Elder Tale – Bandeirantes do Ipiranga escrita por Daihyou


Capítulo 16
Capítulo 15 –.Mugetsu


Notas iniciais do capítulo

Veremos se eu retomo o ritmo mensal....



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A Dungeon esta bem diferente do que eu me lembrava. Esta mais esguia, úmida e tinha uma mistura de cheiros bem estranhos e incômodos. Desconfio que isso se deve ao fato que estou vendo essa dungeon em primeira pessoa, ou pela maldição que trocou a minha subclasse, já me afetando. De qualquer modo, continuava caminhando túnel adentro

“Huhuhu... Você veio... Você realmente veio”

—Bom, é difícil recusar quando uma mulher me chama pra um encontro.

Era bem incomum. Chefões não deviam ter conversas casuais dessas com facilidade. Mas também, eu não deveria ver NPC’s, ou o povo-da-terra, interagir com os aventureiros de modo tão vívido. Então eu decidi apenas abraçar o absurdo e o impossível.

“Tanta dor... tanto sofrimento... terá poções suficientes, até o nosso fatídico encontro?”

—Depende. O quanto vai me fazer esperar até rever a jovem que eu escolhi salvar?

Foi então que eu notei que, tanto a atmosfera, quanto o tom de voz dela, mudou.

—Salvar? SALVAR? – Gritou a Medusa-Rainha, ecoando no salão. – Tem ideia do que aconteceu comigo? Depois que me abandonou?

Apenas suspirei, tentando não me deixar levar pela fúria. Afinal, pela noite de hoje, qualquer alteração de humor pode se intensificar.

—Difícil acompanhar, depois que fiquei banido da cidade até o Natal, não é?

E novamente, ela retoma a persona “sádica” de antes.

—Huhuhu... E foi divertido? Ser condenado por um lado que defendeu outrora? E esta divertido pra você também, enfrentar quem você supostamente salvou?

A minha respiração acelerou. Ao que parece, já comecei a me transformar, pois sentia a garganta coçar e o corpo tentando se habituar a armadura. Felizmente, escolhi uma armadura grande. Embora ela se ajuste ao usuário como opção no jogo, na transformação, o tamanho “original” dela afeta como vai acontecer, então consegui me manter vestido pra luta, ao menos.

E logo depois, fui em um salão grande, quase no fim da caverna. Havia uma saída de luz no topo, e uma árvore que crescera ali, no subterrâneo, que ia até a saída, buscando a luz do sol. E na base da árvore, ali estava.

Os olhos dela tinham em um momento, quando nos olhamos, o brilho daquela jovem que escolhi salvar, na campanha passada, ao invés dos aldeões. Mas logo depois o brilho sumiu naqueles olhos verdes como esmeraldas, e as escamas que tinham cor de verde-pântano, se arrastando pra luz, enquanto eu fazia o mesmo.

E ali, ela começou a rir, até gargalhar.

—Oh, mas os Deuses foram generosos comigo, pra variar. – Dizia a mesma a tira-sarro. – Como é delicioso meu “salvador” esta reduzido a uma fera quase irracional.

—E, por favor, coloque uma ênfase no “quase irracional”. – Respondi logo depois. – Eu esqueci que me manter lobisomem e não ceder ao impulso sanguinário durante nossa “conversa” foi um desafio e tanto. – Terminei dizendo, notando o quanto minha voz estava arrastada e rouca.

Me sentia mais alto, porém não me atrevi a me olhar. Foquei apenas em encará-la, enquanto pensava se iríamos lutar agora ou não. Normalmente seria a coisa mais idiota a se fazer, mas quem é marcado pela medusa é agraciado com algo em troca.

—Aproveitando sua imunidade a minha petrificação, querido? – A mesma respondeu sorrindo.

E pelo que notei, ela mesma tinha algo em mente. Tentei sacar a espada, mas ela veio de imediato com uma longa rabada, me arremessando longe.

E cara... essa doeu no orgulho e no HP

—Tsc tsc... que rude, querer atacar uma dama assim.

—Me apresente tal dama então. – Respondi rosnando, mas já empunhado de arma.

Senti um asco imediato, mas segurei. Esqueci que parte dos adornos da espada eram de prata, mas consegui segurar-me e mantinha a empunhadura firme e prontamente parti para o combate.

E sobre o combate, eu terei que pular uma parte dele, pois foi uma troca de golpes defensivos, esquivas de ultima hora e contragolpes, o que fez a luta perdurar por duas horas.

