Os Guardiões escrita por Mariane, Amanda Ferreira


Capítulo 36
Dizemos um breve adeus...


Notas iniciais do capítulo

Oi meus lindos. Sim... podem nos xingar que deixamos.
Sabemos que vocês estão muito chateados, mas com razão. Não queríamos demorar tanto. Juramos de pé junto na frente de cada um se vocês se quiserem. O problema é que eu (Amanda) trabalho todo o santo dia e só tenho folga no domingo e a mãe da Mari é muito rígida sobre as horas no computador. O que temos como resultado: desencontros.
Nós temos nos falado direito. Por falta de tempo.
Nós amamos essa fic tanto quanto amamos nossas vidas. E nunca a abandonaríamos. Serio.
Nós amamos vocês e seus comentários. Vocês são os leitores mais lindos e divos do universo e somos muito gratas por vocês.
Sei que esse texto esta gigantesco, mas é que depois de tanto tempo, acho que vocês merecem uma boa explicação.
Enfim. Voltando as desculpas...
O fim é que nós vamos tentar realmente de coração postar o mais depressa possível, mas vejam o nosso lado, por favor.
Obrigada para aqueles que continuam acompanhando. Para aqueles que não viraram fantasmas e para aqueles favoritaram.
E novamente desculpas para todos em geral.
Beijos e boa leitura. ^^



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Ali estava eu: sentada no meio do quarto, ouvindo o som das bolhas do aquário, o vento do lado de fora e encarando a parede vazia.

A semana voou mais rápido do que eu esperava. Tudo que eu tinha eram lembranças e o forte pânico que crescia em meu peito.

Legal... esse é meu ultimo dia em Ilheias. E o que eu faço? Nada.

Eu mal podia acreditar que foi assim tão rápido.... Tentei me concentrar no que eu havia feito durante a semana. Os treinos, brigas e confusões clássicas da Kate

Eu mal podia acreditar... Aquilo era loucura. Mas não, lá estava eu. Encarei minhas mãos e os desenhos que cintilavam delas.

Engoli sentindo a garganta reclamar.

– Kate? – chamou a voz de Daniel da soleira da porta.

Ergui os olhos e o encarei em silencio. Ele entrou e se agachou na minha frente.

– Ainda não está pronta?

– Oi? – perguntei desorientada.

– Banho.. roupa... jantar. - falou lentamente.

Abri a boca, mas nada saiu. A verdade era que eu estava com medo, não do que encontraria lá fora, mas com medo do que aconteceria aqui dentro. Engoli em seco e encarei seus olhos verdes. Seu sorriso se desintegrou e ele esticou os braços me apertando contra si.

– Não diga nada.

Afundei a cabeça contra seu peito. Não iria chorar, mas foi quase impossível. Senti os olhos queimarem.

– Eu não posso fazer isso Daniel. - sussurrei e então ele se afastou e segurou meu rosto entre as mãos me perfurando com seus olhos.

– Está errada. Você não só pode, como vai.

Encarei-o. Ele era tão perfeito. Como eu poderia lhe negar alguma coisa? Sonhei minha vida toda com um relacionamento assim, de ter uma pessoa para me animar quando eu precisasse, de ter um ombro pra chorar... E lá estava ele, prontinho para mim quando eu cheguei. Daniel era o protótipo perfeito de irmão maravilhoso. Como não gostar dele? Como não fazer todas as suas vontades sem piscar?

– Não chora. – falou percebendo a enxurrada de lagrimas que caia freneticamente de meus olhos. Ele esticou os braços e me puxou para si novamente.

Respirei fundo tentando guardar seu perfume no lado mais precioso de minha mente. Envolvi meus braços agarrando-o e chorando cada vez mais.

– Vai ficar tudo bem. - ouvi ele sussurrar.

– Eu te amo! - sussurrei.

Ele respirou fundo e beijou minha testa.

