Você Ainda Não Tem 15 escrita por Sunshine


Capítulo 5
31 de Janeiro


Notas iniciais do capítulo

Recomendado para ler ouvindo Girl on Fire, da Alicia Keys. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/479937/chapter/5

Já estou acostumada a acordar cedo, mas só hoje eu queria ter esquecido o horário e ficado em casa. Assim eu não teria que aguentar a ilustre companhia de André. Sentiu a ironia? Mas o sol em meu rosto tinha de acabar com minha felicidade, é claro. E então, como uma boa garota que sou, tive que ir me arrumar para a escola.

Minha mãe estava demorando, portanto fui atrás dela. Eu a encontrei no banheiro, estava retocando a maquiagem. Seus olhos estavam inchados e vermelhos. Ultimamente eu a via chorando sempre. Queria tanto saber por quê! Suspirei, fingindo sorrir fraco e não perceber, voltando depois para a sala. Tenho que descobrir o que ela tem, o que a fez ficar assim? Muitas vezes eu cuido mais da minha mãe do que ela de mim, não poder protegê-la e sentir-me impotente está me matando por dentro.

Fui para a escola e as aulas passaram bem devagar, parecia até que surpreendentemente o tempo estava me ajudando. A cada minuto que passava eu tinha mais medo da aula de tarde, não fazia ideia de como seria. Por fim, tocou o sinal de saída e eu fui almoçar em um restaurante perto da escola para ser mais prático. Comi lentamente, tentando prolongar o momento. Não estava nada ansiosa para a aula.

Voltei e fui para a biblioteca esperar André. Como cheguei antes, fui adiantando alguns deveres por enquanto. Estava rezando para que ele faltasse. Não estava com saco algum para aguentar suas provocações. Ele felizmente demorou a chegar. Eu olhava o relógio e nada, quando deu uma hora de atraso cansei de ficar dando uma de idiota e levantei-me para ir embora. Já quando eu estava na porta, o bendito chega.

– Você! – ele apontou para mim. – Você vai me dar aula, não é? – ele soltou uma gargalhada tão alta que todos nos olharam. Tentei cobrir meu rosto com a mão e o adolescente começou a se aproximar de mim. Senti minhas mãos geladas. – Até parece. Saiba que eu vou te infernizar, Luninha. Durante todas as aulas.

Estava bêbado, com toda a certeza. Meu Deus, como é que uma pessoa de catorze anos bebe dessa forma? O que eu vou fazer com esse garoto? Não posso deixar ele aqui. Estava começando a acreditar que não era uma boa ideia eu ensiná-lo o assunto. Mas o máximo que eu podia fazer era chegar perto dele e sussurrar:

– Aqui é a biblioteca, fale baixo. Você precisa de um banho gelado. Quer que eu te leve até um ponto de ônibus?

– Você não tem o direito de dizer do que eu preciso, sei cuidar de mim mesmo. – logo após sua linda demonstração de independência ele vomitou em meus pés. Meu all star preferido! A raiva ardeu dentro de mim e eu dei um soco forte em seu peito.

– Seu idiota! Vai comprar outro quando estiver sóbrio! Agora vamos. – o puxei pelo braço com força, não acredito que aceitei participar dessa piada.

Fiz com que descesse enquanto me xingava de tudo que é possível e imaginável até chegar no corredor que eu saio. Era um local sempre vazio, portanto ele poderia entrar no banheiro feminino. Comecei a puxá-lo para dentro, mas ele resistiu. Revirei os olhos.

– Qual o problema agora? – virei-me para o idiota que sorria maliciosamente.

– Eu sei que você quer meu corpo nu, Luninha, mas no banheiro me parece desconfortável.

– Não me confunda com as outras garotas que você encontra, usa e descarta, Montez. Eu não sou igual a elas. – bufei e o arrastei para dentro. Apenas o soltei quando estávamos na frente da pia, seu braço estava vermelho pelo aperto da minha mão. – Faça gargarejo para tirar esse fedor podre da sua boca.

O garoto me olhou como se não entendesse minhas palavras.

– Não ouviu o que eu disse?

– Ouvi, mas não vou gargarejar.

Fuzilei-o com os olhos e peguei um copo que havia ao lado da pia e o enchi de água e estendi.

– Gargareje.

– Não!

Peguei o copo, segurei-o acima de sua cabeça e despejei todo o conteúdo abaixo.

– Essa roupa é cara! – quase nunca os alunos vinham de tarde para escola de farda, então ele usava uma blusa preta. Pela água fria na cabeça, um vestígio de sobriedade surgiu.

– Estou ligando demais para sua blusinha carinha de marca que papai comprou. – enchi o copo novamente – Gargareje.

– Você está louca? Não!

E novamente eu derramei toda a água em sua cabeça.

– Vai fazer logo o que eu estou dizendo ou precisa de outro banho?

André me fuzilou com os olhos, mas estava bêbado demais para fazer algo. Por isso, fez o que eu disse.

– Onde está sua bolsa?

– Na quadra, por quê? – ele estava entorpecido e confuso então era mais fácil manipulá-lo. Apenas o puxei até a quadra fechada ignorando os murmúrios quando adentrei no local e peguei sua mochila, voltando logo após ao banheiro.

Ao chegar, abri sua pasta e retirei a garrafa de vodca, jogando o resto no chão. É claro que ele tinha mais. A abri e logo senti o cheiro de álcool. Dando uma careta, despejei tudo pela pia e joguei a garrafa no lixo. Ao finalmente olhar para o garoto, percebi que ele me olhava perplexo. Aproximei-me dele.

– Minha garrafa...

– Nunca mais chegue uma hora atrasado e bêbado na minha aula, entendeu?

Afastei-o de minha frente e saí, nem sabia o porquê de realmente ter acreditado que ele viria. Todo o meu medo foi em vão. Assim como eu ter ficado na escola.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Luna é meio louca quando está irritada kkkkk Mas e aí? O André mereceu ou não? Sim, Luna se irrita fácil, se vocês se irritarem com ela, eu já fiz isso! kkk Vejo vocês nos comentários.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você Ainda Não Tem 15" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.