O Décimo Primeiro Portão escrita por Leo Valdez


Capítulo 8
Você é muito irritante!


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, boa leitura espero que gostem, kiss :) /Laris



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POV Tiago
Acordei com minha cabeça balançando. Passei a mão onde alguém havia me acertado na nuca e só com meu toque ardeu de dor. Tentei levantar mas bati com a cabeça em algo de madeira ou muito parecido com madeira. Passei a mão nos olhos e vi estar cercado por barras, olhei para cima e as barras se juntavam numa cúpula. Uma gaiola, deduzi. Olhei ao redor e notei que minha prisão era levada por dois cavalos de gelo e uma moça loira estava montada em um deles com roupas pretas coladas ao corpo. Diria que era linda se ela não tivesse me engaiolado. Derek! Bella! Lembrei de meus amigos na luta com Nathan e olhei em volta. Estavam todos ali, todos os semideuses que haviam se separado estavam presos em gaiolas iguais a minha. Até Lucy e Kenon que haviam ido falar com Éolo estavam ali, notei que Kenon estava gravemente ferido e sangue escorria livremente do ferimento nas costelas.
–Posso saber onde a senhorita está nos levando?
–Não. -Ela virou para mim e aqueles olhos azuis me fitavam. -Não é da sua conta semideus.
–Okay. -Fiquei em silêncio por alguns minutos e me sentei o mais confortável possível na pequena gaiola. -Samantha, né?
–Como é?
–Samantha é seu nome, não é?
–Sim. Samantha Parker, filha...
–De Quione. -Cortei-a.-Já saquei. -Ela bufou e virou para a frente novamente. -Pra onde está levando eu e meus amigos Samantha?
–Já lhe disse. Não lhe interessa.
–Mas eu quero saber.
–Cale-se! Não é informação digna de você.
–Ta bom. -Suspirei. Ela pareceu relaxar quando viu que desisti. Engano dela. -Tem quantos anos?
–Mas o que!? Eu mandei você se calar! É surdo?
–Não senhora. Na verdade dizem até que escuto mais do que deveria. Mas diz aí, quantos anos?
–Moleque irritante! 19.
–Jura? Bacana.
–Pra um filho de Nêmessis você é feliz de mais.
–Melhor sorrir que chorar. Meu lema.
–Dane-se o seu lema! Não me interessa.
–Sa? Posso te chamar assim?
–Não.
–Ta bom. Sa, pra onde estamos indo?
–Disse que não podia me chamar assim! E NÃO, não vou dizer!
–Eu sei que você não deixou, mas é bonitinho e vou chamar mesmo assim. -Sorri.
Ela me olhou com ódio e com um gesto congelou algumas barras de minha gaiola. Decidi ficar um pouco quieto.
Meus amigos estavam em duplas nas gaiolas, exceto eu, Brandon e Mitchell. O filho de Afrodite, além da gaiola, estava amordaçado, preso nas mãos e com uma venda. Parece que os filhos de Quione tem medo do Mitchell. Derek e Bella dividiam uma gaiola, Derek estava deitado com as pernas para cima e Bella deitada em sua barriga ainda com algumas partes do corpo congelado. Sharon e Ikaro dividiam outra gaiola, Ikaro estava sentado desacordado e Sharon deitada com a cabeça em suas pernas. Os outros não dava para ver as posições mas tinham Jessica e Gustav e Lucy e Kenon. Nos dividiram em pares para que fiquemos vulneráveis. Espertos. Eu acho que fiquei só pelo sumiço da Emi.
–Sasa, pra onde está levado a gente?
–Pare de fazer perguntas que já falei que não direi a resposta!
–Certo. Sasa, porque não cuidou do ferimento do Kenon? Pode infeccionar.
–Se ele morrer menos um pra lidar. Não me importa.
–Mas ele está gravemente ferido. -Ela não me olhou. -Sasa, ajuda ele.
–Não! CALA A BOCA E PARA DE ME CHAMAR DISSO!
–Aí, não fica nervosa. Sério. É só um apelido carinhoso. -Dei de ombros.
