Pare! Não se aproxime escrita por Apiolho


Capítulo 2
2 - Não me toque


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde.

Aqui estou com um novo capítulo, mas aviso que raramente será assim. É que no começo minhas idéias estão frescas ainda.

Quero agradecer a Senhorita Foxface por mandar meu primeiro review dessa fanfic, obrigada mesmo. *-*

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479958/chapter/2

Capítulo dois

Não me toque

"Sabe o que é foda? É se sentir excluído. É se sentir um peso na vida de alguém. É sentir que as pessoas que você gosta, estão se enjoando de você. É sentir que não presta pra nada. Uns dizem que pode ser drama, mas essa é apenas o resultado quando você tenta se preocupar com alguém e não recebe o mesmo tratamento. Você se sente mal e um completo idiota. O pior de tudo é se sentir assim e ver que ninguém percebe ou se importa"

(Leandro Costa)

 

— Te conheço, não? — Perguntou ao me ver. Tentando me seduzir com seu sorriso.

Que cínico!

— Deve ser porque estudo nessa escola. — Com escarnio.

Minha vontade de completar "e por sinal te vi comendo uma loira no sanitário" era grande.

— E a partir de agora vão ficar na mesma sala também. — Completou.

— Por quê? — Não resisti, isso era horripilante.

— Se vão ser parceiros é óbvio que terão de ficar juntos no período escolar.

— Eu sei disso, mas a questão é o motivo. — E o galã de quinta categoria ficava se olhando no espelho do local enquanto debatiamos.

— Henry, aceita ser dupla dela nas aulas de literatura e química? — Falou como se tivéssemos escolha ou estivessemos nos casando.

O castanho então me olhou e sua expressão canalha voltou, assim como dava de notar que ele não estaria do meu lado e ia tirar proveito disso. E eu não quero perder minha virgindade no banheiro, muito menos com esse safado.

— Claro, vamos nos dar muito bem, Sr. Clemente. — Confirmou e piscou para mim.

— Como ele teve a audácia de flertar comigo?

Pensei que no primeiro dia teria sossego, mas não. Meu ano começou mal, tanto que tenho vontade de desistir daqui. Entretanto minha mãe não concordaria, e teria de ter a autorização dela para isso.

— E agora o que importa: o que ganharei com isso? — Questionei.

— Além de não precisarem mais pagar a mensalidade, vão ganhar R$120,00 e um ponto na média em todas as matérias. Como se fosse uma tutora. — Propôs.

Gostei.

— Então está feito. — Finalizei a apertei a mão dele.

Com isso sai da sala com um sorriso no rosto, que mais parecia uma careta. Não sou muito boa em transmitir felicidade. Quando estava indo para a saída uma mão me segurou e me prendeu em uma sala pequena, que parecia ser do zelador.

Havia muitos equipamentos, como vassouras, baldes, produtos de limpeza. Era tão apertada que me dava um abafamento, e isso piorava com alguém a minha frente me encurralando na parede do lugar. Ele ligou a luz e me olhou com firmeza.

— A endemoniada então gosta de ficar espiando os outros transando? —acusou.

Não fale esse nome e nem esse significado para fazer amor, por favor. Ah! Minha reputação é bem conhecida aqui no colégio mesmo.

— Quem manda fazerem isso em um banheiro? — rebati.

Ele então agarrou meu braço com a brutalidade que me fez gritar de dor. Não por causa de seu aperto, mas porque ali já estava machucado. Ao escutor meu gemido o guri levantou a manga do meu moletom sem permissão. O que viu ali o deixou horrorizado, pelo menos foi o que constatei.

— Quem fez isso? — sussurrou enquanto massageava o local de forma fraca.

Esse ato mexeu comigo, até porque ninguém me tratou desta maneira.

— Fala isso como se não soubesse. — Estava desconfiada.

Hélio, Helon ou algo assim continuou a me tocar, como se fizesse isso sempre e com destreza. Estava tão próximo que fiquei incomodada e nervosa. Olhei-o com a cara mais irada que tive, mas ele nem se afastou.

— Me solta! — Rosnei.

Ele riu da minha cara. Isso mesmo. E ainda tirou o meu capuz em resposta com a outra mão.

— Eu avisei para me largar. — Esbravejei, agarrando seu cabelo com força para que me deixasse sair.

Fez um som estranho e depois soltou um gemido enquanto fechava os olhos, parecia ser de prazer.

— Nunca recebeu um carinho não garota? — Perguntou ao me mirar de maneira intensa.

"De homem? Tanto tempo que nem lembro". Minha mente repetia.

— Não tem esse direito, de simplesmente me prender aqui, levantar minha manga e fazer essas perguntas. Nem me conhece, muito menos é meu amigo e espero que nunca seja. — Declarei em fúria, conseguindo sair rapidamente.

