Ressurgente escrita por Let B, Muh


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Uhuul, finalmente, né? Primeiro capítulo de 2015!
Desculpa pela a demora, mas em compensação tem um capítulo BEM grande para vocês
Obrigada a:
*Little Pink ( sinceramente, tenho que comentar, que comentário maravilhoso foi aquele. Amei S2!)
¨*Star
Espero que gostem!



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P.O.V Jacob

Jacob andava com a cabeça baixa e o capuz do casaco preto cobrindo a cabeça. Ele agradecia satisfeito pelo clima frio, pois assim ele teria mais chances de passar despercebido. Não queria ser reconhecido por nenhum de seus ex-colega da Revolução, e Seattle estava infestada deles.

Quando Ted ligou para seus pais pedindo informações sobre o Doutor e dando desculpas esfarrapadas sobre o motivo, ele descobriu que o Doutor estava em Seattle. Os pais daquele garoto davam a ele tudo o que pedisse, com exceção de pararem de financiar as atividades do Doutor.

Jacob inicialmente ficou bastante espantado assim que descobriu onde ele estava. Ele deveria ter suspeitado que ele estava por lá, afinal o Doutor estava atrás de Beatrice e aquela cidade havia sido o lar dela durante muito tempo. O coração dele se apertou ao pensar no que ele faria com Beatrice, mas balançou a cabeça afastando esse pensamento. Lembre do que Beatrice fez a você, pensou, lembre de como ela o fez sentir.

Ele não podia sentir pena de Beatrice. Simplesmente não podia. Jacob estava ciente de tudo o que poderia acontecer se o Doutor botasse as mãos dela, ele também estava no hospital, ele também sofrera. Talvez ninguém merecesse aquilo. Talvez Beatrice não merecesse receber uma facada nas costas de alguém que ela confiasse. Porém ela não deveria ter feito aquilo com Jacob. Ela irá se arrepender, decidiu.

Ted havia lhe dado o lugar exato que o Doutor se encontrava na cidade, portanto não foi difícil achar. Ele já tinha estado na parte onde agora o Doutor morava. Jacob decidiu pegar um atalho para evitar passar por lugares onde poderia encontrar pessoas que ele conhecia, que poderia reconhecê-lo, pois naquele momento ele não queria nada relacionado a Revolução.

Cada vez que uma pessoa passava ele abaixava mais a cabeça e não encarava ninguém.

— Ei! — ouviu alguém chamar, mas não parou de imediato. Quando reconheceu a voz seu sangue gelou — O que você está fazendo aqui?

Era Damon.

Jacob girou os calcanhares e levantou a cabeça tirando o gorro do casaco. Damon levantou a sobrancelha ao ver a expressão séria que ele tinha no rosto, provavelmente por não esperar esse tipo de reação da parte dele.

— Damon. — Jacob o cumprimentou.

Por muito tempo ele odiava o líder pelo seu jeito e por namorar Beatrice. Entretanto naquele momento, e a partir do momento que Beatrice ficou com Tobias, Jacob sentia compaixão pelo rapaz. Sabia que ambos sentiam-se traídos, e com razão.

— O que você está fazendo aqui? — repetiu. Jacob suspirou coçando o nariz.

— Não quero problemas com você. Apenas vim aqui falar com um tal de Dr. Zank. Não sei se você já ouviu falar dele.

Damon sorriu. Pelo seus olhos ele estava pensando, planejando algo que na sua mente seria brilhante. Jacob não teve certeza se achava isso bom ou não. Mas de repente

Damon voltou a fechar a cara.

— Beatrice está com você? — Jacob balançou a cabeça negativamente.

— Estou sozinho. Ninguém veio comigo até aqui.

Fez questão de enfatizar, pois não queria ser incomodado por Damon naquele momento. Não queria que seu plano desse errado, já que havia decidido segui-lo.

— Talvez ele possa nos ajudar. — disse uma voz feminina atrás de Damon.

