–O que se passa Lúcia?- perguntei preocupada.

Lúcia parecia hesitar, como se não soubesse se me deveria contar ou não. Não sei porque ela fazia isso. Ela sabia muito bem que como estamos ligadas sentimos quando uma de nós está a mentir.

–Bom, é o Castiel.- Respondeu-me por fim

O Castiel, mas o que é que ele tinha para a preocupar assim tanto?

–O que foi Lúcia? – Perguntei

–Sabes é que as vezes o Castiel é rebelde e tem mau humor.- Respondeu-me ela.

–Não te preocupes vais tudo correr bem.- Confirmei-lhe.

No dia seguinte Castiel esperava-me á entrada da minha casa. Sorri quando o vi, aproximei-me dele e rocei os meus lábios aos dele. Castiel ofereceu-me uma rosa que tinha atrás das costas.

Castiel e eu fomos passear ao parque. Foi muito bom estar de mãos dadas com ele. Caminhava-mos devagar como se o tempo parasse á nossa volta.

Castiel Pove on:

Nunca me senti assim com nenhuma outra rapariga. Enquanto caminhava de mãos dadas com ela, percebia que ela era um tesouro. Como eu gostava que ela fosse só minha, que pudesse mante-la fechada numa caixa para que ninguém a pudesse ver e me tentasse tira-la.

–Anda, vamo-nos sentar.- disse-lhe.- Tenho uma canção que gostaria que ouvisses.

–Uma canção?- perguntou-me ela, com aqueles seus olhos sempre cheios de curiosidades.

–Sim, fui eu que escrevi. É sobre nós os dois.- Expliquei-lhe.

Flash of…

Castiel e eu sentamo-nos num dos bancos do jardim. Ele pegou no seu mp4, pós um dos fones no meu ouvido e outro no dele. Castiel carregou no Play e começamos a ouvir aquela música que tinha lido no bloco do Lysandre.

Ouvir a música que o Castiel tinha escrito sobre nós pela sua própria voz era algo mágico. Quando a música acabou levantamo-nos e Castiel pegou na minha mão.

–Anda, ofereço-te um gelado antes de ires para casa.- disse o Castiel. – O que vais fazer esta tarde?

–Bom, eu, a Irís, a Violeta e o Kentin vamos a casa do Alexy e do Armin.

– O que vais fazer a casa desses dois rapazes?- perguntou-me o Castiel, enquanto apertava fortemente a minha mão ao ponto de doer.

–Castiel estás a magoar-me!- falei aflita.

–Desculpa. – disse o Castiel aliviando a pressão que fazia na minha mão.

Castiel comprou um gelado de chocolate para ele e um de morango para mim. Fomos a maior parte do caminho em silêncio. Quando cheguei ao portão da minha casa, Castiel deu-me um beijo, mas desta vez mal lhe correspondi ao beijo. Não conseguia parar de pensar de como ele mudara de comportamento á bocado.

Depois de almoço fui a casa de Armin e Alexy como tinha combinado. Foi a ultima a chegar e para meu espanto quando cheguei Irís veio ter comigo a correr.

–Já sabes com que é que a Violeta namora? – perguntou-me ela toda animada.

Eu sabia. Violeta estava agora a namorar com o Armin. Mas afinal porque estava eu assim?

–A Violeta está a namorar com o Armin. – disse-lhe com a voz seca.

–Com o Armin?- Irís começou a rir. – Não. O Armin ajudou a Violeta a dizer ao Alexy que gostava dele, ela está a namorar com o Alexy.

Com o Alexy? Foi por isso que o Armin disse que eles estavam a falar de jogos, ele não podia dizer que estava a ajudar a Violeta com o Alexy. Quando o visse teria de lhe pedir desculpas por ter sido tão má com ele.

Quando Irís e eu entramos na sala Armin levantou-se e veio ter connosco. Olhou para mim e disse:

–Preciso de falar contigo.

Não lhe consegui responder, sentia-me envergonhada demais para falar. Apenas acenei com a cabeça. Armin pegou delicadamente na minha mão.

Foi com o Armin para o quarto que este partilhava com Alexy. Abaixei a cara. Sentia uma enorme vergonha, não era capaz de olha-lo nos olhos.

– Desculpa Armin. - Pedi baixinho

Armin aproximou-se de mim, pegou-me no queixo e nesse momento os meus olhos encheram-se de lágrimas. Como eu fora injusta com ele e mesmo assim aqueles seus olhos azuis estavam cheios de carinho. No que estaria a pensar? Estaria ele chateado comigo?

Armin Pove on:

Quando entrei no quarto, comecei a pensar em algo para lhe dizer. Não podia deixar que a pessoa mais importante para mim continuasse zangada comigo, mas qual não foi o meu espanto quando ela me pediu desculpas.

Eu sabia que ela se sentia mal por aquilo que tinha acontecido naquele dia. Ela apenas fitava o chão, esse sentimento de culpa não a permitia olhar-me nos olhos. Não podia permitir que ela continuasse assim.

Aproximei-me dela, como o mesmo cuidado de alguém que se aproxima dum bebé que está a dormir. Peguei no se queixo o mais delicadamente que consegui, para poder ver aqueles seus olhos cor de mel que me enfeitiçavam por completo. Mas quando os seus olhos se encheram de lágrimas o meu coração partiu-se.

–Porque estás a chorar Cátia? – perguntei-lhe num sussurro.

Ela não respondeu, apenas me abraçou. Abracei-a fortemente, se ela soubesse como me custava ouvir os seus soluços.

– Desculpa Armin, eu não queria ter feito aquilo. – disse-me ela entre soluços. – Eu não queria ter sido má contigo.

– Já passou, a culpa não é tua. – respondi-lhe enquanto passava uma mão pela sua cabeça.

Cátia inclinou a cabeça para trás. Olhava-me docemente nos olhos. Não sei se ela tinha reparado mas as nossas bocas estavam tão próximas que aceleravam o meu coração. Quem me dera que a pudesse beijar sem que nenhum de nós se magoasse.

Flash of …

Armin perguntara-me porque chorava, como ele era nobre. Não sabia o que lhe responder então abracei-me a ele, mas quando ele correspondeu-me ao abraço a culpa voltou duas vezes mais forte.

Pedi-lhe de novo desculpa. Apesar de eu saber que a culpa era minha Armin tentou consolar-me dizendo que já tinha passado e que a culpa não era minha. Se ele soubesse o quanto estava enganado.

Decidi olha-lo, não podia deixar que as coisas continuassem assim. Mas quando o fiz percebi que foram a pior decisão que eu tomara na minha vida. O meu coração parecia que ia sair do meu peito, corei de imediato. Agora que fitava os seus olhos, sempre cheios de carinho tudo o que me apetecia era beija-lo. Mas porque?