Pare! Não se aproxime escrita por Apiolho


Capítulo 1
1 - Desprazer, essa sou eu.


Notas iniciais do capítulo

Cheguei com um projeto, então não é de certeza que postarei rápido.

Quem me conhece sabe que isso não é muito novidade.

Como estou com outra fanfic em andamento, essa ficará um pouco em segundo, até porque sei que não sou muito famosa. HAHA

Beijos e espero que gostem.



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Capítulo um

Desprazer, Essa sou eu

“Solitário, um menino excluído brinca
No fundo do quintal com uma rodinha nas mãos.
Parece estar dirigindo, mas tão concentrado...
"Esse menino, não joga bola,
Não brinca com os outros,
Não se aproxima de meninas...
Não sei o que vai ser dele!" _ fala a mãe, solteira, do garoto.
Aliás, a família comenta o estranho jeito de ser do menino.
O tempo vai passando e ele continua isolado,
Mas substitui a rodinha por um papel e uma caneta.”

(Lucio Vargas)

 

Passando pelo corredor saberá minha reputação na escola. Tinha o cabelo preto, a íris verde e uma franja decorava meu rosto.

Era ensino médio, último ano e onze anos estudando nesse inferno. Meu moletom era preto, usava uma calça do uniforme, tênis surrado com quadradinhos vermelho e branco quase extintos desenhados no cadarço e mochila de costas de única cor – que era enfeitado com escritas dada pelos alunos, dentre elas “macabra” e “feia”.

Se acha que eu fui uma garota que usava roupas, de marca, rosas e saia está errado. E muito menos fui machucada por um garoto na formatura do ensino fundamental e me rebelei. Na verdade a única pessoa do sexo masculino que chegou perto de mim e foi carinhoso comigo era meu pai. Ele morreu, de infarto, e minha mãe me culpa até hoje por não tê-lo ajudado.

“Disseram que ela matou seu pai e irmão”, comentou uma garota de cabelos loiros e olhos castanhos a uma ruiva de olhos verdes, parecia ser uma novata.

Menos uma.

“Pensei que essa garota tinha se suicidado nas férias, ia ser até melhor”. Declarou outra enquanto me olhava com nojo. “Parece que está sempre de luto”, completou aos risos.

Eu não tive irmão, apenas uma que tem 8 anos e foi fruto de um namorado de minha mãe. Tinha os cabelos loiros cacheados e os olhos azuis e era cuidada com todo o amor que nunca tive. Não tenho habito de me cortar, nunca o fiz e muito menos procurei uma corda para me enforcar.

Corri meus olhos sonolentos pelos armários procurando o que a secretária havia colocado no papel. Era o 666, o que aumentaria a reputação que tinha no local. Antes o dono era um garoto roqueiro, mas o grupo o obrigaram a trocar e eu fui a escolhida nesse ano. Sei disso porque ouvi essa discussão.

Quando o achei vi que estava enferrujado, mas ainda tinha um pouco do azul padrão nele. O número prateado estava intacto e ao abri-lo fiquei aliviada por estar limpo e aproveitei para colocar algumas apostilas dentro e na mochila apenas o que usaria hoje. Não tinha fone de ouvido conectada em uma música para me defender de julgamentos e ao fechar o armário me pararam.

Era a Megan, popular do colégio, líder de torcida com suas duas clones atrás. Mascava chiclete e me mirava de maneira enjoada, usava uma saia e não sabia como seu silicone não saltava por causa da blusa apertada.

— Fecharei esse ano com chave de ouro e não quero você perto de mim atrapalhando. — gritou e cochichou algo para as companheiras antes de se afastar.

Quando as vejo sempre tenho a impressão de que são namoradas ou que tem fixação uma pelas outras. Apenas balancei a cabeça debaixo para cima em concordância.

— Responde direito, sua merdinha! — Uma das cópias esbravejou enquanto me encurralava no armário.

Não falei nada e esperei pelo que sabia que ia ocorrer, recebi um chute no estomago enquanto a outra me arranhava no rosto e machucava meus lábios, tanto que senti o cheiro de sangue. Mesmo depois de anos eu não estava acostumada, era como se fosse a primeira vez. Eu nunca fiz algo para elas e sempre era o alvo principal.