– Eu também te amo. - vi seus próprios olhos lacrimejarem. - E é por isso que vou gritar a Kira todos os dias para que você saiba fazer as escolhas certas. E que lute como uma verdadeira Mozart que você é. Porque nós não temos apenas beleza, mas com também sabedoria.

Sorri e ele deslizou a mão pelo meu rosto.

– E por favor... não morra de saudades, porque estarei aqui te esperando.

Soltei uma risada e o abracei novamente.

– Cuida deles. - falei engolindo um soluço.

– Eu prometo que sim.

Me afastei e ele sorriu.

– Cuide dele e de você mesma. - falou.

– Eu prometo que sim.

...

Agarrei a mão de Daniel e seguimos pelas ruas ate o restaurante mais próximo e lá me veio mais uma lembrança.

" Kate que bom que você veio. – falou Mayara.

– É, eu fiquei preocupada quando você mandou Kyssi me chamar.

– Claro que sim. – falou assumindo uma expressão seria. – Sente-se, por favor.

Tentei não demonstrar o medo que sentia. Mayara me assustava. Por mais que ela estivesse tentando ser fofa e tal, ela ainda me intimidava um bocado.

– O que você gostaria de me dizer sobre minha missão Lady Mayara? – falei formalmente.

– Lembra do que eu lhe disse assim que você acordou no hospital? - falou tranquilamente.

– Sim. – respondi tentando não transparecer o nervosismo. Cacete pra que tanto mistério!? – Você me daria mais detalhes e estou aqui, May... Digo Lady Mayara.

Ela sorriu misteriosamente. Eu estava em o que parecia ser uma biblioteca. As paredes eram de um verde escuro, cor de folha, havia mais livros do que eu podia computar. Livros em uma linda mesa de mogno, livros em prateleiras, livros no chão, livros em cada canto da sala. Havia duas enormes janelas com vista para a mata verde e selvagem que habitava o outro lado da barreira mágica cobertas por duas cortinas verdes e brancas que se encontravam agora abertas deixando a claridade entrar.

Mayara estava num vestido claro, parecido com o anterior, porem sem o capuz negro. Seus cabelos vermelhos pendiam de lado presos numa trança e os olhos eram de violeta puro.

– Para você Kate querida, só Mayara.

– Tudo bem Mayara, mas, por favor. Eu preciso saber por que você me chamou. Eu estou pirando. – falei entrando em colapso nervoso.

Ela riu.

– Ok menina. – respondeu se levantando de sua cadeira de veludo que mais parecia um trono. Ela contornou-a, mas de forma assustadora. – Kate. – falou sentando-se na beirada da mesa de mogno me encarando. – Depois da sua reunião com o conselho eles me convocaram. Me falaram que você é a menina da ‘profecia’. Essa missão que você fará, não é a missão da profecia que eu previ para ‘a garota misteriosa’, mas se você fracassar nesta missão você estará pondo toda a nossa civilização em perigo.

– Legal, fiquei bem mais calma agora! – falei sarcástica e logo me arrependi ao receber o olhar repreensivo dela.

– Katherine, é serio. Você é mais poderosa do que pensa. Minha mãe a escolheu e não foi à toa. Seu nascimento foi premeditado. Você não é um fruto de uma relação por acaso. – respondeu – Você é necessária.

– Como assim? E o que exatamente eu terei que fazer nessa missão?

– Katherine, você sabe por que eu sou uma deusa, mas vivo no mundo mortal?

– Ahm... Não.

Ela sorriu piedosa.

– Vou te explicar. – falou – Quando uma deusa tem um ‘romance’ com um mortal e gera uma criança, essa criança tem “duas vidas”. – falou e eu franzi a sobrancelha – Essa criança tem uma vida mortal, ou seja, ela vive uma vida inteira sendo uma humana que pode morrer do nada, mas que é privilegiada com alguns poderes e a ‘benção’ de ser Guardião. Se essa criança morre, ela por ter uma parte divina no sangue, tem uma escolha. Ou ela volta para a terra sem memória, como uma nova pessoa ou ela se torna uma deusa. Permanece com suas lembranças, mas não pode nunca mais interferir na vida mortal. No meu caso Kate, eu morri em batalha para proteger Ilheias, eu não tinha nenhum dom dos quatro elementos. Mas eu me curava em frações de segundos e poderia curar qualquer pessoa ao simples toque.

