qualquer outro lugar.Queria apenas ficar ali,parada naquele temporal sucumbindo ao choro.Congelada no tempo.

Quando as primeiras gotas de chuva começaram a cair, abundantes e furiosas seus olhos estavam focados no chão,mesmo que sua mente estivesse divagando em lembranças.

Ignorando a frieza das gota de água grossas,uma mulher loira vestida elegantemente se dirigiu ate onde a jovem estava sentada.

Sentindo a chuva molhar suas roupas e cabelos,Caroline levantou seus olhos quando um par de sapatos femininos caros foram fincados a sua frente.

A senhora de não mais que 55 anos lhe observava com o semblante inexpressivo.                                                            

Porem seus olhos se iluminaram ao se encontrar com os dela,quase de forma maternal.

—Não sabe quanto tempo esperei para conhece-la pessoalmente._murmurou esboçando um pequeno sorriso.

Caroline teve a sensação de já tê-la visto em algum lugar antes,de que seu rosto lhe era mais do que familiar.Mas sua mente estava perturbada de mais para se ater a certos detalhes.

—Acho...que esta me confundindo com outra pessoa._demorou para encontrar sua própria voz,sentindo o choque frio em sua pele das roupas encharcadas.

—Nunca fomos apresentadas,é verdade.Mas é como se eu te conhecesse antes mesmo de ter nascido.._afirmou convicta._Jamais lhe confundiria com outra pessoa.

Ela estreitou os olhos estudando a fisionomia altiva da mulher,buscando em sua mente de onde poderia conhece-la.Só que não se lembrava,a reposta quase surgia na ponta de sua língua mas em um lapso desaparecia no ar.

—Desculpe,eu preciso ir.

Se levantou do banco,sentindo uma estranha sensação ruim embrulhar suas entranhas.Abraçou seu próprio corpo,ficando de pé e começando a caminhar para longe da desconhecida sem se dar ao trabalho de olha-la uma ultima vez.

—Eu avisei que ama-lo só te faria mal.Que bom que você percebeu isso antes que aquele sonho terrível se tornasse realidade._disse com a voz polida,arrepiando todos os pelos de sua espinha.

De modo brusco ela se virou na direção da estranha,fitando-a em uma mistura de fúria e receio.Afastou seus braços  de seu corpo,colocando-os de forma defensiva na lateral de seus quadris.

A chuva continuava a castigar a cidadezinha,enquanto as duas mulheres pareciam não se importar com o temporal que molhava suas roupas,grudando os fios loiros de ambas aos respectivos rostos.

—Quem.é.você?_sibilou entredentes.

—Klaus Mikaelson não merece nenhuma lagrima sua._disse compassadamente, fitando seu rosto com  pesar.

—O meu relacionamento com Klaus, só diz respeito a nos dois.

—Eu não entendo,Caroline.Você dentre tantas fora a obra-prima,a mulher perfeita._estalou a língua,descontente._porque justo você,precisava se apaixonar por ele?

Caroline recou sem entender como aquela desconhecida sabia tanto a seu respeito.                

A respeito de seu relacionamento nada normal com Klaus.Sua cabeça que já estava fervendo devido a ultima conversa com o hibrido e a quase morte de Bonnie,deu um nó com as palavras sem sentido daquela mulher.

—Do que você esta falando?

—Esta na hora de ouvir o outro lado da historia, querida.Ate hoje você só soube o lado solitário dos cem anos dele naquela cripta.E olha só o que isso quase lhe custou: A vida de sua melhor amiga Bonnie._balançou a cabeça.

—Como sabe tanto sobre a minha vida?Quem é a senhora?

—Eu sou Charlotte Rogers Forbes,sua avó._disse a estranha,curvando os lábios em um pequeno sorriso.

Com um arfar surpreso,Caroline fitou a mulher de cima abaixo de olhos arregalados.                                               

Sem conseguir encontrar a própria voz,enquanto a chuva embaçava suas vistas.

Um longo silencio se desenrolou entre as duas,antes que algo fora dos padrões acontecesse.

