Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 49
Ataques surpresas


Notas iniciais do capítulo

Sim, a gente ta a muito tempo sem postar, mas pelo amor de Kira! Não nos culpe! Eu sei que todas as vezes que começamos um novo capitulo, escrevemos algumas desculpas esfarrapadas aqui, mas a gente realmente não tem tempo.
Nossa negligência é sem querer!
Então aceitem nossas desculpas e aproveitem a capítulo.
Mil beijos ♥



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***

A cidade parecia nebulosa, como nunca esteve antes e eu sabia que Kora tinha conseguido o que queria, e tive certeza quando ouvi um alvoroço do lado de fora.

Espiei pela janela e vi vários guardiões correndo próximos ao lago parecendo assustados. Talvez eu pudesse ficar aqui pelo menos por agora, mas a porta abriu-se num rompante e eu me virei encontrando um olhar violenta um tanto nervoso.

— Quando pretendia me contar? - falou Mayara raivosa.

— Eu não sabia. - respondi calmamente.

— Estava confiando em você Ethan! - seu tom de voz ficou alterado.

— Kora não conversou comigo nos últimos dias.

— Não seja hipócrita! - ela cuspiu as palavras.

— Desculpe. - falei realmente me sentindo culpado. - Tenho certeza que minha irmã está junto a ela.

Ela me fuzilou e avançou na minha direção agarrando meu pescoço e me pressionando na parede. Seus olhos pareciam chamas de raiva, e fiquei assustado de vê-la tão descontrolada.

— Escute bem. - falou escolhendo as palavras. - Se não sabia e não está com ela, lutará do nosso lado e fará o possível para tira-los de Ilhéias ou eu vou ter o prazer em matar todos vocês. E que Kira não permita que a missão de Kate seja interrompida.

Seu aperto era forte demais para alguém tão delicado. Respirei vagamente e ela soltou meu pescoço.

— Você sabe pra estou aqui. Sempre foi para lutar ao lado dos guardiões. - falei confiante. - Seu povo não será destruído.

— Então é melhor se apressar filho de Kora. Os servos da sua mãe estão por todos os lados. A barreira de Ilhéias caiu.

***

— Temos que montar uma estratégia.  – Nicolas falou sentado na cama – A ilha de Kora é um lugar sombrio, feito para matar. Independentemente do que você acha, lá seremos como ratinhos de laboratórios assustados, nossos poderes serão reduzidos, senão inabilitados.

— Ta, mas ainda não entendo o que faremos. O tempo está correndo, Mayara e todos os outros estão contando comigo Nicolas. – respondi

— E é exatamente por isso que precisamos tomar certas precauções. – continuou – Quando chegarmos a Ilha, Kora estará no centro do poder dela, teremos que bolar um plano.

— O que você sugere?

— Olha – ele falou levantando da cama e pegando a caixa com a adaga que estava na mesa – Quando você dormia eu fiquei curioso e abri.

Dentro tinha um pergaminho, provavelmente muito antigo. Ele sacodiu o pergaminho na minha frente e continuou a falar.

— Estava em uma língua que eu desconhecia até que percebi que era galês. Eu traduzi de madrugada, não consegui entender algumas palavras porque o tradutor falhou, galês antigo é muito complicado.

— O que você conseguiu? – perguntei impaciente.

— Só isso – ele me entregou o notebook com o Word aberto.

“A ilha está num território localizado no Atlântico Norte entre a Escócia e a Islândia. Com em torno de 47.000 pessoas em uma área de 1.499 km²”

 

— Mayara chegou a lhe falar das lendas dos guardiões? – perguntou

Acenei rapidamente com o queixo.

— Dizem os antigos anciões, que quando um deus nasce, seu poder é firmado em um lugar especifico. Uma terra em que seu domínio é absoluto, onde ele pode usar para se recuperar, se proteger ou se refugiar. – falei tentando lembrar de tudo - Até porque deuses não podem invadir os domínios de outros deuses.

— Isso. – respondeu – Lembra também de quando eu falei, ainda no Kince Joyce, sobre elas?

— Sim.

— Então, eu fiz umas pesquisas e achai isso. – ele abriu um site que estava salvo e mostrou notebook para mim.