Jacob a conhecia, mas não conseguia lembrar de seu nome. Se a memória não era falha ela já havia sido a namorada de Damon, talvez tenha sido Beatrice a comentar isso com ele. Entretanto tinha certeza que ela havia saído da Revolução a algum tempo. O que ela estava fazendo ali? Será que Damon já tinha superado Beatrice?

— É. Ele pode nos ajudar. — Damon o fuzilou com seus olhos verdes — Me diga a verdade. Esse homem conhece você?

—Sim.

— O que você vai falar com ele?

— Desculpe, Damon. Com todo o respeito isso não é da sua conta. — sorriu com o canto da boca — No que posso ajudá-lo? E o por que lhe importa o que vou conversar com ele?

A mulher, que Jacob não conseguia lembrar o nome, parecia impaciente, batendo o pé no chão com o nariz torcido.

— Nós só queremos saber mais sobre este cara, ta? Você pode distraí-lo enquanto invadimos a casa dele. O que acha? - Ela respondeu, apesar da pergunta ter sido direcionada a Damon.

— Podemos fazer um acordo.

Damon revirou os olhos, impacientemente.

— Diga.

— Nós fazemos isso que ela sugeriu, e o melhor é que eu te darei uma dica do que procurar. Bem, é claro que eu estou supondo o que você está procurando. Em troca, quero que nenhum de vocês conte para ninguém que eu estive aqui conversando com ele, principalmente se Beatrice voltar a procurá-lo.

— Ela não faz mais parte daqui.

— Olha, tanto faz. Apenas não conte. Temos um acordo? — Jacob ergueu a mão esperando que Damon a apertasse, este logo o fez.

— O que devemos procurar?

— Um caderno azul. Provavelmente está junto com outros cadernos, mas o que importa para você é o azul. Confie em mim.

— E como você saberia disso?

— Você quer descobrir mais sobre a relação dele com Beatrice? — o silêncio do outro foi o suficiente — Confie em mim.

— Não tenho outra escolha. — suspirou — Tudo bem. Não conto a ninguém. Vamos?

Jacob assentiu e seguiu os dois. Imaginou o tamanho da curiosidade de Damon para tratá-lo daquela maneira e concordar com um acordo tão rapidamente feito por ele. Ele talvez estivesse com raiva, ou talvez confuso. Não seria Jacob a entender a razão por trás dos atos de Damon.

O caderno azul. Ele só sabia que aquele era o de Beatrice, pois a mesma o contou. " Ele disse que lembra a cor dos meus olhos". Jacob não gostaria de ninguém mexendo em seu caderno, imagine ela. O seu caderno era marrom e ele nunca perguntou o porquê com medo da resposta que poderia ser dada. É claro que Jacob não fazia ideia se o caderno estaria ali, mas ele precisava dar algo a Damon para comprar seu silêncio. E de qualquer forma, não sabia exatamente o conteúdo do caderno, tudo o que ele sabia é que o Doutor carregava aqueles cadernos junto a si o tempo todo e sempre fazia anotações dos pacientes nele, sendo um para cada.

Durante a conversa de Damon com a garota, descobriu que nome dela era Connie. Agora que sabia o seu nome era fácil lembrar as histórias que todos já contaram sobre a ex-namorada dele. Jacob preferiu não comentar nada. Voltou a cobrir a cabeça com o capuz visto que Damon não estava indo pelo o atalho conhecido por ele.

— Converse o que quiser com ele, mas fora da casa. — Connie sussurrava — Está entendendo? E tente mantê-lo fora de casa o maior tempo possível.

— Desculpe, achei que vocês iam invadir a casa do Doutor com ele dentro. Não seria muito discreto.— respondeu sarcasticamente.

— Só...faça isso.

—Ok.

Se aproximou dos portões da casa, era um casarão que pelo menos do lado de fora mais parecia uma casa mal assombrada. Havia algumas câmeras aqui e ali, nada que Connie e Damon não pudessem lidar. Fora isso,parecia não haver nenhum outro equipamento de segurança. E porque teria? O Doutor tinha o governo nas mãos, quem ousaria atacá-lo?