Do nada Caroline desatou a rir de modo descontrolado.Tendo uma crise tão forte de risos,que precisou curvar seu corpo e apoiar as palmas das mãos em seus joelhos.

—Qual é a graça?_perguntou Charlotte desconcertada.

—É que..É que você acha que pode aparecer aqui fingindo ser uma avó amorosa,como se eu fosse cair nesse truque._murmurou ainda se recuperando._é hilário o seu cinismo.Você achou que o que?_deu uma pausa._Eu não saberia que você abandonou a minha mãe recém-nascida com meus bisa-vos?

Não havia mais nenhum traço de riso ou divertimento na face de Caroline.                                                           

Somente raiva e ressentimento, por se lembrar das dolorosas palavras de sua mãe ao se referir a mulher que lhe dera  a vida.

Charlotte se acuou engolindo em seco.                                                                                        

Era difícil ouvir o desprezo na voz de sua neta, contemplar os olhos azuis brilhando de rancor.

—Eu tive meus motivos para fazer o que fiz._foi tudo o que respondeu, evasiva.

—Que motivos você poderia ter?_disse sarcástica._só porque foi uma adolescente irresponsável que engravidou com quinze anos?

—Elizabeth não era um fardo meu.

—Como você pode falar assim da minha mãe?_disse indignada._Que alias é sua filha.

—Sim ela é minha filha,é você minha neta. E por isso,pelo sangue que nos uni eu te peço que me ouça antes de julgar meus atos._disse Charlotte fitando caroline aflita._se quer culpar alguém por tudo o que Lizzie passou,culpe Klaus Mikaelson.

Caroline riu de nervoso,franzindo a testa confusa.                                                                                    

O que Klaus tinha a ver com tudo aquilo?

—A culpa é toda dele,de todas as desgraças que se propagaram sobre a nossa família.

—O que você quer dizer com isso?_sua voz ressoou como um sussurro.

—Deixe que eu te conte toda a verdade._pediu lhe estendendo a mão._Eu sei o que você é, e porque conseguiu liberta-lo daquela cripta.

O ar aos poucos foi sumindo de seus pulmões,conforme as palavras daquela mulher penetravam em seu crânio.Seus olhos se cravaram nos dela,assustados.

—O qu-que v-ocê disse?

—Eu lhe garanto,Caroline.Quando souber de toda a nossa historia,entenderá o porque de tudo e concordara comigo.

Ela fitou a mão que Charlotte ainda mantinha estendida em sua direção,com certo temor.Mas ainda sim com o coração batendo acelerado e a garganta apertada,ela aceitou acompanhar a tal mulher,pra onde quer que fossem.

(...)

Ainda desconfiada,com a respiração saindo rápida  e pesada de seu peito,ela seguiu Charlotte ate um dos hotéis da cidade.Ambas com as roupas molhadas,em silencio.

Quando a porta do quarto onde ela estava hospeda fora aberta,Caroline sentiu um tremor balançar seu corpo.

Porem estufando o peito,e respirando fundo ela tomou coragem dando um passo para dentro do aposento,enquanto sua ‘’avó’’ fechava a porta.

—Se importa de esperar eu trocar estas roupas por outras secas?

Ela apenas negou,sem abrir os lábios rosados para emitir nenhum som.                                               

A realidade era simples,não gostava daquela mulher,não a queria por perto e nem acreditava em suas desculpas para ter feito tanto mal a sua mãe.

Mas precisava saber o que ela tinha a dizer,afinal já havia passado por bruxas,Mikael,e Klaus.O que tinha a temer?

E se ate mesmo a xerife achava que ela precisava ouvir seja lá o que fosse que Charlotte tinha a dizer,Caroline não tinha outro remédio senão escuta-la.

Deixou-se observar o quarto ao redor enquanto a senhora se encaminhava para o banheiro com algumas roupas limpas e secas nos braços.                                                                    

A chuva do lado de fora do hotel,esmurrava a vidraça de pequenos quadrinhos balançando-a.Sua roupa úmida começava a grudar em seu corpo,dificultando seus movimentos,ate mesmo seus cabelos estavam bagunçados e pingando água.