“Conta a lenda, que a ilha de Kora é uma ilha completamente morta e selvagem, os poucos habitantes que sobrevivem lá são escravos da deusa, porque uma deusa que não é cultuada não existe, esses vivem lá porque pagam alguma penitencia e não conseguem sair da ilha, a vida na ilha é miserável, com muitos problemas de desastres naturais, dizem que quando Kora está de mal humor, pestes e tempestades assolam a terra por meses.

O templo de Kora é o único que ainda está intacto, o local não é informado, mas especulam estudiosos, que está no subsolo e que é protegido por três provações – não houveram sobreviventes para confirmar – e que depois da última provação seu palácio a pessoa encontrava e então teria direito a uma audiência pessoal com a deusa.

Kora promete conceder favores a quem conseguir enfrentar as três provas, mas na realidade, as pessoas acabam entrando numa cilada e perdem suas almas para a deusa. E ficam apara sempre na Ilha, como seu escravo”

— É só isso? – perguntei devolvendo o notebook.

— Sim. – respondeu. - Por isso que estou falando, temos que ter cuidado, as informações podem estar erradas.

— Acho que está certo, para falar a verdade. – respondi – Eu passei por três provas quando fui ao tempo de Kira. Faz sentido Kora ter três provas também.

— Mas você foi sozinha nas missões de Kira...

— Então eu vou ter que entrar sozinha nas de Kora... – conclui.

— Eu não vou deixar você de novo. – falou levantando da cama. – Pelo amor de Kira, por mais piegas que isso soe, eu to com você. Sempre!

Respirei fundo sorrindo e me aproximei pondo as mãos em seu rosto.

— Eu sei, eu fico muito grata por ouvir isso Nick, mas querendo ou não essa missão é só minha. – falei beijando-o levemente – Eu preciso fazer isso sozinha. Eu quero provar meu valor.

— Você não precisa fazer isso, você já mostrou o quanto vale. – respondeu fechando os olhos – Kate eu não quero te perder, não mais.

— Você nunca me perdeu Nicolas.

Então ele me beijou e meu corpo todo vibrou como se nunca tivesse sido tocado e ele me agarrou, segurou meu corpo contra o seu, eu enrosquei minhas pernas em sua cintura e me derramei ali. Ele largou minha boca e beijou meu pescoço, eu enterrei minhas mãos em seus cabelos, eu queria sentir a textura, o cheiro dele estava por todos os lados, eu podia sentir nossa respiração sincronizada.

— Kate eu amo você. – ele sussurrou no meu ouvido tão baixo quanto minha respiração. – Se alguma coisa acontecer... Eu...

Eu podia sentir sua voz falhar, eu nunca tinha visto ele tão exposto assim, tão quebrado. Estávamos por um fio.

Sem saber o que dizer ou como dizer eu apenas o beijei novamente, mais intenso nós fomos nos deitando na cama, e me deitou e ainda em cima de mim me olhou nos olhos, antes azuis piscinas e agora completamente pretos, apenas com um finíssimo arco azul na ponta.

— Nick, eu to morta. – falei encarando aqueles olhos questionadores, intensos, despreparados. Eu me sentia vazia, Nicolas estava em cima de mim, vibrando de desejo, e eu não sentia nada... Uma imensa culpa me atingiu como um soco. – Por dentro, por fora. Eu não sei quem sou. Eu não sei o que estou fazendo.

— Eu não me importo. – ele respondeu deitando ao meu lado. Nicolas se virou e me olhou seriamente - Eu realmente não me importo Kate, eu só quero você bem. E se você precisar de tempo, de qualquer coisa eu farei.

Não havia dúvidas, nem decepção em sua expressão, apenas compaixão e... amor. Muito amor. Ele me amava, de verdade, seus olhos, sua boca, tudo nele gritava o quanto me amava e eu queria gritar o quanto o amava também, mas minha voz continuava afogada.

Ficamos lá, abraçados tentando normalizar nossa respiração e nossos pensamentos para continuar a estratégia, mas na verdade, acabamos dormindo.

***

Arranquei as facas da bota e me virei.

— Daniel – falei – Leve Lucas para um lugar seguro, Eliza, essa é a hora de mostrar que você não é só uma criança chorona.

