Você Ainda Não Tem 15 escrita por Sunshine


Capítulo 6
14 de Fevereiro


Notas iniciais do capítulo

Ok, a partir de agora o tempo começará a correr mais rápido e esse é o último que eu postarei hoje. É recomendado que leiam ouvindo Living The Moment, de Jason Mraz. Espero que gostem!



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Graças ao meu ataque de raiva, André não chegou mais nem atrasado nem bêbado. Perguntava-me às vezes se não estava fazendo algo meio perigoso. Esse menino fica meio descontrolado em certos momentos, tinha de confessar um certo medo que eu possuía de ficarmos sozinhos em um mesmo local. Por isso nossas aulas sempre eram marcadas na biblioteca. Ele podia ter sido a melhor pessoa do mundo, mas não ficaria sozinha com um garoto que ficou revoltado porque a mãe morreu e virou um idiota.

Nossas brigas ainda eram constantes e ele ainda me tirava do sério. Não é possível que alguém possa ser tão retardado. Sua infantilidade chegava ao ponto de ficar cutucando-me para retirar minha concentração. E o garoto com toda a certeza fazia jus ao ditado: “Quem vê cara, não vê coração.” Nossas conversas eram basicamente provocações e brigas ou eu o empurrando e puxando-o para estudar quando estava com uma garota qualquer e ameaçava se atrasar para a aula. Mal podia esperar o momento em que ele recuperasse suas notas e não precisasse mais de mim.

Já era terça novamente e eu estava voltando para a escola e tentar dar aula a André, que começava a entender algumas coisas. Muitas vezes não prestava tanta atenção na aula quanto devia, mas um tapa na cabeça geralmente servia para fazer com que ele descobrisse ao menos de que matéria estavam tratando (e eu também não podia negar que já queria batê-lo há um certo tempo).

Logo o encontrei na porta da biblioteca, com outra garota – que bem provavelmente eu nunca vi na minha vida – completamente diferente da do dia anterior. Parecia que ele não tinha nenhuma preferência, contanto que fosse mulher e não travesti... A garota da última vez que o vira se agarrar com alguém possuía cabelos negros com as pontas loiras e olhos verdes, não muito alta – mas ainda assim maior que eu – e com um corpo proporcional, na minha opinião. A desse dia, pelo menos pelo que eu pude ver de longe, era loira, com o corpo meio desproporcional a sua altura. Bunda e seios grandes demais, a pele um pouco mais escura que a minha.

Cocei a nuca, suspirando. Toda terça e quinta era a mesma coisa. Logo caminhei até os dois arrastando-me nos passos. Chegando mais perto pude perceber que era Alanna – a prostituta em potencial – e bufei de leve. Homens. As mãos de André ameaçavam descer para a enorme melancia que a garota tinha no traseiro, mas antes que começassem as indecências, os afastei com um empurrão.

– Ei! – e lá vem aquela famosa “voz de pato”. Aguda demais para uma pessoa poder aguentar, parecendo que de fato ela tinha engolido um pato. Revirei os olhos e a olhei.

– Alanna, tchau. Você arranja outro para se agarrar. – e depois me virei para o idiota – André, entra. Depois da aula vocês se comem.

Eu sentia olhos fuzilantes de certa garota em cima de mim, mas não me importei. Já falei que vou ser rígida quanto agarrações. Apenas depois de minha aula, não fui até ali para ficar olhando duas pessoas se beijando. Surpreendentemente, Montez apenas mordeu o lábio e sorriu maliciosamente para a jovem mais alta que eu.

– Ouviu a chefe, até daqui a pouco, Lanna. – a expressão da loira era impagável.

– Não acredito que você vai me trocar por ela. – eu ri alto com seu tom de voz.

– Não, ele não ousaria me tocar. Só que eu simplesmente não estou aqui gastando o meu tempo para ficar assistindo um filme pornográfico ao vivo.

– Andrézinho, você vai deixá-la fazer isso? – eu apenas conseguir observá-la por um momento até compreender que ela achava que aquele ser do sexo masculino mandava em mim.

– Ele não manda em mim e eu não mando nele, mas André sabe o que vai acontecer se faltar minha aula.

O garoto parecia se divertir com a cena que Alanna estava fazendo. Ele estava de braços cruzados, nos observando. Como se estivesse prendendo um sorriso que comprovava estar se divertindo pela minha irritação com a futilidade dos outros.

