No dia seguinte Dinckenson convocou uma reunião com Klaus para falar sobre o campeonato:

 

- Eu acho que é melhor cancelar, Kai ainda se encontra em estado crítico e seria injusto se os Blade breackers não pudessem participar. – Dizia o Sr. Dinckenson.

 

- Tem toda a razão, mas o que foi que aconteceu para ele ter que ficar internado na UTI? –Perguntou Klaus não conseguindo conter a preocupação.

 

-Ele deu entrada na emergência com Hipotermia e Pneumonia, foi alegado por Voltaire avô dele, que o encontrou caído perto de casa. –Ele assumiu uma pose pensativa e disse:

 

- Não sei ao certo, mas tem algo de errado nisso tudo.

 

Klaus entendia onde ele queria chegar, também concordava que havia algo de podre nessa história e ele sabia exatamente o que era.

 

- Klaus aconteceu alguma coisa? Você me parece nervoso. –E ele realmente estava. Com aquela noticia os nervos de Klaus ferviam ao máximo.

 

- Desculpe, não é nada eu estou um pouco cansado e com essa noticia... Mas ficará tudo bem, não se preocupe. Bem eu vou indo tenho coisas a resolver.

 

-Pois bem, vá então e se eu souber qualquer coisa sobre o menino irei avisá-lo. –Disse Dinckenson.

 

-Tudo bem, eu agradeço. – Klaus se despediu de Dinckenson e foi embora, a caminho de casa estava pensativo:

 

- Mas que hora para algo assim acontecer, sei que ELE tem culpa nisso. Talvez eu vá ao hospital fazer uma visita ao Alexander. –Um sorriso surgiu em seu rosto, logo estava aos portões da enorme mansão.

 

Entrou e encontrou Allany sentada no sofá lendo um livro, a menina estava tão imersa na leitura que não notou a presença do pai.

 

Ele se aproximou dizendo:

 

-Olá filha.

 

Ela olhou-o e respondeu:

 

-Oi pai, o senhor chegou cedo. E então como foi a reunião?

 

- Bem é sobre isso que eu quero falar com você. –Disse sentando-se ao lado dela.

 

- O campeonato será cancelado até segunda ordem. – Disse sério

 

Ela permaneceu impassível, já sabia o porquê, mas mesmo assim perguntou:

 

É pelo que aconteceu com o Kai não é?

 

Ele a encarou, não entendia como ela poderia estar sabendo disso.

 

-Sim é pelo que aconteceu com ele, mas como você ficou sabendo?

 

- Quando fui ao hospital visitar o tio, vi a ficha dos pacientes e tinha o nome do Kai em uma delas. Eu fiquei preocupada e fui conferir.

 

- Por isso tem chegado sempre tarde depois da escola não é?

 

-Sim pai! Espero que não tenha havido problemas. –Disse ela fazendo cara de inocente.

 

-Claro que não meu bem, mas eu fiquei intrigado com o que aconteceu ao rapaz. Foi muito repentino não acha?

 

-Sim, para falar a verdade eu estou um tanto desconfiada de uma coisa. –Disse a menina.

 

-E oque seria?

 

-O Kai sempre aparece com novos machucados pelo corpo, mas eu acho esquisito que uma pessoa que esteja impossibilitada de se mover e que está amarrada a cama consiga se ferir daquela forma. –

 

- Allany o que está insinuando? – Perguntou ele já preocupado.

 

-Eu fui vê-lo da primeira vez e conheci uma pessoa um tanto desagradável. O avô dele, seu nome é Voltaire. –Klaus ouvia o relato muito atentamente – Ele me pareceu muito sínico, dando uma de Vovô preocupado! E também o Kai fica um tanto inquieto quando está perto dele.

 

-Está querendo dizer que esse homem pode ter...

 

-Não estou dizendo nada pai, apenas salientando que ele talvez não seja uma boa companhia para o Kai. –Disse a menina voltando a pegar o livro.

 

Klaus se levantou e foi para a porta, Allany o seguiu com os olhos e perguntou:

 

-Aonde o senhor vai?

 

-Está na hora de fazer uma visita ao Kaius. E você mocinha comporte-se ouviu?

 

-Claro.

 

Ele saiu em seguida.

 

 

Logo chegou ao hospital e foi direto a recepção perguntando por Kaius:

 

- O que senhor gostaria de tratar com o senhor Hiwatari?- Perguntou a recepcionista.

 

-Eu sou irmão dele, por favor, é muito importante. –Disse Klaus

 

-Desculpe senhor, mas o diretor está ausente no momento. –Disse a moça.

