HIATUS - This Love escrita por Pequena Stiff, SheWolf


Capítulo 3
Two


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui está o segundo cap, pessoal. Esse será no POV do Sasuke, e eu acho que a fic inteira será assim. Um da Sakura, outro do Sasuke. A capa do cap vai mostrar quem está narrando.
E eu estou realmente feliz com a recepção da fic.
Espero que gostem do cap, e desculpe pelos erros, de verdade.
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Edit da SheWolf: capítulo betado :3



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"Não se imortaliza a perda escrevendo sobre ela".

(John Green)

09:56 p.m.

Estou indo para casa depois de três dias fora. Três bons dias, devo ressaltar. Uma "conferência" feita no apartamento de Karin, para mim, era a melhor coisa que poderia ocorrer.

Cheguei em casa e segui para o subsolo para estacionar meu carro. Como sempre, me peguei admirando a perfeição de cada detalhe existente naquela casa. Um ar imperial, em estilo vitoriano, deixava a casa perfeita, assim como todos que moravam nela.

Eram quase dez horas da noite. Provavelmente, Sakura, minha esposa, estaria em sua biblioteca particular lendo algo, e Deisuke e Sarada já estariam em seus quartos, prontos para dormir.

Respirei fundo antes de estacionar corretamente, tirar a chave da ignição e sair do carro.

Aquela casa, por mais perfeita que fosse, era só uma casa. Não era um lar, não para mim. Eu sentia falta do meu apartamento do centro, onde vivi durante os dois primeiros anos do meu casamento. Lá eu fui feliz.

Subindo os degraus da escada que dava até um hall que ficava perto da cozinha, pensava, como todos os dias, em como sentia falta de tudo aquilo.

Chegar em casa, ser recepcionado pela minha esposa, e ver nosso filho aprontando algo por perto. Sinto falta do sabor de seus lábios junto dos meus. Sinto falta do cheiro de bebê que meu filho possuía. Sinto falta do homem que eu fui um dia.

Caminhando em direção ao meu escritório, como sempre, pensei em quão injusta a vida era. Como pode a perfeição se perder em meio à traição e mentiras? Como pode algo que um dia foi a razão pela qual você levantava todos os dias, se tornar algo digno de escárnio? Eu não sei quando foi, mas meu amor por Sakura havia se tornado não algo pelo qual valia à pena lutar, mas algo comum.

Eu a amava, desesperadamente. Mas eu também gostava de outra.

Gostar pode não ser muito bem a palavra certa. Não sei direito qual posso usar pra definir, mas não é gostar.

Precisar? Talvez.

Me esparramei na minha cadeira, e como sempre divaguei sobre a droga de homem que eu sou.

Porque é que Sakura não me deixa de uma vez? Quantas vezes eu cheguei em casa pensando que ela não estaria mais? E ela nunca fez isso. Mas eu sei que devia. Eu não sou digno dela. Ela merece o mundo, e infelizmente eu não consigo dá-lo a ela. Ela sempre fora uma mulher tão forte e determinada... Porque não me largava de uma vez e ia atrás de alguém que desse o valor que ela merecia? E porque eu não me separava dela de vez?

Claro, porque sou um poço de egoísmo para deixá-la ir embora da minha vida só porque seria melhor para ela. Eu a amava demais para isso.

As mais que frequentes discussões, o bater de portas, as lágrimas; tudo só servia para me provar que eu nunca fui merecedor daquele sorriso.

E isso tudo começou - na verdade, tudo se perdeu - quando eu cai em tentação e me deixei levar pela carne. Um par de pernas bonitas, um meio sorriso sacana e exatamente nada na cabeça. Essa é a definição de Karin, minha amante.

No começo, tudo foi simples. Nós nos encontrávamos apenas no meu escritório, mas depois de um tempo ela começou a exigir mais de mim. E aí meu casamento já havia ruído. Karin ameaçava contar tudo a Sakura se eu ousasse deixá-la. Mas eu não queria deixá-la. Eu gostava da sensação de tê-la.

Eu parei de me relacionar com Sakura quando as coisas com Karin começaram a ficar mais sérias.

Se eu me sentia um lixo por isso? Com toda certeza. Mas chegou em um ponto onde eu não conseguia mais voltar. Foi aí que eu joguei tudo para o alto e deixei tudo como estava.