–Não há carinho aqui.
–Nossa... Magoei. -Me fiz de ofendido.
–Porque você não fica calado?
–Porque não é do meu fetio ficar calado.
–Você é super irritante. Sabia?
–Ah! Sabia sim, minha irmã Jessica faz questão de lembrar toda hora.
–Desisto de você. Eu pensei que ficando com o filho de Nêmessis ia me fazer ficar em paz... Pelos Deuses! Foi a pior escolha que fiz na minha vida!
–Ei! Eu to ouvindo.
–Nathan!
Um garoto de cabelos castanhos escuros se aproximou num cavalo de gelo igual ao da Samantha.
–Que foi irmã?
–Você está com o filhote de Apolo ferido?
–Sim irmã, e ele está sangrando como um porco! Bem que você disse. Por isso mamãe deu a liderança da captura a você.
–Certo Certo. Quero que mande um dos lanceiros fazer uma atadura no semideus ferido.
–Porque? Você mesma disse "deixe ele sangrar, melhor que morra mesmo." Porque mudou de ideia?
–Mamãe não ia gostar de um semideus valioso morto. Gostaria?
–Tem razão... Ela ia fatiar nosso couro se soubesse que deixamos algum morrer... Bem pensado maninha!
–Eu sei. Agora vá. -Ela falou alto para que todos ouvissem. -Daremos uma pausa de 5 minutos e partiremos. -Baixou a voz para se dirigir ao irmão. - É o suficiente para tratar do semideus. Vá.
Ela guiou o cavalo de gelo a um lago à esquerda e pulou do cavalo. Abaixou-se ao lado do lado e encheu o cantil que levava no cinto.
–Porque fez aquilo? -Perguntei.
–Você tinha razão. -Ela molhou a nuca e me olhou. -Podia infeccionar.
–Mas porque se importaria?
–Não sou uma sanguinária fria. Se for para matá-lo, eu mesma corto-lhe a cabeça.
Engoli em seco e passei a mão na garganta.
–Você não faria algo assim... Faria?
–Faria, se fosse necessário. -Ela pegou uma folha e a congelou, encheu-a de água e me deu por entre as barras. -Você não sabe nada.
–Talvez eu saiba umas coisas. -Dei de ombros bebendo a água enquanto ela esperava que eu acabasse. -Uma coisa que não sei, é pra onde vamos. -Limpei a boca ele entreguei a folga congelada.
–E irá continuar sem saber. -Ela montou no cavalo de gelo gritando em seguida. -VAMOS! ACABOU O RECREIO!
–Você não é assim... Eu sei que não é Samantha.
–Já disse que não sabe de nada.
–E eu já disse que só não sei aonde vamos. -Cruzei os braços e emburrei a cara. -Onde vamos?
–Argh! -Ela largou as rédeas e cobriu os ouvidos com as mãos. -Cale-se! Não vamos voltar a estava zero... Por favor... Não tenho paciência para isso!
–Qual o problema de me dizer?
–Ordens. Recebi ordens para que seja sigiloso.
–Diz só pra mim... Prometo que não conto pra ninguém!
–NÃO!
Passaram-se algumas horas desde que eu acordara e decidira que encher o saco da Samantha seria minha prioridade, apesar de não ser saudável. Ela congelou minha gaiola toda, ela congelou meu cabelo, congelou minhas mãos, congelou até meus lábios! Por fim ela fez uma nuvem de neve surgir acima de minha gaiola, agora tenho que dividir a cela com quilos de neve interminável.
–Sam...
–Que é peste?
–Não dói a bunda sentar num cavalo de gelo?
–Eu mereço...

POV Gustav

Acordei atordoado. Passei a mão no rosto e vi Jessica deitada ao meu lado com a cabeça em minha coxa. Pêra ai! Jessica? Deitada? Em mim!? Flashes da luta passaram pela minha cabeça e o modo como apaguei, tentando correr para pedir ajuda quando o dragão pegou Jessica com as garras.