Parou em frente ao grande portão de ferro, hesitando durante alguns segundos antes de ter a coragem para erguer o punho e tocar a campainha. Fez a porta da casa, alguns metros distantes do portão, se abrir.

Quando percebeu que era o próprio Doutor que se encaminhava em direção ao portão para recebê-lo, seu coração falhou uma batida. Ele havia imaginado que seria algum empregado que viria recepcioná-lo, ele não podia morar numa casa grande igual aquela sozinho. Respirou fundo e tentou manter o rosto impassível, Jacob não fraquejaria na frente do Doutor, não daria motivo para ser insultado do modo que foi no hospital, acima de tudo queria mostrar que era uma pessoa nova e melhor.

Ele cruzou o pequeno percurso entre a casa e os portões de ferro, em poucos segundos. Ele não parecia preocupado pela presença de Jacob ali. E por que alguém importante como ele se preocuparia com um zé-ninguém como Jacob? Mas, Jacob instintivamente percebeu que ele estava atuando, como ele desconfiava que ele sempre fazia. Seguro, confiante e destemido.

— Jacob. Que surpresa adorável, faz muito tempo que não o vejo. não quero ser desagradável, mas o que quer aqui? Não me diga...

— Eu preciso conversar com você. — o interrompeu.

— O que você precisa é problema seu. Agora, me diga porque eu deveria falar com você?

— Por favor, podemos conversar em outro lugar? Tem uma pequena cafeteria aqui perto. Prometo que o assunto que tenho a tratar com você é de seu extremo interesse.

—Humm. Você não veio aqui, por acaso, com alguma ideia ridícula de se vingar de mim ou algo assim, não é? Se for isso meu rapaz, sinto muito decepcioná-lo, mas não poderei ajudá-lo. Além do que, eu acredito que você deveria me agradecer, se não fosse por mim, você estaria a sete palmos sob a terra. - Ele analisou a expressão de Jacob. - Parece que essa não é uma novidade para você. Sabe, eu realmente estava em dúvida se Beatrice te contaria sobre isso ou não.

—Oh, acredite, eu estou atrás de vingança sim, mas não contra você. — ele riu nervosamente — Eu disse que quero conversar, e estou aguardando uma resposta.

— Garoto, eu não quero conversar nada com você. Já afirmei várias vezes que você nunca foi, hm, digamos...interessante para mim.

Jacob tratou de ignorar o que lhe fora dito. Falou a única coisa que tinha certeza que faria o Doutor concordar em ao menos conversar:

— É sobre Beatrice. — a atenção do outro voltou a si — E então sobre aquela cafeteria...

...

O Dr. Zank seguiu Jacob silenciosamente até a pequena cafeteria, mas apesar do silêncio, ele não parecia desconfortável. Ele irradiava poder e segurança em cada passo que dava. Jacob apenas havia lhe convidado para ir até a cafeteria por causa de Damon e Connie, pois senão, não daria a mínima importância se alguém os vissem conversando.

— Então, diga. — o Doutor perguntou, após uma garçonete loira servir os pedidos dos dois, eles haviam sentado em uma mesa um pouco mais afastada das outras.

— Eu sei onde ela está, e estou disposto a compartilhar isso por um pequeno trato. O que me diz?

— Um trato? Que interessante! E o que você, meu rapaz, poderia querer de mim? Além disso, tenho que considerar se essa informação que você pretende me fornecer será realmente útil. Você pode saber onde ela está agora, mas nossa querida Beatrice é muito escorregadia e sagaz. Como vou saber se ela ainda lá?

Jacob cerrou os punhos assim que pensou na resposta. Tobias. O seu nome rapidamente veio a mente. Aquele desgraçado vai pagar também... Se ele realmente amasse Beatrice iria sofrer ao ver o sofrimento dela. Aquele pensamento lhe deu uma ideia.

— Beatrice ficará lá, posso lhe garantir. Ela arrumou novos, hm, amigos.

— Entendo. E seria por isso que você quer compartilhar comigo onde ela está? - ele disse sorrindo.