– Mas como você morreu então?

Ela olhou para o chão por um instante.

– Não existe bem sem o mal. Não existe Kira sem Kora. A rainha dos mortos me matou. – falou tão calma que arrepiou todo o meu corpo. – Até mesmo meu dom não foi pareô para ela. - ela balançou a cabeça. - Quando alcancei os domínios de Kira, ela me deu duas escolhas. E eu escolhi virar uma deusa, só que eu não podia abandonar minha terra. Então eu implorei a Kira para poder ficar e cuidar do meu povo e com muito sacrifício ela permitiu. Mas eu não poderia ter meu desejo sem abrir mão de alguma coisa.

– E do que você abriu mão? - perguntei pensativa.

Ela suspirou e olhou para um símbolo que transparecia do seu ombro direito que só naquele instante eu percebi.

– Do amor da minha vida. – respondeu sorrindo triste. – Mas por causa disso eu posso ajudar em massa os Guardiões, posso prever guerras, ser sacerdotisa para eles terem como se comunicar com Kira e ainda os ajudo em doenças e pragas...

– Não estou entendendo no que você esta tentando chegar Mayara.

– Kira tinha previsto tudo Kate, ela sabia. Quando ela me deixou na encruzilhada ela sabia que eu pediria isso. Ela premeditou. – falou triste. – E o que ela premeditou para o seu futuro... só vai ser bom ou ruim dependendo da escolha que você fizer.

– Do que você esta se referindo Mayara?

– Não posso interferir no curso do destino Kate, mas posso te avisar que sacrifícios as vezes podem ser dádivas necessárias. - seus olhos violetas me fitaram com tanta intensidade que eu me encolhi. - O que fazer na missão? Essa é sua pergunta? Pois eu lhe dou a resposta.

– Qual é?

– Você é a chave para a liberdade. Você nasceu para trazer de volta a luz e a proteção. É você Katherine, que vai libertar os amaldiçoados

– Tipo os lobos? - pergunta estupida Katherine!

– Matilhas e clãs esperam a chave para sair das sombras. E essa chave é você.

Ela ficou de pé e sorriu.

– Você é a libertação dos escravos de Kora."

Acordei do transe quando meu pai segurou minha mão livre e nos sentamos para uma ultima refeição juntos.

***

Suspirei passando a mão pela testa e erguendo o cabelo dos olhos. Sorri em desanimo para a loira que caminhava na minha direção. Ela sorriu radiante e me abraçou antes que eu pudesse reagir.

Quando se afastou, seu sorriso havia desaparecido.

– Sei que está preocupado com essa missão, mas pelo menos tente não ficar de cara emburrada no seu ultimo dia aqui. - falou passando a mão pelo meu cabelo, arrumando o que eu havia bagunçado.

– Tudo bem. - resmunguei.

– Nick? - ela ergueu meu rosto. - Quer me falar alguma coisa?

Assenti segurando sua mão e a puxando comigo em direção ao lago. Ela não fez perguntas, mas assim que eu parei, ela apertou minha mão e me encarou apreensiva.

– O que foi?

Engoli em seco. Estava juntando coragem a semana inteira para lhe falar aquilo. Não era nada fácil, mas mesmo assim respirei fundo e soltei:

– Não dá mais para continuar com isso.

– Com isso o que Nicolas?

– Com esse namoro. - falei.

Ela ficou muda e tive que erguer os olhos para ter certeza de que tinha ouvido.

Vi mil e uma faces em seu rosto e finalmente ela ficou pálida. Remexeu no seu coque e me fitou.

– É por causa dela. - falou com toda convicção do mundo.

– Ela quem? - me fiz de idiota.