Eliza me olhou como se considerasse arrancar minha cabeça, mas então se transformou na loba e se esgueirou até as árvores em posição de ataque. Olhei para Daniel em busca de informações, mas ele não estava por perto.

— Muito bem Eliza, você vai ser o primeiro ataque, eu vou estar logo aqui e atacarei em seguida. – informei e então a loba bufou, fiquei tentada a perguntar porque o desaforo, mas Daniel apareceu.

— O coloquei em uma caverna a 15 metros daqui, qual o plano? – perguntou

— Não morra.

Ele apenas assentiu e parou ao meu lado, suas mãos tomando um tom azulado.

Um lobo maior saiu da floresta. Os demais se aproximavam lentamente como em uma procissão, tirando o líder, havia mais quatros seguindo-o. O primeiro tinha o pelo escuro e obviamente era o mais forte. Seu corpo estremeceu e ele fez algum sinal para os seguintes. Depois do líder, o primeiro era branco com as pontas dos pelos cinza, ao seu lado um vermelho-café se esticava e chicoteava o rabo ferozmente.

Os dois últimos eram menores porém os dentes mostravam que não eram menos perigosos. Eram preto e branco como gêmeos, as manchas de um complementavam as do outro.

Não se deram ao trabalho de aparecer como humanos, sinal de que não queriam conversa e eu sabia que durante a noite eu estava em desvantagem. Os lobos sempre eram mais fortes naquele período do dia.

O líder caminhou lentamente sem medo, experimentando o perímetro e por uma fração de segundo xinguei Eliza, já era para ela ter aparecido. E agora? Mas foi só eu pensar nela que então ouvi o ganido dos lobos menores.

Eliza tinha aparecido e atacado a jugular do lobo à esquerda e agora estava em uma luta com os dois menores lobos por dentro da floresta. O susto do elemento surpresa fez o líder recuar e os dois outros lobos se eriçarem.

Observei a cena até ouvir um ganido alto de Eliza, os gêmeos a largaram com ar de triunfo enquanto a mesma fugia ao prantos. Ao meu lado senti Daniel se contorcer.

— Dani, eu vou precisar de você!

— Sinto muito Maggie. – ele me deu as costas e foi atrás de Eliza, me deixando lá. Sozinha.

O Lobo maior sorriu diante de mim, sozinha. Tentei não transpassar o ódio que estava sentindo por ter sido abandonada, respirei fundo e sorri enquanto encarava o suposto alfa.

Ótimo, agora estava sozinha com o líder deles. Eu tinha que criar uma armadilha, não conseguiria enfrentar os cinco no corpo a corpo.

O líder olhou para mim e mostrou os dentes como se estivesse lendo meus pensamentos desesperados, os quatro que estavam juntos a ele avançam em mim antes que eu conseguisse pensar em alguma coisa. Olhei em volta procurando o que fazer, só as facas não dariam o resultado necessário.

Pensei rápido até que o primeiro deles pulou em minha direção e tudo que puder fazer foi um pequeno pilar – a primeira lição de um guardião de terra - de pedra acertar a parte de baixo do seu focinho, ele caiu para o lado e eu pulei para o topo do pilar, tropeçando rapidamente com o impulso.

Os outros três me rodearam rosnando para o pilar enquanto seu parceiro ainda estava se recuperando do golpe, fui criando pilares mais altos em volta deles e pulando nos mesmo assim que eram criados. Logo todos os lobos estavam dentro de um círculo formado pelas colunas e então ofegante, fiz se conectarem com uma parede de pedra que ligava cada um.

Pulei rapidamente para fora do cerco ao mesmo tempo que ele formava um teto, fazendo assim, com que tomasse a forma de um domo com os quatro lobos dentro, me concentrei e fiz o domo fechar e ficar mais apertado, esmagando assim os lobos que estava ali dentro.

Me virei para o líder e ele parecendo surpreso, deu o que pareceu ser um sorriso.

O líder começou a me rodear analisando todo o meu corpo, segui seus movimentos pelo lado contrário, ficamos andando em círculo analisando um ao outro por um tempo até que ele avançou rápido demais para eu acompanhar. Imediatamente fui jogada contra a árvore ficando confusa com a dor na lateral da minha cabeça, concentrando toda a minha energia para me manter acordada, observei ele se aproximar lentamente com um olhar triunfante, discretamente encostei minhas mãos no solo e a terra a envolveu como um cobertor, fazer isso é muito desgastante, ele avançou mais devagar do que antes, me subestimando, dando um golpe certeiro no seu maxilar. Ele voou alguns metros e tombou no chão, mas infelizmente, se levantou, bem nervoso.