— Não. Talvez. Ah, não importa. — Jacob bufou — Quer fazer o trato ou não.

O Doutor pareceu ponderar um pouco. Seus olhos pareciam distantes como se estivesse pensando em Beatrice, e ele percebeu surpreso que os mesmos pareciam brilhar. Jacob não entendia muito bem a relação daqueles dois, contudo sabia que era diferente, profunda ou algo assim. Ele se permitiu ignorar isso, não lhe importava se ela recebia mais atenção,se era a mais mimada do hospital. Simplesmente não se importava com isso, não mais, contudo sempre fora curioso com o motivo específico para que ela tivesse aqueles pequenos privilégios.

— O que você quer em troca? — quis saber.

— Apenas três coisas: — respondeu com um tom indiferente, surpreendendo a si mesmo — Quero que devolva minhas memórias, com a garantia de que eu viva; quero que Beatrice sofra, e muito; e quero que um tal de Tobias, você provavelmente vai conhecê-lo, veja tudo de ruim que acontecerá com ela. Terminou com um sorriso nos lábios. O Doutor riu.

— Nossa, agora fiquei curioso para saber o que Beatrice andou aprontando. Porque também teve o tal de Damon voltando aqui sem ela, o que é um tanto estranho considerando que ela vivia com ele, não é? Já estou a par do que aconteceu na vida dela enquanto ela estava aqui em Seattle.

— É, ela fez coisas que não deveria. — Jacob suspirou pesadamente — Então, aceita a minha proposta ou não?

— Bem, o que você quer é bem aceitável. Entretanto vou ter que garantir que você fique calado igual o seu amigo Ted. Mas ele tem os pais para vigiá-lo e garantir que ele ficará de boca fechada. Já você... não. Então quero manter você sobre meus cuidados- Jacob congelou. - Não se preocupe, não estou dizendo que você voltará para o Hospital. Tudo o que quero é que fosse fique bem próximo a mim. Na verdade, acho que você poderia ficar por enquanto na minha casa. E óbvio, que contratarei um segurança para seguir você aonde for. Será apenas alguém que possa me garantir que você ficará calado. E também alguém que cuidará de você, Beatrice é esperta e se ela descobrir sobre nosso, digamos, trato, ela pode querer retaliar contra você.

Desta vez Jacob riu.

— Em primeiro lugar, não está em minha intenções espalhar para todos que sou um monstro sem alma. Em segundo, não tenho medo dela. Mas acho que posso viver com isso. - ele não havia gostado da ideia de ficar próximo ao doutor, e nem de ter alguém para vigiar todos os seus passos. Entretanto, ele lidaria com isso depois.

O Doutor fez um movimento que surpreendeu Jacob, puxou a mão do rapaz sobre a mesa a apertando logo em seguida. O sorriso estampado no rosto do homem chegava a assustá-lo.

— Tudo bem, eu aceito. Podemos conversar mais sobre as suas memória depois, mais detalhadamente porque vou ter que alertá-lo sobre certas coisas. — fez uma longa pausa

— Então, onde está Beatrice?

— Você tem algum mapa ou algo parecido?

— Claro. Vamos até minha casa, acredito que devo ter alguns mapas para consultarmos, e de qualquer forma, já está mais que na hora de você conhecer o lugar onde irá morar pelos próximos dias.

Jacob sorrio tenso. Enquanto caminhavam de volta a casa, desejou que Connie e Damon já tivessem saído de lá.

P.O.V Damon

—Diga alguma coisa. — Damon falou pela segunda vez, enquanto encara seu irmão que ainda estava em silêncio.

— Cara, o problema é que eu não sei o que dizer. — gesticulou com as mãos — Pelo o que eu entendi você e Connie invadiram a casa desse cara para roubar um caderno que deve ter informações "secretas" sobre Beatrice. Estou certo?

— Sim.

— Então, você está em dúvida se deve ler ou não?

— Talvez eu estaria sabendo mais do que deveria sobre ela. Quer dizer, se ela não me contou é porque eu não deveria saber. Invasão de privacidade. Mas talvez eu descubra exatamente o que eu quero sobre ela. O suficiente para eu ficar em paz.

