No Quinto Andar escrita por Biscoita Bis


Capítulo 1
Seu apartamento?


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu com mais uma fanfic! Você que estava acompanhando "Catelion" ou "Quem é Morgana?" vão no meu perfil e tem uns avisos lá. Olá, você é novo por aqui? Nunca leu nenhuma historia minha? Vá no meu perfil me conhecer um pouquinho hehe.Enjoy!



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POV's Elizabeth.

Depois de quatro anos batalhando na faculdade, eu finalmente havia pego meu diploma. Era difícil esconder a felicidade quando recebi aquele canudo vermelho, que por mais que viesse vazio, finalmente uma fase da minha vida estava concluída.

Comecei a faculdade aos dezessete anose seis meses depois perdi meus pais num acidente. Não tínhamos familiares aqui. A maioria ficara na Inglaterra. Viemos para o Brasil quando eu tinha dez anos. Com a partida deles, deixaram apenas um apartamento no quinto andar de um prédio no centro da cidade. Como eu estava acomodada no alojamento da universidade, não me preocupei em mudar de imediato pra lá.

Enquanto eu estava acomodada no dormitório, o apartamento ficou abandonado por alguns anos e logo depois foi leiloado: eu não havia pagado os impostos. Você deve estar se perguntando como uma pessoa em sã consciência não pagaria impostos de um imóvel. Bom, tinha que pagar impostos?

Como no momento eu não tinha tanto dinheiro, não pude recupera-lo. Então, já que esse lugar é a única lembrança que eu tinha dos meus pais, aqui estou eu assinando um contrato para alugar algo que de início era meu por direito.

Passei o olhar por todo o alojamento. Eu passara quatro anos da minha vida dormindo ali por todas as noites. Era como abandonar o lugar onde nasceu. Fiz muitas amizades ali, mas o meu tempo havia acabado. Eu tinha de tocar minha vida para frente.

Coloquei meus livros em uma das minhas maiores malas. Foi difícil fechar o zíper. Eu tinha mais de quarenta exemplares de literatura. fiquei imaginando como levaria tudo isso cinco lances de escada acima. Minhas roupas couberam em uma pequena mala de mãos, já que na faculdade eu usava o uniforme e raramente saia do campus.

Eu estava à porta do prédio. Revezei o olhar entre as escadas e a enorme mala de livros ao meu lado. Concluí que não conseguiria levar as duas de uma vez.Peguei a pequena mala de roupas e subi até oapartamento. Deixei a bolsa do lado de fora e desci as escadas para buscar a mala de livros que havia ficado no térreo.

Estudei por um tempo a melhor forma de subir com aquele peso todo. Segurei em uma das alças e fui arrastando-a degraus acima. Parecia uma eternidade e eu só havia subido dois lances. Sentei em um dos degraus e me permiti esticar os braços e pernas sobre eles. Meu peito oscilava freneticamente tomado pelo cansaço. Fechei os olhos a fim de me recuperar com mais rapidez.Senti algo bater contra meu rosto e então eu saí rolando lances abaixo: a mala havia caído em cima de mim.

Praguejei mentalmente por alguns minutos. Como eu podia ser tão desajeitada? Massageei a bochecha esquerda onde a mala havia batido com força. Uma pontada de dor me fez gemer em desgosto.

Pouco tempo depois estava eu subindo com a mala mais uma vez. No meio do caminho quase tudo se perde novamente: um cara alto esbarrou em mim fazendo eu soltar a mala em resposta.

— Perdão. - disse ele pegando a mala e colocando no degrau onde eu estava.

— Devia olhar por onde anda– sugeri encarando suas roupas. Ele provavelmente estaria indo para a academia.

Ele riu em tom de deboche.

— Desculpe, mas quem estava andando de costas era você– ele me encarou posando uma das mãos na cintura.

Soltei o ar dos pulmões com mais força que o necessário.

— Eu estava subindo com isto - apontei para a mala, — como queria que eu andasse normalmente olhando para frente?

— Não me interessa o que estava fazendo.

O homem virou as costas e continuou descendo as escadas normalmente.

Passou pela minha cabeça a ideia de chutar a mala degraus baixo na intenção de derruba-lo como pinos de boliche. Não valeria à pena, já que eu teria de subir tudo aquilo novamente.

Voltei a minha missão de levar minha mudança acima. Demorou alguns minutos a mais mas a tarefa foi cumprida. Sentei em frente a porta do apartamento.

Já se aproximava das oito da noite quando finalmente adentrei o apartamento.O contrato dizia que era parcialmente mobilhado, mas na minha opinião aquilo estava mais do que mobilhado: estava decorado também. Quadros, cerâmicas, cortinas. Tudo o mais bonito e organizado possível. Arregalei os olhos. Não era possível. Procurei em algumas das malas a cópia do contrato a fim de relê-lo. Não era possível que um apartamento daqueles custaria apenas R$ 500 por mês.