Desfazendo o cobertor de pedra estendi como se estivesse chamando-o.  

—Vamos lá lobo mau. – brinco limpando o sangue que escorria da minha testa – Vai... não precisa ter medo, eu não vou chamar nenhum caçador, somos só eu e você.

Algo como um sorriso se esboçou em seu rosto, sua felicidade seria minha vantagem, ele avançou correndo em ziguezague, no momento em que fui acertá-lo com um direito ele pulou em uma árvore e a usou de plataforma para pular em cima de mim me derrubando no chão com um baque alto, sentindo muita dor nas costas tentei me escorar para parecer menos grave do que realmente tinha sido.

O alfa tentou morder meu rosto, mas consegui colocar minha mão protegida pela pedra dentro de sua boca antes que ele me mordesse. Aproveitando, segurei seu maxilar inferior com ela e usando a outra mão segurei o superior e forcei eles para lados opostos.

Soltei um gemido de dor sentindo que sua boca começava a abrir, o lobo arranhou minha barriga, me fazendo gritar de dor e afrouxar o aperto, aproveitando meu momento de fraqueza pra fugir.

Tirei meu corpo pesado do chão e me arrastei a procura de Daniel e Eliza.

—Eu devia ter chamado o caçador. – resmunguei cuspindo o sangue que acumulado em minha boca.

***

Eu estava presa em um tipo de buraco: úmido, frio e fundo. Olhando para cima eu podia ver a claridade mas eu não conseguia alcançá-la. Eu tentava subir arranhando minhas unhas nas pedras frias, quebrando-as até sangrarem.

Minha garganta doía de tanto gritar, a sensação de desespero e impotência cresciam a medida que eu me desesperava. Tentei rodar em círculos, medir meu espaço, mas eu mal conseguia esticar os braços. Minhas unhas tinham acabado, meus dedos estavam sangrando, algumas estavam no sabugo e outros tinham caído.

Minhas pernas tremiam e o frio tomava conta do meu corpo, a água fazia eu me sentir fraca e minha cabeça não ajudava. Eu estava vendo tudo turvo, minha mente girava e de longe podia ouvir berros, gritos de puro horror, fazendo meu peito se contrair. O que quer que tivesse acontecendo eu queria ajudar, queria sair daquele poço.

Então quando eu estava a ponto de desistir, alguém me gritava.

— Kate! Venha, você consegue! Ajuda a gente! – falava a voz – Suba!

— Eu não posso. – resmunguei

— Você consegue sim Katherine. Venha!

— Eu estou fraca...

— Não desista, falta só um pouco!

— Por favor... – eu gritava de volta eu não queria me sentir fracassada de novo, queria só me entregar ao desespero e morrer ali. – Eu não consigo.

— Estamos morrendo. Você é nossa única salvação. Kate. Por favor!

— Segure minhas mãos Kate. Posso te ajudar. – então quando olhava para a direção da voz eu não via nada além de uma luz muito forte.

Então o sonho mudou...

Acordamos pouco depois das dez da manhã, Nicolas estava sentado na cama calçando os tênis. Sentei-me apressadamente assustada, eu tinha sonhado novamente com o templo. Aquele lugar só poderia ser o templo... e a luz? Faith... Mas e os gritos? O que será que aquilo tudo significava?

— Porque você não me acordou? - perguntei coçando os olhos. 

— Você estava muito cansada, não quis te acordar. - falou tranquilamente. 

— Mas e o voo? 

— Da tempo. - respondeu - Vou ao mercado, volto em 15 minutos. 

Concordei levantando da cama. Mesmo com noite mal dormida e repleta de pesadelos eu quase me sentia inteira, meus ossos já não doíam, e minha pele parecia menos doentia. 

Entrei no banheiro exausta, me despi rápido e entrei no chuveiro contemplando o teto. Eu estava cada vez mais em dúvida sobre o que fazer. Fechei os olhos rapidamente lembrando de cada palavra que Mayara disse antes de sair. 