Joguei o peso morto da Devine pro lado e tentei levantar, porém, bati a cabeça no teto em cúpula. Olhei para trás e vi Derek e Bella. Calma ai... Derek e Bella? Olhei ao redor e vi todos os outros nossos amigos no mesmo estado que eu e Jessy.
–Gustav...? -Sentei e vi Jessica tentando sentar também, mas ela estava com um corte feio no braço.
–Calma aí. -A ajudei a sentar. A gaiola era pequena demais para nós dois, então quase ficávamos um em cima do outro.
–Aquela vadia! Pegou a gente...
–Foi. -Vi o sangue escorrer pelo braço dele muito rápido. -Suponho que isso aí esteja fundo.
–O que...? Ah. Ta doendo um pouquinho... -Eu sabia que estava doendo pra caramba, mas ela era orgulhosa pra admitir.
–Vou acordar o Derek pra ele ver isso.
–Derek? Ele está aqui?
–Todos estão.
–Aquela filha de quenga! Mas a gente... A gente vai ficar na mesma gaiola?
–Pelo jeito...
–Ah não! Ei tio! Tio do cavalo de gelo! -O lanceiro olhou pra ela com fúria mas ela nem se importou. -Quero uma gaiola pra mim. Não fico com essa coisa!
–Acustume-se. -Disse o lanceiro.
–Não quero me acostumar! Quero ele longe de mim! -O lanceiro nem se moveu. -Ei! To falando contigo!
–Ele não vai mudar a gente Jessica. Vou ter que te aturar pelo jeito...
–Você vai ME aturar? E eu?
–Ok. Vamos ter que nos aturar. Que tal uma trégua?
–É o único jeito? Já colocou sua brilhante cabeça pra pensar!?
–Acho que sim.
–Trégua.
–Trégua.
Estiquei o braço e tentei alcançar o Derek Phillips. Coloquei o braço todo para fora e bati com força na cabeça dele. Ele tomou um susto e no reflexo colocou a mão nas castas atrás do arco.
–Não está aí.
–É... Notei. O que aconteceu? Vocês também foram pegos?
–Fomos né? Preciso de ajuda. Dá uma olhada no braço da Jessica? Acho que a coisa está feia...
–Porque se importa, Gustav? -Perguntou Jessy.
–Não sei. Talvez pelo o que você disse no parque... E também pela trégua. Vai olhar Derek?
–Claro... Deixa eu me livrar do peso morto. -Ele pegou Bella e a jogou pro canto da cela. -Prontinho. -Disse limpando a mão.
–Ela podia ter se machucado seu imbecil! -Advertiu Jessica. -Toma cuidado otário. -Ele deu de ombros como se não se importasse.
Ele se ajeitou na cela e ficou de frente para as barras e pegou o braço da Jessica Devine e examinou.
–É... Está fundo. -Ele fechou os olhos e apertou o corte entre as mãos. Jessy praguejou mas não se moveu. Segundos depois ele abriu os olhos e retirou mão, o ferimento já estava quase fechado. -Gustav, me dá um pedaço da tua blusa. -Rasguei e entreguei para ele. Ele amarrou o corte bem forte e se ajeitou na gaiola novamente. -Pronto. Não faz força bruta com ele que vai ficar novo em folha, prometo. -Sorriu.
–Valeu, Derek. Mas ainda te acho imbecil.
Derek me olhou com a sobrancelha levantada, confuso.
–Já acostumei. -Dei de ombros. -Acho que estão levando a gente de volta para o acampamento.
–Bem provável. -Disse Jessica.
Conversamos mais um pouco sobre como fugir e como fomos capturados. Os outros foram acordando aos poucos e sempre tínhamos que explicar a mesma coisa "todos fomos pegos pelos filhos de Quione. Achamos que estão nos levando de volta para o acampamento.". Eu e Jessica, por ser muito pequena a gaiola, sentávamos com os pés um por cima do outro, primeiro o meu embaixo e depois de um tempo trocávamos, estávamos nós dando bem, mas não podíamos falar o mesmo dos nossos companheiros.
–Sai Derek! Eu quero sentar!
–Sai você! Eu to com menos da metade da gaiola!
