Eram três da manha e Maka havia acabado de dar me mamar para os gêmeos. Ela estava sentada na poltrona com Blair em forma de gata, aninhada em seu colo. A gata dormia enquanto Maka alisava-lhe o pelo.

O sono tinha fugido de Maka. Ela não conseguia pregar o olho, então fitou a janela com os olhos vazios e deixou sua mente vagar pelas lembranças.

Ela foi invadida por um flashback com todas as cores, som e cheiros e ela nem sequer podia se lembrar. Ela estava deitada em sua cama quando ela ainda dormia sozinha em seu quarto.

– Maka! O café está na mesa! – gritou Soul da sala de estar.

– Já vou – ela disse sonolenta, então vestiu um sobretudo negro e saiu para o corredor. Quando Soul a viu, sua cabeça tombou para trás e sangue começou e escorrer de seu nariz.

– Ma.. maka.. – ele gaguejou.

– O que foi? – ela perguntou ingênua.

– Você... está so de calcinha e sutiã – ele disse vermelho como uma pimenta e evitando olhar para ela.

A garota fechou o sobretudo ficando tão vermelha quanto ele. –OH céus! – ela gritou correndo para seu quarto.

Depois de se trocar ela voltou a mesa do café e comeu sem dizer uma palavra. Ela e Soul pareciam muito corados.

Maka passou para outro momento em seus devaneios.

Soul estava estendido no sofá. Fazia sol lá fora, mas ele estava enrolado em uma grossa coberta. Suas bochechas estavam vermelhas e seus cabelos bagunçados.

– Eu te disse para não ficar naquela piscina até tão tarde! E ainda por cima voltar a pé! – disse Maka – Você é mesmo estúpido, é claro que você ficaria doente!

Maka se ajoelhou no tapete e colocou a mão na testa de Soul.

– Oh meu deus Soul! – exclamou a garota. – Você está pegando fogo.

A garota abaixou a coberta dele até a cintura dele, a camisa do garoto estava molhada de suor.

– Está frio Maka – ele disse com a voz fraca. – Não me descubra.

– Cale a boca e me deixa cuidar de você. Agora levante o braço.

Soul obedeceu e Maka encaixou o termômetro.

– Isso. Agora fique sem se mexer um pouquinho, eu já volto – ela disse indo até a cozinha. Ela voltou carregando uma tigela com canja de galinha. Ela colocou na mesa e se abaixou ao lado do garoto mais uma vez.

– Deixe-me ver – ela disse pegando o termômetro – Oh céus Soul! 39.5°! Venha, precisamos resfriar você imediatamente.

Maka o ajudou a levantar, Soul estava muito fraco e tinha tonturas quando ficava de pé, então ela o ajudou a caminhar até o banheiro. Ela ligou o chuveiro na água mais gelada.

– Vá tomar uma ducha, já volto com uma troca de roupas para você – disse a menina fechando a porta do banheiro.

Quando ela voltou, encontrou Soul ainda vestido, com apenas a mão na água.

– Está muito fria – ele reclamou.

– Oh Soul! Vamos, você precisa fazer isso para baixar sua temperatura – ela disse ajudando o garoto a tirar a blusa.

–Eu não quero fazer isso.

– Ma vai fazer – ela disse fechando a porta – E se eu voltar ai e você não estiver de banho tomado vestindo as roupas limpas você vai ver só.

Maka estava sentada no sofá quando Soul abriu a porta. Ele tinha os cabelos molhados e vestia a roupa limpa que Maka havia separado para ele.

– Pronto mamãe – ele disse.

– Ok, então tome esse remédio e tente dormir um pouco. – ela disse com o livro no colo.

Soul obedeceu e deitou em um colchão na sala. Maka estava indo para seu quarto quando ele a chamou.

– Maka... fique aqui comigo... por favor.

Maka concordou e sentou ao lado dele, assistindo Tv. Soul segurava a mão dela enquanto dormia. No final da tarde a Soul começou a ter sonhos agitados. Ele murmurava e se mexia muito, além de suar. Soul estava tendo pesadelos por causa da febre alta. Maka preocupada mediu a temperatura do garoto mais uma vez e viu que a febre tinha subido. Ela o acordou para tomar outro comprimido e ele logo voltou a dormir. Foi só de madrugada que Soul abriu os olhos. Sua febre havia baixado vários graus e ele parecia muito mais forte e lúcido.

