Just Friends - 2ª Temporada escrita por Laia


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

E eu devia estar estudando...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478957/chapter/21

Os primeiros dias foram horríveis principalmente pelos pesadelos que eu tinha. A primeira semana eu sequer preguei os olhos. A voz do medico parecia insistir em repetir sempre as mesmas palavras pela minha mente, só pra me atormentar ainda mais. Cada vez mais. E você quer realmente saber? Desde que sai do hospital, nem uma lagrima saiu de mim. Frieza né? Eu sei... Eu já tentei, mas parece que to travada. E nem sei a razão disso. Acho que nem força pra isso eu tinha no inicio. Nem para sentir algo.

Só voltei para o café por falta do que fazer. Se alguem se importou com a forma que eu sumi? É claro que não.

–Manuela, podemos conversar?

Entrei pela segunda vez na sala do meu chefe.

–Se for sobre o meu sumiço, tem uma explicação pra tudo...

–Não, eu não me importei com esses dias fora...

Ele fala como se eu tivesse sumido por dois dias, e não dois meses.

–Então qual o problema?

–Lhe chamei na verdade para uma promoção...

–Promoção? É serio isso?

–Claro, você se destacou aqui?

–Mas eu sumi sem dar explicação nenhuma e...

–Isso não importa! Apenas aceite Rach...

Rachel... Era isso. Eu era parecida com sua sobrinha a ponto de ele querer me pôr lá em cima, como faria com ela. Mas se tinha haver com ela, nem isso eu queria.

–É Manuela senhor.

–Sim Manuela.

–Eu não sou a Rachel.

Seu rosto ficou branco.

–Rachel?

–Sim, sua sobrinha. Não importa o quão parecida com ela eu possa ser fisicamente, eu não sou ela!

–Eu não estou entendendo onde quer chegar...

–Não mesmo? Pois eu duvido que não... O senhor me aceitou aqui porque sou parecida com ela, e só esta assim comigo pelo mesmo motivo. Mas eu não quero continuar se for assim...

–Esta se demitindo?

–Se esta for a real razão disso tudo, sim.

–Olha Manuela – dessa vez ele enfatizou meu nome – eu realmente consigo me lembrar da minha falecida sobrinha ao te ver, e te contratei por isso, mas eu te peço – ele se levantou e ficou atrás da minha poltrona. Minha mão estava cravada nos braços de couro, segurando a raiva – por favor – ele passou os dedos lentamente pelo meu rosto, descendo a mão. Eu só sentia nojo e ódio – fique com o emprego.

Suas mãos pararam no primeiro botão da minha blusa, até meu corpo enfim se dar conta do que estava acontecendo. Levantei de uma vez, acertando minha mão no seu rosto.

–Como tem coragem de tentar alguma coisa? Ouse fazer isso mais uma vez, com qualquer uma dessa garotas e eu juro que acabo com sua vida.

Tentei sair, mas ele agarrou meu braço.

–Você que não ouse sair daqui garota...

–E você ouse tentar me impedir. Vai fazer o que? Me atacar de novo? Essa isso que fazia com a Rachel? Coitada... Ter que conviver com uma coisa dessas, com o próprio tio. Você é um nojento! Ela era tão perfeita na vista de todos e tão indefesa na vista da própria família. Você ta avisado! Eu não sou a Rachel, Então não ache que vou bancar a boazinha como ela fazia...

Puxei meu braço com força, com ele me olhando furioso. Abri a porta fazendo barulho e chamando a atenção de todos. Peguei o bloquinho e anotei uma ultima coisa, olhando para a outra garota que trabalhava comigo. Joguei as folhas e a caneta pelos ares e arranquei o avental, jogando no meio de todos os clientes.

Ele gritou mais alguma coisa que eu não entendi por simplesmente estar me esforçando demais para não gritar de raiva.

Andei por algum tempo, tentando me acalmar. Mas foi em vão.

Já estava escurecendo quando entrei em um bar/restaurante, tipo daqueles ambientes escuros que você se encontra com amigos pra beber algo na sexta à noite. Joguei minha bolsa em um banquinho qualquer e me sentei no balcão, enterrando o rosto entre as mãos.

–Ta tudo bem?

Reconheci a voz de imediato. E então lembrei que ele dançava e era barman.

–Ben, graças aos deuses, é você.

–E ai sumida? Ta fazendo o que aqui?

–Me dá algo forte, que me faça esquecer até meu nome.

–Não quer conversar?

–Perdi meu namorado, meu filho, meu chefe tentou me assediar e agora eu não tenho sequer a droga de um emprego. Agora me dá a bebida!

–Filho? Como assim?

–Só me dá alguma coisa, por favor! – implorei.

Ele não questionou mais e me serviu alguma coisa que eu sequer sabia o que era, mas virei quase que imediatamente, sem me importar com o fogo que causava na minha garganta.

Passei horas ali, e conforme os minutos e os copos passavam por mim, eu ia lhe contando as coisas e ficando cada vez menos sóbria.

–Agora eu tenho que ir pra casa.