— Em primeiro lugar, se você não tinha certeza se queria saber, por que pegou esse caderno? É bem melhor não tê-lo do que ficar em uma situação dessas.

Damon havia acabado de contar a Daniel que aquele caderno azul em suas mãos poderia revelar muito sobre Beatrice, claro que ele ocultou a parte em que Jacob entrava na história, por ter certeza que se Beatrice perguntasse Daniel responderia. Ele e o irmão não eram exatamente confidentes, mas Damon não tinha mais ninguém com quem pudesse conversar sobre aquilo, e ele precisava conversar com alguém.

— Eu queria pelo menos ter a oportunidade de ter uma escolha. Sei lá. Eu quero, mas não sei se quero saber entende?

Daniel bufou ajeitando o seu corpo no sofá que dividiam. Para Damon era óbvio que seu irmão estava tão curioso quanto ele, afinal Beatrice era próxima de ambos e aquilo poderia ser algo pessoal demais.

Damon estava com aquele caderno em mãos há pelo menos um mês. Inicialmente não teve tempo para lidar com isso por causa de todos os problemas que a Revolução enfrentou recentemente, pelo menos agora tudo estava mais calmo. Ele apertou o caderno azul contra o peito, suspirou.

— Você que decide. Ela era minha amiga e não acho que fuçar nas coisas dela vá mudar alguma coisa. Que segredos horríveis ela pode estar escondendo?

Ambos trocaram um olhar demorado assim que Daniel fez aquela pergunta. Beatrice nunca falava sobre o seu passado, sempre desviava do assunto ou apenas afirmava que não era do interesse de ninguém. Isso poderia ser considerado pelo menos um pouco suspeito na visão dos dois, mas eles nunca se importaram.

— Eu posso apenas ler a primeira página, certo? Não fará mal.

— Quer saber? Eu vou dar o fora daqui. Se descobrir alguma coisa interessante me avise.

Dito isso Daniel saiu do cômodo batendo os pés como uma criança mimada fazendo

Damon revirar os olhos.

Ele passou a mão pela capa do caderno, seus dedos correram até a ponta da capa abrindo o caderno. Por um momento apenas sentiu a textura da página sem realmente olhar o que estava escrito lá.

Após alguns segundos, levantou o olhar.

No topo da página havia uma foto de Beatrice que parecia antiga, ou pelo menos ela estava bem diferente. Damon se surpreendeu ao ler o seu nome " Beatrice Prior", era o que estava escrito logo abaixo da sua foto, ela disse-lhe uma vez que não sabia o seu sobrenome verdadeiro (mas não explicou o porquê). Logo abaixo estavam vários dados sobre ela, como data de nascimento, detalhes físicos e médicos, e... O olhar de Damon parou sobre uma data específica: Data da morte.

O quê? Pensou confuso. Sua cabeça pareceu dar um curto-circuito por alguns segundos, afinal Beatrice não tinha morrido, muito menos há anos atrás. Damon a tinha visto há mais ou menos um mês. Chegou a pensar que era outra Beatrice, mas a foto, apesar das pequenas diferenças, não lhe deixava enganar.

Desceu o olhar mais um pouco. Data da volta. Detalhes da volta.

Volta? Isso significa que... Isso é impossível! Gritou mentalmente. Não tem como alguém voltar da morte. Uma vez morto e já era, diga adeus à vida. Não tinha como aquele homem ter trago alguém de volta! Isso só podia ser mentira.

— Isso é mentira! — Damon gritou, dessa vez em voz alta.

Sentiu-se tentado a passar de página, mas se controlou porque não sabia se queria descobrir mais sobre aquilo. Que droga, Beatrice! Como você pôde esconder algo assim? Mesmo com esses pensamentos, ele ainda não conseguia acreditar.

Fechou o caderno o atirando para longe sem delicadeza.