–Eu com uma ressaca do caramba e você gritando no meu pé do ouvido! Cala a boca Derek!
–Ora! Cala você! Não fica sem reclamar um minuto!
–Se eu tivesse vinho, eu não reclamaria!
–Você sobrevive sem vinho!
–Tenta sobreviver sem sol, pra você vê como me sinto!
–Porque não fazem uma trégua? Que nem eu e a Jessica? -Sugeri.
–Ele nunca faria nenhum acordo comigo, cabeça dura como é...
–Eu faço se te fizer calar a boca!
–Se fizer VOCÊ calar a boca, até eu aceito essa trégua.
–Eu estava estrangulando o Gustav não faz muito tempo no parque, mas até eu, que tenho ódio dessa... Coisa... Tenho que admitir que sem trégua não dá para ficar confortável numa porcaria dessa.
–Vocês só tem que parar de se atacar e sentar como nós! -Disse alegre.
–Certo. -Aceitou Bella. -Você põe o seu embaixo primeiro.
–Eu não. Ponha você primeiro!
–Chega! -Gritei. -Já estou com dor de cabeça da gritaria de vocês!
–Agora sabe como me sinto! -Gritou Brandon da gaiola individual que o puseram.
–Cala a boca Brandon! -Gritamos eu e Jessica juntos.
–Derek, fala uma coisa que você gosta na Bella. -Disse.
–Essa ideia foi minha! -Gritou Brandon de novo enquanto tentava roer uma das barras.
–CALA A BOCA BRANDON!
–Que eu gosto? Nada. -Riu.
–Sério, Derek. Você fala, depois a Bella fala algo que ela gosta em você. -Explicou Jessica. -Funcionou com a gente.
–Que eu gosto nela? Deixa eu ver...
–Tem que olhar para ela. -Advertiu Jessica.
–Ta bom! -Disse Derek impaciente. -Gosto... Gosto dos olhos.
–Olhos? Que ridículo até para você, Derek. -Debochou Bella.
–Quer que eu fale sério? Ok. Gosto de quando não é uma chata irritante. Gosto quando não fica enchendo o saco. Gosto quando é misteriosa e fica bebendo vinho com a mão no bolso. Essa é a verdade. Isso que eu gosto.
–Hum... Bella... Acho que é sua vez. -Disse Jessica, porém Bella estava meio surpresa com a resposta de Derek. -Bella... Sua vez.
Ela balançou a cabeça e pegou o cantil no cinto, levou a boca mas não havia nada, praguejou baixinho e respondeu.
–O que era para fazer mesmo? -Disse ajeitando o cabelo negro.
–Você vai falar algo que gosta no Derek. -Expliquei.
–Algo que eu gosto no Derek... -Derek estava com os braços cruzados e bagunçou o cabelo. -Disso.
–Disso o que? -Perguntou Derek.
–Do cabelo.
–Meu cabelo? Sério? Você faz melhor Bella.
–Do cabelo porque é longo o suficiente para bagunçar, mas não o suficiente para parecer um maconheiro. A cor parece um raio de sol. E quando cai na sua testa, faz um contraste perfeito com os olhos azuis. -Ela balançou o cantil e o recolocou no cinto. -É disso que eu gosto em você, Derek Phillips. Disso e quando você não é tremendamente irritante e sem noção. -Sorriu.
–Muito bem. Parabéns para os dois. -Disse Jessica.
–Pêra, faltou uma coisa. -Derek estava bobo como Bella estava a segundos atrás. Mas saiu de seus devaneios quando ela disse que havia mais. -Derek, só porque você tem belos cabelos, não quer dizer que te odeie menos, capiche?
–Isso serve para mim também! Continua irritante... -Cruzou os braços.
Eu e Jessica nos entreolhamos e rimos. Foi exatamente o que fizemos quando Brandon nos mandou fazer essa maluquice. Mas deu certo, estamos nos dando até bem. Até trégua fizemos.
–Picolé de pamonha! Seu cretino! -Nos viramos e vimos que Sharon havia acordado também. -Me tira daqui picolé de pamonha! Vou te bater no liquidificador!