Tentei me levantar, mas minhas pernas pareciam feitas de Maria mole.

–Acho melhor eu me sentar de novo – sussurrei me segurando no balcão para não cair.

Ele sorriu, se divertindo com a minha embriaguez.

–Me da o telefone pra eu ligar pra sua amiga.

–Não, ela hoje saiu com o namorado, não vou estragar a noite deles... Ela ama ele sabia? São o casal mais fofo que eu já vi.

Eu dava ênfase em algumas palavras e me enrolava em outras. Realmente não estava em condições de escolher nada.

–Liga pro Rodrigo, aqui oh! – disse entregando meu celular.

–O da faculdade? Que te queria?

–Ele mesmo!

–Acho melhor não...

–Fica calado e liga Ben!

Ele não teimou mais e ligou. O Rodrigo não demorou pra aparecer.

–Manuela?

–Oooooi – falei de um jeito arrastado enquanto tentava lhe dar um abraço, mas estava bêbada demais até pra isso.

–Eu vou te levar em casa ta? Você tem chave?

Tentei apontar para a bolsa, mas minha mão foi pro lado oposto.

–Ok, entendi.

Ele me carregou arrastada até o carro e me prendeu no banco de trás. Não sei se eu cochilei ou o caminho se tornou extremamente curto.

Ele me deitou no meu quarto e me deixou de uniforme mesmo.

–Não vai não, fica comigo? Eu não to bem... E preciso de doce, glicose vai me deixar menos bêbada.

–Sei fazer brigadeiro, serve?

–Eu vou adorar...

Ele foi para a cozinha e eu consegui me manter em pé por uns minutos para trocar de roupa. Vesti uma blusa com o dobro do meu tamanho e um short do pijama. Cai na cama de novo e arranquei as meias, jogando longe. Ele voltou com o prato cheio do doce.

Mas quase derrubou tudo quando me viu deitada.

–Eu... Ahm... Eu...

–Ta tudo bem? Pensei que a bêbada fosse eu?

–Trocou de roupa.

–Nunca mais quero precisar daquele uniforme. Vou tacar fogo nele amanha!

–Eu fiz o brigadeiro – ele colocou em cima da cama e se afastou de novo – ta quente ainda, espera um pouco e pode comer. Eu preciso ir...

–Não, eu pedi pra ficar comigo lembra?

–Não pode pra me pedir pra cuidar de você desse jeito...

–Que jeito? Bêbada? Daqui a cinco minutos eu vou capotar aqui e você vai poder ir embora. Por favor... Não me deixa sozinha.

Ele passou a mão na cabeça e girou o corpo, me olhando como se eu fosse louca.

–Promete se cobrir então?

–É a roupa? Deuses, isso nem é uma camisola ou ago do gênero, é meio broxante na verdade...

–Não, não é mesmo Manu... Ultima coisa que eu to pensando agora é que você estaria broxante.

–Me explica por que menino gosta tanto de ver a menina assim?

–Porque é sexy Manuela!

–Sexy? É desleixado...

Peguei uma colher cheia e enfiei na boca, queimando a língua. Mas fingi que estava tudo bem. Sabia que amanha eu ia sentir a dor, mas o álcool agora amenizava os sentidos.

–Não mesmo, porque todo cara imagina a garota com a blusa dele!

–E você me imagina com a sua blusa?

Essa saiu sem querer. Quer dizer, mais ou menos... Já disse que o álcool fode com os sentidos?

–Porra Manu, ai você me complica...

–Você mentiu.

–O que?

–Naquele dia na sorveteria, você disse que tinha desencanado... Você ainda gosta de mim não é?

–Se eu não gostasse, não estaria aqui...

–Pensei que viria porque é meu amigo...

–Vim porque me importo com você a ponto de não te largar. De não te esquecer, mesmo sabendo que não tem chance nenhuma de o que temos mudar...

–Quem disse isso?

–Você!

–Naquela época, o Eduardo ainda valia a pena...

–Não vale mais?

–Que nada... Ele deve ta se agarrando com alguma menina nesse momento...

–Como sabe disso?

–Conheço ele o suficiente pra saber que ele não ta parado nesse tempo que nos separamos.

–Isso não te incomoda?

–Não... Eu não posso mudar o que ele era antes de ficar comigo, e é assim que ele é.

–Ele é um idiota.

–É sim, mas eu também sou. Os dois vacilaram muito... Quer mesmo falar disso agora?

–Ta te ajudando?

–Não sei...

–Então sinceramente, não quero.

–Então morreu assunto.

–Como achar melhor.

Puxei a coberta até o pescoço, deixando os braços de fora. Dei uma batidinha de leve na cama, lhe chamando pra sentar.

Ele se aproximou devagar, como se eu fosse um bicho selvagem que oferecesse risco. Sentou e encheu as colheres com mais brigadeiro.

Passamos o restante da noite – ou simplesmente as próximas duas horas até eu dormir – conversando sobre qualquer coisa que não incluísse o Eduardo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Rodrigo e Manu, alguem torce por eles?
Gostaram? Me conte amores
Beeijos, vou estudar :*