No dia seguinte Klaus entrou no quarto do filho e o encontrou acordado. Olhando para a janela distraído, ainda parecia muito cansado.

- Você quer que eu ligue a TV?- questionou assustando Kai- sentindo-se melhor?-

-Sim... - murmurou ele. - Klaus sentou na beira da cama e olhou par o mesmo lugar que o filho olhava.

- Quer ir ao banheiro? Você não esta mais com a sonda na uretra.

- Quero- disse ele movendo o braço direito para puxar a convença-

- Eu te ajudo- disse Klaus tirando as cobertas do filho e o sentado, Kai sentiu-se um pouco tonto. -Tontura é normal devido ao tempo que você ficou deitado. Vou ter que te por no colo, disse ele pegando a bolsa de soro. – consegue se agarrar no meu pescoço?-

Kai passou como pode os braços engessados pelo pescoço do pai que o ergue nos braços.

Durante todo o tempo que ele esteve junto de Kai enquanto este estava fora da cama notou que ele tinha os movimentos limitados dos braços, mas que não movia nem um pouco as pernas. Quando ele o pôs na cama o colocou primeiro de joelho e depois deitou seu tronco.

- Consegue colocar as pernas no lugar?- Kai ficou um tempo sem responder parecia assustado

-Kai?-

-Não... Consigo... - Klaus enxugou uma lagrima solitária que surgiu no rosto de Kai antes de colocar as pernas do garoto retas.

- Vou chamar alguém que pode te ajudar, vou chamar Allany pra ficar com você também.

Assim que Klaus saiu Allany não demorou muito para entrar correndo no quarto e deitar do lado de Kai (a cama é de casal e eles são irmãos gente) e ficar mexendo no cabelo dele. Enquanto ele estava de olhos fechados, sua vida estava um caos.

- Allany deixei Kai comigo e Kaius agora- disse Klaus depois de uma hora entrando no  quarto Allany deu um beijo na testa de Kai e saiu.

-Kai, este é seu tio Kaius. - Kai olhou o homem idêntico a Klaus na cadeira de rodas – Sim, somos gêmeos também

- Oi Kai, Klaus me disse que suas pernas estão dormentes.

- Sim. - murmurou ele enquanto o pai o descobria, Kaius chegou perto da cama e com a maior facilidade do mundo sentou-se na beira da cama. – Vou fazer um exame em você- disse ele vendo a situação de “alguém me explique alguma coisa” do sobrinho.

- Não ligue para a anta do seu tio, ele é um bom medico, mas de resto é um retardado. -

- Me empresta uma almofada?- Kai pegou como pode a almofada e levou ate o tio que atirou na cabeça de Klaus– Também não ligue para o seu pai, ele é um idiota completo quase sempre.  Acho que deve estar confuso com muitas coisas não é?

- Bastante- disse olhando o tio mover sua perna, mas ele não sentiu o movimento.

- Bem, pelo seu olhar está assustado mais comigo do que com o seu estado, não se preocupe você não tem nem uma lesão medular ou na coluna tenho quase certeza que a paralisia é mais psicológica.

- Seu tio caiu de um morro num buraco fundo. - Disse Klaus

- Bati com as costas numa pedra, quebrei a coluna duas vértebras acima do quadril. Historia trágica e chata de mais para a ocasião, sente esse toque?- perguntou tocando um pouco abaixo do umbigo de Kai.

-Não.

- E agora?- perguntou com a mão ao lado do umbigo.

- Um pouco- disse antes de tossir.

- Bem, você vai precisar de fisioterapia, e em algum tempo vai andar de novo.

- Quer sentar Kai?

- Quero. - Klaus arrumou os travesseiros para Kai ficar sentado na cama.

- Você vai ter que aprende a equilibrar o corpo, quando estiver mais forte, não é assim tão fácil, mas se aprende. – disse ele voltando para a cadeira de rodas.

Kai ficou intrigado pelo que poderia ter acontecido a Kaius, uma pessoa não se joga de um penhasco de costas. Era oque pensava naquele momento.

Klaus olhou para o irmão e em seguida para o filho. Aquilo que estava acontecendo com Kai só poderia ser um castigo pelo que ele havia causado a Kaius.

-O importante agora é você se recuperar e ganhar forças para iniciarmos o tratamento. Descanse por hora, qualquer coisa Klaus- Disse olhando para o irmão- Me avise!

Klaus assentiu silenciosamente!

-Já vou indo! Bem até outro dia Kai.

-Tchau!-Disse Kai.

Klaus e Kaius saíram do quarto juntos, na sala Allanny já aguardava ansiosa e quando viu o tio correu até ele:

-O que aconteceu com meu irmão tio Kaius?

-Ele vai ficar bem, mas vai precisar de um tratamento para recuperar os movimentos das pernas.

-Mas... Por que ele ficou assim?-Perguntou ela ainda mais preocupada.