– Você sabe quem, Nick. - rosnou. - Ela enfeitiçou você. "É só um treino inocente". - disse imitando minha voz.

– Sarah...

– Não Nicolas! - seu tom de voz aumentou. - Chega de desculpas! Admite.

Balancei a cabeça.

– Não é isso...

– Eu não nasci ontem Nick. Eu percebi. Sou mulher. Nós sabemos quando isso acontece.

– Sarah...

– Você acha que ela vai ficar com você? - falou rindo desdenhosa. - Você esta se enganando e sabe disso.

– Para com isso! Você sabe que não estávamos indo bem. - remexi a cabeça. - A Katherine não teve nada haver isso.

– Não? Ela é o motivo. Você se apaixonou. - falou de forma seca. - A pena é que você nunca vai poder competir com o Lucas. O fofo e educado lobinho. E você... aquele que ela odeia, mas que tem que aturar.

Fechei a cara.

– E cá entre nós.... Você nunca conseguiu ganhar do seu irmãozinho.

Engoli a raiva que estava embolada na garganta.

– Ficar tentando culpar outras pessoas pelo o que nós não conseguimos fazer, não vai mudar nada. - rosnei.

– Não estou fazendo isso Nick. Estou apenas dizendo uma verdade que você já sabe. - ela sorriu de lado. - Você não pode ganhar do Lucas, porque ele sempre foi melhor que você. E a ruiva... Ele pegou primeiro.

...

Marchei de volta pra casa. Não queria ver ninguém, não queria falar com ninguém, não queria ouvir ninguém.

Bati a porta e pisei duro escada acima, quando estava no ultimo degrau a voz grossa e autoritária de meu pai chamou do andar de baixo:

– Nicolas!

Senti a ponta dos dedos quentes. Minha vontade depois da ultima semana era manda-lo para o inverno e jogar uma esfera de fogo no meio da sua cara, mas simplesmente respirei fundo e me virei.

– Isso tudo é por que conseguiu ganhar mais problemas depois de resgatar uma guardiã?

Encarei-o. Os cabelos negros com partes grisalhas estavam penteados para trás e a barba rala dando lhe um ar de chefe da casa. Seus olhos eram de um azul profundamente frios e perturbadores.

– Estou apenas cansado. - respondi rapidamente e voltei a caminhar.

– Sabe que seus problemas estão apenas começando, não é?

Voltei a parar e me virar.

– Por que não vai direto ao ponto e diz que vou fracassar? Como fez da ultima vez em que sai de Ilheias. - soltei.

Ele caminhou pela sala e riu.

– Não vou dizer isso. - me olhou com um sorriso de lado. - Porque dessa vez o fracasso não será seu.

Ignorei-o e me dirigi ao meu quarto, mas antes de fechar a porta ainda consegui ouvi-lo:

– O fracasso será da sua parceira.

***

Quase não abri a boca durante o jantar e bem, os outros fizeram o mesmo. Olhei para Madalena do outro lado da mesa, num vestido florido com os cabelos caindo nos ombros e os olhos castanhos sobre mim. Percebi que ela segurava a mão de meu pai que agora encarava os talheres sujos sobre o prato.

Olhei para o lado encontrando Julieth com um sorriso no rosto, mas não o tipo de sorriso animador e ao seu lado, Daniel remexia um cubo de gelo sob os dedos.

Finalizamos o jantar e já seguíamos de volta para casa quando me lembrei e pedi um tempo sozinha.

– Boa sorte Kate! - Julieth disse no meu ouvido assim que me abraçou.

Dei o meu melhor sorriso e ela me fitou com os olhos cinzentos.

– Não ligue para o que os outros irão dizer. - falou com sua voz de boneca. - Apenas siga o que está aqui dentro.

Apontou para o meu coração. Sorri me sentindo especialmente bem e voltei a abraça-la.

– Nós vemos amanha, certo? - Daniel sussurrou pra mim.

Assenti e ele sorriu.

