Give In To Me escrita por DanyellaRomanoff


Capítulo 6
Vale das Rochas Vivas.


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui está o capítulo esclarecedor de que falei, aproveitem! *-*

Katie, como eu já havia dito, gostaria de lhe presentear com algo à altura nesta data especial, mas a única coisa ao meu alcance é postar um capítulo adiantado, como você queria! Esse capítulo é pra você, está embalado e com uma lacinho de fita no topo. Com afeto, Dany.



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– Pabbie está esperando... – fez uma breve pausa tomando uma mão de mulher e outra de Hans, piscando lentamente – os dois.

Elsa embaraçou-se com o olhar sugestivo do indivíduo que segurava sua mão, olhou em volta e percebeu que todos mantinham o mesmo olhar. Tossiu levemente na intenção de interromper o silêncio perturbador que tinha tomado o Vale sem motivo aparente, afinal, segundo Anna, a memória mais fresca sobre a família de Kristoff, é que eles falavam demais. O indicador rechonchudo da criatura apontou para um monte de pedras a metros dali.

– Podem ir. – Sussurrou encorajando-os.

A loira platinada fez questão de ir bem à frente de Hans para que os Trolls não encontrassem qualquer brecha de tentar juntá-los, e ele apenas ergueu as sobrancelhas vendo-a andar. Pôde, por alguns curtos segundos, admirar o modo como seus quadris bamboleavam elegantemente, e quão majestosa ele devia confessar que ela era, não como uma rainha comum; aquilo era algo que ele arriscaria dizer que era natural, tanto quanto os poderes que ela possuía. Sacudiu a cabeça levemente, lançando olhares ameaçadores para os filhotes que o olhavam dando risadinhas, antes de seguir a rainha. Ao chegar ao local indicado, mais pedras rolaram revelando uma entrada, e ao avançar, Elsa encontrou-se em uma gruta, iluminada por velas, e no centro estava uma pedra gigante adornada com adereços artesanais, Pabbie. Ele a encarou:

– Rainha Elsa. – saudou tomando a mão da jovem, depois se virou para ver Hans chegar, e puxou a mão do rapaz, unindo-os novamente – Príncipe Hans.

Eles precisavam parar de tentar fazê-los se tocarem, Elsa mordeu um lábio, pensativa. Enquanto isso, ambos sentiam seus corpos eriçarem à ideia do toque e fitaram suas mãos dadas, em seguida desviaram seu olhar ao mesmo tempo. Pabbie sorriu das expressões que fizeram.

– Parem de se preocupar com o que já passou, os dois. Vocês têm uma grande inclinação a se castigarem pelo o que já aconteceu, isso não é saudável. Quanto à parte do passado que fez seus caminhos se cruzarem, recomendo que conversem sobre ele, assim deixará de atrapalhar o processo.

Ambos sentiram seus pensamentos expostos, nenhum dos dois sabia que o outro ainda pensava no dia da coroação. Elsa se adiantou, gesticulando com a mão livre, já que não podia desgrudar a outra de Hans, não sabia se era porque não se permitia ou porque Pabbie estava segurando-a com muita firmeza.

– Perdão mestre Pabbie, mas não preciso conversar com o príncipe Hans sobre isso, não pretendo ter nenhum tipo de... – hesitou franzindo a testa – processo com ele.

O rapaz apenas permaneceu calado, intrigando-se cada vez mais sobre que tipo de processo estaria falando o Troll.

Pabbie gargalhou suave e brevemente, deixando ambos mais confusos, principalmente a mulher.

– Filha, eu a compreendo. Não pretender é algo totalmente natural. A natureza da vida é algo muito curioso, tudo nela segue seu rumo, e ouçam-me bem, os dois: até acidentes são predestinados.

Elsa calou-se, não sabia exatamente o que ele queria dizer com aquilo.

Dito isso, Pabbie pôs a mão livre sobre a cabeça de uma Elsa atônita, o polegar áspero afagou sua fronte para acalmá-la. A mulher sentiu um leve torpor tomar conta de seu corpo, quando Pabbie se concentrou e fechou os olhos. O cenho do mestre dos Trolls por diversas vezes encolheu-se com força, como se estivesse incomodado com uma forte dor de cabeça. Levou-se alguns minutos onde a única coisa que se via era a feição contorcida em preocupação da criatura, além do dançar das chamas das velas. Até que finalmente ele se pronunciou.

– Pois bem, minha rainha, senti seu medo desde que adentrou a floresta. E devo alertá-la novamente de que ele é seu pior inimigo, não pode ser seu companheiro de forma alguma. Quando se sente o medo de alguém à distância que senti o seu, percebe-se que a pessoa está totalmente, não me interprete mal, desequilibrada.

