Cartas Para Ninguém escrita por Pepper


Capítulo 5
Hora de Mudar


Notas iniciais do capítulo

espero que gostem, comentem o que acharam.



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Estava saindo do parque com Caique quando encontrei Alex... Nós estávamos juntos antes de eu conhecer Mateus, descobri que ele ficava com outras garotas e então decido me vingar, um grande defeito de um escorpiano é não perdoar e querer sempre se vingar, foi quando conheci Mateus e me vinguei ficando com ele na frente de Alex, ele não me perdoou e eu não queria, eu que devia perdoa-lo, mas não o fiz, e continuei com Mateus me apaixonando por ele... Me iludindo nas doces palavras, acreditando nas doces mentiras... De um certo ângulo é até que engraçado... Ver Alex e beijá-lo na bochecha é um tanto que estranho, lembrei de nossos amigos juntando nossos nomes, “Annex”, era fofo e engraçado, agora tudo parece mais um tema de um conto dramático que não termina com um final feliz, mesmo tendo todos os meios para ter. Nós estávamos agindo feito amigos, ou nem isso, apenas conhecidos, nunca signifiquei nada pra ele, por que me doer por isso? Por ser insuficiente para mais um?

F0mos para a casa de Caique, chegando lá meu celular toca, é a minha Mãe Maria.

– Alô, mãe?

“Anna, onde você está?”

– Na casa do Caique, por que?

“Bom, Anna, eu preciso viajar para fechar um negócio em NY, e outro em LA, vou ficar um mês fora, você pode ficar na casa do Caique até eu voltar?”

– Claro, sem problemas.

“Ah, ok então, beijos filha se cuida.”

– Você também mãe, boa viajem.

– Quanto tempo vai ficar aqui? – Perguntou Caique me abraçando por trás.

– Um mês, você me atura?

– Seria uma honra te aturar.

A gente riu um pouco e eu fui para meu quarto e Caique para a cozinha. Sentei na cama e pensei, como as coisas poderiam ter sido diferentes. Eu e Alex, eu e Mateus, eu e a vida, estava tudo tão insuportável, minha mãe viajando sempre, Mateus na minha cabeça, Alex aparecendo, porque não posso abandonar tudo? Deixar tudo de lado e voltar a sorrir? Tentei e tentei recuperar aquele pedaço iluminado de alegria que nunca se apaga em mim, mas acho que Mateus o levou embora junto com a minha autoestima. Chorava tanto sem parar, queria diminuir essa dor, ela tinha que passar, dessa vez não era a pontada em meu peito, e sim a dor no meu coração, que o apertava e eu sentia ele se desmanchar em cada lágrima que eu derrubava, o ruim desta dor, é que ela não passa em 5 segundos, ela é firme e constante, e a única saída seria a morte. Parece até exagero, mas a dor era tanta que me contorcia na cama segurando em meu peito, chorando mas sem forças para emitir um som, já não sabia se era dor física ou emocional, já não conseguia diferenciar, tentei chamar Caique, mas o som não saia, e também cometi a burrice de trancar a porta. Cada lágrima que corria em meu rosto era mais um pedaço meu que morria sem esperança e sem vontade de lutar por ela. Ah com o queria a morte, morrer seria a solução, a dor dominava meu corpo, meu rosto e mão formigavam e minhas pernas estavam sem forças, olhei ao redor procurando algo, minha visão estava turva e minha respiração estava muito forçada. De repente tudo começava a ficar mais escuro, e já não conseguia respirar.

Acordo caída no chão com Caique batendo na porta desesperado, minha respiração estava normal, me levantei sem dificuldade e abri a porta.

– Que foi?

– QUE FOI? ESTOU BATENDO NA PORTA A MAIS DE MEIA HORA E VOCÊ ME FALA “QUE FOI?”

Eu o abracei e disse:

– Desculpa, eu estava dormindo, isso não vai se repetir. Agora, se me der licença, eu... Ainda estou cansada.

Porque não morri? Eu quero morrer, largar tudo isso, fugir dos problemas, mas não posso, não posso fugir, não posso largar tudo isso, não posso ser covarde, a morte é a saída mais rápida para os problemas, creio que quem se mata é incrivelmente covarde e egoísta... Não, vou afastar esta ideia de morte da minha cabeça,vou ser forte, erguer a cabeça e lutar.

– Anna, nada disso, você vai comigo pro salão. – disse ele já me arrastando para fora do quarto pelo braço.

– Fazer o que no salão?

– Não sei, pense em algo que mude o seu visual.

Fomos pro salão, já sabia o que fazer, Caique fez tantos discursos de como mudar ia me ajudar, que peguei o espírito da coisa. Na hora a cabeleira perguntou o que eu queria.

– Bom, você pode raspar a lateral esquerda? Até a risca.

– Você tem certeza? – Perguntou a moça. Claro que eu tinha, não pensei duas vezes e não ia pensar, vou raspar e pronto.

– Sim, absoluta.

Caique não falou nada só ficou me olhando, o que seria uma novidade, mas ele sabia que eu sabia o que estava fazendo.

Ela raspou, e só de pensar que ontem eu chorava quando cortava as pontas, já me senti contente, como se realizasse um sonho do qual tinha medo.

– O que achou? – Perguntou ela. Fiquei me olhando, meu Deus, eu estava muito diferente, mas me senti bonita, eu me senti realmente eu, como se finalmente nada me impedia de ser eu, de ser feliz, como se agora eu pudesse cavalgar num campo aberto, infinito. A sensação era incrível.

– Você está linda Anna! - Comentou Caique.

– Sim! Eu me sinto linda agora. - Nos abraçamos, pagamos e fomos embora.

– E agora? Quer fazer o que? – Perguntou Caique reconhecendo meu olhar determinado.

– Por um piercing.

– Vamos então.

E fomos mesmo, ele me levou para uma farmácia, e coloquei dois piercings na orelha, e coloquei argolas. Estava mudada, mas finalmente do meu jeito. Chega a hora em que todos tem que mudar, largar os padrões da sociedade e seguir em frente, me senti cavalgando num campo infinito, deixando Mateus para trás, e alcançando o resultado do efeito Fênix.


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Notas finais do capítulo

Obrigada aos meus Ninguém's