Você Ainda Não Tem 15 escrita por Sunshine
Notas iniciais do capítulo
Recomendado para ler ouvindo Girl on Fire, da Alicia Keys. Espero que gostem!
Já estou acostumada a acordar cedo, mas só hoje eu queria ter esquecido o horário e ficado em casa. Assim eu não teria que aguentar a ilustre companhia de André. Sentiu a ironia? Mas o sol em meu rosto tinha de acabar com minha felicidade, é claro. E então, como uma boa garota que sou, tive que ir me arrumar para a escola.
Minha mãe estava demorando, portanto fui atrás dela. Eu a encontrei no banheiro, estava retocando a maquiagem. Seus olhos estavam inchados e vermelhos. Ultimamente eu a via chorando sempre. Queria tanto saber por quê! Suspirei, fingindo sorrir fraco e não perceber, voltando depois para a sala. Tenho que descobrir o que ela tem, o que a fez ficar assim? Muitas vezes eu cuido mais da minha mãe do que ela de mim, não poder protegê-la e sentir-me impotente está me matando por dentro.
Fui para a escola e as aulas passaram bem devagar, parecia até que surpreendentemente o tempo estava me ajudando. A cada minuto que passava eu tinha mais medo da aula de tarde, não fazia ideia de como seria. Por fim, tocou o sinal de saída e eu fui almoçar em um restaurante perto da escola para ser mais prático. Comi lentamente, tentando prolongar o momento. Não estava nada ansiosa para a aula.
Voltei e fui para a biblioteca esperar André. Como cheguei antes, fui adiantando alguns deveres por enquanto. Estava rezando para que ele faltasse. Não estava com saco algum para aguentar suas provocações. Ele felizmente demorou a chegar. Eu olhava o relógio e nada, quando deu uma hora de atraso cansei de ficar dando uma de idiota e levantei-me para ir embora. Já quando eu estava na porta, o bendito chega.
– Você! – ele apontou para mim. – Você vai me dar aula, não é? – ele soltou uma gargalhada tão alta que todos nos olharam. Tentei cobrir meu rosto com a mão e o adolescente começou a se aproximar de mim. Senti minhas mãos geladas. – Até parece. Saiba que eu vou te infernizar, Luninha. Durante todas as aulas.
Estava bêbado, com toda a certeza. Meu Deus, como é que uma pessoa de catorze anos bebe dessa forma? O que eu vou fazer com esse garoto? Não posso deixar ele aqui. Estava começando a acreditar que não era uma boa ideia eu ensiná-lo o assunto. Mas o máximo que eu podia fazer era chegar perto dele e sussurrar:
– Aqui é a biblioteca, fale baixo. Você precisa de um banho gelado. Quer que eu te leve até um ponto de ônibus?
– Você não tem o direito de dizer do que eu preciso, sei cuidar de mim mesmo. – logo após sua linda demonstração de independência ele vomitou em meus pés. Meu all star preferido! A raiva ardeu dentro de mim e eu dei um soco forte em seu peito.
– Seu idiota! Vai comprar outro quando estiver sóbrio! Agora vamos. – o puxei pelo braço com força, não acredito que aceitei participar dessa piada.
Fiz com que descesse enquanto me xingava de tudo que é possível e imaginável até chegar no corredor que eu saio. Era um local sempre vazio, portanto ele poderia entrar no banheiro feminino. Comecei a puxá-lo para dentro, mas ele resistiu. Revirei os olhos.
– Qual o problema agora? – virei-me para o idiota que sorria maliciosamente.
– Eu sei que você quer meu corpo nu, Luninha, mas no banheiro me parece desconfortável.
– Não me confunda com as outras garotas que você encontra, usa e descarta, Montez. Eu não sou igual a elas. – bufei e o arrastei para dentro. Apenas o soltei quando estávamos na frente da pia, seu braço estava vermelho pelo aperto da minha mão. – Faça gargarejo para tirar esse fedor podre da sua boca.
O garoto me olhou como se não entendesse minhas palavras.
– Não ouviu o que eu disse?
– Ouvi, mas não vou gargarejar.
Fuzilei-o com os olhos e peguei um copo que havia ao lado da pia e o enchi de água e estendi.
– Gargareje.
– Não!
Peguei o copo, segurei-o acima de sua cabeça e despejei todo o conteúdo abaixo.
– Essa roupa é cara! – quase nunca os alunos vinham de tarde para escola de farda, então ele usava uma blusa preta. Pela água fria na cabeça, um vestígio de sobriedade surgiu.
– Estou ligando demais para sua blusinha carinha de marca que papai comprou. – enchi o copo novamente – Gargareje.
– Você está louca? Não!
E novamente eu derramei toda a água em sua cabeça.
– Vai fazer logo o que eu estou dizendo ou precisa de outro banho?
André me fuzilou com os olhos, mas estava bêbado demais para fazer algo. Por isso, fez o que eu disse.
– Onde está sua bolsa?
– Na quadra, por quê? – ele estava entorpecido e confuso então era mais fácil manipulá-lo. Apenas o puxei até a quadra fechada ignorando os murmúrios quando adentrei no local e peguei sua mochila, voltando logo após ao banheiro.
Ao chegar, abri sua pasta e retirei a garrafa de vodca, jogando o resto no chão. É claro que ele tinha mais. A abri e logo senti o cheiro de álcool. Dando uma careta, despejei tudo pela pia e joguei a garrafa no lixo. Ao finalmente olhar para o garoto, percebi que ele me olhava perplexo. Aproximei-me dele.
– Minha garrafa...
– Nunca mais chegue uma hora atrasado e bêbado na minha aula, entendeu?
Afastei-o de minha frente e saí, nem sabia o porquê de realmente ter acreditado que ele viria. Todo o meu medo foi em vão. Assim como eu ter ficado na escola.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Luna é meio louca quando está irritada kkkkk Mas e aí? O André mereceu ou não? Sim, Luna se irrita fácil, se vocês se irritarem com ela, eu já fiz isso! kkk Vejo vocês nos comentários.