What If... escrita por Larissa Megurine


Capítulo 8
Natal


Notas iniciais do capítulo

... Postando esse capítulo logo pra ver se tiro o atraso rsrs acho que, de agora em diante, vou ficar postando um capítulo por semana, ok?



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– Não acredito que não fizemos nada no último mês! – Laureen exclamou, enquanto ela, Matthew Snape e Draco Malfoy saíam da sala de transfiguração, pela última vez no semestre.

Eles acabavam de sair da última das provas semestrais. A professora Minerva McGonagall realmente fizera valer suas ameaças sobre a dificuldade da avaliação, mas felizmente Matthew conseguira tirar os pelos remanescentes de abajur de mesa a tempo. Olhando para as mesas dos amigos, ele viu que ambos tinham conseguido completar a transfiguração corretamente também.

– Do que está falando? – O loiro perguntou. – Tivemos a Copa das Casas de Quadribol e todas as aulas... A gente estuda, lembra?

O de cabelos negros concordou com a cabeça e completou:

– Por sinal, acho ótimo que finalmente vamos ter um descanso...

– Eu sei, eu sei... – A garota respondeu impaciente. – Mas não é disso que estou falando!

Os garotos a olharam confusos. Ela continuou:

– Vocês sabem, as coisas estranhas... – Ela falou lentamente, como se pensasse “será que vou ter que lhes lembrar do que aconteceu? ”.

– Lauren, - a garota revirou os olhos ao ouvir Draco falar seu nome errado de propósito – já esqueceu o que aconteceu quando tentamos chegar ao corredor?

Ela revirou os olhos.

– O tal do Silver nos pegou... – Ela disse, sem olhar diretamente para os garotos. – Mas isso foi porque fomos muito descuidados naquele dia! É um caminho longo das masmorras até o terceiro andar, devíamos ter pensado melhor...

– Laureen, esqueça isso, tá bem? – Matthew Snape a interrompeu. – Não dá pra gente chegar lá sem sermos notados! Tivemos sorte por que foi um monitor de nossa própria casa e não, sei lá, o Filch!

A menina pareceu aborrecida e os três caminharam em silêncio até perto da entrada para o Salão Comunal. A alguns metros de distância, porém, ela parou.

– E se fôssemos por aqui? – Ela perguntou aos dois, apontoando para a porta que fora usada apenas no Dia das Bruxas.

– ... Com certeza tem alguma senha para poder entrar por esse lado... – Draco disse, revirando os olhos. A porta não tinha maçaneta por esse lado, então eles supuseram que o acesso realmente só viria por meio da senha. – Além disso, ainda sairíamos um andar abaixo.

– Acho que poderia dar certo. – Snape falou, sonhador. – Tem uma escadaria que leva até o terceiro andar bem perto da saída do Corredor.

Os olhos de Laureen se iluminaram.

– Perfeito! Só precisamos dar um jeito de saber qual é a sala em que os irmãos Weasley entraram...

– Ofidioglossia. – Matthew falou, dando-lhes acesso ao salão comunal inundado pela habitual luz esverdeada. – E como vamos falar com eles “sem atrair suspeitas”, senhorita planejadora? Eles são, o quê, dois anos mais velhos que a gente?

– A gente dá um jeito... – A garota falou vagamente.

Duas sonserinas de olhos claros passaram por eles e acenaram para Laureen. Esta retribuiu o gesto com um largo sorriso.

– Quem são elas? - Draco perguntou. – Não são do nosso ano, são? Não lembro delas em nenhuma das aulas...

– Agatha e Holly. Estão no segundo ano. – Ela disse, com um sorriso exibido. – São fascinadas por herbologia e, quando souberam que estive no Brasil, quase surtaram. – Ela riu. – São bem legais. A Holly joga no time de Quadribol como goleira e Agatha é a irmã mais nova do garoto Fowl...

Laureen se interrompeu e os três se olharam. Não foi preciso que falassem mais nada. Ela correu atrás das mais velhas.

***

A última semana antes das férias passou mais rápido do que eles esperavam e, nove dias depois, Matthew se despedia dos amigos, na entrada da escola. É claro, como o pai era professor, passaria as férias lá. Pela primeira vez, pode sentir-se verdadeiramente pequeno dentro daquele enorme castelo.

Haviam ainda algumas pessoas que conhecia na Sonserina, mas ninguém que pudesse prender sua atenção por tempo suficiente. Para a sorte de todos os jovens bruxos tímidos da Inglaterra, Hogwarts tinha uma biblioteca gigantesca. A parte boa de uma biblioteca como aquela é que, devido à grande quantidade de livros, há várias divisões de seções, para os mais variados estilos e autores, de forma que se pode encontrar facilmente o livro que se deseja. A parte ruim é que você precisa saber o que está procurando, do contrário pode passar horas e horas apenas vagando entre as seções.