Andei pelos outros cômodos dali: cozinha, quarto e banheiro. Tudo impecável. Sentei no sofá e encarei o lustre no teto. Fiquei um bom tempo ali pensando em como seria minha vida dali para frente. A escola em que eu começaria a dar aulas a partir de amanhã, minha vida morando sozinha e tendo que me virar. Essa parte me deixou desconfortável. Sempre vivi com meus pais que faziam tudo por mim e depois no dormitório da universidade onde eu tinha alguém que lavava e limpava tudo. Nunca encarei um fogão: todas minhas refeições eram feitas no refeitório de lá.

Acordei dos meus devaneios quando senti um incômodo: meu estomago roncando. Encarei a hora no meu celular: já era quase nove. Se eu não me apressasse não encontraria nenhum lugar aberto para comer, afinal era domingo.

Peguei minha carteira e saí trancando a porta do apartamento. Do lado de fora fazia um pouco de frio e não haviam estrelas no céu, era provável que chovesse.

Entrei em uma lanchonete qualquer e pedi um x-bacon e uma cerveja. Devorei o lanche todo em poucos minutos e depois saboreei a cerveja enquanto observava o movimento na rua.

Só saí de lá quando uma das garçonetes avisou que iriam fechar. Paguei a conta e fui caminhando até o prédio. Um estrondo ecoou pelo breu: era um raio. Poucos segundos depois a chuva o acompanhou.

Andei o mais rápido possível, mas foi em vão. A chuva caía sem cessar.Cheguei à porta do apartamento completamente ensopada. Apertei o interruptor para ascender a luz: sem sucesso. A energia devia ter caído.A chuva era pesada e era acompanhada de raios e relâmpagos.

Despi-me das minhas roupas molhadas ficando apenas de roupa intima. Revirei minha mala e encontrei uma toalha onde sequei meus cabelos parcialmente. Caminhei em passos leves até o quarto. A escuridão reinava a não ser quando algum relâmpago iluminava o local por uma fração de segundos.

Puxei o lençol da cama e deitei-me ali. Fechei os olhos e planejei o dia de amanhã mentalmente. Quando estava quase pegando no sono um raio caiu muito perto dali me fazendo sentar na cama sobressaltada. Parei por alguns instantes e ouvi alguns murmúrios não muito longe. Um arrepio percorreu minha espinha. Não que eu tivesse medo de assombrações ou algo do tipo, mas o clima do lado de fora e a falta de energia elétrica estimulou minha imaginação.

Os murmúrios não cessaram. Parei de respirar por um momento a fim de tentar compreende-los.

— É só a chuva, Christopher. Só a chuva.

Meu coração gelou. Os murmúrios agora eram palavras nítidas. Virei meu corpo vagarosamente para o outro lado da cama. Mais um raio rasgou o céu do lado de fora e um grito agudo foi ouvido. Encarei a figura que era a provável dona do barulho ensurdecedor: um homem deitado ali, na minha cama gritando como uma garota de dez anos eencarava o teto estático.

Quando finalmente ele percebeu minha presença levantou-se da cama num pulo. A luz acima de nós piscou revelando nossas aparências que até então eram apenas silhuetas iluminadas por relâmpagos rápidos.

Cobri meu corpo com o lençol assim que percebi em que condições eu estava. A luz piscou novamente e o breu reinou. O homem a minha frente agora estava ajoelhado no chão e murmurava coisas sem sentido novamente.

Fiquei em pé e me enrolei no lençol de maneira que as minhas mãos ficariam livres. Não pensei duas vezes e corri até a cozinha. Tinha que ter alguma faca ali. Peguei a primeira que encontrei e corri para o quarto novamente. O homem estava sentado no canto do quarto com as mãos tampando os ouvidos. Um relâmpago iluminou o quarto rápido o suficiente para ele me ver enrolada no pano branco e com a faca na mão.

Outro grito tomou conta do local e as luzes ascenderam.

— Não me mate! - ele gritou ajoelhando-se no chão.

— Quem é você? - disse me aproximando dele sem baixar a guarda. — O que faz no meu apartamento?

— Seu? - ele questionou levantando-se e se aproximando de mim.

— Sim, meu! - gritei assustada com sua aproximação.

Ele foi dando passos até mim e eu fui andando de costas até encontrar a parede. Sua mão se ergueu e ele tocou meu ombro com uma das mãos. Não pensei duas vezes e revidei com a faca.

Ele arquejou e tocou seu braço onde a faca havia feito um corte superficial.

— Tá louca? - ele gritou encarando as mãos manchadas de sangue.

— Sai do meu apartamento! - gritei mais alto.

— Seu apartamento? - ele me encarou com desdém e riu no mesmo tom.

Corri até a sala onde havia deixado minhas malas. Peguei o contrato e levei até ele.

— Sim, meu apartamento seu maníaco tarado!

Ele encarou o papel e revezou o olhar entre meu rosto e as letras do contrato.

— Você invadiu minha casa, deitou na minha cama apenas de roupa intima e comete uma tentativa de homicídio e eu que sou o maníaco tarado?