– Obrigada Dan, mas eu realmente tenho que resolver um assunto pendente. – falei tossindo para evitar transparecer o que eu faria pela voz. – Volto antes da meia noite.

– Ok. - sorriu.

Recebi um abraço carinhoso de Madalena e um olhar apreensivo de meu pai, mas mesmo assim segui em direção ao lago.

...

Desci passando perto do lago, entrei na floresta úmida e parei no meu ponto de encontro. Não sei quanto tempo aguardei, mas senti um peso no peito quando galhos se quebraram e sua silhueta saiu das sombras.

Ele sorriu, mas algo naquele sorriso me deixou desanimada. Fiquei de pé e estiquei a mão segurando a sua. Nos olhamos por um silencio incomodo e foi naquele momento que senti que ele queria me contar algo. E a verdade era que eu também tinha que contar algo.

– Desculpe não ter aparecido esse semana. - quebrei o silencio.

– Tudo bem. - falou em voz baixa. - Eu ia me desculpar por não ter vindo, mas... acho que não é preciso.

Ergui os olhos e ele engoliu em seco.

– Soube da sua missão. - falou. - E por isso não vim.

– Como assim?

Ele se afastou de mim e sentou numa pedra redonda e bateu para que eu me sentasse ao seu lado. Me sentei olhando em seus olhos.

– Os lobos virão atrás de vocês. - falou sem se preocupar com minha reação. - Eu tentei impedir, mas não comando todas as matilhas que existem e... quase não pude conter a minha. Então eu sugiro que você e o Nicolas estejam preparados.

Fiquei estática. Queria fugir e me aconchegar na cama e nunca mais sair.

– Hei! - ele segurou meu queixo. - O Nick não vai deixar nada tocar em você e eu também não.

– Você não pode parar o plano de Kora, Lucas. Ninguém pode. - falei.

– Não. - ele concordou. - Mas podemos muda-lo.

***

"Ela girou sob os calcanhares e parou numa posição desajeitada segurando a espada de maneira torta. Segurei o riso e girei a minha própria espada interceptando seu ataque com a ponta da minha lâmina.

Ouvi-a praguejar e por fim soltou a espada no chão arrancando o capacete da cabeça. Bateu os pés e cruzou os braços de frustração.

– Isso não vai fazer de você uma guerreira melhor. - falei tirando meu capacete.

– Chega dessa merda!

Não pude deixar de rir. Ela me encarou perplexa.

– O que é engraçado? O fato de você ser bom em tudo? E eu não conseguir absolutamente nada?

– Não sou bom em tudo Katherine. - falei deixando a espada na bancada de armas.

– Tem razão Heenk. - ela passou as mãos pelo cabelo ruivo. - Você não é gentil.

Consegui rir outra vez e ela pisou duro na minha direção levando a mão direita na bancada de armas e pegando uma adaga de lâmina prateada.

– Eu odeio isso! - resmungou para si e atirou a adaga no outro lado da sala em direção ao alvo de treino. A adaga se fincou no ponto principal, no circulo vermelho.

– Uau! - assenti. - Acho que acabou de encontrar seu talento para armas.

Ela me encarou e soltou uma risada presa, logo abrindo um enorme sorriso. Mostrando os dentes brancos. Foi ai que reparei no quanto ela ficava bonita sorrindo.

– É isso ai! - falou para si mesma e me olhou ainda sorrindo.

– Uma dica Mozart. - falei pegando outra adaga da bancada e entregando a ela. - As facas, adagas são armas pequenas que não podem ser usadas por qualquer um. - parei ao seu lado ajustando a arma em sua mão. - São usadas pelos guerreiros mais rápidos e mais inteligentes.

Passei minha mão sobre a sua e ela olhou para frente fixando os olhos no alvo.

– Então Katherine... se você é uma dessas guerreiras... faça por merecer sua arma."

...

Abri os olhos e encarei o teto manchado de chamuscos negros. Sentei-me na cama e fechei os olhos ainda entorpecido com o sonho. Lembrança de quarta a tarde.