Alguns minutos depois Charlotte saiu do banheiro vestindo roupas quentinhas.Os cabelos loiros estavam envoltos em um coque preso por uma presilha,quase secos.Trazia entre seus dedos uma toalha branca seca,a qual estendeu para a neta,meio sem jeito.

Não sabia bem como iniciar aquela conversa ou como agir diante de Caroline.Na verdade,talvez aquela menina fosse a única pessoa no mundo que a faria se constranger facilmente.

A loira aceitou a toalha meio relutante,secando os cabelos e os braços freneticamente.Mesmo que sua pele estivesse toda arrepiada devido a chuva fria,isso não lhe incomodava mais.Aquele havia sido um dia tão exaustivo,repleto de situações complicadas que naquele instante,já não se importava mais com o fato de estar usando roupas ensopadas de água.

Impaciente ela devolveu a toalha para Charlotte,cruzando os braços na frente do peito.                                                 

A senhora pegou o tecido grosso,se sentindo estranhamente rejeitada pela expressão fria no rosto da neta.

—Pelo o que vejo você não quer nada que venha de mim._lamentou fitando o chão branco._Machuca ver o quanto me despreza,sem ao menos me conhecer.

Caroline não se comoveu diante do olhar triste que Charlotte lhe lançava,apenas cuspiu indiferente.

—Por que me trouxe aqui?

—Eu a trouxe aqui para lhe contar a verdade. Sente-se por favor._indicou a cadeira de estofado bege.

A contragosto ela se sentou na cadeira,ainda mantendo os braços cruzados.                                           

Fitou cada movimento mínimo da mulher com atenção,como se temesse que ela fosse puxar uma faca e enfiar em seu peito.

Charlotte fez o mesmo se sentando em outra cadeira,a uma distancia mínima de meio metro de Caroline,tendo somente uma pequena mesa de centro separando-as.                                  

Uniu os dedos de suas mãos em seu colo,levantando a cabeça e fitando a neta com seriedade.

—Antes que eu lhe conte tudo,quero esclarecer todas as suas duvidas.Diga-me o que quer saber?

Indecisa,ela mordeu o canto de seu lábio inferior pensando rapidamente,em que perguntas fazer.Sabia bem que perguntas desejava formular,porque desde que a duvida havia sido plantada em sua mente,as mesmas perguntas não paravam de atiça-la.

—Como sabe tanto sobre a minha vida? Coisas intimas que não contei a ninguém, como o que aconteceu com Bonnie agora a pouco e meu relacionamento com Klaus._meneou a cabeça, curiosa.

—Sou sua avó,Caroline. Sei tudo o que acontece com você, e consequentemente com quem esta na ao seu lado. Isto é parte da ligação sobrenatural que temos, desde antes de você nascer.

—Como assim ligação sobrenatural?

—Acha que eu sei todos os detalhes do sonho que teve, exatamente porque?Ou como sei sobre seus sentimentos mais controversos a respeito daquele monstro?

Segurou a respiração, sentindo o órgão mais importante de seu corpo sacolejar com força, e o sangue ser bombeado a toda a velocidade para o seu cérebro.

Ela sabia exatamente a que sonho Charlotte se referia.                                                                                   

Sua alma parecia ter saído de dentro de si, quando algumas cenas daquele pesadelo voltavam a rondar os lados mais obscuros de sua mente.

As correntes grossas pareciam estar presas novamente em seus pulsos e tornozelos.Conseguia ver a floresta densa e a mesa de pedra em sua frente.

O homem acorrentado sobre ela, usando uma mascara sobre o rosto.                                                                 

Estremeceu fitando os olhos de sua ‘’avó’ que observava cada reação sua, com aparente interesse.

—Você deveria ser a nossa solução, Caroline.

Com um arquejo surpreso ela se pós de pé,afastando-se alguns passos da cadeira e consequentemente da mulher. Recordando em sua memoria palavras ditas naquele sonho, quase similares aquelas.

E então em um estalo sua mente encaixou as peças que ficaram piscando em sua cabeça lhe alertando de que,realmente já conhecia Charlotte de algum lugar.