 

- Então eu gostaria de saber se, há um paciente internado aqui. O nome dele é Kai Alexander Traicovish Hiwatari. –Disse Klaus.

 

- E o senhor seria algum parente? –Perguntou ela desconfiada.

 

Klaus pareceu se irritar, mas sua voz permaneceu calma:

 

-Eu sou pai dele.

 

Ela a olhou constrangida e disse:

 

-Sim, ele está na UTI no momento, eu chamarei o Dr. Otto responsável pelos cuidados do paciente para que possa acompanhá-lo.

 

Klaus esperou por algum tempo ate que a múmia em forma de medico apareceu se assustando com o homem a sua frente, a diferença de altura era extrema, tinha cabelos azuis escuros acinzentados, olhos castanho violeta frios.

 

- Você é...?-

 

- Klaus Hiwatari, sou o irmão de Kaius e trabalho para a ABL, vim avaliar a situação de um dos lutadores que está internado.

 

- No caso o Kai. - disse o medico um pouco amedrontado.

 

- Isso mesmo. Poderia velo?-

 

- Acabei de sair do quarto dele, ele esta dormindo, se não fizer muito barulho... -

 

-Posso garantir que sou mais silencioso do que imagina. - Disse pressionando.

 

- Sim. Venha por favor. - Disse tomando rumo a UTI.

 

- Quero que me atualize de todo o estado clinico dele. - disse acompanhando o medico sem olhar pra ele.

 

- Bem... Ele chegou aqui com Hipotermia e Pneumonia ambas já controladas, mas ainda está enfraquecido pela medicação, ele tinha alguns cortes nas costas já semi-cicatrizados, Quando acordou teve o que podemos chamar de ataque de pânico e caiu, quebrou o braço e machucou a garganta nisso acabamos por o repreender na cama, mas alguns dias depois bateu a mão esquerda na lateral de ferro da cama. Deslocou o pulso e quebrou alguns dedos.

 

- Como ele fez isso amarrado à cama?- perguntou ele levantando a sobrancelha

 

- Ainda não sabemos- disse nervoso.

 

Assim que chegaram ao quarto Klaus entrou e se aproximou da cama, algo dentro de si doía ao ver o garoto naquele estado, mas ele não ligou para tais sentimentos.

 

Olhou os braços engessados, para a sonda e para a entubação.

 

-Quanto tempo de hospitalização?-

 

-Dois meses mais recuperação. -

 

- Era isso que precisava saber. - disse saindo e indo para a recepção

 

-Senhor... O Senhor Hiwatari já chegou- disse a recepcionista com medo

 

-Irei falar com ele- disse indo para o lado onde ficava o gabinete sem esperar nada ou ninguém. Assim que entrou no gabinete ouviu a voz conhecida.

 

-Klaus, lembrou que têm parentes?-

 

- Infelizmente.

 

-Amargo desde o nascimento, colocaram um iceberg no lugar do seu coração?-

     

- Se você é medico deveria saber que é o cérebro e não o coração que comanda as emoções. - Falou sentando a frente da mesa do irmão.

 

- Sem senso de humor, o que veio fazer?

 

- Ver um Hiwatari. –

 

- A é você  adotou um lutador de Beyblade... Que idéia foi aquela de dizer que era pai dele pra recepcionista. -

 

- Ela deveria ter cérebro o suficiente pra saber que você conheceria o próprio sobrinho.

 

-Klaus, eu não respondo pela sua vida sexual e pela sua prole... -

 

- É claro, você não consegue cuidar das próprias pernas Kaius. - Disse ele atacando diretamente o gêmeo idêntico que perdeu o sorriso.

 

-Sabe Klaus... Tenho quase certeza que você não tem emoção nenhuma mesmo... Alias, não sei como Allany e eu o aturamos.

 

- Kaius pare de ser sentimentalista ainda não superou isso?

 

- O que exatamente? O fato de eu ter quebrado a coluna ou do meu irmão ser um completo babaca sem sentimentos?-

 

-Não achei que você fosse tão bobo a ponto de ligar para o meu humor.-

 

- Não achei que você fosse ter coragem de falar tais coisas pra mim. -

 

- Você já me viu fazer coisas piores, você tem 43 anos supere isso. -

 

- Klaus... Você mal liga pra Allany, vem me ver só para me lembrar que por sua culpa eu estou assim e fingir que não liga. Aprende a ter sentimentos, se já veio fazer o que tinha que fazer pode ir.