– Até depois da aula, Lanna. – disse, entrando na biblioteca. A jovem apenas olhou com raiva para mim e saiu pisando fundo. Franzi a testa, só fiz o chamar para aula. Ela que começou a me tratar como se fosse inferior.

De qualquer forma, entrei na biblioteca e o encontrei como sempre. Sentado em uma cadeira e apoiando os pés na outra enquanto mexia no celular. Balancei a cabeça negativamente.

– Desliga. – falei empurrando suas pernas para o chão e sentando-me na cadeira para começar a tirar as coisas da bolsa. – Vamos estudar hoje história.

– Já pensou que você vai ganhar bolsa próximo ano graças a mim? Eu mereço ser tratado melhor.

– Já pensou que eu estou ganhando bolsa próximo ano pela minha capacidade mágica de fazer você entender o assunto? Você devia me tratar melhor.

– Então, você é pobre?

– Vamos estudar? – o olhei irritada.

– Calma gata, foi só uma pergunta.

– Não me chame de gata.

– Ok gata. – revirei os olhos e então me deparei com seu sorriso de divertimento. Eu não mereço isso.

Abri o livro de história na matéria da Segunda Guerra Mundial e coloquei em sua frente, depois peguei seu rosto com uma das mãos e o virei para o livro. Depois empurrei a cabeça para baixo e sorri.

– Perfeito.

– Eu sei que sou. – bufei. – E sei que gosta disso.

– De te bater? É legal.

– Não, de tocar em mim. Você arranja qualquer desculpa para isso. – eu ri.

– Aham, continue sonhando com seu louco desejo que eu goste de você. Agora vamos estudar.

Continuamos estudando até o fim da tarde, como sempre. Ele continuou fazendo perguntas intrometidas e irritando-me, mas já era algo normal para aquele jovem. Após acabarmos, arrumei minhas coisas e fui direto para casa. Eu tinha a chave, já que quase sempre voltava para casa sem Isabella.

– Mãe? Cheguei.

Comecei a procurá-la, mas como sou um ser bastante inteligente, esqueci-me de olhar no cômodo principal: seu quarto. Quando finalmente me recordei dele, fui até lá, mesmo deduzindo precipitadamente que ela ainda estava trabalhando.

Encontrei minha mãe enfurnada na cama. Com o ar condicionado ligado, sem nenhuma luz para clarear. O meu suspiro de preocupação foi inevitável. Ao menos desta vez ela não estava chorando.

– Ah, mãe... O que está acontecendo? – sentei ao lado dela e a abracei de lado.

– Você acha que eu estou atrapalhando sua vida, filha?

– De forma alguma! Estou conseguindo lidar muito bem com toda essa mudança na nossa vida.

– Tem certeza que não parece que eu fiz a coisa errada ao vir para o Rio?

Sem responder, franzi a testa preocupada e abri a primeira gaveta da sua cômoda, procurando pelo remédio.

– Mãe, você tomou o remédio hoje?

– Acabou.

– Você me disse que estava tomando.

– Eu menti.

Cocei minha nuca em um ato de nervosismo e procurei pelo número da psiquiatra que ela tinha encontrado, não o encontrando. Queria que ela ficasse bem, não gostava de vê-la assim. Com uma última ideia brilhante, saí do quarto. Peguei meu celular e liguei para meu pai. O ex-marido da minha mãe, esse mesmo. Logo ouvi sua voz do outro lado da linha.

– Hum... Pai?

– Luna! Como está?

– Ahn... Bem. Poderia me ajudar? Por favor. – nervosa, mordi o meu lábio inferior, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Claro! Diga o que aconteceu.

– Bem... Você sabe como minha mãe é... O remédio acabou e ela está tendo uma crise justamente agora.

– Entendo. Olha, tenta a tirar do quarto, animá-la, fazê-la ver um bom filme. Algo do tipo. Ela vai ficar melhor depois que se sentir cuidada.

– Obrigada pai! Irei fazer isso mesmo. Tchau. – eu já estava pronta para me desligar quando ele me interrompeu.

– Luna. – voltei minha atenção para o telefone. – Promete que vai se cuidar?

Sorri.

– Prometo, pai.


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Notas finais do capítulo

O pai da Luns é pior do que parece kkkk Vocês vão ver porque.



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