Quando meu relacionamento com Karin teve início, Sakura e eu só tínhamos um filho. E no aniversário de cinco anos dele, um dos poucos dias no qual eu e Sakura realmente estivemos juntos em quase um ano, ela havia engravidado do nosso segundo filho.

Filha, na verdade.

Mas no momento em que ela me disse estar grávida, eu senti meu mundo ruir. Nós não precisávamos de mais alguém no meio dessa situação, não é? Sakura já sabia de Karin, ela não era ingênua. Eu sugeri coisas a ela das quais não me orgulho, mas não me arrependo. Como eu poderia ficar feliz? Como eu poderia ousar dizer que amava aquele bebê quando eu sabia que, graças a mim, ele estava fadado ao sofrimento, como sua mãe e irmão?

Sei que poderia ser o momento em que eu largaria tudo e ficaria de vez com Sakura, mas não consegui. Eu fui fraco.

Karin ficou muito puta quando descobriu sobre a gravidez de Sakura, e aqueles foram os piores meses da minha vida, com toda a certeza do mundo.

Eu não tinha mais Karin quando queria, e também não conseguia me aproximar de Sakura.

Eu tinha nojo de mim mesmo.

Eu não fui ao hospital quando Sarada nasceu. Não estava em casa quando Sakura chegou. E não conseguia ao menos passar perto da porta pintada de lilás no corredor.

Não que eu não gostasse da menina. Muito pelo contrário. Eu só não me sentia no direito de expressar o meu amor por ela, sendo que, um dia, eu quis que ela não existisse.

E foi depois do nascimento de Sarada que eu não tinha mais um casamento.

Sakura não me dirigia a palavra. Deisuke era apaixonado pela irmã, todo o tempo livre que tinha estava perto dela, e consequentemente longe de mim.

Eu passei a entrar em casa só para dormir. Falar com Sakura quando necessário. E somente ficar perto do meu filho quando saía de manhã de casa para levá-lo ao colégio, coisa que eu não conseguia deixar de fazer.

Suspirei e percebi o quão tarde já era. Me perdi tanto em pensamentos que mal notei a hora passar.

Levantei-me da cadeira e segui com meu ritual diário.

Subi outro lance de escada e me deparei com o corredor principal de quartos. Segui até a porta do quarto do meu filho e abri devagar, temendo acordá-lo. O quarto estava mais escuro que o normal, pois o abajur não estava aceso. Liguei a luz e percebi que o quarto estava vazio.

Ele devia estar dormindo com Sakura no nosso quarto, como tem feio muito ultimamente. As paredes pintadas de azul claro e o quarto impecável faziam eu me sentir em casa, mesmo sem o meu filho estar lá. Por isso eu o visitava todas as noites, quando tinha certeza que já estava dormindo. Eu me sentia em casa perto dele.

Apaguei a luz e sai para o corredor. Dessa vez andando até a porta do quarto de Sarada. Devagar, encostei o ouvido na porta e constatei que não havia mais ninguém no quarto, a não ser ela. Todo dia era a mesma coisa, eu entrava para vê-la dormir. Caminhei até o berço, colocado estrategicamente entre o banheiro, o trocador e a cômoda, e percebi que, assim como a cama de Deisuke, o berço estava vazio.

Estranhei esse fato, pois Sakura não costumava deitá-la em nossa cama. Por experiência própria com Deisuke, Sakura sempre acostumou-a dormir no berço. Saí do quarto de Sarada e segui para o meu, onde provavelmente os três estariam, me preparando psicologicamente para estar com a minha família toda reunida desde... Bom, desde sempre, na verdade.

Em quanto andava em direção ao meu quarto, temia o momento a seguir. Como eu poderia deitar em minha cama e fingir que mais três pessoas não estavam lá? Deitar e fingir estar sozinho quando estava apenas com Sakura era fácil, ela sempre me ignorava. Quando Deisuke estava lá, as coisas já complicavam, pois ele sempre queria que nós - eu e Sakura - conversássemos com ele até finalmente cair no sono. Mas agora Sarada estava lá, junto deles, e eu nunca estive nessa situação antes, o que é ridículo, eu sei, com ela tendo mais que nove meses, mas ainda assim...

Cheguei na porta do meu quarto, respirei fundo, e finalmente abri a porta.

I was just guessing at numbers and figures
Pulling the puzzles apart
Questions of science, science and progress
Do not speak as loud as my heart

Coldplay The scientist


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