Não era perdoada nem no primeiro dia.

Megan ficava olhando enquanto me surravam e ria de forma sombria junto com os outros que viam a cena. Quando pararam eu estava em posição fetal e ao ver que se afastavam corri para o banheiro. Agradeci pelo ambiente estar vazio e peguei o papel e segurei no corte com força para que parasse de sangrar, as lágrimas salgadas faziam com que os ferimentos do rosto ardessem.

Meu moletom estava largo na gola e meu pescoço um pouco vermelho, o que ficaria roxo no dia seguinte.

Recuperei-me depois de um tempo, sequei meu rosto e entrei na sala que estava escrita no horário. As poucas pessoas que se encontravam me olharam de forma assustada e começaram a falar com outros, possivelmente sobre mim.

Sentei no canto do fundo, mas não na janela, e sim na frente do armário, minha cadeira era colada nela. Do outro lado estavam os mais descolados e na frente os nerds. Coloquei meu capuz e fiquei lendo a matéria em silêncio.

— Bom dia alunos. — Começou o professor enquanto mirava cada pessoa e sorria de forma falsa. — Quem é novo faça o favor de se apresentar quando os chamar. — Declarou.

Meu nome era Amélia, mas preferia Amy, e penso que morrerei sem ninguém saber disso. Haviam duas morenas, aquela ruiva da entrada e um de cabelo castanho que eram novos. As garotas começaram a berrar quando ele falou seu nome, parecia ser Jasen, Jonas, Jonata ou algo assim que eu não tinha interesse em saber. Do meu uma morena se sentou do meu lado, parecia tímida e usava óculos, mas eu mal a olhei.

A observação que eles estudavam aqui, porém eram de outra classe, menos a primeira.

— Quer um band-aid? — Questionou a menina aos gaguejos.

— Não. — Respondi de forma seca e voltei a prestar atenção na aula.

Ela pareceu não se importar e não tinha mais esperança de fazer alguma amizade, tinha conhecimento de que logo se afastaria, isso sempre ocorre. Os boatos correm e se surpreendeu por ainda não saber sobre mim. A morena não desistiu e colocou o curativo em cima da minha carteira e vi de esguelha que ela sorria. Não correspondi.

O professor falava sobre anatomia, coração, pulmão e sobre assuntos que eu tinha visto antes dele começar. Olhei para a minha calça e notei que ela estava um pouco manchada. O sinal bateu e mais aulas seguiram, quando chegou o intervalo fui rapidamente para a biblioteca e coloquei o band-aid no meu nariz, que estava um pouco inchado, no caminho.

Não consegui chegar onde queria, fui novamente parada pelas patricinhas com o soco mais potente da cidade. Elas arrancaram com força o curativo e me empurraram com força, tanto que cai na grama molhada. Nada fiz enquanto pediam por briga e fui para o meu refúgio.

A bibliotecária nada disse e me dirigi para as prateleiras. Eu vivia enfurnada em cima dos livros, meus trabalhos eram feitos em cima deles e manualmente, eu não tinha internet em casa e os daqui eram lotados e nunca conseguia ficar mais de quinze minutos nele. Como eu tinha um emprego vespertino e não havia muito dinheiro os educadores, por sorte, aceitavam uma atividade manual.

Eu nunca conseguia tirar notas muito altas, eram sempre medianas e algumas abaixo nas matérias que não sejam literatura e química, entretanto nunca rodei. Tinha dezesseis anos e expressão de sessenta. A maquiagem no meu rosto não existia e meu cabelo era sempre amarrado, as vezes em uma trança, e com o capuz por cima.

Querem saber por que minha mãe não me paga? Ela vive nas ruas e raramente a vejo pela manhã e nem ao menos fala comigo. Eu morava praticamente sozinha e uma senhora me deixou ajudá-la na loja de discos e agora que posso ser aprendiz aumentou meu salário. Ganho R$630,00 e é dividido com o aluguel que minha progenitora me cobra – R$200,00 -, lanche diário, e R$130,00 do colégio, do que resta coloco no banco que meu pai tinha feito para mim.