Assim, Pabbie gesticulou projetando uma série de imagens que pairaram diante deles. Hans não deixou de ofegar diante do primeiro contato com esse tipo de magia. No entanto, após o susto inicial, apenas ficou a observar como os vidrados olhos azuis da jovem queimaram em uma tonalidade surreal de vermelho, por conta da projeção que ali refletia. – Há um misto de sentimentos ruins aqui, uma variedade deles. Como havia antecipado, você vem carregando angustias do passado, e elas estão se pendurando em sua alma. – Disse mostrando a silhueta azul inconfundível de Elsa, com as mãos sobre o rosto e aspecto de cansaço. – Seu temor em perder o controle está absurdo, e você está totalmente carregada de estresse. – Em seguida, em volta da silhueta feminina apareceram outras iguais, porém acinzentadas, cercando e abrangendo a única azul, fazendo-a sumir de vista. E com um aceno, o mestre dos Trolls fez todo o cenário anterior se converter em uma balança. – Todos têm uma balança. Um lado da sua balança possui alguns grãos, e o outro possui milhares. Infelizmente, os milhares representam os maus sentimentos.

– E o lado com poucos? – Perguntou a mulher num fio de voz.

– Este lado é o que iremos trabalhar, precisamos preenchê-lo. Precisamos que se aqueça, alteza.

– Pode fazer isso com sua magia? – A voz de Hans soou próxima ao rosto de Elsa, lembrando-a de sua presença.

– Isso não está ao meu alcance, não depende de mim de forma alguma. A Rainha Elsa precisa de experiências, coisa que ela não teve a oportunidade de conhecer durante seu isolamento, experiências estas que irão aquecê-la. – Pabbie ergueu seu olhar à moça, frisando a última palavra para que não precisasse explicar detalhadamente, ela corou de forma exagerada. – Mas vejo que já tomaram iniciativas. – Disse apertando as mãos dos dois.

– O quê?! Não, não, não, não – Elsa se desprendeu da mão do príncipe e deu um passo para trás, agitada, fazendo contínuos gestos negativos com a cabeça.

– Acalme-se majestade, acalme-se. – Pabbie disse serenamente. – Eu poderia lhe dizer para procurar alguém com quem compartilhar essas experiências, mas normalmente não há meios de procurar, pois isso funciona como superfícies atrativas. Não importa o que aconteça, não importam as circunstâncias, tampouco o tempo, essas superfícies migram uma para outra quando postas em seus caminhos.

Estaria Pabbie os descrevendo indiretamente como superfícies atrativas? Como dois seguidores de sua linha de raciocínio? Diante disso, ambos se preocuparam em não cruzar olhares ao pensarem nas palavras do velho Troll. Aquelas criaturas eram obcecadas por romantismo, estavam apenas tentando induzi-los a pensar que ambos se atraíam violentamente. Certo?

– Mas não posso lhe recomendar isso. Trata-se de tempo, minha querida rainha, algo que não temos em abundância nesta situação. Vejo que a história da princesa Anna está se repetindo com vossa majestade, só que de forma bem mais lenta, mas não lenta o suficiente para arriscar em esperar que apareça outro alguém que se envolva o suficiente com a senhorita para ser apto ao seu aquecimento. Ter uma balança desequilibrada dentro de si é nocivo para todo ser humano, porém ainda pode ser suportável. Mas devo lhe dizer minha rainha, que seu caso é especial, seus poderes atuam conforme esta balança, como já deve saber. Se ela está pendendo para o lado negativo, eles fazem o mesmo. Seu gelo está selvagem vossa alteza, sentimentos maus estão tomando sua mente e fragilizando-a o suficiente para que perca o controle da situação. Se não viver emoções que aqueçam, que a façam sentir, todo o gelo que por anos a senhorita reprimiu, irá juntar-se ao contido em sua alma e toma-la por completo. E Arendelle irá sofrer com isso, pois sem vossa majestade para controlar o próprio gelo, ele irá se manifestar por conta própria. Afinal, como é de seu conhecimento, seus poderes não nasceram para serem ocultados, então, para que não sejam perigosos, devem ser domados.

– E quanto a Anna? O que eu sinto por ela... O que nós temos não conta na balança? – Elsa o perguntou suplicante por um sim.

– O amor das duas a aqueceu de fato, seria a força mais poderosa para quebrar o encanto de um coração congelado. Mas há pontos que um amor de irmãs não consegue alcançar no interior de uma mulher. Minha querida, eu falo de sentimentos com intensidade totalmente diferente, de experiências que a façam sentir o que nunca sentiu. Você sente um amor incondicional por sua irmã, e ela por você, esse amor verdadeiro salvou a vida de Anna e por um bom tempo ajudou a senhorita a controlar seus poderes. Contudo, a situação se agravou, e como o gelo demora a tomar conta, precisa apenas do que lhe falei, para que se equilibre. Peço que pense seriamente nisso, seu poder pode enfraquecê-la e você pode perder controle total dele, como aconteceu hoje mais cedo. Embora sua majestade tenha mais tempo que sua irmã teve, é com pesar que eu deva alertá-la: Estamos em uma emergência!

Elsa levou a mão à boca, a mente mastigando e engolindo cada palavra de Pabbie, que lhe caíam mal, muito mal. Mais um sacrifício surgia diante dela, desta vez, muito mais difícil de processar. Não se tratava de apenas um beijo caloroso, Pabbie se referia a mais, ela sabia.

– Mestre Pabbie, e quanto ao beijo que demos? Por que não consegui fazer com que findasse tudo de vez? – Perguntou um Hans meio hesitante.