Atrás dela estava Ikaro Uhira encolhido no canto oposto da gaiola que dividiam.
–Sharon! Não adianta! -Gritou Jessica. -Esses infelizes não valem a saliva que usamos para falar com eles.
–Olha aqui picolé... Quando eu sair daqui... Vou te pegar ouviu bem!? -Sharon sentou e cruzou os braços.
–I-Isso... E-Existe? -Perguntou Ikaro.
–Como? -Disse Sharon.
–O chingamento... E-Existe?
–Picolé de pamonha? -Ele fez que sim com a cabeça corando. -Não sei. Mas é isso que ele é!
Ikaro riu e Sharon o acompanhou. Eles começaram a conversar, mas eu não estava mais prestando atenção neles, olhava Lucy Wendill.
–Kenon... Acorda vai...
Olhei melhor e vi que ele estava com as costelas enfaixadas, e a faixa estava vermelha de sangue. Derek estava longe demais para ajudar o irmão. Lucy havia posto sua cabeça em sua coxa e alisava seus cabelos delicadamente.
–Lucy... O que aconteceu com o Kenon? -Perguntou Derek.
–O dragão... Eu... -Limpou uma lágrima. -Ele se jogou na frente da bola de fogo pra me salvar...
–Lucy... A culpa não foi sua. -Disse tentando ajudar.
–Se eu tivesse prestado atenção... Se eu tivesse visto o dragão... Ele não estaria machucado. -Chorou ainda mais com a cabeça encostada no peito de Kenon.
–Ele vai melhorar. Prometo. Kenon é forte, Lucy, logo vai estar por aí correndo e fazendo confusão e as besteiras que ele sempre faz.
–Tem... Tem certeza, Derek?
–Sim.
Deixamos Lucy quieta. Ela estava abalada e só vai melhorar quando Kenon acordar. Sempre soube que ela tinha uma queda, abismo, por Kenon. Diria até que combinam.
–Nossa... Parece coisa de livro... -Disse Bella olhando fixamente para Lucy.
–Bella, o que parece livro? -Perguntou Jessica.
–Os dois... As bolas de neve... Atrás da árvore e na praia... Parece coisa de filme...
–Bella, não estamos entendendo.
–Foi lindo quando ele a surpreendeu por trás... E quando disse que podia confiar nele...
–Derek... Não sei o que ela esta fazendo, mas parece não estar ouvindo. Faz alguma coisa.
–Bella? -Derek tocou-lhe o ombro. -Bella? Bella! O que é isso? -Ele sacudiu seu ombro, então Bella virou os olhos e baixou a cabeça ofegante. -Bella... O que foi isso? -Ela se segurou com a outra mão ainda ofegante. Levantou a cabeça mas logo baixou novamente. -Bella, você está bem? -Seus braços pareceram fraquejar e ela caiu, sendo segurada por um Derek preocupado.
–Bella? Ela está bem Derek?-disse Jessica.
–E-Estou...
–O que você fez? -Perguntei devagar.
–Meu disse que eu podia, mas... Ainda não estava pronta... Mas eu fiz... Foi sem querer...
–Calma. -Disse Derek ajeitando-a em seus braços. Bella suava frio. -Você está fria...
–Ela usou um poder muito forte. Não podia controlar ainda. Por isso está passando mal. -Expliquei.
–Eu vi... Vi as memórias da Lucy.
–O que você viu? -Perguntei devagar.
–As cenas que ela lembrava com mais força... Eles rolando na neve... E atrás de um pinheiro, quando ele a surpreendeu e eles rolaram na neve... Juntos.
–Juntos? -Disse Jessica.-Por isso Lucy está sofrendo tanto...
–Eles quase... Quase se beijaram na areia da praia...
–Praia? Neve? Onde foi isso tudo? Não fomos a nenhum desses lugares.
–Na casa de Éolo, Derek. Ele tem quartos das quatro estações. -Expliquei.
–Me deixa levantar... -Bella forçou-se para cima, porém caiu novamente nos braços de Derek. -Não quero... Ajuda...