Ruborizei. Ele havia me visto seminua. O fato de ele talvez ter invadido meu apartamento nem era tão ruim assim. Ele havia visto meu corpo. Esse corpo.

Cobri meu corpo com as mãos como se quisesse esconder alguma coisa. Sentei nos calcanhares e encarei o chão.

— Há quanto tempo está aqui? - perguntei envergonhada.

— Um ano e meio. - ele respondeu andando para longe.

Não era possível ele estar ali há tanto tempo.

— Deixe-me ver o contrato. - ele estendeu a mão em minha direção e eu entreguei o papel.

Fiquei em pé e de soslaio pude vê-lo de óculos encarando o papel.

— Isso é falso - ele disse me devolvendo. — Que empresa alugou isso pra você?

Empresa? Questionei-me mentalmente. Na verdade eu encontrei um velhinho misterioso e assinamos o contrato em uma cafeteria qualquer ali por perto. Eu ao menos sabia o nome dele.

— N-n-nenhuma. Fechei negócio com um homem.– gaguejei.

— Tem o nome dele? Endereço? Telefone?

— Claro que não! Porque eu teria?

Ele parou a minha frente e balançou a cabeça negativamentepousando a mão na cintura e com um ar de deboche. Espere um instante. Eu conheço aquela pose.

— Você! - apontei meu dedo em frente o seu rosto fazendo-o recuar dois passos.

— Eu o que? - ele disse dando um tapa na minha mão fazendo-me abaixar o braço.

— Você que quase me derrubou na escada com a mala e tudo. Você seu playboyzinho!

A essa altura eu já gritava mais alto que antes. Comecei a andar de um lado pro outro e murmurando coisas desconexas.

— Êpa! - ele interrompeu meus devaneios. — Que trapos molhados são esses no meu tapete?

Olhei para onde ele apontava. Meu casaco e minha calça ensopadas de alguns minutos atrás estavam jogadas ali, molhando todo o tapete do maníaco que alugara o mesmo apartamento que eu.

O homem foi até um cubículo ao lado da cozinha e voltou com um balde e alguns panos. Fazendo cara de nojo ele pegou minhas roupas encharcadas e colocou no balde. Com os panos brancos ele tentava ao máximo secar a superfície do tapete.

Arqueei uma sobrancelha. Ele parecia realmente bravo com o fato de eu ter molhado seu tapete.

— Ei, moço. - me aproximei tocando-lhe o ombro com o indicador.

Ele virou a cabeça vagarosamente e me encarou com seus grandes olhos castanhos. Seu olhar parecia penetrar profundamente na alma e eu engoli em seco. Não podia acreditar que ele ficou mais nervoso com um tapete molhado do que uma maníaca invadindo sua casa e o ameaçado com uma faca.

— Não toque em nada. Não pense em tocar em nada. Durma no sofá e amanha iremos resolver isso.

— S-sofá? - perguntei. — Eu aluguei essa casa, vou dormir na cama!

— Eu estou aqui a mais tempo que você! - ele ficou de pé e guardou os produtos que usara no tapete. — Tem secadora na lavanderia. - disse ele jogando o balde com minhas roupas molhadas.

Fui até a lavanderia e encarei a secadora. Havia muitos botões ali, eu não fazia ideia de qual apertar. Fui até a sala e o maníaco usava um secador para dar o toque final no tapete molhado.

— Ei - chamei-o escorando no batente da porta. — Como faço pra secar? - sorri amarelo.

Ele me encarou. Daquela mesma forma medonha.

— Tá brincando né? - ele foi até a lavanderia e eu o segui.

Ele colocou a roupa na secadora e apertou um botão.

— Esse botão - ele apontou. — Só aperte esse botão e nada mais.

O homem saiu e foi até a cozinha.

— Do que eu t falando? - ele pareceu perguntar pra si mesmo. — Você vai embora amanhã, assim que o sol sair.

— Nem morta! - protestei. — Paguei três meses adiantando, vou ficar aqui!

Ele me encarou e sorriu com desdém.

— Durma no sofá, estou indo pra cama.

Sofá? Pensei incrédula. Nem morta. Eu havia pago o aluguel pra um apartamento com cama. Eu dormiria em uma cama nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse.

— Não vou dormir no sofá coisa nenhuma! - parei na sua frente travando a passagem.

— Ah é? Então vai dividir a cama com um cara desconhecido? - ele se aproximou de mim olhando-me por cima dos óculos quadrados.

— Q-q-que? - merda, por que estou gaguejando? — Você dorme no sofá!

Ele gargalhou e foi andando até o quarto batendo a porta atrás de si. bufei impaciente. Não vi quando o sono me levou.


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Notas finais do capítulo

Olá novamente o/ Espero que tenham gostado deste comecinho hehe.Alguma dúvida? Comente!Critica? Comente!Elogios? Comente!Não tem nada a dizer? Comente "eu não tenho nada a dizer".Beeeeeijos e até a próxima!