Luas de Sangue escrita por Fallen


Capítulo 8
Capítulo 7




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A luz do Sol, que vi pela primeira vez no que parecia décadas, entrou através das janelas de dez metros de altura na sala, quase me cegando. Apertei os olhos e acabei tropeçando no que me parecia um degrau. Desajeitada eu? Àquela altura, eu achava que seria difícil me surpreender com mais alguma coisa, mas não conseguia acreditar na cena à minha frente. Um retrato do tamanho de um elefante do “Mão Negra” estava pendurado bem atrás dele. Havia uma jaula enorme em frente à cadeira dele. Sim, uma jaula, como aquelas que os humanos usam para colocar animais no zoológico.

Um guarda segurava a porta aberta e o outro nos empurrou lá para dentro. Numa jaula.

— Já estou quase acostumado a olhar através de barras — Thunder murmurou, parecendo conformado. Nada a ver com o Thunder que eu conheci há algum tempo atrás.

— Não diga isso — sussurrei, falando sério. — Vamos sair desse hospício. Eu prometo!

Mas como? Estudei a sala com atenção. Ao nosso redor, havia uma parede impenetrável de indiferença, de ódio até. E pelo menos mais uma dúzia de guardas armados.

Um juiz, que devia ser o Mão negra, olhava para tudo com um ar ameaçador, do alto de uma plataforma à nossa frente.No lado direto, atrás de uma parede mais baixa, uma dezena de pessoas nos encaravam com uma cara de paisagem. Eram todos adultos, homens que aparentemente achavam que animais inocentes sendo postos para morrer não era nada de mais.

Então, dois outros cães foram postos dentro da jaula. Estavam com medo, assim como eu e Thunder.

–Vamos! Cães inúteis! – Gritou um dos homens - Apostei todo meu dinheiro em você e no seu parceiro!

Os guardas começaram a bater nas barras de ferro, assustando os dois cães, que vieram para cima de mim e Thunder.

–Oque vamos fazer? – Perguntei para Thunder enquanto fazia de tudo para fugir do Pastor Alemão que me perseguia dentro da jaula.

–Vamos fazer o que eles querem. – Thunder respondeu em um tom de frieza e, logo em seguida, empurrou o outro cão contra as barras, fazendo ele gritar de dor.

Eu não queria que o pobre cão sentisse dor. Ele só estava assustado, assim como eu. Mas, ou eu matava, ou eu morria. E eu prometi a Thunder que o tiraria daqui. Parei e esperei o cão chegar perto de mim. Assim que ele chegou, me virei e o mordi, fazendo aos poucos ele se deitar no chão. Quando ele se deitou, eu mordi seu pescoço, até sentir que seu corpo não se mexia mais. E, ali, eu vi uma vida sumir. Assim como um pedaço do meu bom coração.

Levantei-me do chão, atordoada e olhei em volta. Todos gritando. Comecei a andar e procurar Thunder. Um forte cheiro de sangue pairava no ar. De repente, sinto algo me tocar.

– Luna! Você está bem? – Thunder veio em minha direção, com a boca toda ensanguentada – Meu Deus! Você está machucada?

Eu estava. Me sentia um ser inútil e sem coração. Eu matei um inocente. E foi por diversão. Coloquei minha cabeça no peito de Thunder e chorei.

–Oque eu fiz? Sou um monstro! – Eu conseguia repetir somente isso.

Os Guardas entraram e tiraram os dois corpos dos cães de dentro da sala, ensanguentados e sem vida.

Olhei para Thunder me perguntando oque aconteceria agora. Os homens por fora da jaula nos encaravam com ódio e raiva ao mesmo tempo. Acho que fizemos algo que eles não queriam.

–Esses são os ganhadores de hoje! – Mão Negra levantou e veio em direção da jaula – Amanhã os veremos novamente!

Pela primeira vez fiquei feliz ao ver os guardas brutamontes vindo com a coleira e as correntes. Nem hesitei em deixar eles colocarem elas. Nem precisei ser puxada novamente para minha jaula. Só precisava ficar sozinha. Nem Thunder, nem ninguém. Só eu e a minha culpa por ter matado aquele cão inocente.


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