Tinha guardado todo os meus pertences por causa da educação física e por isso não precisei mexer no armário da besta.

Algumas pessoas que estavam no corredor nos olharam e Henry me seguiu. Quando estava na escada que dava acesso ao pátio conseguiu me alcançar e pegar meu braço. Como estava lotado o lugar fiquei sem graça. Já era perto do meio-dia e o sol nos iluminou rapidamente.

— Eu... — Minha raiva era tanta só de começa-lo a ouvir que não aguentei.

Dei um tapa nele com força e quando ele paralisou e afrouxou o aperto fugi. Apenas vi de longe que estava com a mão no rosto e a expressão assustada. A pena por pouco cresceu em mim, entretanto se dissipou ao lembrar dele me tocando.

Fiquei na parada de ônibus na frente do colégio e notei várias garotas o consolando. Porém ele me olhava e parecia fazer uma expressão dolorida. É um incorrigível e desrespeitoso. Bem capaz dele ter me beijado se eu não abrisse a porta naquele momento.

Ao chegar em casa chorei um pouco na companhia do meu ursinho chamado sinistro. Já estava rasgado e velho, porém era uma das poucos coisas que lembravam meu pai.

Meu quarto era preto com uns morcegos de plástico colados neles. Meu travesseiro era do Frankenstein e o cobertor colorido. Era a minha cara. Mesmo que o bicho de pelúcia dissesse o contrário.

Coloquei meu uniforme de trabalho e fui para a loja de discos mais cedo. E ao abrir a porta a campainha tocou anunciando a minha chegada.

— Bom dia, querida. O que quer aprender hoje? — Cumprimentou com doçura a idosa e minha chefe.

— Bom dia, Dona Diná. Pode ser torta de frango? — Questionei animada.

Era como uma mãe para mim.

Levou-me até a cozinha da sua casa, que era atrás desse e começou a pegar os ingredientes. Ela sempre me ensinava e fazia algo para eu comer depois no jantar.

— Aconteceu algo hoje, meu docinho? Parece tão triste. — Iniciou quando estávamos comendo na mesa.

E eu nunca tinha novidade para contar.

— Além das três meninas me darem a surra de recepção?

— De novo? Meu Deus, te machucaram mesmo Amélia! — Estava assustava, como sempre.

Então me puxou pela mão para a sala e cuidou dos meus ferimentos com lentidão. Apesar de não usar bengala seus movimentos eram limitados.

— Obrigada, não sei o que faria sem você. — Declarei

— De nada. Logo isso passará.

Sim! O ensino médio está no fim.

— Tomara. — Engoli em seco.

— Mas então? Arranjou algum amigo? — Ansiosa.

— Como sempre não, apenas terei de fazer dupla com um garoto. Mas não quero a amizade dele. — Respondi de maneira irritada.

— Não diga isso, pois pode ser um ótimo amigo algum dia. — Aconselhou.

— Ele é nojento. — Disse ao me lembrar do que vi no banheiro.

Ela ficou preparando algo para nós, afirmando que eu ia mudar de ideia e fazendo suas atividades normais. Eu fui cuidar da loja. A campainha tocou e um jovem com o cabelo em moicano, pintado de verde e roxo, e raspado do lado apareceu. Disse que queria um disco do Ozzy e mostrei onde era.

Falava com eles quando precisava.

— Custa dez e sessenta. — Disse em uma tentativa de formar um sorriso no meu rosto.

De perto dava de ver que sua unhas eram pintadas de roxo e usava lápis de olho e rímel.

— Você parece um monstro, "mina". — Isso para ele é como um elogio.

Não disse nada e ele saiu com uma face regada pelo tédio.

— Um moço tão bonito. Para que ficar se enfeitando desse jeito? — Questionou a Diná.

— É o estilo dele, senhora. — Respondi.

— Não entendo esses jovens de hoje em dia. — Contrariada.

Apenas ri fraco e vi o tempo passar. Quando era 17h30 fui liberada. E então rapidamente cheguei a residência e corri na esteira, bicicleta e fiz uns exercícios para os glúteos e perna. Fazia isso para me desestressar e porque a antiga psicóloga tinha recomendado.

Aliás, foi ela que disse de fazer um diário. E só agora resolvi escrever nele.

Quando deu sete horas tomei banho e comi o que a minha chefe fez. Era panqueca de carne com milho e arroz, a salada eu fiz. Quando terminei a janta preparei o lanche de amanhã e fiz as tarefas. Quando olhei o horário notei que amanhã era aula de química.

Ou seja, encarar o tal de Heron, Helon, Hélio ou Henry.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?

Gente, não sei se o que ocorreu no cap. anterior é para maior de 18, então eu resolvi colocar essa classificação só que sem colocar Hentai no gênero.

A imagem não é minha e desculpe se tiver algum erro de português.

Mandem-me reviews? POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR. Obrigada desde já.

Beijos.