– Maka – ele disse para a garota assistindo Tv ao seu lado.

– Olá Soul, você finalmente acordou – ela disse, e colocou a mão na testa do garoto – Parece que você está bem melhor.

– Sim. - Ele disse, sentando. Soul se aproximou dela e deu um rápido beijo nos lábios da garota. – Obrigada por cuidar de mim.

Depois ele se levantou e foi para seu quarto. Maka ficou sentada corada e Soul parecia não acreditar no que tinha acabado de fazer... parece que a loucura da febre não havia o abandonado totalmente.

Ela acordou de manha e Soul preparava o café. Ela tossia forte e trazia a coberta nos ombros.

– Isso é tudo culpa sua – ela disse emburrada.

Soul se aproximou e colocou a mão na testa da garota.

– Parece que aluem vai precisar ser cuidada – desse ele sorrindo.

– Eu te odeio, seu idiota – ela disse se jogando no sofá enrolada nas cobertas.

A ultima lembrança que veio até Maka aquela noite era de longe sua favorita.

Maka estava sentada no sofá com seu livro no colo quando Soul se aproximou em passos silenciosos e passou os dedos na nuca de Maka. Um arrepio invadiu a garota dos dedos dos pés até a raiz dos cabelos. – SOUL! Você me assustou.

Soul limitou-se a sorrir. E continuar fazendo carinho nos cabelos dela.

– P...pare com isso Soul, está me desconcentrando – ela disse envergonhada.

–Oh, então você gosta? – ele disse com a voz cheia de malicia.

– Não, eu não gosto – ela disse se afastando. – Você está em incomodando Soul.

O garoto se aproximou dela, e Maka sentiu o cheiro.

– Soul! Você está fedendo a álcool!

– Eu só bebi um pouco – ele disse, segurando Maka pela cintura.

– Soul – ela exclamou com um suspiro. Ele a beijou os lábios, ela respondeu por alguns segundos, então afastou o rosto. – Soul pare, você está bêbado, não podemos...

– É claro que podemos – ele disse beijando o pescoço da garota.

– Não, é muito cedo... nós so saímos em poucos encontros... – disse Maka relutante.

– Não, não é – disse Soul sério de repente. – Eu estou lúcido o suficiente para isso Maka, para saber que eu não posso aguentar mais nenhum minuto sem você. Eu te amo Maka.

– Eu também te amo Soul – disse a garota se entregando aos beijos dele. Soul colocou as mãos por dentro da blusa de Maka e habilmente abriu o sutiã. Maka tirou a camiseta dele quando ele a empurrava para a cama.

....

Ela acordou de manha com braços fortes a envolvendo. Ela sabia que ambos estavam nus por debaixo das cobertas. A respiração de Soul estava perfeitamente ritmada, então Maka não ousou se mexer para não acorda-lo. Mas ela gostou da sensação de tê-lo tão perto de si. As lembranças da noite passada pareciam não ser mais que um sonho. Se Soul não estivesse ali abraçando-a em carne e osso ela com certeza acharia que tudo fora apenas um de seus devaneios. Soul suspirou então moveu os braços. Maka virou para encara-lo e ele tinha os olhos vermelhos abertos.

– Oh graças a deus - ele disse com uma mecha dos cabelos de Maka entre os dedos. – Eu estava com medo de abrir os olhos e perceber que tudo aquilo não tinha passado de um sonho.

Maka levantou-se da poltrona e caminhou até os berços, um ao lado do outro. E fitou as crianças adormecidas. Ela mal podia acreditar que o seu parceiro que um dia fora maneiro demais para ela agora era o pai de seus filhos. Dois lindos filhos que se pareciam tanto com ele.

Ela caminhou até o quarto onde Soul se encontrava profundamente adormecido na cama de casal usando apenas as calças de seu pijama. O garotinho magrelo que Soul fora um dia havia se transformado em um lindo homem alto, com cabelos brancos rebeldes caindo-lhe sobre o rosto e um corpo definido. Ela se deitou ao lado dele e segurou a sua mão, depois sussurrou “ Eu te amo “ para só ela mesma ouvir e juntar-se a ele em seus sonhos.