Se aquilo fosse mesmo verdade... Damon acreditava ter descoberto o maior segredo de Beatrice. Descobrir mais poderia tanto ser uma boa ideia quanto uma péssima. Assim uma pergunta pairava sobre em cabeça:

"Eu leio tudo ou não?”

P.O.V ZEKE

Já era fim de tarde quando Zeke chegou ao centro de treinamento. Ele sempre gostou de ir lá um pouco após o trabalho para treinar, mas há um mês todo o prazer que sentia em estar lá havia evaporado. O motivo? A constante presença de Beatrice no centro. Não que ele detestasse ela, ele se considerava um amigo da Tris, mas essa nova versão dela o preocupava, ele não tinha certeza se ela era confiável. Por isso, havia preferido manter distância dela, mas agora, com ela treinando praticamente todos os dias junto a ele, se distanciar havia ficado praticamente impossível.

Quando ele entrou no centro, ela o olhou e deu um sorriso debochado em sua, aparentemente, ela já havia notado que ele se incomodava com sua presença e parecia querer irritá-lo ainda mais.

Sentado em um pequeno banco estava Amah, que apenas observava Beatrice. Ela ainda era uma garota baixinha, apesar de quase sempre tentar disfarçar isso usando sapatos que deviam ser extremamente desconfortáveis de tão alto, mas não era mais tão magra, possuía algumas curvas e tinha o corpo definido, esse último ela dizia ser consequência do treino rigoroso que ela fazia na Revolução.

Após quase uma hora, Zeke se começou a se preparar para ir para casa. Tomou banho e trocou a roupa do trabalho por uma que costumava carregar na mochila. Observou que Beatrice fazia o mesmo, ela já tinha trocado de roupa e estava escovando os cabelos recém lavados. Amah já havia partido há alguns minutos, deixando apenas os dois no centro.

Enquanto saia do centro, teve uma pequena surpresa: do lado de fora estavam Tobias e Shauna conversando animadamente. Aquilo o surpreendeu, pois Shauna quase não saia de casa, fora quando ia trabalhar. Eles haviam se casado há dois anos e eram muito felizes. Entretanto Shauna ainda não havia superado totalmente o fato de estar presa naquele aparelho que a permitia andar, mesmo sendo bem melhor do que a cadeira de rodas, e fazia o possível para sempre se trancar em casa sozinha quando ele não estava. Nem mesmo quando Zeke havia contado a ela sobre Beatrice, ela havia se disposto a encontrá-la.

Eles pararam de conversar quando perceberam que Zeke se aproximava, e logo atrás vinha Beatrice. Os dois observavam em silêncio, enquanto eles se aproximavam. Tobias foi até Beatrice, e a beijou brevemente.

– Queria que você conhecesse alguém. – Tobias disse para ela, puxando-a em direção a Shauna. – Essa é Shauna, uma grande amiga. Ela é casada com o Zeke, mas não sei como ela o aguenta. Por algum motivo, ela não havia podido conhecê-la, por isso, hoje eu resolvi trazê-la até aqui.

– Prazer, Beatrice- Shauna riu estendendo a mão para ela. – Na verdade, nós já nos conhecemos, mas como você não se lembra disso, eu acho que teremos que começar do início.

– Adoraria conhecê-la novamente, Shauna. –Beatrice respondeu, apertando a mão de Shauna.

– Zeke, eu convidei o Tobias para jantar com a gente hoje. E é claro, que o convite se estende a você, Beatrice.

Tobias olhou ansioso para Beatrice, aguardando a resposta dela. Ela olhou pelo canto do olho para Zeke, parecendo um pouco inibida com o convite. Mas apenas respondeu:

–Claro. Acho que será muito... Divertido.

Zeke, que até o momento se manteve fora da conversa, se assustou quando Shauna se dirigiu a ele. É claro que ele achava a ideia péssima, mas Shauna parecia tão entusiasmada. E ele ainda tinha de agradecer a Tobias por ter realizado o feito de tirá-la de casa, então achou que jantar com os dois seria uma forma de agradecê-lo. Então, engolindo a implicância que nutria por Beatrice, concordou.

...

