Kai estava mais branco que defunto fresco! Seus olhos arregalados, e seu coração acelerado.

Voltaire tornou a perguntar:

-O que você está fazendo aqui?

Kai já estava um pouco recuperado do susto e respondeu:

-É... Eu acabei de chegar!

-Mesmo? E por que está aqui perambulando? Não deveria ter se trocado e ficado lá em cima?-Disse Voltaire desconfiado.

Kai tinha que ser rápido para não ser pego mentindo:

-É! Eu já estava indo!-Ele se virou para sair Dalí, mas Voltaire o segurou pelo braço dizendo:

-Estava me espionando?

Kai ficou calado, não conseguia pensar em nada! Voltaire já estava bastante irritado pelo visto. Kai sabia que não teria como escapar, nem teria tempo de entregar aquela maldita advertência... Seria morto ali mesmo.

-Kai eu não estou de brincadeira, o que você estava fazendo aqui?-Bradou o homem já com os nervos a flor da pele!

-Eu... Eu não estava espionando. Só passei por aqui! Mas já to subindo!-Seu braço foi apertado com mais violência:- Eu juro que não estava espionando o senhor, por favor, me solta está machucando!

Voltaire o soltou, em seguida disse:

-Vai, some daqui moleque!

Kai saiu mais do que apressado e subiu as escadas correndo, se trancou no quarto. Jogou as coisas na cama se sentando logo em seguida:

-Aí caramba! Essa foi quase... –Um suspiro aliviado, sentiu o local do braço que foi bruscamente apertado começar a doer, mas não queria pensar naquilo!-O que será que ele quis dizer naquela conversa? Com ele falava no telefone? Mas que Merda!!!-Bradou irritado. Jogou-se na cama com os braços em torno da cabeça e ficou olhando para a pintura branca do teto enquanto pensava:

-Tenho que descobrir o que o está perturbando, antes que ele desconte a raiva dele em mim! Mas agora tenho algo mais para me preocupar. – Pegou a mochila, abrindo-a tirou o papel que o diretor lhe entregou, aquela era realmente sua sentença de morte!

Olhou-o por um tempo enquanto dizia para só mesmo:

-Nem pensando que vou mostrar isso para ele! Vou simplesmente ignorar, duvido que o diretor se lembre disso!

Amassou a folha e jogou no lixo ao lado da cama, olhou para a janela e seguiu até lá. O dia estava realmente muito bonito, a primeira semana de primavera presenteava o jardim da mansão com as mais belas flores que podem existir. Kai ficou ali um tempo pensando em tudo que havia acontecido em um único dia. Um sorriso se formou em seus lábios ao se  lembrar das encrencas se meteu por causa daquela garota:

-Allany... –Murmurou ele, uma brisa leve entrou pela janela do quarto indo de encontro com o roto dele! Fechou os olhos. Ela trouxe um doce aroma de flores, violetas. Havia muitas delas no jardim plantadas em um local especial, foi ele mesmo que as havia plantado e cuidava delas. Eram suas flores preferidas,

Ele abriu os olhos em seguida retomando seus antigos pensamentos:

-O que será que aquela pestinha está fazendo?

Allany já se encontrava em casa, morava com o pai em uma mansão quase no centro da cidade. Haviam se mudado da Rússia a poucos dias, ela não gostaria de ter vindo, mas não tinha escolha.

Estava em seu quarto acariciando o seu gatinho, o nome dele era Kiory. Um gato persa cor de mel muito carinhoso.

-Sabe Kyozinho, hoje foi um dia e tanto! Arrumei muita confusão, mas quem acabou se encrencado no meu lugar foi meu colega que só queria me defender. O nome dele é Kai, ele é muito simpático embora se faça de anti-social e durão. -Ela rolou na cama abraçando o gato.

-Ahhhhhhhhhhhh ele também é muito bonito!-Ela estava quase esgoelando o gato, ele escapou daquele abraço de urso alucinado e desceu da cama. Ela sentou-se e continuou dizendo:

-Onde será que ele mora? Tinha jeito de filhinho de papai, mas eu não o achei metido!

Ela sorriu para o gatinho que não estava nem aí.

Derrepente a porta do quarto se abriu, era Igor o mordomo da casa:

-Senhorita! Seu pai esta chamando-a lá na sala.

Allany assumiu uma expressão séria, não gostava muito do pai.

-Eu já estou indo!-Respondeu em um sussurro. Ele se retirou, ela levantou-se da cama e sentiu Kiory se enrolando entre suas pernas.

-Eu já volto Kyo!

Ela desceu até  a sala, lá se encontrava sentado em uma poltrona luxuosa um homem de meia-idade com uma xícara na mão:

-Sim pai?

-Até que enfim, venha cá!

A garota se aproximou a passos lentos, até estar a uma distância considerável do homem que disse:

-Acabei de chegar e não te vi treinando. Onde estava?-Sua voz era gélida e um tanto cruel.

-No meu quarto brincando com o Kyo!-Respondeu ela assustada.

-Você já não é mais criança! Tem responsabilidades Allany. -Disse ele encarando-a.

-Eu sei pai, mas eu só queria...

-Não me interessa o que você quer! Vá já para sala de treinamento. –Bradou ele.

-Mas pai... –Ela tentou argumentar mas não teve tempo de concluir a frase, ele a agarrou pelo braço e disse:

-Allany eu sou seu pai, me obedeça!-Ele largou a menina que tinha os olhos marejados e um rosto assustado!

-Anda, pegue sua beyblade e vá treinar agora!-Disse ele voltando a assumir um tom de voz mais calmo.

Ela engoliu um soluço, e limpou uma lágrima que teimava em escorrer. E disse em seguida:

-Sim, senhor!

Dirigiu-se para o quarto pegou a beyblade e foi para a sala de treinos. Seu primeiro lançamento na cuia estava carregado de uma força fora do comum, ela já não controlava as lágrimas de ódio!

-Eu juro que vou dar o melhor de mim, e vou fazê-lo me amar!

Uma luz forte tomou o cômodo, ela olhava para cima uma linda fera-bit em forma de lobo:

-Vamos vencer Garion!