Welcome to my Life escrita por Calíope


Capítulo 21
The End


Notas iniciais do capítulo

Então, esse é o último capítulo. Eu considerei bastante a ideia de jamais postá-lo e evitar que tivesse um fim, mas não serei má a esse ponto. Espero que gostem, agradeço por tudo. Cada comentário foi importante para mim, cada pessoa a favoritar e as duas recomendações que eu recebi dos leitores mais perfeitos desse mundo.
Obrigada, sem vocês isso não seria nada. Eu tenho, realmente, os melhores leitores do mundo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/478936/chapter/21

POV Zoey

Encarei o envelope branco em minhas mãos, com o endereço da pessoa com quem eu vinha me abrindo durante os últimos dois meses. A tinta que registrava o número da casa borrou, e notei que era uma lágrima. Toquei minhas bochechas, assustada. Era a primeira vez em quatro meses que eu chorava. E, acredite, isso era um milagre. Olhei ao meu redor e analisei todo o quarto, parcialmente destruído. O papel de parede roxo jazia, solto, no chão. Um buraco no gesso indicava um murro, que acabou me custando alguns dias com a mão engessada. A cortina da mais pura seda estava embolada em um canto do quarto, com alguns chamuscados das inúmeras tentativas de queimá-la. Por que eu fiz isso? Por que eu destruí a única lembrança da vida feliz que eu tinha, do mundo perfeito em que vivia? Minha avó costumava dizer que o destino é como um rio. Embora tente mudar seu curso, ele continua na mesma direção. Talvez esse seja meu destino, minha sina. Minhas mãos estão trêmulas, mas acredito que é o melhor a se fazer. Me levantei com dificuldade e segui em direção à porta da frente. Assim que meus dedos entraram em contato com o metal gélido, tive um calafrio. Girei a maçaneta, e me deparei com o jardim completamente branco da neve. Eu estava com frio, mas já não importava se eu pegasse uma pneumonia ou algo do tipo. Com a minha regata preta e jeans, saí de casa. Peguei um punhado de neve do chão e a lambi, como fazia quando ela pequena. Era como se os pequenos flocos fizessem carinho em minha língua. Continuei andando, ignorando os olhares que recebia de pessoas cobertas por quilos e quilos de moletons e cachecóis. Logo cheguei ao meu destino, e fiquei feliz por entrar em um ambiente aquecido. Apoiei meus cotovelos no balcão, e um moço bonito veio me atender. Ele era alto e moreno, de lindos olhos negros. O sorriso que dirigiu a mim era capaz de fazer se apaixonar a mais fria mulher.

–Posso ajudá-la? – Falou, com a voz rouca.

–Preciso que envie isso para mim o mais rápido possível. – Eu disse, ainda presa na imensidão negra daquele par de olhos.

Ele pegou o envelope de minhas mãos, e entregou a uma mulher loira, por um pequeno espaço na divisória, depois de olhar o endereço. Tirei um punhado de dólares do bolso, e dei-lhe o dinheiro certo.

–Pode contar, é isso mesmo. – Falei, tentando fugir do sorriso incrivelmente branco que estava à minha frente. – Estou acostumada a enviar essas cartas.

–Namoro à distância? – Perguntou, com uma pontada de decepção na voz.

–Ah, não. O último namorado que eu tive se matou. – Respondi, tentando parecer o mais normal possível.

Ele pareceu envergonhado, mas ainda assim se apresentou.

–Sinto muito por isso. Meu nome é David. – Disse, me estendendo a mão.

–Zoey. Olha, você deveria ter aparecido antes. – Falei, apertando sua mão incrivelmente forte. – Não é legal paquerar uma garota que está prestes a se matar. – Sorri, e virei as costas para o recinto quente, pronta para encarar a, fria, realidade.

POV Adam

Estava no sofá quando chegou. A campainha tocou, e fui atender. Encontrei Jack e sua inseparável bolsa, e meu coração se acelerou. Ele me entregou as correspondências e foi embora. Além das inúmeras contas a pagar, havia o tão conhecido envelope da Zoey. Peguei-o e corri para o quarto. Coloquei o disco no aparelho e apertei o play.

Olá ser que não posso mais chamar de querido. Você me ignorou, mais uma vez. Eu tentei, sabe? Eu tentei. Juro que eu lutei para permanecer lúcida, mas as coisas estão indo de mal a pior. O mundo em que eu me tranquei estava cada vez mais tomado pelas sombras, e elas tentam a todo custo, me levar para o fim inevitável. Eu me sinto tão idiota, tão... Suja. Eu quero cometer suicídio! Quero dizer, eu sempre fui contra isso a vida inteira! Eu tenho dinheiro para pagar um psicólogo, alguém para me ajudar, mas eu quero morrer. Eu quero me encontrar com ele. Isso é o suficiente para me fazer desistir de tudo. Me lembro de uma frase que ele me disse no dia em que começamos a namorar: Você desiste por mim, e eu desisto por você. Bom, Nick, estou desistindo por você. Obrigada por me escutar durante este tempo, anônimo, mas já não é o bastante para mim. Eu precisava de sua ajuda, e você me negou. Não me mandou um mísero “Estou aqui”, e isso, talvez, seja o maior motivo do meu suicídio. Eu quero morrer do mesmo jeito que a pessoa mais importante da minha vida, por isso fui à casa dele e encontrei alguns anti-depressivos tarja preta. Bom, acho que serve para uma overdose, não é? Quem sabe se eu tomar o pote inteiro, para não haver riscos... Mas eu não sou mais da sua conta. Te encontro no inferno. – E com isso a tela se apagou.

Eu estava em prantos, e tentando entender o porquê de ela ter dito que eu não havia respondido. Será que a carta não chegou? Meu peito doía a cada soluço que eu dava. Corri até a porta da frente e passei a mão pelos cabelos. Não acredito. Eu era culpado pela morte da Zoey. Eu podia ter evitado tudo isso. Corri, corri o mais rápido que as minhas pernas me permitiam fazer, e cheguei ao escritório de meu pai. Ignorei os apelos da secretária, que pedia para eu me acalmar. Abri a porta de súbito, e encontrei meu pai analisando alguns papéis.

–Pai, você deixou no correio a carta que eu deixei em cima da mesa? – Falei, entre soluços.

Ele pareceu preocupado, e tentou me acalmar. Se levantou e colocou a mão no meu ombro, mas eu me desvencilhei.

–Você levou ao correio? – Eu disse, mais alto do que seria necessário.

Ele baixou a cabeça e disse que não teve tempo, mas eu não quis escutar. Saí de lá correndo, embora ouvisse os gritos de meu pai. Eu não sabia o que fazer, nem aonde ir. Vaguei por uma rua deserta, até não conseguir mais andar. Sentei-me no meio-fio, com a certeza de que eu jamais conseguiria viver com a culpa de ter causado a morte de alguém. Levantei-me e atravessei a rua com mil pensamentos na cabeça. Nem prestei atenção no carro que vinha em minha direção. Ele tentou diminuir a velocidade, mas era tarde. Senti meu corpo ser jogado a alguns metros a frente, e depois disso não pude ouvir mais nada. Vultos gritavam, e corriam para perto de mim, mas tudo escurecia tão rápido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu gostaria de um último pedido: Aos fantasmas que acompanham a fic mas nunca deram as caras, por favor, um único comentário não faz mal a ninguém.