Acordei no meio da noite, me levantei e olhei Jack deitado, ele respirava calmamente, sua boca entreaberta, seu peito subindo devagar.

Sorri, era a segunda vez que o via dormir, e não deixava de ser fofo.

Olhei ao redor, estava bem escuro na verdade, um pouco medonho talvez.

Não... Sem medo Elsa, Jack está aqui.

Suspirei, e comecei a andar pelo Palácio.

~X~

Estava andando em algum corredor quando um som me surpreendeu.

Olhei pra trás.

Alguma coisa rolava pelo chão, franzi a testa e olhei com atenção.

– Mas que merda...

Era a cápsula cor de cobre...

Ela rolava em minha direção, e parou próxima de mim. Olhei ao redor, não tinha ninguém ali, como aquilo tinha vindo parar na minha sombra, eu não tinha a menor ideia.

Engoli em seco e peguei a cápsula, passei meus dedos sob a circunferência, e depois pelo mosaico.

Eu não sabia que aquilo ia acontecer...

O mundo a minha volta escureceu como breu.

~X~

Eu via um homem, ele tinha os cabelos negros como a noite e olhos amarelados, quase dourados, ele estava escondido atrás de uma árvore.

Agora... Escondido de quê?

Ouvi pessoas chegando, o homem se desencostou da árvore e na pouca luz da lua consegui ver, ele estava sujo de sangue, seu rosto, a roupa, seu corpo todo, coberto de sangue.

Ele começou a correr e a lembrança o seguia.

Parou na encosta de uma montanha e olhou pra trás, olhei na mesma direção, haviam luzes vindo em nossa direção, luzes de tochas.

Ele respirava forçadamente, olhou ao redor, havia uma fresta na encosta, não era muito grande, mas era grande o suficiente para ele entrar.

E foi o que ele fez.

Ele entrou naquela fresta apertada, e ficou quieto, respirava rápido, o coração dele podia ser ouvido do lado de fora de tão rápido que batia.

Ele estava com medo... Olhou pra cima, para a lua.

As nuvens negras cobriam a luz... e aos poucos saíam da frente.

A lua... Não estava prateada e bonita como sempre.

Estava vermelha... como sangue.

O homem olhou pra lua, e pude ver, aquele sangue, não era dele, ele tinha feito algo a alguém, os olhos dele estavam cheios de algo que eu não sabia explicar.

Ele começou a rir, as luzes das tochas vieram em nossa direção.

Ele colocou a mão no cinto e tirou uma faca dali, a faca suja de sangue, prendi minha respiração, um homem apareceu na entrada da fresta e quando iluminou a face dele ele sorriu.

– Bu!

E cortou a garganta do homem.

Pare, pare, pare...

Eu não conseguia tirar meus olhos da cena... Ele matava as pessoas usando simplesmente aquela faca, até que alguém cuidou dele.

A lâmina de uma espada atravessou seu peito, ele caiu de joelhos no chão, olhando pra lua, um sorriso sádico em seus lábios.

Ele riu, antes de cair no chão.

~X~

Abri meus olhos, estava num cômodo vazio, a luz branca da lua que entrava pela janela foi coberta, e me virei devagar.

Quando fiquei de frente pra janela, e as nuvens saíram de frente da lua, eu só via uma coisa.

Aquele vermelidão na Lua. Cor de sangue.

Era uma mistura perfeita... o vermelho daquela Lua, com o negro do céu escuro da noite.

Olhava para aquela Lua vidrada, me aproximava da janela, e a cada passo meu, parecia que mais a lua brilhava vermelha, e mais escura ficava a sala.

Quando estava a um passo da janela, uma onda feita de pura areia negra encobriu a lua, encobriu a luz.

Saí do meu transe...

E as sombras investiram na janela, quebrando-a.

Fui jogada para trás com uma força descomunal.

Tive tempo de ver...

Uma única sombra cobrindo a lua.

E os olhos dourados dele...

Maníacos...