– Então Beatrice, o que você está achando da nossa cidade?

Os quatros já estavam sentados à mesa, e serviam-se de uma refeição simples: cozido de vegetais, um assado de carne e um purê de batata. Beatrice havia olhado para comida parecendo em dúvida. O clima no jantar era um pouco tenso, e eles quase não conversavam. Mas Shauna estava tentando quebrar o clima frio que havia se instaurado.

– É bem, hmm, pacato.

– Onde você morava antes mesmo? Me conte mais, por favor. – Insistiu Shauna, não ficando nem um pouco inibida com a resposta curta dela.

– Em Seattle. É... bem diferente daqui. É uma cidade linda, tão grande e tem tanta gente. E fora o mar... Vocês já o Oceano? – Ela parecia realmente feliz lembrando-se do lugar onde vivia. Todos negaram timidamente, nenhum deles nunca tinha nem chegado perto de ver o Oceano. Tobias parecia um pouco incomodado com o rumo que a conversa tomava. – Não quero dizer que aqui não seja uma cidade bonita, é até bem charmosa e encantadora. Mas Seattle é incrível.

– Mas você não irá voltar para lá, não é? Quer dizer, você irá morar aqui, não é? – Shauna perguntou e Tobias olhou fixamente para Beatrice, mostrando que estava muito interessado na resposta dela.

– Humm, morar aqui? Tipo para sempre? Ainda não pensei muito sobre isso, para ser sincera. – Ela respondeu fixando o olhar no prato de comida, se negando a encarar qualquer um deles constrangida.

Zeke olhou para o amigo, levantando a sobrancelha, como se perguntasse a ele: E aí o que você vai fazer? O que acha disso, Tobias? Não era surpresa para Zeke aquela resposta, ele mesmo já havia dito inúmeras vezes para Tobias ir devagar com ela, frisando o quanto ela estava mudada. A antiga Beatrice não havia conhecido outro coisa fora a vida que eles levavam ali e o departamento; esta tinha experiências diferentes e nenhuma lembrança do tempo em que viveu ali, não era estranho ela se sentir desconfortável vivendo em um lugar tão pequeno e parado quanto aquele.

– E quanto não voltar mais a Seattle, isso é um pouco difícil. Tenho ainda alguns assuntos a resolver lá, e você sabe, deixei muitas coisas para trás, meus pertences pessoais. — Beatrice finalizou.

– Você voltará para a Revolução, então? É isso o que está dizendo, Beatrice?- Tobias perguntou rispidamente, ele parecia furioso e a ponto de explodir a qualquer momento.

– Para começar, Seattle e a Revolução são coisas completamente diferentes, apenas a Sede que fica localizada lá, mas a Revolução está espalhada por quase todo o país. E, sim, eu pretendo voltar para a Revolução, deixei algumas... Pendências que ainda preciso resolver, antes de começar a pensar em o que farei depois. – Shauna e Zeke apenas observavam em silêncio. Obviamente, aquele jantar poderia ser descrito como um grande fiasco constrangedor. – E para terminar, não sei se poderia viver aqui. Não sei se sou bem vinda nesta cidade, parece que muitas pessoas desse lugar estão loucas para se livrarem de mim. – Ela respondeu se voltando de esguelha para Zeke.

Shauna olhou para ele , enquanto Tobias parecia perdido em pensamentos.

– Se você está falando sobre mim, isso não é bem verdade. Não quero me livrar de você, apenas não sei se posso confiar em você. Toda essa história de Revolução... Para o governo você é uma rebelde, e muito provavelmente, uma criminosa. Além disso, tem esse tal de doutor Xang ou Jank, sei lá, que está atrás de você, e pelo o que o Jacob havia dito, este cara é muito poderoso. Portanto, acho que fica bem claro que sua presença aqui poderá trazer muitos problemas para a cidade. E nós já passamos por muita coisa e agora que finalmente vivemos em paz, você aparece trazendo uma tempestade com você.