O Troll fingiu não ouvir a pergunta do rapaz enquanto esperava Elsa sair da gruta lentamente, segurando-se nas pedras úmidas, ainda assimilando tudo. Em seguida, quando ela já não estava lá, ele se voltou ao príncipe, puxando-o para baixo para que falassem secretamente.

– Ela não o quer por perto. Mas o coração dela jamais iria permitir que o fiorde descongelasse e você fosse embora. O corpo dela tem magia entranhada, e essa magia, embora irrefreável agora, creio que tenha atendido às necessidades que ela tem de você. – Ele bateu o indicador no rapaz enquanto falava. – Você foi a primeira experiência dela, talvez não tenha noção do quanto isso embaralha os pensamentos de uma moça, e da responsabilidade que lhe cabe, principalmente nas condições atuais em que esta jovem mulher se encontra. Bom, isso tudo a assustou, é possível que ela precise de você muito em breve. Tive de aterrorizá-la, não suavizei a situação para que ela se dê conta do quanto é necessário que ela ceda.

Elsa, enquanto estava lá fora, foi surpreendida por uma simpática Troll fêmea. Ela puxou a barra da capa que repousava sobre a rainha, chamando a atenção dela para baixo. Elsa se abaixou à altura da Troll para ouvi-la e ela sussurrou.

– Minha querida, já ouviu falar em hormônios? – A senhora falou docilmente, sabia como abordar isso sem fazer as moças se sentirem desconfortáveis, embora Elsa seja uma informação aberrante, já que era de se esperar que não tivesse muito conhecimento sobre assuntos que eram escassos na biblioteca do castelo, seu único acesso durante o isolamento.

– Li um artigo sobre. – Elsa respondeu sem jeito.

– Recomendo que leia um livro sobre. – E sorrindo, acariciou as mãos da jovem, deixando-a ir.

Elsa andou lentamente até o local onde estaria Sven, Kristoff e Sitron. No caminho tentou digerir tudo o que ouvira minutos atrás, as palavras de Pabbie envolvendo aquecimento, processo, experiências, e o pior, Hans. Não queria de forma alguma que aquele rapaz tivesse qualquer ligação com sua vida e a de Anna, e mesmo que corresse o risco de não encontrar um modo de sair dessa situação gelada, não queria contar com ele. Tudo o que estava acontecendo deveria ser posto um fim, já havia permitido muita coisa, o príncipe já estava conquistando um espaço cada vez maior com ela, e isso iria acabar.

– Rainha Elsa! – a voz grossa de Hans ecoou em seus ouvidos, fazendo-a saltar levemente de susto.

– O que quer? – Disse envolvendo-se com os próprios braços, olhando-o de canto, enquanto mantinha-se de costas para ele, havia algo naqueles olhos que ela interpretou erroneamente como o brilho da oportunidade de se aproveitar. Mas ele não era um aproveitador, não mais.

O homem abriu a boca para falar, mas desistiu, quando Elsa exclamou demasiadamente alto:

– Onde está Kristoff? E Sven? – Olhava em desespero para os lados, girando em torno do próprio eixo enquanto procurava o cunhado, arrancando risos abafados do homem, ignorados pela mesma. – Será se ele virou alguma dessas... Pedras? – A jovem fez uma careta, apontando para onde os Trolls estavam, agora camuflados.

A mulher não tinha medo de ficar sozinha, tinha medo da companhia. Não era seguro ficar só com Hans.

– Certo, vou acabar com sua agonia. Kristoff precisou ir para uma gruta, porque uma das mães Trolls dele o obrigou a tirar a roupa para lavar. – Disse o príncipe entre risos, fazendo aspas com os dedos, a loira grunhiu revirando os olhos. – E quanto à rena, bem, ele simplesmente deve ter seguido seu dono.

– Não deboche de mim, príncipe Hans – disse seca.

– Oh, claro que não. Apenas observe mais os galhos das árvores e constate você mesma.

E foi pronta para olhar em volta, para confirmar que deveria estapear o rapaz por estar fazendo-a perder tempo, que Elsa avistou as roupas de Kristoff penduradas em alguns galhos secos. Soltou o ar de seus pulmões pesadamente, e virou-se para o homem que ainda a observava.

– Certo. Vou com você. – Disse levantando uma mão como se estivesse se defendendo, ou negociando com um bandido.

– Ótimo. – Hans sorriu, montou em seu alazão e ofereceu-lhe ajuda para fazer o mesmo. A rainha encarou a mão do rapaz apreensiva, em seguida olhou para a escura brenha que os aguardava, mordeu o lábio com força e pôs sua mão na dele, sentindo-se ser puxada para o colo do mesmo, onde seria sua sessão de tortura. De um fato estava convicta naquela madrugada, não estava preparada para ter grandes contatos com ele novamente, e a velha desconfiança deixava-a tão covarde que os lobos ferozes poderiam farejá-la há léguas de distância.


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Notas finais do capítulo

O que será que vai acontecer? Haha. Bom, agora sim, podemos dizer que a história começou de fato kkk Let's warm the Queen *-*