Estávamos no seu escritório como todos os dias, Mayara estava com um ar preocupado e por mais que eu perguntasse ela não me contava nada. Faltavam pouco mais de dois dias para partirmos e meus nervos estavam aflorando novamente. 

— Kate, é essencial que você lembre que nada é fácil, vai ter horas que tudo conspirará contra você. - falou - As coisas tendem a piorar quando estamos precisando de ajuda. 

— Porque você está me dizendo isso? - perguntei 

— Porque eu vi seu futuro Kate, você será testada muitas vezes. - respondeu tranquilamente, mas seus olhos pareciam tempestades. 

— Mayara, você está me assuntando. 

— Eu prometo que vai dar tudo certo eu só te peço que lembre quem você realmente é. - murmurou 

Sentei no piso frio, minha pele arrepiada por causa dos sonhos e olhei para minhas mãos. Cada missão, cada dia que passava e me sentia ainda mais uma criança desprotegida brincando com meu destino. E se eu nunca saísse desse carrossel de horror? Se minha vida fosse sempre assim? Monstros, deuses, gente querendo me matar?

Eu nunca poderia ter uma vida simples? Uma família normal, um marido, uma casinha simples? Sossego?

E se Faith estivesse certa? E se eu só trouxesse dor minha vida inteira?

***

Quando os alarmes tocaram eu pude sentir o que estava acontecendo antes mesmo de Elza aparecer em meu quarto. Por um segundo, eu senti um desespero. Daniel estava do outro lado da barreira, poderia estar ferido, poderia estar perdido? Ou pior, já morto. Se as sirenes indicavam o que eu pressentia, a hora era agora.

Kora finalmente havia tomado partido. Estávamos sobre ataque.

— Julieth. – falou Elza aparecendo de supetão em minha porta. – Você está proibida de sair daqui. Entendido?

— Eu quero lutar. Eu preciso lutar Elza.

— Não! Você não tem 18 anos, seu lugar é aqui, como todas as crianças!

— Eu não sou mais criança! – gritei e meu aquário explodiu.

— Nem controlar seus poderes você consegue. – cuspiu Elza como se eu fosse o maior fracasso da vida dela. – Morreria em dois segundos de luta.

Eu quis protestar, mostrar o quanto eu tinha melhorado, como agora estava mais forte e que eu poderia sim, lutar. Por fim eu percebi que não ligava para sua aprovação, não mais. E como uma boa garota abaixei a cabeça com o rosto dissimulado.

— Tem razão. Ficarei aqui.

— Acho bom. – respondeu e então cobriu o rosto com o capuz deixando-a ainda mais sombria. Foi ai que um flash de toda a minha vida me atingiu, Elza sempre foi uma figura mitológica pra mim, minha vida foi girada em torno da vontade de ter sua aprovação e em todas as vezes eu só conseguia ter seu desprezo, mas isso ainda era melhor do que quando eu era simplesmente esquecida, ignorada.

Esperei o suficiente para ouvir a porta se fechando e então abri meu armário. Atrás das minhas roupas eu tinha um fundo falso, o abri e comecei a escolher minhas amas, peguei minhas duas katanas gêmeas, adagas de arremesso e as pus na cintura, nas botas e coxa armei-me com as facas.

Vesti minha jaqueta e então pulei a janela. Obviamente tudo estava um caos, Ilhéias estava em chamas, pessoas corriam por todos os lados sem rumo enquanto outras lutavam com o que pareciam metamorfos. Me esgueirei pelo mato, tentando observar melhor a situação.

Os metamorfos eram pretos, tinham mais de um braço, alguns asas e outros rostos de dentes, demorei um minuto para perceber que aqueles não eram metamorfos e sim demônios, demônios reais. Eu nunca se quer tinha imaginado um, sempre foram tratados como lendas urbanas.

Vê-los de verdade parecia irreal, além dos demônios vampiros, lobisomens e feiticeiros arruinavam tudo e todos que cruzavam seus caminhos, pensei em recuar, as palavras de Elza rodeavam minha cabeça, talvez ela tivesse razão, aquilo tudo era muito pra mim e se eu não conseguisse?

Pensei em recuar finalmente cedendo ao desespero em minha cabeça, quando alguém ou algo me agarrou pelas costas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!



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