Vaguei ate o banheiro e lavei o rosto pelo menos três vezes. Vesti a primeira coisa que vi. Calça jeans, botas e uma camisa preta. Encarei meu reflexo e fechei os olhos por um segundo deixando minha mente vagar.

" Maggie se baixou bem a tempo de uma rajada de fogo passar por cima da sua cabeça atingindo alguns fios do seu cabelo.

Ela olhou feio para a Katherine, mas praticamente me fuzilou com o olhar. Apenas dei de ombros e gesticulei na direção do meu pai que estava no centro da sala.

– Katherine. - ele arrastou a voz para chamar a atenção da ruiva.

Ela olhou na sua direção e balançou a cabeça.

– O que ele está fazendo? - perguntou Maggie se sentando do meu lado.

– Tentando faze-la entender que o fogo não se projeta somente com a raiva.

– Não vai me dizer que é com o coração? Porque ai eu vou achar que você se tornou filosofo demais pro meu gosto.

Soltei uma risada e me virei para olha-la. Maggie era única pessoa no mundo em que eu realmente era eu mesmo. A única que sabia meus segredos e que me aturava desde sempre.

Ela sorriu de um jeito que só ela sabia. Um sorriso de lado ao mesmo tempo intimidador quanto meigo. Seus cabelos caiam em cachos tampando seus ombros, e quando encarei seus olhos azuis, senti que isso foi demais. Engoli em seco e ela esticou a mão arrastando meu cabelo para longe dos olhos.

– Nick você é bom nisso e nós dois sabemos muito bem.

– Ela não é igual aos outros Meg. - suspirei. - Katherine faz parte de algo grande que eu não sei se consigo lidar.

– Eii! - ela segurou meu rosto entre as mãos e me fitou. - Vocês fazem parte de algo grande. Se não, ela teria aparecido aqui sozinha. Você a trouxe, você a apresentou aos Mozart, você a salvou.

Balancei a cabeça desviando o olhar do seu, mas ela insistiu.

– Nicolas você não é o vilão. - ergui os olhos - Então trate de agir como o mocinho ou vai perder a parte mais importante de toda essa historia....

Ela virou minha cabeça na direção da Katherine que agora fazia um giro duplo com um circulo de fogo. Maggie se aproximou do meu ouvido e sussurrou:

– ... ela."

***

Toquei os lábios ainda sentindo o beijo doce que Lucas me deu quando sai. Mas respirei fundo seguindo o caminho de volta e me lembrei de quinta a tarde...

" - Ahm filha respira.

– Não me leva a mal, pai. Mas é que isso é tipo impossível. - falei tentando não surtar.

Lembre-se Katherine: Ele é seu pai, você não pode mandá-lo para puta que pariu como você faz com a Sarah.

– Muito bem Kate. Vamos dar uma pausa. - falou secando a testa. - Querida você esta bloqueando seus dons. Diga-me o porque.

O encarei sem saber o que fazer. Me sentei no chão confusa e ele suspirando sentou-se comigo.

– Como assim?

– Você começa muito bem e de repente para. Como se não conseguisse mais. - falou calmamente. - Você sabe que nossos dons são provenientes de nossas emoções, certo? Se você não libera suas emoções e a concentra em seu poder, ele não funciona. Então quando você não consegue terminar uma ação chamamos isso de bloqueio. Pode ser por uma lembrança ruim ou por algo do gênero. Me diga o que esta acontecendo com você. Por que não consegue prosseguir? Uma esfera de ar é simples considerando o que você fez no salão de reuniões.

– É diferente. - fiz careta virando a garrafa de agua na boca.

– Sim é diferente. Porque na sala de reuniões você involuntariamente canalizou as emoções. E preciso que você faça isso novamente. - falou - Como eis a questão.

E como eu faço isso?

– Simples. Visualize alguém que lhe faz ter emoções fortes. Fortes o suficiente para que você consiga canalizar.

– O.k - falei me levantando.