–Lembra do que disse? Gosto quando não é uma chata irritante. Agora fica quieta que você tem que descansar.
Derek ajeitou-a em seu colo para que ficasse com a cabeça encostada no seu peito e não demorou muito para que Bellatriz apagasse. Derek ficou olhando as estrelas e sem perceber, abraçou Bella como se a protegesse. Ele não percebeu, mas eu e Jessy sim. Ficamos conversando sobre as possibilidades, e a conclusão foi: Provável.
Fiquei pensando no que Bella acabou de fazer. Ela entrou na mente de Lucy. Eu sabia que filhos de Dionísio são capazes de trazer a tona seus piores medos e fazê-lo enlouquecer com um simples olhar, mas entrar na mente? Isso era algo novo e explorável, numa guerra, saber o que o inimigo pensa, é algo de extrema importância. Imagina ter a certeza do que o inimigo pensa?Com isso pode-se ganhar guerras...
–ACAMPAREMOS AQUI! QUERO O ACAMPAMENTO PRONTO ANTES DA LUA BRILHAR NAQUELE CÉU! -Uma mulher loira, que ia à frente da caravana e carregava Tiago Garcia, gritou.
Fomos postos no chão e cortaram toda a grama ao redor para que Ikaro não pudesse reaver sua força. Mas com um toque no chão, ele fez crescer uma flor, o que encantou Sharon e estampou um sorriso em seu rosto apesar das bochechas rosadas.
Quando a noite chegou, o acampamento já estava pronto e uma tenda improvisada com o símbolo de um floco de neve marcava o lugar onde os filhos de Quione passariam a noite. Contei 40 lanceiros e 70 monstros de neve, além dos cavalos para os lanceiros e os semideuses. Um javali era rodado em um espeto no fogo e sua gordura crepitava ao cair no fogo e lançava ao ar um cheiro maravilhoso que encheu nossas bocas de água. Minutos depois eles derramaram um pouco de vinho tinto para dar mais sabor ao javali e Bella despertou ao sentir o doce cheiro do vinho.
–Vi... Vinho... -Disse se levantando do peito de Derek. -Derek... Por favor...
–Bella, fique calma, deite novamente, você está fraca de mais.
–Mas eu quero vinho... Derek.
–Ta bom. Deita de novo e eu depois pego pra você. -Ela deitou novamente e já dormiu novamente.
Eu estava ficando realmente preocupado com o estado de Bella, ela agora não só suava frio como estava pálida e com febre.
–Gustav... -Chamou Jessica. -O que acontece a um semideus se... Fica completamente sem poder e sem como reuperá-lo?
–Morre. Na pior da hipóteses. -Jessica colocou a mão na boca e arregalou os olhos. -Quer dizer... Ela só precisa de um vinho 1967 e um bom descanso e fica boa. Não se preocupe.
–Gustav... -Chamou Derek. -Ela já não estava bem, porque o filho de Quione a congelou. Você acha que ela só ficou ruim desse jeito porque juntou as duas coisas?
–Provavelmente Derek. Mas ela vai melhorar. Precisa de vinho e descanso. Você já a está ajudando ficando com ela. Um filho de Apolo cura até com um simples abraço. Olha o que você está fazendo. -Ele se olhou e viu que tinha posto os braços em volta de Bella e agora depois que ela acordou tinha entrelaçado a mão dele na dela.
–Eu... Não percebi que estava...
–Não se preocupe. Isso a está ajudando. -Sorri compreensivo e Jessica deu um risinho baixo.
–Ei!
Olhei para o lado na mata densa e ouvi um farfalhar de folhas. Olhei para Jessica, mas ela não pareceu ouvir e falava com Tiago. Derek abraçava Bella e olhava as estrelas brincando com a mão de Bella na sua.
–Ei! Psiu!
Olhei novamente e vi no meio da escuridão uma ponta de flecha aparecer no meio do arbusto.
–Semideus... Está precisando de ajuda? -Então vi olhos vermelhos me encarando na escuridão.
Continua...


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