Depois da conversa com o guardião e com o preço acertado, Sayaka se sentia assustada, mas ainda assim se manteve impassível.

           --Sabe... ainda pode desistir... é só me falar, mas terá que fazer isso antes de sair daqui! Não é obrigada a nada. — o guardião segurava uma pequena esfera azul alada entre as mãos.

A menina sacode a cabeça decidida e diz:

             --Tudo bem! Posso... quero fazer isso!

O guardião entrega a esfera a ela que assim que o pega se transforma em um tipo de relógio, Sayaka rapidamente o prende ao pulso e voltar a olhar para ele.

             --Isso vai ser tipo uma bussola?—Sayaka.

           --Tipo isso! Ele vai ser uma bussola, um gps, uma chave, uma enciclopédia, um tradutor e uma ou outra coisa necessária. Lembre-se... tem que contar a ele o mínimo possível, nunca poderá sair de “viajem” sem que ele saiba e sempre saia da casa dele. Assim ponto de partida e chegada sempre será segura, duvidas?— Guardião.

            --Huuum... não! Vou indo então..... ate!— Sayaka se vira e vai saindo.

              --Esqueci de avisar... saindo daqui você não é você, entendeu?— e então o espaço vazio e o guardião somem.

Ela se vê no saguão da torre com pessoas entrando e saindo, ninguém parecia surpreso com a repentina aparição dela por ali, respira fundo e sai dali. Era um começo de fim de noite e varias lojas já começavam a fechar, mas ainda tinha uma que estava aberta e chamou a atenção da menina, era uma loja de artesanato. Sayaka entra e faz o sininho tocar e de algum lugar lá dentro uma voz doce fala:

                   --Só um instantinhooooooo!

Caminha por entre as prateleiras e por fim para no balcão, ela escutava a dona da voz mexendo em alguma coisa lá dentro e logo sai. Era uma moça muito bonita com olhos expressivos e verdes, um sorriso doce, cabelos castanhos claro curtos e desfiados e um belo anel de noivado na delicada mão direita. Sayaka a olhou e sentiu vontade de chorar, embora não soubesse o motivo.

                 --Você deu sorte lindinha, já ia fechar a loja! Mas acho que se ainda não fiz isso era porque tinha que te atender, em que posso te ajudar?— o sorriso bonito ainda estava ali.

Ela leu no crachá “Kinomoto”, se conteve e disse:

                  --Kimi... Kimihiro-San falou para que comprasse algo... para mim... algo que eu gostasse, daí vi a loja e entrei. O que me sugere Kinomoto-San?

               --Kinomoto-San... tão formal e você é tão fofa e educada! Pode me chamar de Sakura se quiser! E quanto a minha sugestão... huum...

A moça passou por Sayaka e a pegou pela mão, juntas foram olhando artigo por artigo, de ursos á tricô ate chegarem a um belo conjunto de montar uma boneca de porcelana. Sakura Kinomoto começou a procurar entre as embalagens uma que lhe agradasse e por fim puxa uma caixa, se vira e a mostra para a menina.

              --Fofa não é? Se parece com você, tem tudo o que precisa para monta-la aqui dentro. Tem os olhos, o cabelo e todas as partes do corpo. Mas a roupa e sapatos são á parte... — a moça a olha nos fundos dos olhos a deixando sem graça— Tem problema?

              --Nã... não! Tudo bem... —a vontade de chorar ainda estava ali, mas se segurou.

Então, feliz, Sakura novamente a pegou pela mão e foram escolher os acessórios para a boneca e algumas tintas para pintar o rosto dela, a moça embrulhou tudo e recebeu o pagamento. O sino tocou na porta e colocando o sorriso mais cordial que pode falou para a pessoa que entrava:

                --Desculpa, mas já fechamos por hoje!

               --Eu sei, mas precisava ver porque minha noiva não saia mais!

Chocada Sayaka ouviu e viu Shaoran indo ate elas no balcão, um rapaz sem a sombra da tristeza nos olhos e um grande sorriso nos lábios. Logo percebeu que não era o Shaoran de Kimihiro, mas notou porque aquele era tão triste, ele não tinha sua Sakura.

              --Desculpa amor! Mas tinha que atender essa princesa!—A mão da moça passeou pelos cabelos da menina.

Os olhos castanhos do rapaz a enquadraram de cima a baixo e o sorriso agora era para ela, diz:

              --Entendo... mesmo eu abriria uma exceção para essa lindinha. Prazer, Lee Shaoran!

          --Aaah... Shimizu Sayaka, prazer também! Digo... o prazer é meu!!!— ela se sentia desconcertada e o nó em sua garganta estava começando a desatar— Preciso ir... vejo vocês por ai!

