As Long As You're There escrita por iheartkatyp


Capítulo 5
I tried to forget and to ignore that fact that I was remembering you all the time.




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Helena não estava ajudando em nada. Clara teve de engolir a vergonha para contar tudo aquilo para a irmã mais velha. Helena já havia passado por muitas coisas mas, no fim das contas, ela era parecida com Clara em uma coisa: ambas se casaram cedo. Helena vivia reclamando da rotina, de sua filha estando longe e Clara a entendia, quando o assunto era rotina.

–Você sabe que eu ando muito distante do Cadu... E a gente foi nessa exposição, e a Marina foi tão... Maravilhosa. Incrível. Ela é incrível. E agora sempre que eu tô com ela me vem essa coisa... Esse calor, essa sensação estranha. -Disse Clara, como se estivesse contando um segredo proibido. Helena riu do jeito engraçado de Clara de falar aquilo. Achava graça porque, para ela, uma mulher pode se apaixonar por outra mulher do mesmo jeito que pode se apaixonar por um homem.

–Não há nada de errado nisso, Clara.

–Mas... Você acha que ela pode estar dando em cima de mim? -Perguntou, totalmente envergonhada.

–Você não sabe quando alguém tá afim de você?

–Eu sei quando um homem gosta de uma mulher, porque ele tem aquele olhar de desejo, olhar de homem apaixonado por mulher. E sei quando uma mulher tá gostando de um homem, porque ela também tem esse olhar de desejo, mistério. Mas ela não tem nenhum desses olhares. O olhar dela é... Normal? E eu não sei como é o olhar de uma mulher pra outra mulher, entende?

–Você tem que perguntar pra ela, então.

–Como que se pergunta isso?

–Eu sei lá. -Riu a irmã.

–Você já teve assim, atração por outra mulher?

–Olha... -Helena pareceu pensar, lembrar-se de algo. -Nunca provei, mas já tive curiosidade, sim... E você... Esse calor que você sente quando tá com ela, hein? -Helena levantou as sobrancelhas, insinuando que Clara talvez estivesse gostando de Marina também.

–Para com isso! -Ela deu um tapa no ombro de Helena. -Eu preciso ir. Vou passar o dia com a Marina. Me deseje sorte.

–Quero saber de todos os detalhes depois. -Riu Helena. Ela sabia que a irmã estava abalada com os mimos e carinhos de Marina. Ela já havia visto fotos de Marina em revistas e jornais, e sabia o quanto a moça era bonita e atraente. Não mentiu para Clara, já havia mesmo tido curiosidade em provar outra mulher, mas lhe faltou coragem. Helena sempre foi uma pessoa corajosa, mas aquele tipo de coisa atravessava a linha do aceitável na geração em que ela nasceu. E, afinal, Helena sempre soube quem era o amor de sua vida. E isso a assombrava até hoje.

–É uma pena que o maridão e o filhote não puderam vir. -Disse Marina, enquanto carregava Clara pelo braço até o pátio. A piscina estava cristalina, era possível ver o fundo dela facilmente. As paredes que a envolviam eram de puro ladrinho branco. Aquela piscina deveria ter o tamanho da sala de estar da casa de Clara.

–Sabe como é, né? O Cadu não desgruda daqueles amigos de culinária dele e o Ivan tá na casa de um amiguinho. -Ela ainda estava de roupas normais, enquanto Marina vestia apenas um biquini preto, coberto por um roupão de seda transparente. Suas pernas marcadas no roupão a cada passo em direção ás cadeiras que elas davam chamavam a atenção de Clara, que desviava o olhar volte-meia para fitá-las discretamente. Marina se sentou, dando tapinhas no espaço ai seu lado, para que Clara se sentasse também.

–Eu só vou colocar o meu biquini. -Avisou Clara, virando-se de costas sem nem ao menos sentar na cadeira. Já havia ido ao banheiro na casa de Marina, e ela era grande mas não tanto para fazer-la se perder lá dentro. Ela entrou no banheiro, e não se preocupou em trancar a porta. Ela suspirou, olhando-se no espelho. Estava bonita. Ela se lembrou do que Helena, sua irmã mais velha lhe disse e respirou fundo. Ela tinha de perguntar á Marina o que a fotógrafa esperava dela e conferir se Clara estava certa ou se estava interpretando as coisas de jeito totalmente errado. Clara, ainda em transe, soltou os botões da blusa quase transparente que lhe cobria o busto. A maçaneta da porta rodou, e Clara mal percebeu. Marina invadiu o banheiro, e Clara virou-se para ela. Ainda estava com a blusa desabotoada, dando á Marina uma visão privilegiada dos seios não tão pequenos escondidos apenas pelo sutiã nude. Marina desceu o olhar que antes focava o rosto de Clara para seus seios. Clara não negava ter gostado dos olhares descarados de Marina. O focos dos olhos dela pareciam lhe queimar a pele. Marina aproximou-se dela, fazendo com que sua pele sentisse novamente a respiração quente de Marina. Os olhos de Clara se fecharam automaticamente, involuntariamente e ela sentiu Marina se aproximar mais ainda. Marina agarrou as mãos de Clara, e fez com que ela tocasse seu peito, sentindo o coração acelerado da fotógrafa á sua frente.

–Culpa sua. -Riu Marina. Agora, Clara tinha certeza. Era inocente, mas não era burra. Depois da conversa reveladora com Helena, ela havia percebido que um olhar apaixonado de uma mulher para um homem era exatamente igual a um olhar apaixonado de um homem para uma mulher. E também igual ao de uma mulher para outra. Tinha certeza também de que o coração de Marina não era o única que batia fora do ritmo naquele banheiro. Agora tinha certeza do que queria. "Nada é errado se te faz feliz", se lembrou das palavras da irmã. Clara ficou sem palavras, sem reação. Seus olhos continuavam fechados e suas mãos continuavam a tocar o peito de Marina e, consequentemente, tocavam os seios da fotógrafa. Clara respirou firme, fundo. Tê-la por perto era um perigo. Marina tentava conter a vontade de tê-la ali mesmo, no chão do banheiro, mas suas tentativas foram em vão. Ela se aproximou mais de Clara e soltou suas mãos, levando uma mão ao rosto dela. Acariciou a bochecha, a maçã do rosto e passou os dedos suavemente por seus lábios, deixando-os entreabertos. Ela sentiu a respiração quente de Clara ficar acelerada, e conseguia, de longe, sentir as batidas descontroladas de seu coração. Marina pousou a mão na nuca de Clara, fazendo-a se arrepiar da cabeça aos pés. Ela involuntariamente soltou um gemido baixo e abafado, que foi calado imediatamente por um estalo. Um encontro de lábios que fez ambas fraquejarem. Um beijo.


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