Ela era uma das quatro bruxas de seu pesadelo.

A mesma que ficava falando coisas sem sentido sobre ela ser a escolhida pra vinga-las e que havia se apaixonado pelo inimigo.Aquela tal bruxa que levava o punhal que estava no coração de Klaus-quando ela o encontrara na cripta- e que havia enfiado novamente no peito dele em sua frente.Depois de suja-lo com seu próprio sangue.

—Você!_murmurou furiosa com os olhos úmidos.

Havia odiado tanto aquela bruxa de seu sonho por ter matado Klaus,mesmo que apenas em um pesadelo.E agora ali estava ela em carne e osso,lhe declarando com todas as letras que era sua avó.

Se já a desprezava por ter abandonado sua mãe e ser tão hipócrita,agora a odiava por ter feito mal ao homem que amava.

Mas junto ao ódio,também veio o mesmo medo que havia paralisado seu corpo em meio aquele sonho.O medo ao ver Klaus morrendo diante de seus olhos.O medo de perde-lo antes mesmo de ama-lo direito.O medo do que poderia ser irreversível e tão destrutivo para si mesma.

—Não imagina o quanto eu te odeio._trincou o maxilar fitando-a com frieza.

—Quando Genevieve me alertou dizendo que você estava apaixonada por ele,eu não quis acreditar.Então fizemos um feitiço manipulando sua mente,lhe testando e ao mesmo tempo mostrando que ama-lo seria seu fim._disse suspirando alto,fitando o lustre acima delas com desgosto._mas você tinha tanto medo de perde-lo.Eu nunca imaginei que você poderia amar tanto alguém tão desmerecedor.Não imagina quão decepcionada fiquei com você._emendou voltando a fita-la nos olhos.

—Quem é você pra ficar decepcionada comigo?

Sua voz detonava toda a sua indignação diante daquela mulher que a cada segundo se tornava mais desprezível a seu ver.                                                                                                   

Charlotte fingiu não ver a raiva transbordando por cada poro da neta,olhando-a pacientemente.

—Sou sua avó. Mãe da mulher que te trouxe ao mundo,seu sangue e sua família.Sei que os Mikaelson são naturalmente atraentes,sedutores como o pecado._declarou incisiva._porem eles não são sua família de verdade, nos somos.

—Nos quem? A única família que eu tenho se resume a minha mãe e aos meus amigos.

—Emily, Genevieve, Abby, Bonnie, Esther e eu. Assim como cada uma das nossas irmãs._disse sorrindo.

—Espera Esther? Esther mikaelson? A mãe de Klaus?_perguntou atropelando suas palavras,sem entender nada.

—Vejo que lhe falaram sobre ela.

—Sim me falaram sobre a grande vaca que ela foi.Não sei porque estou tão surpresa de vocês estarem juntas nisso,afinal são quase irmãs de caráter._desdenhou Caroline irônica._duas grandíssimas mães sem coração,que nunca amaram seus filhos.Que bela dupla,não?_riu, se mantendo ainda de pé.

—Eu lhe pedi para não julgar meus atos antes de saber toda a historia.Poderia por favor me ouvir,antes de me crucificar?

Caroline soltou uma respiração longa,rolando os olhos antes de se sentar novamente.Cruzando as pernas e os braços ao mesmo tempo,esperando a outra começar a falar.

—Obrigado.Antes de lhe explicar o porque de tudo isso,preciso voltar cem anos atrás quando tudo começou.anunciou de modo enfático,vendo-a assentir.

— ‘’Tenho cinquenta e cinco anos,e venho de uma poderosa linhagem de bruxas.Há quarenta e cinco anos,antes do meu nascimento, a família dos meus pais biológicos se mudou para um pequeno vilarejo chamado Middlen,um lugar que era dominado por diversos clãs de bruxas.O que acabou se tornando um imenso clã com varias linguagens,inclusive o sangue Bennett.Naquela época corria um boato de que Klaus Mikaelson-o vampiro original- estava tentando libertar seu lado lobo,a muito tempo aprisionado por sua própria mãe a bruxa original.Ele sempre recorria a bruxos e bruxas de diversas linhagens,os usando,ameaçando e destruindo famílias inteiras ao ter seus desejos frustrados.Ninguém sabia aonde poderia existir outra duplicata Petrova,como sua amiga Elena.                              

