Ta, admito, ele tava lindo! Aquele terno com o tênis foi o auge! Agora não tinha como negar que eu tava completamente encantada por ele!

Eu sabia que todo mundo ia olhar torto pro all star, mas eu não me importava.

–Mel – chamei já na porta – Esse é o Eduardo, Edu essa é minha Irma Melissa.

Eles se cumprimentaram e os olhos da Mel pararam no tênis dele. Ela me olhou e eu sabia o que ela queria dizer, e não era uma critica.

–Ta todo mundo pronto?

Minha mãe veio calçando o sapato e gritando.

–Sabem que eu não gosto de me atrasar – ela jogou os cabelos pra trás e parou fazendo pose.

Todos rimos, mas ela estava super arrumada. O cabelos lisos e soltos, a maquiagem leve e o vestido longo vermelho, com flores desenhadas pelo tecido.

–Ta linda mãe.

–Ótimo, então vamos?

Ela olhou para todos nós, e como eu já esperava, parou nos tênis do Edu. Balançou a cabeça como se dissesse “vocês não tem jeito!”.

–Vai ter que aguentar esses olhares a noite toda – sussurrei quando estávamos indo pro carro.

–Eu não ligo.

–Vai ser julgado por toda a minha família, tem certeza que não liga?

–Você se importa?

–Com o julgamento ou com os tênis?

–Os tênis.

–Eu amo eles.

Ele deu de ombros e completou:

–Então pra mim ta tudo bem.

Ai Eduardo...

Foi tudo como eu esperava. A Laís tava linda e chorou a cerimônia inteira, minha mãe fez questão de chamar a atenção de todo mundo pra mim e pro Edu – ela fazia de propósito, e eu odiava isso – a Mel – graças a Deus – pegou boa parte das atenções também, a oferecida da Joice tava com um decote tão grande que em vários momentos eu pensei que alguma coisa ia escapar por ali, o John fechou a cara assim que cheguei, todo mundo reparou no tênis do Edu – não vou nem comentar que metade torceu o nariz, mas ele continuou sorrindo simpaticamente - e o Sam chegou atrasado com a namorada e levou bronca da minha mãe no meio da cerimônia.

–Mas tia teve um acidente na saída da rua e...

–Saísse mais cedo então! Chegou atrasado no casamento da sua prima, devia ter vergonha...

–Mas tia...

–Fica quieto, ta me atrapalhando Sam!

Ele revirou os olhos e envolveu a namorada com o braço.

No lugar de arroz, minha prima alugou uma maquina que fazia bolinhas de sabão – o que segundo ela, foi idiotice porque o sabão te deixava grudenta – e eles saíram felizes da vida ao som de Teenage Dream – escolha diferente né?! – em meio a milhares de bolinhas de sabão. Foi lindo.

Tentei me imaginar um dia saindo de branco de uma igreja com o mesmo sorriso que ela tinha. Não consegui.

Então me senti horrível.

–Ta tudo bem?

Forcei um sorriso e olhei para seus tênis.

–Ta tudo ótimo.

Enfim chegamos ao salão. A decoração estava exatamente como a Laís tinha me contado. O salão estava com a iluminação fraca e tinha uma escada enorme – que minha mãe desceu xingando feito uma doida porque quase caia toda hora por causa do salto – e uma pista de dança super decorada. As mesas tinham arranjos com rosas brancas e copos de leite.

A Laís tinha economizado por mais de cinco anos pra esse casamento, e tudo saiu como ela queria.

As mesas eram redondas, assim todo mundo podia conversar ser ter que ficar se virando muito e cabiam seis pessoas. Eu, Edu, Mel, minha mãe, Sam e a namorada sentamos em uma perto da pista de dança, para ver a valsa sem precisar sair dos lugares.

Uns vinte minutos depois que todos já tínhamos nos acomodado, os noivos chegaram.

–Essa valsa vai ser tão foda!

Ele me olhou fingindo surpresa.

–Pensei que me mostraria como pode ser uma dama?

Fiz bico contrariada.

–Depois da valsa eu prometo que honro com a palavra, agora com licença.

Levantei e catei cada prima e primo em suas mesas, levando para o centro do salão. Todo mundo me olhava como se eu fosse doida, o Edu principalmente. Só a minha tia (mãe da Laís) e minha mãe sabiam o que ia rolar.

Todos fomos para nossas posições, os noivos no topo da escada. A Laís piscou pra mim e eu dei sinal pro DJ. You’re the one that I want do filme Grease começou a tocar alto no salão. Aquilo ia ser demais!

Marcos – o novo marido da minha prima – cantava com o John Travolta enquanto tirava o terno, jogando no canto e descendo as escadas. O vestido da Laís tinha o segredo pra ser tirado rápido enquanto acompanhava a musica com Olivia Newton John cantando. Ela desceu as escadas com uma saia curta que estava escondida sobre as camadas do vestido. Quando o refrão chegou, ela estava nos últimos degraus da escada, com ele ajoelhado em seus pés e as primas nas laterais, fazendo a coreografia. No final, ele pegava ela no colo e eles giravam pelo salão. Todos corremos para os lugares de novo encontrando nossos pares – o meu era o Sam é claro!

Time of my life de Dirty Dancing começou a tocar. Ela puxou um grampo do cabelo que caiu sobre as costas e ela fez uma meia lua com o corpo. Nós seguíamos os mesmo passos. Sentia meus pés seguindo os passos que eu tanto já conhecia, ficando na ponta dos pés mesmo com o salto alto. O vestido dela rodava a cada movimento. Vi a Sarah com o John e sorri, ela sorriu de volta. Mesmo fazendo os mesmo passos, eles se destacavam não só por serem os noivos, mas o vestido dela era leve e não parava de rodar, o branco se destacava entre todos e aquela cena... Era impagável!

O Sam quase me derrubou em um dos giros mas eu me segurei morrendo de rir. Ele ergueu meu corpo e me girou.

Os passos agora eram só do Marcos. Formamos uma fileira com ele e repetimos a coreografia do filme. A Laís morria de rir. Uma risada tão verdadeira.

Ela correu, ele ergueu o corpo dela. Até soltei o ar aliviada.

A dança continuou e cada um de nós tiramos alguém para dançar.

Preciso comentar quem eu tirei?

Depois da dança, fiquei com o riso frouxo. O Edu dançava bem, mas era mais desengonçado que eu. Eu conduzia os passos que ele devia fazer comigo, lhe ensinando.

–Segura nas minhas costas agora – ele olhava ao redor, receoso – É só uma dança, segura firme.

Joguei meu corpo para trás, fazendo a meia lua. Os cachos já tinha ido embora e quando voltei mexendo o corpo para frente e para trás revezando os pés e mexendo os quadris, os grampos que prendiam as mechas foram embora.

Ele entendeu os passos, e começou a conduzir. As conversas pareceram se calar naquele instante. Eu só ouvia risadas, minha risadas. Ele me rodou e eu quase cai, morrendo de rir. Ele também ria. Seus olhos estavam grudados em mim e eu estava tão... Leve.

Não me importei com nada naquele momento. Os sapatos já não machucavam, o John não me sugava com os olhos, a Joice não secava o Edu. Nossos pés se acompanhavam em um ritmo certo.

Só me dei conta do fim da musica quando vi o flash do fotografo registrando o momento e sorrindo para nós.