Tentei me concentrar. Respirei fundo e senti o ar a minha volta. Reuni forças e pensei imediatamente em Nicolas rindo de mim quando descobri meu novo talento com adagas ou quando ele deu um longo sorriso mostrando suas covinhas quando fiz dois giros duplos com o fogo.

Sem perceber uma bola de ar quente começou a se formar em minhas mãos, ficando cada vez mais consistente. E assim que a larguei, ela voou ate o alvo decapitando o boneco.

– Muito bem menina. - falou - Esse alguém que você é alguém muito importante que está dominando suas emoções. - ele sorriu. - Agora repita.

– Obrigada. - tentei sorrir e a não pensar no que ele tinha acabado de dizer.

Me concentrei. Depois da septuagésima quinta vez que tentei, nem precisei mais visualizar Nicolas.

– Isso! Esta progredindo. - meu pai falou sorridente.

Dei um suspiro cansada e cai de joelhos.

– Acho que podemos parar por hoje.

– Obrigada. - sorri. "

Deitei-me na cama e fechei os olhos tendo uma noite longa sem pesadelos em si.

...

Puxei a porta e segurei a mão do meu pai que estava estendida. Caminhamos lentamente e me senti nostálgica assim que vi os seis anciões reunidos perto do lago onde ficava a porta principal de saída da barreira mágica.

Entre eles estava Nicolas discordando de algo que Maggie falava.

– Sabe que não precisa ir, não é querida? - Madalena resmungou ao meu lado.

– Está tudo bem. - respondi.

Meu pai deu um sorriso forçado e Maggie me recebeu num abraço. Sorri desajeitada para a linda mulher de longos cabelos cacheados que para mim era jovem demais para ser mãe de Nicolas e Maggie.

Encarei Richard, meu treinador de alguns dias e também conhecido como o ancião pai dos Heenk. Ele me lançou um olhar que interpretei como um boa sorte.

Por fim olhei em volta recebendo sorrisos secos de Elza e Rosalina e um olhar severo de Ivo.

E então encarei Nicolas. Numa roupa básica e botas ele deu um sorriso torto que para minha surpresa estava cheio de nervosismo.

Suspirei e tentei retribuir o sorriso, mas me senti impotente assim que meu pai soltou minha mão e me envolveu num abraço. E assim foi ate o a ultima pessoa ali. Quando me dei conta já estava com a mochila nas costas olhando para o laço do meu coturno.

Respirei profundamente e me virei encontrando o olhar de Daniel. Ele sorriu agarrado a mão de Julieth, mas eu sabia que seu sorriso era pura dor e então me virei evitando encarar o resto.

– Nós anciões dos guardiões de Kira desejamos boa sorte a Katherine Mozart e a Nicolas Heenk. - falou Ivo segurando um colar nas mãos.

– E devemos lembra-los que lá fora é que as tentações estão, portanto, não se percam de sua missão. - completou Rosalina.

– Como anciões nós os deixamos passar pela barreira que cobre a cidade e nos protege do mal. - falou meu pai.

– Então apenas boa sorte aos nossos guardiões. - Madalena falou com uma voz fraca.

– E você pode fazer isso Katherine. - sussurrou uma voz do meu lado e eu me virei encontrando Mayara com um sorriso. - Boa sorte!

Sorri e senti Nicolas parar bem ao meu lado. Me virei olhando dentro dos seus olhos. Ele assentiu e estendeu a mão me surpreendendo ao oferece-la para que eu pudesse segura-la. Apertei sua mão sentindo sua pele quente.

Então os seis anciões começaram a falar em latim e em poucos segundos uma rajada de vento levou meu cabelo para trás e quando Nicolas e eu demos um passo no meu instante já não pertencíamos mais a Ilheias, e sim ao mundo mortal.


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Notas finais do capítulo

Julieth: http://www.polyvore.com/julieth/set?id=134338584
Sarah: http://www.polyvore.com/sarah/set?id=136172234
Kate: http://www.polyvore.com/kate/set?id=139971541



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