Mas isso não o impedia de tentar burlar as leis da natureza,tentando achar um meio de quebrar o feitiço.Um dia ele descobriu sobre a existência de nosso vilarejo,e veio com seus vampiros e sua família atrás de respostas,que todos se recusaram a lhe dar.Éramos o clã mais poderoso, e o único que preferia morrer a ajudar um demônio de olhos vermelhos ou tal como chamam hoje,vampiro. Klaus sempre foi cruel,sádico e perverso.Nunca aceitou ‘’não’’ como resposta as suas vontades.E conosco não foi muito diferente,ao perceber que nenhum bruxo cooperaria com seus planos ele exterminou nossa aldeia...Seu amado hibrido,dizimou crianças, idosos, mulheres, homens, famílias completas. Colocando fogo em todas as casas. Naquela noite trágica 100 bruxos foram mortos,e os poucos se sobraram tiveram que viver com a lembrança daquela desgraça’’._ Charlotte recuou em sua cadeira,tomando folego,sentindo as historias de sua família transpassarem seu corpo.                           

O olhar atento de Caroline,queimando-a com suas duvidas.

— ‘’Onze bruxas fora tudo o que restou de nosso clã, entre elas Emily e Abby Bennett, Genevieve e os antepassados de meus pais.Resignada Emily e as outras bruxas se uniram criando um feitiço poderoso que aprisionaria Klaus para sempre dentro de uma cripta de pedra.Como não podiam mata-lo,elas dissecaram a pele dele e lançaram um feitiço tanto na adaga de prata em seu coração,como na caverna e na cripta.Que impediria qualquer um de liberta-lo, somente um Bennett poderia.Quando ele voltou para Mystic falls atrás de Katherine Pierce,elas o encurralaram e cumpriram sua vingança.’’

—Klaus me contou sobre o dia em que o prenderam naquela cripta.Quando nos conhecemos ele achou que eu fosse uma Bennett,e por causa disso,dessa vingança feita a cem anos atrás, ele quase matou Bonnie hoje._resmungou ela fitando com desprezo Charlotte.

Tentando deixar de pensar nas cem bruxas mortas por Klaus,mais vitimas de que tinha conhecimento.E das quais apenas desejava não se lembrar.

Novamente sua ‘’avó’’ ignorou seus comentários,fingindo não ver a repulsa escorrendo por cada palavra saída de sua boca. Enquanto voltava a relatar os acontecimentos seguintes:

‘’Vinte e quatro anos se passaram desde que as onze bruxas o aprisionaram naquela caverna.Todos seguiram suas vidas,casara-sem e formaram família.Muito porem,mesmo Klaus estando preso,seus irmãos continuavam livres e desejavam seu retorno.Cada um dos bruxos que restaram foram caçados nessas duas décadas e meia,sentindo com horror suas novas vidas serem arrancadas deles.Chegou a um ponto que não restava mais do que quatro bruxos de toda a nossa aldeia.Um dia uma mulher de cabelos loiros surgiu,declarando que poderia proteger os poucos bruxos que sobreviveram,em troca de todo o poder de nosso clã.Todos a conheciam,era Esther Mikaelson a bruxa original.Tudo o que precisariam fazer seria unir um casal de crianças nascido do que sobrara do nosso clã. E permitir que ela tomasse todo o nosso poder,inclusive o guardado nas terras de Middlen de nossos cem irmãos mortos.As crianças nasceram e mais vinte anos fora passados,ate que ambos tivessem idade o bastante para que o ritual fosse realizado.Em uma noite que houve um eclipse lunar, Esther e os outros bruxos criaram um feitiço no dia do casamento do casal escolhido, que entrelaçou suas almas para sempre e uniu todo o poder de cada membro da nossa aldeia,assim como o poder concentrado da própria bruxa original e dos cem bruxos mortos.O casal eleito se tornara  um só,e logo deveriam conceber um filho,que nasceria naturalmente com todo aquele poder.Nenhum bruxo suporta tanta magia,imagine de cem bruxos,munido ao poder natural da maior bruxa da historia.A criança seria um prodígio que as servas da natureza não permitiriam,mas aquela magia era antiga e poderosa,e Esther sabia bem o que fazia.’’           