 

Klaus levantou e saio do escritório enquanto Kaius pegava um porta- retrato dele e Klaus quando adolescente e colocava na gaveta.

 

No dia Seguinte Kaius fazia seu trabalho habitual quando uma garota de cabelo azul bicolor entrou em seu escritório já o abraçando.

 

-Tio Kaius!-

 

- Allany um dia você ainda me mata de susto. - disse ele dando um beijo na bochecha dela.

 

- Nem pensar, aconteceu alguma coisa?- perguntou ela sentando no colo do tio

 

- Alem de eu começar a ter certeza que teu pai nunca te colocou no colo... Não aconteceu  nada-

 

- Não mesmo, mas não foi isso. - disse ela abraçada ao pescoço do tio.

 

- Você conhece o seu pai. - disse ele levando à mão as costas.

 

- Não acredito que ele... -  disse ela horrorizada com a idéia do pai ter “brincado” com o acidente do tio.

 

- Sim, ele foi bem claro, mas deixe,  nós conhecemos aquele lá.

 

-Sim, eu vou ir ver o Kai. -

 

- Aviso, o avo dele esta aqui desde cedo... Sim a rede de  fofocas das enfermeiras esta funcionando

 

- Tudo bem eu domo a fera.

 

Ela entrou no quarto e estranho mesmo o que viu, Kai estava sentado na cama, mas seu tronco estava encostado no peito do avô, que estava na lateral da cama, fazendo sua cabeça ficar no ombro de Voltaire, outra coisa que a assustou era o fato de Kai estar calmo com Voltaire por perto.

 

-Bom dia. - disse ela se aproximando tomando mais um susto, Kai já estavam se a entubação.

 

- Bom dia Allany- disse Voltaire com uma voz um tanto quanto diferente do que normalmente, era uma voz calma e um tanto quanto carinhosa sem nem um resquício de maldade por traz.

 

- Kai, tudo bem?- perguntou ela se aproximando e curvando o corpo para ficar rosto a rosto com Kai, ele murmurou algo parecido com um sim extremamente rouco e baixo.

 

- Ele não vai conseguir falar muito por alguns dias, se importa de pegar um pouco de água pra ele?- Allany assustada foi pegar a água, mas se bancou de boba como se tivesse esquecido que tina uma jarra do lado da cama e foi pegar água da pia do banheiro. Ela não confiava que Voltaire não havia colocado nada na água.

 

- Aqui. - disse ela voltando e dando a água para o amigo. Que bebeu o mais rápido que pode. – Você não bebe água a um mês é?- brincou Allany colocando o copo no lugar. Mas sempre de olho em Voltaire, ela não acreditava que estava vendo o avô do mal dar uma de velhinho bonzinho, quando ele colocou a mão na cabeça de Kai pra lhe dar carinho ela teve certeza de que estava ficando louca.

 

- Algum problema Allany?- questionou Voltaire enquanto puxava o cobertor para cobrir as costas do neto.

 

-Não nem um. – disse ela olhando tudo aquilo como se fosse o apocalipse.

 

Allany olhou bem a expressão de Kai,era um expressão calma e cansada, ela tinha certeza que tinham dado algum remédio muito forte pra Kai, mas isso não explicava as atitudes gentis de Voltaire.

 

- Kai, eu vou te deitar, esta esfriando e você não pode ficar exposto a isso- disse ele apoiando a cabeça e os ombros de Kai para o levar de volta a cama.

 

Allany mais do que rápido cobriu o corpo de Kai e olhou bem para a cama, não havia mais nem uma amarra.

 

- Ele precisa de mais um cobertor- disse ela indo ate o armário.

 

- Kai tem que dormir Allany, vamos deixá-lo descansar-

 

-Sim...tchau Kai- disse dando um beijo no rosto do garoto.

 

- Ate amanha Kai. – Disse Voltaire saindo do quarto com Allany.

 

Do outro lado da cidade Klaus falava com um advogado.

 

- Bem senhor Hiwatari, se a situação for mesmo de maus tratos podemos sim tirar a guarda do garoto de Voltaire.

 

- Perfeito. Obrigado por tudo Christopher.

- Assim que conseguirmos mais provas podemos mudar isso.

 

- Certo.

 

Quando o advogado foi embora Allany chegou.

 

- Que cara é essa Allany.

 

- Voltaire... -

 

- Ele te fez alguma coisa?-

 

- Não virou um santo com o Kai.

 

- O QUE?- berrou Klaus.

 

Continua