Olha para baixo e vai saindo escutando a despedida do casal. Lá fora joga seu olhar para o céu e suspira, mas antes de sequer dar um passo escuta gritarem seu nome. Varias vozes gritando seu nome, todas masculinas. Rapidamente olha na direção dos gritos e aflita vê o Shaoran de Kimihiro indo ao seu encontro, se põem a correr ate ele o pegando rapidamente pela camisa com a mão livre e indo na direção completamente oposta da loja. Um Shaoran desconcertado e uma Sayaka aos prantos passam como um raio por um Doumeki, um Faye, um Kurogane e um Kamui confusos.

               --Sa... Sayaka-chan... o que foi?— Shaoran.

                --Você não pode se ver... —é tudo o que ela diz.

Ele rapidamente entende, assim como os amigos, então solta gentilmente a mão dela de sua camisa e apertado a segura na sua. Todos continuam correndo ate chegarem uma rua antes da casa do mago das dimensões, quando finalmente Kamui corre ate a frente de Sayaka e a força a parar, a segura pelos ombros e sério pergunta:

                  --Por que tá triste?

De inicio não entende, mas logo se vê refletida nos olhos dele e entende a pergunta.

               --Nada! Não é nada!— Ela começa a enxugar o rosto— Eu só... eu......

          --Vamos! Watanuki deve estar arrancando os cabelos a essa altura, não suma mais dessa forma. — Doumeki tirou o menino dela e foi a puxando junto a si.

O menino ficou bravo, mas nada poderia fazer a não ser segui-los junto com os outros. Sayaka olha para cima de esguelha para o homem e murmura:

                          --Obrigada...

Ele simplesmente a olha e balança a cabeça, isso a faz pensar que ele é um grande amigo de Kimihiro e isso a faz se sentir feliz. Assim que passam pela entrada Doumeki lhe tira as sacolas das mãos sem dizer nada e no momento que Sayaka, confusa, cruza pela porta braços a puxam de encontro para o peito de...

                    --Fiquei tão preocupado! Disseram que você começou a correr do nada e sumiu na multidão!— a voz de Watanuki saia fraca de tanto alivio por vê-la ali— Achei... que não queria mais...

Ela o abraça de volta, arrependida por não ter pensado que poderia deixar a todos preocupados... deixar ele preocupado. Ela suspira, mas logo algo acontece com o relógio que tinha no pulso, ele começa a brilhar. Watanuki a solta um pouco para ver o que estava acontecendo, nota o relógio e vê algo escrito nele, lê:

                        --Ashura?

                      --Mas já?— a menina deixa escapar, olha para o rosto do homem meio em pânico —Vou mais volto! Prometo!

E antes da luz engolir Sayaka, antes dela sumir, antes que ela não conseguisse ouvi-lo o mago fala:

                        --Vou aguarda-la...

E então a menina vê o céu abaixo de si e o deserto acima, sem demora percebe já não estava mais na casa de Watanuki, para falar a verdade, viu que já não estava mais em sua dimensão e que caia livremente. Ela começou a se afogar no medo, mas então sua queda para repentinamente, olha para suas costas e vê grandes asas que emergiram se suas costas. Grandes asas de aparência forte, macia e de penas negras como a noite.

                      --Olha Yasha! Um anjo!!!

Surpresa olha em direção a voz e encara uma pessoa de aparência muito bela, longuíssimos cabelos negros, uma pele meio queimada de sol, olhos dourados e orelhas meio compridas e pontiagudas. A bela pessoa sorria para ela.

Sayaka que não tinha nenhum controle das asas e com o susto as faz desaparecer e volta a cair, mas braços fortes a aparam.

                  --Esta bem?

Sayaka olha para o rosto de um homem forte com uma grande cicatriz em um dos olhos e o outro era castanho, longos cabelos negros e, apesar da expressão séria, um ar gentil. Ela fica sem palavras por um instante, ficou sem palavras por um instante, mas logo respira fundo e se apresenta:

          --O... obrigada pela ajuda, estou cansada e minhas asas começaram a falhar! —ficou surpresa com suas próprias palavras, pois não sabia de onde vinham —Me chamo Yuko!

Continuando a receber deles apenas atitudes gentis, é colocada no chão e ouve a resposta dos outros dois:

           --Sou Ashura e ele é o Yasha!!! —a bela pessoa de olhos dourados fala de forma animada.

O homem sorri e acaricia a cabeça da menina, de repente ela ficou preocupada. Pois ao vê-los uma coisa começou a surgir em seu coração, assim como foi com Kimihiro, um desejo se formava ali.

Fim do desejo 4.