—Por que Esther criaria uma criança tão poderosa?O que ela ganharia com isso?Todos sabem que as chances de uma criança com tanto poder sobreviver e quase impossível._murmurou Caroline confusa,com a testa franzida.

—Sim você tem razão.Foi por isso que quando a criança nasceu,fora difícil faze-la viver.Porem houve um problema maior ainda,quando a menina veio ao mundo.Ela não era a ‘’Fênix’’ que haviam criado. ‘’Eu’’ não era a obra-prima moldada por todo aquele poder.respondeu Charlotte com um suspiro.

—Você?

Ela assentiu,vendo a expressão surpresa da neta.                                                                            

Caroline fitou os olhos azuis da ‘’avó’’ buscando respostas para suas perguntas,tentando compreender aonde toda aquela historia a levaria.

—Esther desejava corrigir o mal que havia feito a mil anos quando obrigou seus filhos a se tornarem vampiros.Tudo o que buscava era paz,e jamais conseguiria alcança-la se não desse um basta em tanta maldade,começando pelo mais sanguinário de seus filhos: Klaus.

—Então todo esse feitiço que você mencionou,e a tal criança poderosa, faziam parte de um plano pra destruí-lo?

—Exatamente.

Atemorizada ela se levantou de seu lugar,passando a andar de um lado para o outro,digerindo todas aquelas informações e sentindo um aperto no peito ao imaginar que a própria mãe de Klaus desejava o pior para ele.

Ela tinha medo de perguntar o que tanto queria saber,pois tinha certeza de que a resposta a sua pergunta,poderia significar o fim do homem que amava.

—O que houve quando perceberam que você não era a tal criança?

—‘’Esther não compreendia o que estava errado,em sua cabeça tudo havia sido feito da maneira correta.Mas não se pode querer algo tão fora do comum,como aquela criança se você não sacrificar outra coisa em troca.Ciente de que precisava pagar com sangue por aquilo que desejava,ela sacrificou meus pais biológicos em uma fogueira e me deixou com dois anos em um orfanato para ser adotada.Esperando o dia em que eu teria a criança que criaram.Ela imaginava que se ‘’eu’’ não havia nascido o bebe prodígio,um filho meu seria.Logo eu fui adotada pela família Forbes,aqueles que criaram sua mãe.                                                 

Vivi quinze anos feliz,sem lembrar de meu passado ou de minhas origens ate que um dia depois de uma festa na casa de uma amiga eu descobri que estava gravida.Fiquei assustada,e pensei em abortar.O que meus pais adotivos diriam?Porem Esther apareceu e me obrigou a ter aquela criança,que em sua mente era o bebe tão esperado.Como eu disse,Elizabeth não era um fardo meu,ela deveria ser a garotinha de Esther Mikaelson,sua tão esperada arma.’’_ uma respiração pesada e lenta subiu por suas narinas. Enquanto Charlotte refletia em suas próprias palavras,suas escolhas de vida.

—Você realmente não a queria._constatou mortificada.

—Não. Eu era quase uma criança,e já tinha a responsabilidade de um filho nos ombros.Nunca a quis ou amei. Fiquei aliviada quando ela nasceu e não a senti mais dentro do meu corpo. Porem quando Esther percebeu que diferente de mim,sua mãe nem se quer era uma bruxa,tive que ficar com ela._disse fitando além de Caroline,os olhos presos em algum lugar,revivendo antigas memorias.

—E foi ai que você decidiu abandona-la com meus bisavós e simplesmente desaparecer no mundo._completou Caroline,rindo sarcasticamente.

Charlotte assentiu em silencio.

—O que havia de tão especial nessa criança?