Passei pelo pátio quando o sinal bateu e comecei a ouvir algumas músicas de funk e umas garotas que estavam rebolando correram para dentro do colégio. Quando me viram se afastaram e eu os olhei de forma mortal para depois ir em direção a quadra, era aula de educação física.

Fiquei com minha roupa enquanto as outras iam colocar uma adequada no vestiário, no começo eles reclamavam, mas como as vezes ajudava na biblioteca deixavam eu ficar de calça. Apenas tirei meu moletom e alguns hematomas apareceram. Alguns me olhavam assustados, principalmente os novatos.

Algumas garotas me deram umas boladas, mas por sorte conseguia defender a maioria. Eu era a goleira, tinha de ser. Quando estava no meio da aula o megafone soou.

“Amélia Ortiz, da 303, favor se dirigir a diretoria”

Era eu.

Minha primeira reação foi pedir licença para a professora e ir até o lugar, entretanto sem antes passar no banheiro feminino para colocar a vestimenta preta por cima. Ao passar pela porta escutei uns gemidos e me escondi na parede que dava acesso as pias.

Quando coloquei apenas a cabeça por causa da curiosidade. Vi algo que queimou meus olhos. Um tal de Jason, Emerson, Anderson ou Nelson estava lá – deu para percebeu que não sou muito boas com nomes né? – com uma garota em cima do lavatório.

Infelizmente não estavam nas preliminares e eu vi o instrumento masculino, que não sabia se era grande, e uns movimentos esquisitos. Ela arranhando suas costas e ele beijando os seios dela de maneira faminta. Até hoje não entendo o porquê de ter ficado lá paralisada. O que deu tempo do tal garoto me ver ali e sorrir de forma presunçosa.

Era torto e cafajeste.

Sim, era a primeira vez que eu via uma cena dessas, da qual demoraria a esquecer. E eu certamente ia denunciá-los para a diretoria. E com isso corri até o corredor e fui direto a sala que haviam me chamado para ir. Provavelmente me mandariam limpar a escola ou algo assim.

— Demorou, Amélia. — Sussurrou o homem.

Tinha um bigode grosso e parecia o Sr. Leôncio do desenho do pica-pau. Eu estava nervosa e minhas mãos tremiam, delatar alguém era novidade para mim. É, nunca contei do bullyng que sofria desde a sétima série. Antes passava despercebida.

— Desculpa, é que tive de ir no toalete. — Expliquei.

— Então faça o favor de se sentar. — Declarou em um tom autoritário.

Fiz o que mandou prontamente.

— Eu te chamei aqui Ortiz porque é o último ano do ensino médio e não teve uma amizade se quer. Recomendei psicólogos e nada deu certo. Então a obrigarei a fazer dupla em literatura e química, matérias que é boa, com alguém que tem nota baixa e quase rodou na segunda fase. Estou preocupado contigo. — Confessou com uma expressão triste.

Não! Socializar não é minha área.

— Quem? — Questionei com receio.

Que não seja a Megan ou sua clones, que não seja.

— É o Henry Nagel. Logo ele chegará. — Respondeu.

Um menino? Isso é no mínimo temível. Mas pelo menos não são as minhas inimigas mortais. Até porque eu não gosto de todos dessa escolas, mas as três eu odeio. E o motivo de fazerem isso comigo é um mistério.

— Está atrasado, como sempre. — Comentou o diretor de maneira carrancuda.

— Só para não perder o costume. — O tom em divertimento.

E quando virei me assustei, era o menino do banheiro. Aquele que eu julgava se chamar Jason ou outra coisa, não Henry. O cabelo dele era castanho escuro e o olho azul. Alto demais, bonito demais, tarado demais e provavelmente muito burro.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram?

A imagem não é minha, nem a frase do começo, desculpa se tiver um erro de português.

Eu prometo que olhei umas duas vezes.Reviews, please, me animaria muito nesse inicio de uma nova fic.