Estava hoje mesmo pensando sobre o amor, como ele chega de repente e transforma tudo ao seu redor. Foi exatamente assim que aconteceu comigo, um dia eu era apenas eu, Clarissa. Depois, em um momento repentino, um rapaz entrou naquela livraria. E eu reparei em tudo, seus profundos olhos azuis, o brilho dos cabelos encaracolados, a forma como seus lábios formavam um arco perfeito enquanto ele sorria. E foi depois daquele momento que eu me tornei outra pessoa. Meu coração se acelerou em meu peito e meus hormônios entraram em ebulição, sempre achei uma besteira aquela história de sentir borboletas na barriga, mas naquele momento eu entendi. Tudo se tornou mais claro, mais colorido, mais animado, e ao mesmo tempo não havia nada realmente diferente. O que mudou foi a minha percepção, minha forma de ver o mundo. Fingi estar muito interessada em um livro sobre cachorros e por mais contraditório que isso pareça, eu me focava naquelas palavras estranhas tentando de todas as formas não ser notada pelo lindo rapaz bem ao lado. O pensamento dele se interessar por mim me deixava aterrorizada.

“Boa Tarde.” Arrepios percorrem todo o meu corpo. Eu ainda nem havia levantado a minha cabeça mas eu sabia exatamente quem estava falando comigo, é como se meu corpo identificasse a presença do corpo dele no mesmo espaço. Que louco. Levantei a cabeça do livro e encarei aqueles lindos olhos mais uma vez, ele direcionava o sorriso matador em mim e eu juro que as minhas pernas perderam um pouco da sua força.

“Boa Tarde” Minha voz está segura, estranhamente. Eu achei que ela ia sair tremida ou iria trair a minha confusão interior de alguma forma. Duas palavras, essas foram as palavras que trocamos naquele dia. As primeiras de muitas palavras. Trocamos números de celular e eu sorri como uma boba quando ele me ligou naquele dia mais tarde, passamos horas conversando sobre frivolidades e rindo, rindo tanto. Lembro que quando desliguei o telefone naquele dia, eu pensei: Eu não poderia ser mais sortuda.