Matthew Snape não sabia de que tipo de livro estava atrás. É claro, agora que tinha todo o tempo do mundo, ele voltava a quebrar a cabeça com coisas do início do ano. Principalmente, a voz que ouvira falar com o professor Quirrel... Tudo bem que uma voz sem corpo não é a coisa mais anormal do mundo quando se tem a vida inteira de vivência num mundo com magia, mas mesmo fantasmas têm um corpo visível, ainda que não sólido. O professor também não portava nenhum tipo de aparelho de comunicação nem parou em frente a nada... notável. Mas e se tivessem deixado escapar algo?

“Aonde está querendo chegar? ”, uma voz em sua cabeça atrapalhava-lhe o raciocínio. “Quirrel é um professor de renome, está querendo acusa-lo de quê? Pobre Matt, não pode nem concluir o próprio pensamento! ”.

Furioso, espantou a voz da cabeça, mais uma vez. Estava certa. Ele era só um menino querendo viver uma grande aventura e que, para isso, criava razões extraordinárias para coisas que não compreendia. Felizmente, ou não, ainda tinha para ocupar sua mente o pai, que pedia que o ajudasse a concluir uma ou outra mistura que seria demonstrada em sala de aula (adivinhe por quem?) no semestre letivo seguinte. Severo insistia em não revelar nada para o filho sobre as suspeitas deste, mas tornava-se sempre mais reservado quando tocava no assunto de “o que será que há no corredor do terceiro andar? ”. E, logo depois, passava mais tarefas de poções para o filho.

Chegou o Natal, mas não foi, como não costumava ser, uma data tão festiva como era para as outras famílias. Matt acordou sentindo o frio do subsolo no inverno e, com muito esforço, conseguiu vencer a vontade de passar o dia inteiro na cama. No Salão Comunal, um casal de namorados se beijava, próximos à porta. Ambos deveriam ter 16 anos e, além deles, não devia ter meia dúzia de alunos lá. Matthew correu os olhos pelo aposento a procura de alguém conhecido, mas não encontrou ninguém de seu ano... Malditos sangue-puros que iam para casa nas férias!

Na base da enorme árvore de Natal, uns poucos pacotes de presente, que definitivamente não estavam lá na véspera, chamavam a atenção de qualquer um. Ele se aproximou e pegou um pacote negro com o seu nome. Sentou-se no chão mesmo e, não dando a mínima para o barulho que faria no silêncio do Salão, rasgou o papel. Dentro, havia um blusão esmeralda (“é lógico que seria dessa cor....”), com seu nome bordado num canto, e um broche com um bilhete.

Use-o sempre com você. Em breve, pode chegar o dia em que ele se mostrará necessário. Feliz Natal, e tente não se meter em confusões.

Severo

Matthew sorriu e observou o broche. Era simples: uma pedra negra com um “S” prateado. O garoto sentiu-se levemente hipnotizado pelo negro objeto, até que resolveu, como o pai instruíra, pô-lo em sua roupa.

O Grande Salão estava deslumbrantemente decorado, porém bastante vazio. Pinheiros enfeitados ocupavam cada um dos cantos e, no teto, parecia estar nevando. Enquanto o sonserino distraía-se com os enfeites encantados, uma coruja marrom claro pousou à sua frente com uma carta no bico. O garoto a pegou e reconheceu a caligrafia caprichada de Laureen.

Apressado, ele abriu o envelope. Era a primeira carta que recebia da amiga desde que ela e Draco haviam saído para Londres, mas o amigo já lhe enviara uma, à qual ele respondera. Rapidamente, ele leu o que Laureen lhe escrevera.

Matt,

Estou decepcionada porque não me enviou nenhuma carta! Quem você pensa que é? De qualquer forma, suponho que receberá esta a tempo... Feliz Natal! Acho que me arrependi um pouco de não ter ficado aí... Hogwarts é bem mais divertida que a velha Londres. Meu pai insistiu que viéssemos direto para a casa dos meus avós, então ainda não pude comprar seu presente de Natal. Nem o de ninguém, na verdade. Mas até que está sendo uma experiência interessante. Eles moram em um bairro só de trouxas, então não podem chamar muito a atenção. É surpreendente ver algumas coisas que eles têm por aqui, se bem que os livros e as fotos não são tão divertidos. A casa está lotada, mas é bem maior por dentro que por fora, então acho que ainda caberia mais gente. Minha mãe reclamou por que a família do Brasil não veio, mas meu tio escreveu se desculpando e nos mandou presentes! É uma pena que nem tudo funcione como deveria aqui... Meu pai está trabalhando incansavelmente nisso, é claro.

Preciso saber se você descobriu alguma coisa sobre a noite em que ficamos de detenção. Estou morrendo de curiosidade, mas não sou eu que tenho uma biblioteca infinita à minha disposição... Me mantenha informada!

Quero muito saber como estão as coisas por aí, então consegui que meus pais me deixassem voltar mais cedo. Voltarei logo depois do ano novo. Já falei com a Mione e ela disse que vai fazer o mesmo.

