Os Incapazes de Sonhar escrita por Darkside


Capítulo 14
Capítulo 14: O Anjo




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- Demônios tem sua luz?

- Sim, minha querida... Logico que isso é apenas uma comparação, demônios, aqueles que saem do inferno pra dilacerar seu corpo e comer sua alma, esses não existem. Existem apenas demônios humanos.

Não, não acreditei... Apenas... Apenas. Sai correndo, passei por Marcus, que me olhou estranho. Corri para longe, um lugar onde eu pudesse me sentir protegida, passei por portas, muitas portas, de todas as cores, de todos os tamanhos, mas eu só corria, minhas pernas doíam, doíam muito, muito, mas eu não podia parar, eu não queria, eu tinha medo de parar.

Os gritos ecoavam dentro do meu coração, eu ainda podia ouvir as crianças chorando, pedindo ajuda, e eu não podia fazer nada... Não podia salva-los!

Havia apenas mais uma porta; ultima das muitas que eu havia visto Era uma porta enorme, branca, ocupava a parede toda. Eu abri, abri-a como se fosse a ultima coisa que eu iria fazer, minhas energias estavam acabadas, me sentia tonta, com medo, e queria algo pra confortar minha mente, queria tirar àqueles rostos, aquelas cenas, aquelas pessoas banhadas em sangue.

Minha mente foi então invadida por um forte som de piano. Quando olhei ao redor não estava mais em um lugar daqueles, um lugar onde eu havia redescoberto o sentido do desespero. Eu entrei em uma sala enorme, com as paredes brancas e janelas enormes, ao sair de um inferno acabei entrando em um paraíso, ali era quente, confortante, e o som maravilhoso, eu mal podia acreditar no que eu estava sentindo.

Olhei mais um pouco para a sala, havia um menino tocando o violino; Senti medo, medo de ser algum daqueles monstros, ou daquelas pessoas que Marcus Havia me mostrado.

Mas a principio ele era perfeito, suas mãos ele era normal, de costas, e o som do piano, tocado tão suavemente, uma melodia que estava acalmando meu coração.

Apertei os olhos para poder enxergar o garoto, que ao parecer ele estava longe, mas ao mesmo tempo perto, minha visão se confundia com a claridade do lugar.

Pude ver que ele tinha cabelos loiros claros. Esses cabelos me eram familiares, está silhueta, eu não conheço de algum lugar?

Ele tocava feito um anjo. Deu-me a sensação de estar no paraíso, este lugar, recriava algo em mim. Um choque em mim, os rostos, todos os rostos que havia visto no percurso até aqui tomaram minha mente; Eu quis chorar, gritar, mas não tinha coragem.

Minha respiração falhou, meus olhos fecharam por alguns instantes, e perdi os sentidos. Eu só queria descansar. Pude ouvir a musica parar e quando ia cair para trás, alguém, alguém me segurou, senti algo macio em contato comigo.

Abri os olhos para ver quem era. Fiquei surpresa, era uma das pessoas que eu nunca esperava encontrar neste lugar, afinal, o que Macbeth fazia neste lugar?

- Calma, eu estou aqui, vai ficar tudo bem, Minha querida.

Foi a ultima coisa que eu lembro-me.

Meu corpo pesado, Muito pesado, onde eu estava? Abri os olhos, a claridade me irritou por alguns segundos, era um lugar muito claro. Olhei para meu corpo, eu estava com uma camisola e também estava deitada em uma cama, Mas eu não fazia a mínima ideia de onde estava. Apenas me lembro de Macbeth sorrindo para mim. Levantei-me da cama, a camisola tinha mangas compridas e vinha até meus joelhos; iguais as que Marcus me fazia vestir, roupas que eu não achava que caia muito bem em mim.

Andei pelo local, era um quarto muito claro, com as paredes de um tom caramelado, moveis marfins e era enorme, a cama ficava no centro da parede, de frente para uma das portas e havia uma espécie de sofá, não sei ao certo, era algo muito bem decorado, as janelas possuíam detalhes em dourado, era realmente muito bonito.

Comecei a olhar as cômodas como se procurasse algo, mas na verdade queria apenas satisfazer minha curiosidade.

Havia material de pintura e uma tela coberta, fiquei curiosa, mas não sabia se deveria...

Droga, minha curiosidade foi mais forte, levantei a pequena coberta que estava no quadro e pude ver. Era maravilhoso que tivesse feito deveria ser um ótimo pintor.

- Você não sabia? A curiosidade matou o Gato.

A voz dele. Era Macbeth, ele disse isso em um tom suave, seus olhos brilhavam, ele estava encantador.

- Quando me viu; você me comparou a um anjo?

- Como assim?

- Seus olhos me disseram isso, mas o que me preocupa é do lugar que você surgiu e do modo que surgiu... Passeando?

- De nenhuma forma!

-É o que eu imaginei, mas me Diga, o que fazia lá?


Olhei para ele assustada, será que deveria falar a verdade?

- Se sou um anjo, você deve me contar a verdade não é??

- Não disse que você é um anjo!

Disse meio brava, ele riu e abriu um sorriso, fiquei sem graça, ele estava me observando de modo curioso, como todos estavam fazendo desde quando cheguei neste lugar.

- Seus olhos me disseram isso.

Se Marcus era o Demônio, então, talvez Macbeth fosse o Anjo?


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