Era uma quinta feira como qualquer outra quando tudo começou. Eu estava no colégio como se fosse apenas mais um dia, no intervalo de uma aula pra outra, esperando o professor na sala. Uma outra pessoa entrou na minha sala e logo vi que o professor antigo tinha sido substituído.

Pedro era novo professor de biologia. A princípio eu achei ele um gato, comentei com as minhas amigas que concordaram na hora.

Duas semanas depois...

Eu estava no caminho de casa quando Pedro vinha em minha direção. Fui simpática e agi normalmente, afinal, nada demais estava acontecendo. Ficamos conversando por um bom tempo, até queo ônibus dele chegou. Ele me deu um abraço e um beijo na bochecha e quando fui retribuir, ele virou o rosto.

Eu não estava acreditando naquele momento, eu quase dei um selinho no meu professor.

Passei a noite inteira pensando nisso e claro, no outro dia fui contar para minhas amigas. No final no dia, a sala toda estava sabendo, mas não por mim e sim por algumas colegas fofoqueiras, mas isso é o de menos, eu sabia que aquele assunto não sairia dali.

No outro dia, por todo canto que eu passava, não pude deixar de reparar as pessoas me olhando, alguns até rindo. Eu soube naquele momento que eu não podia confiar tanto assim em pessoas que eu tinha conhecido apenas em um mês. Pensei em tomar algumas atitudes antes que essa fofoca caísse em ouvidos errados, balela. Não fiz nada e foi melhor assim.

Uma semana se passou...

Quinta feira era feriado, aproveitei para ir na casa da Hanna para que pudéssemos estudar juntas para a prova do dia seguinte. Quando sai, fui para o ponto de ônibus, mas estava demorando muito, foi então que decidi pegar um qualquer e depois pegar outro, num ponto mais movimentado. Para minha surpresa, Pedro estava sentado lá atrás.

Ele me chamou para sentar ao seu lado, fui por educação, mas eu me sentia constrangida por estar perto dele, eu só não queria demonstrar isso por meio de atitudes. Começamos a conversar sobre o colégio primeiramente. Ele tinha ido trabalhar. Não tinham avisado para ele que naquele dia não haveria aula, não pude deixar de dar algumas risadas.

– Desculpa, mas como é teu nome mesmo? - disse ele.

– Isabella.

– São muitos alunos para decorar o nome.

– Sem problemas - respondi sorrindo de lado.

Falamos sobre meu assunto favorito: cinema e música. Conclui que temos gostos parecidos, mas ainda encontramos divergências.

Estava perto do meu ponto quando ele me perguntou 3 coisas:

– Você já namorou? Durou quanto tempo? Você sofreu muito?

Fiquei em choque. Onde ele queria chegar fazendo essas perguntas?

– Sim, durou 3 meses. Não sofri, acabou por que não tinha mais clima, cada um foi pro seu lado mas ainda somos amigos, sou bem flexível em relação a isso - respondi.

– Interessante.

Com essa resposta eu fiquei realmente sem reação. Ao chegar no meu ponto, vi que meu ônibus tinha acabado de sair, mas para a minha sorte um outro tinha acabado de chegar. Sorte pois eu não aguentaria ficar mais um minuto ao lado dele sem pensar nisso.

Ao chegar em casa, imediatamente chamei minhas duas amigas no whats, a Hanna e a Lisa. Contei tudo para elas, só podia confiar nelas para desabafar naquele momento.

– Aw Bella, vai ver ele só quer treinar a biologia na prática e quer te usar comocobaia - brincou Lisa.

– Ai, credo, nem fala uma coisa dessa, ele é meu professor cara - respondi aflita.

– Ezra Fitz amiga.

– Desculpa Lisa, mas eu não estou nada afim de ser uma Aria Montgomery da vida - eu estava ficando ainda mais nervosa.

Mas será mesmo? A diferença de idade entre nós era de 12 anos. DOZE.

O tempo foi passando. Eu e Pedro estávamos cada vez mais próximos. As vezes a gente ia tomar sorvete, ou comer uma coxinha depois da aula.

– Eu lembro que você disse que queria assistir Robocop, eu to indo sábado no cinema, bora? - perguntei.

– Claro. A que horas? - ele devolveu a pergunta.

– Ás 16h tá bom?

– Sim. - ele parecia satisfeito.

Eu mal podia esperar para aquele sábado, passei horas escolhendo uma roupa legal.

O dia finalmente chegou. Fui bem básica: calça jeans, baby look, sapatilha, maquiagem e alguns acessórios.

– Não vim de salto alto pra não ficar mais alta que você - brinquei.

– Ahhh, você também acha que sou baixinho demais? - ele perguntou.

– Só um pouquinho vai - disse rindo.

– Você está muito bonita.

– Obrigada - ele deve ter percebido o sorriso enorme que plantei no meu rosto.

– Você compra os ingressos e eu as pipocas, pode ser? - ele perguntou.

– Claro.

O filme começou e eu nem estava tão interessada em vê-lo. Lá no fundo eu sabia que eu só estava naquela sala de cinema para fazer companhia a ele.

– Bella? - ele olhou para mim.

– Oi?

Eu mal pude virar a cabeça pra olhar pra ele, quando percebi, Pedro estava me beijando e antes que eu pudesse pensar, eu o afastei.

– Me desculpa, eu não devia ter feito isso, eu sou um idi...

Eu beijei ele de volta. Eu realmente não sei o que deu em mim, mas eu só aproveitei o momento, muito bom por sinal.

– Não fala nada Pedro, não foi nada.

Depois disso agimos como se nada tivesse acontecido, mas ao chegar em casa foi quando eu vi a burrada que tinha feito. Eu só ia ver o Pedro na quinta feira e eu precisava falar com ele sobre isso. Podia parecer besteira e pra ele não ter significado nada, mas para mim sim. Eu sabia que eu não ia parar de pensar no beijo até que eu ouvisse uma palavra vinda dele a respeito disso. Mandei um sms marcando um encontro no outro dia.