Mas finalmente consegui deixa-la com menos da metade da vida. E com um corte na cabeça, sangrando em um dos olhos dela.

—Huff... Você nunca me desapontou Magnus. – Comentou a mesma sorrindo. – Mas esse circo acabou.

Como imaginei todo Boss tem um recurso de ultima hora. E o dela é convocar todas as Medusas menores. Em questão de um minuto eu podia ficar petrificado. Então eu comecei a gargalhar.

—Ora – Comentou a medusa. – Rendeu-se a loucura, a ponto de rir no próprio funeral?

—Nada... Estou rindo... do seu funeral.

Foi quando ela notou que minha gargalhada foi um final, pois um relinchar de pegasus denunciou a vinda de meus reforços. Aparentemente Kurgar tem mais recursos do que eu pensei, vindo com Lan, que já usava os feitiços de proteção em mim, me impedindo de sofrer danos das medusas menores, e Azure, que usou sua skill única, de sumir nas sombras e criar várias Balestras erguidas em “galhos de sombras” atirando enquanto girava.

E sou grato por ele usar sua “Skill Única” neste momento. A Skill Única” que eu poderia usar me faria mais bestial, e ainda tinha o receio do Berserk-mode, que ela podia causar.

Em pouco tempo, ouvia vários gritos estridentes, e as Medusas foram subjulgadas sem muitos problemas. Afinal no jogo normal, aquela “mob” era pra um jogador enfrentar. Mas como este mundo não funciona como “apenas um jogo” qualquer um que puder voar pode pular o buraco que, antes, por impedância do jogo, não era possível.

E em meio  aos corpos, a Medusa Rainha recuou na árvore e ressurgiu, com Catherine em um braço e a garra apontada pra ela do outro braço.

—Renda-se!

Caminhei em direção as duas, mas a vista ficou turva novamente tive que cair com um joelho e a espada fincada no chão. Mesmo assim, juntei fôlego pra responder.

—Nunca irei me render... Crystal

A Medusa-Rainha, que um dia foi Crystal, soltou a moça e partiu pra cima de mim. E por mais que todos fossem rápidos, ninguém ali podia impedir uma investida de um Boss. Ninguém exceto eu, que estava quase mortalmente Ferido.

E por favor, uma ênfase no “Quase”, pois não estou morto.

Senti braços longos e meio gelados me envolverem, enquanto mantinha espada firme, fincada no meio do peito dela. Depois do golpe, ela parecia estar com a vida Reduzia a zero, ou seja, todo o resto, resume-se ao fim da Quest e os últimos momentos dela. Todos pareciam segurar a respiração, enquanto eu tentava sustentar meu corpo e o de Crystal, que desfalecia junto de mim.

—Ora essa... no final a mão que me matou foi a que me salvou.

—E novamente... falhei.

A mesma aproximou o rosto do meu, e fez algo totalmente inesperado de um jogo.

Ela me beijou, enquanto se desfazia nos itens finais. E no fim do beijo, senti algo em minha mão. E naquela hora fui pego de surpresa.

(ITEM – Medalhão do Céu Sem Lua – Tipo Amuleto – Atributo Principal: Poderes de Lobisomem e imunidade a Prata)

Havia mais  descrições e também a história de Crystal por toda a Elder Tale envolvendo o amuleto. Foi quanto lembrei, que a Quest dava um item que o jogador mais parecia precisar. Lembrei disso, pois na ironia, ganhei ao salvá-la, sendo um defensor, uma espada com status defensivos, que reforjei para ser minha arma quando chegasse ao nível 90. Embora nunca tenha usado, sempre mantive guardada no banco e nunca mais tive coragem de olhar pra ela.

Respirei fundo, vesti o amuleto e apontei para todos recolherem o Tesouro.

—Terminem com isso logo e vamos pra casa. – Comentei em tom rouco.

Mesmo sendo um jogo, sempre me envolvi com a história do próprio Elder Tale, seja pelas referências dadas a outros jogos ou livros, ou pelo próprio servidor que parecia juntar com o nosso folclore local, em algumas ocasiões. E no caso de agora, algo tão avassalador me acertou que foi difícil manter a compostura. Ouvi Lan me chamar, e apenas acenei que fosse logo, enquanto fui andando para casa.

Todos foram voando, mas eu queria um momento pra ponderar, então decidi andar até em casa, enquanto pela primeira vez desde que vim para o Elder Tale, eu chorei.


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