Ele sabia que estava indo longe demais, Shauna brigaria com ele por isso, e nem podia imaginar o que Tobias faria. Mas ele precisava desabafar, dizer exatamente o que pensava e afinal fora Beatrice que o provocara. Então, Zeke continuou:

– Contudo, apesar disso tudo, eu concordaria imediatamente em lutar pela Tris. Ela salvou a todos nós e se sacrificou para isso. A questão é você não é ela, não é verdade? Você pode ter a aparência dela e falar como ela, mas a personalidade não é a mesma, não estou certo? A Tris, ou Beatrice como você prefere, que eu conhecia era uma garota forte, lutadora, mas também era profundamente altruísta. Tudo que eu vi em você desde que chegou, foi uma mulher egoísta e que não se importa em pisar nos sentimentos dos outros. — Zeke respirou fundo antes de continuar, analisando a expressão de Beatrice — Você traiu seu namorado, ignorou seus “amigos”, até imagino que você tenha algo a ver com a partida de Jacob. Ele estava apaixonado por você, era óbvio pela maneira como ele a olhava e a seguia. Ignora o seu próprio irmão, e olha eu nem mesmo sei se gosto do Caleb, mas tenho certeza que a Tris teria o perdoado tudo o que ele fez, porque ela amava demais o irmão, tanto que se sacrificou no lugar dele. Você ao menos se interessou em saber mais sobre os seus pais? Aposto que não. Eles morreram para que você pudesse viver, e você nem se importa em querer saber como eles eram, como viveram, como morreram. Não se importa com nada, fora você mesma e o que você quer.

– Jacob não era nada meu, nem sei se o chamaria de amigo, ele era apenas...

– Alguém que você usava?

– Não, você não entende... Quer saber, não tenho porque dar explicações para você. Eu fui a primeira pessoa a assumir que eu não sou a mesma que essa outra Beatrice, sei disso e sempre avisei, inclusive a Tobias. Mas você... Você nunca me deu uma chance. Sim, eu realmente traí, já menti e já manipule. Ignoro Caleb porque não consigo confiar nele, imagino que tenha algum a ver com isso que você falou que eu perdoaria, ele não me contou sobre isso, então imagino que eu estava certa em não confiar. E nunca perguntei sobre a minha família porque... eu já tenho lembranças dolorosas o suficiente, para que eu iria querer ter mais uma? E eu não me lembro deles, ouvir sobre eles vai me aproximaria deles? Talvez sim, talvez não. De qualquer jeito, eles são estranhos para mim e eu não conseguiria lamentar pela morte deles da maneira certa, como eles merecem, como uma verdadeira filha faria. Você nunca deu uma chance para nos conhecermos, apenas assistiu algumas coisas que aconteceram e já se considerou apto a me julgar. Você não sabe nada sobre mim, sobre tudo o que já passei , sobre meus sentimentos. Você não tem a porra do direito de me julgar, seu maldito idiota. Já chega dessa merda. O jantar estava ótimo. Muito obrigada pelo convite, Shauna. Mas acho que agora é melhor eu ir embora.

Levantou-se decididamente e saiu bufando em direção a porta, ela com certeza perderia a cabeça a qualquer segundo. Mas antes se lembrou de algo e virou-se, olhando para Zeke disse:

— E não precisa se preocupar com o Doutor Zank, aliás esse é o nome dele. Quando eu o reencontrá-lo será bem longe daqui, não tenho intenção de trazer transtornos a sua cidade.

Assim saiu, deixando a porta aberta atrás de si.

Tobias ainda ficou alguns minutos petrificado, sem saber o que fazer. Quando saiu do estado de torpor que se encontrava, ele levantou-se para segui-la. Antes de sair, ele perguntou:

–Está satisfeito Zeke? Conseguiu o que queria? Você é um idiota! E depois saiu, fechando a porta.


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Notas finais do capítulo

To sentindo falta de mais gente nos comentários! :(
Esse demorou mesmo, mas agora volta a rotina normal. Então, comentem para alegrar esse início de ano! ;)
Ps.: Respondo os comentários do capítulo passado amanhã ou logo, ok? Amo vcs!

Até a próxima...