‘’ Ela seria a arma perfeita.Mas de alguma forma todos erraram em cria-la.Por isso,Esther desapareceu por muitos anos,buscando outras formas de destruir o filho antes que alguém o libertasse.No entanto eu o odiava,por tudo o que fizera com meus antepassados,meus pais,a mim mesma.Tudo que havia nos acontecido era culpa dele,ate mesmo o fato de eu não amar minha própria filha.Se ele não existisse eu não teria engravidado tão cedo da sua mãe,não a teria repudiado,teria desejado-a na hora certa.Passei anos estudando,conhecendo magias e meios para tentar criar aquela criança.Ate que me lembrei pelo o que nosso feitiço havia começado.Meus pais haviam tido suas almas unidas através do matrimonio, tornando possível a formação daquele bebe por todo o poder do nosso clã.Tudo o que eu precisava fazer era encontrar a criança de nossa linhagem perfeita,e ligar não somente sua alma mais também seu sangue ao de Klaus.E quando ela nascesse libertar todo o poder dos cem bruxos e da própria Esther em suas veias.E quando ela nasceu foi exatamente o que fiz.’’

‘’Consegui entrar na cripta onde Klaus estava preso e pegar seu sangue,assim como da menina,conectando ambos eternamente.A única forma de destruir a criatura mais poderosa do mundo,era usando um pedaço dele mesmo.Porem as chances dela sobreviver ao ritual que lhe dera o poder do clã,e o feitiço de ligação eram quase nulas.E ainda sim eu arrisquei tudo,mesmo a amando como nunca amei sua mãe,porque sabia que ela era mais a mais forte de todas nos..Que ela era a nossa Fênix tão esperada.’’_ terminou voltando seus olhos para Caroline,e os cravando ali.

Todo o seu corpo tremeu diante das ultimas palavras da mulher,como se suas células reconhecessem o significado por trás da ultima frase,melhor do que qualquer um.

Naqueles segundos,a água da chuva em suas roupas já havia passado de uma vaga lembrança,e sua respiração ultrapassava o nível aceitável de velocidade para uma pessoa normal.

— Ond-onde ela esta?

Charlotte curvou a cabeça levemente para o lado,fitando a neta de modo curioso.

—Você não sabe mesmo?

Ela prendeu a respiração,sentindo o mundo ao seu redor girar ao contrario.

—Porque acha que conseguiu profanar um feitiço Bennett,quando libertou Klaus daquela cripta? Ou o medo que aquela bruxa Sophie Deveroux sentiu quando tentou descobrir mais coisas sobre você? _perguntou com os lábios curvados em um sorriso. _Acha que os pesadelos,a morte estranha de Mikael Mikaelson,o ataque de Tyler,o sofá pegando fogo na mansão Salvatore.E claro o sonho memorável em que você via Klaus morrendo no lugar de Mikael.Voce acha que tudo isso foi fruto da sua imaginação ou que aconteceu por acaso?

Um silencio gritante invadiu aquele quarto,enquanto as perguntas de Charlotte corroíam cada espaço vago de sua cabeça.O suor começou a escorrer por sua testa,deixando suas mãos escorregadias,e seu corpo tenso.

Fitou a parede atrás da cabeça de sua ‘’avó’’ engolindo um nó gigantesco.                                                                               

Permaneceu parada em seu lugar,os pés quase colados ao chão.                                                

A dor sufocando seus pulmões e perfurando seu amago.                                                                              

Piscou diversas vezes tentando controlar o absurdo acumulo de água em seus olhos,aterrorizada demais para dizer alguma coisa.

Quando seus olhos voltaram a encontrar os da outra mulher,ela deu um passo para trás,ao ver a confirmação de sua suspeita.

Não._ lamentou baixinho, a garganta apertada.

—Sim,minha querida. Você é a criança que uni a Klaus. A arma que levamos quase cem anos para criar, que carrega o poder de mais de cem bruxas_deu uma pausa.

—A Fênix gerada para mata-lo._afirmou com um sorriso imenso,erguendo se de sua cadeira e abrindo os braços para recebe-la.

Parecia que todo o ar havia sido sugado da sala naquele instante.                                                        

Não havia oxigênio.

Caroline não conseguia respirar, não suportava respirar..

Continua...


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