-O problema dele foi causado por um trauma ou algo do tipo, claro que o tempo que ficou imobilizado enquanto estava internado contribui para atrofiar um pouco os membros inferiores!-Disse Kaius.

Allany estava ficando cada vez mais nervosa com a calma que tio tinha para explicar algo que ela achava muito preocupante:

-E como diz isso com tanta calma, tio? Meu irmão está aleijado!-Foi a vez de Klaus se pronunciar repreendendo Allany:

-Não diga isso de novo me entendeu Allany? O seu irmão não está aleijado!

Ela o olhou com raiva para o pai ia dar uma resposta bem malcriada, mas Kaius cortou o clima pesado entre os dois:

-Tudo bem Klaus, é compreensível que ela esteja preocupada com o irmão!-Ela a segurou pelas mãos e disse com sua voz doce:- Ele vai ficar bem, mas precisa do seu apoio. Eu sei o quanto vai ser duro para ele passar por tudo o que está por vir. Mas acredite será pior se ele não tiver o apoio de quem gosta nessas horas.

Ela lançou uma olhadela na direção de Klaus quando disse:

-Eu sei como é, sei o quanto senhor passou depois do acidente!- Klaus a encarou com um olhar desaprovador.

-Ele está acordado, por que não fica com ele enquanto isso? Tenho que falar com seu pai em particular. –Disse Kaius sorrindo.

-Sim tio. –Ela subiu para o quarto do irmão enquanto Klaus  colocou as mãos nos ombros do irmão.

- Acho bom controlar essa língua perto da minha filha Kaius.

-Não teria que fazer isso se você não sai-se por ai empurrando as pessoas Klaus- respondeu Kaius. – Você esta me machucando. - disse ele calmo tirando as mãos do irmão dos seus ombros.

- Pra quem não pode nem se por de pé você é extremamente corajoso. - respondeu Klaus se encostando à lateral de um móvel.

- Você não tem coração ou o que? Num momento se preocupa com seus filhos no outro me destrata como se eu fosse uma coisa. -

- Você é uma coisa Kaius. - disse Klaus frio se aproximando – Você só serve pra cuidar do Kai e a se não fizer isso- disse levantando Kaius pelos ombros.

- Me solta agora Klaus!- respondeu irritado Kaius apertando os pulsos do irmão.

- Se é assim que você quer- disse ele sorrindo.

-Klaus... Não... - Disse tarde de mais logo  sentiu o impacto de seu corpo conta o chão

- Tomara que tenha quebrado alguma coisa.

- Seu desgraçado... - disse Kaius levantando o Maximo que podia o corpo, mas Klaus pisou em suas costas.

- Escute bem aqui Kaius, ou você faz o que eu mando, ou eu acabo com você-

- Você... Não é meu irmão... É um mostro-

- Sempre. - Murmurou ele no ouvido de Kaius o levantando. – Vou fazer o favor de por você no seu lugar-

- Eu te odeio. - disse ele levando a mão ao ombro dolorido.

 - Pense o que quiser.

Em outra casa uma mulher de cabelos castanhos entrava em casa após uma saída, Laura estava acostumada com a distância do marido que vivia trabalhando, mas ela sabia que logo ele estaria em casa se já não estivesse.

Assim que entrou em seu quarto encontrou o homem de cabelos azuis escuros fazendo um curativo em seu próprio ombro sentado na cama.

-Kaius?- questionou ela indo se sentar na cama junto ao marido

- Estou bem Laura, apenas um tombo. - Respondeu ele terminando o curativo.

-Não se machucou mesmo? Pode ter quebrado algum osso. -

-Não, sem inchaço estou bem. -

- Kaius, você caio ou aquele tirano do Klaus...

- O filho dele está paralitico, ele já estava nervoso o suficiente e Allany provocou.

- E ele te destratou- disse ela abraçando o marido.

- Tudo bem, ele é um monstro, mas acho que ainda tem algo dele ali, se ele não estivesse tão obcecado...

- Kaius, não quero você perto daquele homem. -

- Kai precisa de cuidados e outro medico não vai conseguir se aproximar daquele garoto tão facilmente. -Respondeu a beijando- vou fazer isso por alguém que precisa.

Enquanto isso no hospital...

-Mas o que você está me dizendo mocinha?-perguntava Voltaire em tom ameaçador a jovem recepcionista.

-Eu disse que seu neto recebeu alta não está mais internado aqui. –Respondeu a jovem.

Ele a olhou com um ódio latente e disse:

-Quem o tirou daqui?

A moça examinou alguns papeis e disse em seguida:

-O pai dele! –

-E com a autorização de quem ele tirou o meu neto daqui?-Perguntou ele um tanto alterado.

-Eu não sei senhor, só tenho as informações que me foram repassadas. - Quem autorizou a saída do rapaz foi o diretor do hospital, mas ele não se encontra no momento.

-Tudo bem, voltarei amanhã para falar com ele. Avise-o e peça para me esperar. –Ele virou as costas e saiu.

-Isso não vai ficar assim Klaus! Não vai mesmo. –