- Sam! Quem disse que você podia trazer essa coisa aqui pra dentro! – gritava Dean tentando afastar do irmão, como se ele tivesse carregando algo radioativo nos braços. – Ela não é minha e eu não vou cuidar dela!

- Dean, qual é?! É só até a gente encontrar a mãe dela...

- Acontece, gênio, que a gente NUNCA vai encontrar a mãe dela!

- Dean... olha só a carinha dela!

- Sam! – ralhou Dean. – Livre-se dela!

- Livrar?! Você ta louco?! Eu não vou jogar essa menininha numa lata de lixo!

- Mas eu não vou cuidar dela!

- Dean...

Sam tirou a criança do cesto e segurou nos braços.

- Desde quando você sabe segurar um bebê?! – perguntou Dean inconformado.

- Desde quando você sugere se livrar de um bebê?! – retrucou Sam retórico.

- Cara, eu já disse, não é meu!

- Você não tem certeza disso... E até lá, não podemos deixá-la ao relento e...

- Sam, nós não somos o tipo de família estabilizada, com um papai que trabalha numa companhia de papel, uma mamãe dona de casa que faz rosbife pro jantar e panquecas pro café... Nós nem temos um cachorro chamado Spike! – fala Dean inconformado. – Nós não temos uma casa, não temos fraldas, nem talco, muito menos mamadeira! Se você não reparou eu não estou amamentando ainda!

Sam fez uma cara de indignação. Precisava achar um bom argumento para fazer o irmão sequer requisitar a possibilidade de pedir para alguém cuidar da menininha.

- Tudo bem, Dean, você venceu. Vou lá fora deixar essa pobre garotinha na porta de alguém. Talvez ela seja adotada por um casal de pedófilos, ou serial killers, ou antes disso, vire comida pra algum Bicho-papão da meia-noite!

Sam falava enquanto abria a porta para sair. Dean olhou assustado e foi atrás do irmão.

- O que você ta fazendo! Volta aqui! – chamava ele. Sam se virou sorrindo.

- Sabia que você ia mudar de ideia.

- Ainda não mudei. Mas vamos procurar ajuda pra se livrar dela. – disse ele.

- De quem?

- Vamos atrás do Bobby.

- Eu não sei se você se lembra, mas a casa do Bobby não se parece nada com um berçário... – falou Sam.

- É... eu sei. Mas vamos lá pra que ele possa encontrar alguém pra ficar com ela.

Dean vai até a mesinha do quarto, pega a chave do Impala, veste o casaco e recolhe sua mala do chão.

- Mas nós vamos agora?! – pergunta Sam.

- Quanto mais cedo eu me livrar desse problema melhor é...

Sam entra também no quarto e pega suas coisas. Quando vê o irmão já está dentro do carro, esperando.

- Ele vai acabar gostando de você... – fala ele bem baixo pra garotinha em seus braços.

---x---

Os irmãos estavam num lugar bem distante da casa de Bobby e Sam já podia prever que eles teriam problemas com a nova passageira.

Dean não falava, talvez porque ainda estivesse assustado demais com a inusitada notícia. Na verdade, ele parecia apavorado. Ele sempre tinha medo que uma coisa como aquela pudesse acontecer. E aconteceu.

Queria ele que esse bebê fosse apenas uma peça do Zachariah. Mas, infelizmente, não era.

- Dean! – chamava Sam. – Dean! – tornou a chamar, mas o Winchester não ouvia. – DEAN!!!!

- Quê?! – virou Dean assustando-se com o chamado do irmão.

- Ela está chorando!

- Ela quem Sam?

- Sua filha!

- Não fale isso!

Agora Dean percebera que o bebê chorava descontroladamente.

- Droga... – reclamou. – Odeio bebês. São tão... barulhentos!

- O que ela tem? – perguntou Sam preocupado.

- Sei lá! Deve estar com fome! Suja de cocô! Com dor de barriga! Cólica! Ou com manha porque gostou de seu colo de Nanny McPhee!

- Dean... para o carro.

- Espera eu chegar num posto ou sei lá o quê.

O homem pisou no acelerador e procurou ir mais rápido. Era sobre isso que estava falando. Se em cada caçada eles tiverem que parar pra tocar a fralda desse bebê, o trabalho deles iria por água abaixo. Além do mais, seria mais um ponto fraco que todos seus inimigos usariam contra ele. Com o Sam já era difícil de esquivar de chantagens e seqüestros, imagina agora com uma filha?!

O bebê chorava ainda mais alto e eles começavam a se incomodar com isso.

- Faça alguma coisa, Sam!

- O que?

- Qualquer coisa! Veja se tem comida aí!

- Tem só um sanduíche de atum passado. – fala Sam olhando no porta-luvas. – Eca! Isso é capaz de matar um!

Dean balança a cabeça.

- Isso é problemático. Fala pra ela agüentar firme então!

Dean acelera ainda mais o carro. O bebê ainda chora e ele decide colocar uma fita no carro para não ficar tão estressado com aquele choro.

- Você vai chateá-la ainda mais! – disse Sam. – O som tá alto demais!

- Ou ela se chateia ou eu me chateio! Como eu estou dirigindo e posso bater o carro eu voto por não ser chateado!

Passado algum tempo, eles notam que a garotinha parara de chorar. Dean olha Sam, preocupado. O mais velho faz menção para que o irmão olhe a menina e assim, Sam o faz.

- Dormiu. – fala ele. – Acho que o som fez bem a ela.

- A garota tem bom gosto. Dormiu escutando Led. – disse Dean.

- Só podia ser sua filha! – brinca Sam.

- Cala a boca! – ralha Dean. – Vamos parar ali para ver o que ela tem. – Ele aponta para um posto 24 horas de atendimento.