Laureen Palmer

Uma semana! Dali a uma semana suas amigas chegariam e os dias deixariam de ser um tédio... Ele deu um tapinha na própria cabeça. Deveria ter escrito para ela antes... Mas... O que teria escrito? Não importa, agora já sabia, procuraria descobrir o que havia no proibido corredor do terceiro andar e por que Quirrel estava tão interessado nisso.

Às vezes, ao longo do semestre letivo, tivera a impressão de que o professor o olhava de um jeito diferente do que fazia com os outros alunos. Como se tivesse... Talvez medo de que o garoto soubesse de alguma coisa. Depois que ele desviava o rosto, Matthew apenas sorria travesso e pensava o quanto sabia do grande segredo do professor. Nuns dias, imaginava grandes conspirações, especialmente nos dias de testes, quando imaginava que o professor devia odiar todos os alunos. Em outros, repreendia-se e pensava que tolice era pensar que um professor poderia estar conspirando contra um aluno.

Passou quase uma semana inteira repassando em sua mente diversos momentos. Não encontrou na biblioteca livro algum que relatasse algo semelhante o suficiente com o que ouvira e vagamente vira na noite da detenção, mas sempre repetia para si mesmo que procurara na seção errada e que haviam outros livros a serem lidos. Nada.

Na última tarde do ano, enquanto saía da biblioteca rumo ao Salão Comunal da Sonserina, passou pelo diretor, olhando a neve cair, pelas enormes janelas do corredor. Ele usava vestes roxas escuras, que iam até seus pés e tinha os braços abertos apoiados no parapeito. Alvo Dumbledore não dirigiu-lhe o olhar nem pareceu reparar em sua presença ali, mas, quando deu um passo adiante, a voz do velho bruxo lhe assustou.

– Boa noite, senhor Snape.

Matthew olhou-o e, só depois de um segundo, encontrou sua voz:

– Boa noite, diretor. – Saiu um pouco baixo demais, mas o professor sorriu, sereno.

– Não creio que seus professores tenham lhe dado tantas tarefas a serem feitas durante as férias, para que precisasse passar dias na biblioteca... – Ele soava como se pudesse ler todos os seus pensamentos.

– Eu... Sou curioso. – O garoto respondeu, tímido. – E gosto de ter algo para fazer...

Dumbledore riu.

– A biblioteca é bem grande... Precisa-se estar certo do que se quer ler para encontrar e, ainda assim, é possível perder um precioso tempo nela... – O diretor olhou nos olhos de Matthew. – Precisa de um direcionamento?

O coração do garoto batia forte, como quando se fez algo errado e está a um passo de ser descoberto. Ele desviou o olhar para a neve que ainda caía, do lado de fora do castelo.

– Não, senhor.

O mais velho concordou de leve com a cabeça e disse:

– Se é assim... – E começou a caminhar no sentido contrário ao que Matthew iria.

O sonserino olhou o diretor distanciar-se um pouco, até decidir o que fazer.

– ... Professor! – Dumbledore virou-se a encará-lo, por trás dos óculos de meia-lua. – O senhor já ouviu falar em... Duas pessoas ocupando um único corpo?

O diretor espantou-se com a pergunta, mas respondeu calmamente:

– Não sei o que quer dizer com isso... Há algo que o perturba, senhor Snape?

Matthew concordou com a cabeça, mas imediatamente se censurou por agir de forma tão impulsiva. Não sabia se poderia confiar esse segredo ao diretor... Ele provavelmente não seria mais um segredo se o fizesse. Ainda assim, algo na expressão do homem de barba branca mostrava-lhe que se arrependeria profundamente se não falasse nada. Enfim, ouviu sua própria voz dizer:

– Imagino que há algo escondido no corredor do terceiro andar, o que é proibido... E creio que alguém possa estar interessado nessa coisa. – Dumbledore olhou para o garoto com um sorriso que parecia de orgulho, mas também parecendo intrigado. Isso significava que estava certo, não é? – ... E que o senhor sabe do que se trata.

“É claro que sabe! Ele é o diretor! ”, Matthew pensou. Ainda assim, ficou um pouco surpreso ao ver que o outro concordava lentamente com a cabeça.

– Penso eu, senhor Snape, que um aluno não deveria ter conhecimento sobre este assunto... Mas confesso estar interessado em saber de quem o senhor suspeita...

– Do professor Quirrel, senhor. – “Mas é mais do que uma suspeita. ” Ele respondeu, pensou depois, rápido demais.

Dumbledore ficou sério e seu olhar pareceu distante, mas não parecer se alterar quando voltou a falar.

– Não vejo por que o professor teria interesse neste assunto... E, infelizmente, as regras da escola não me permitem revelar tal tipo de informações a um aluno... – Ele sorriu, mas não parecia feliz. – Mas suponho que você possa descobrir por si só que tipo de coisa seria útil a alguém que vive de inquilino no corpo de outro...

Dito isso, ele se virou e foi embora, deixando o garoto no corredor, sem muitas respostas, mas sabendo que estava no caminho certo, se queria descobrir o que estava havendo.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente, vocês estão gostando? Pedidos? Sugestões?



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