– TOME MUITO CUIDADO COM ELA! — um homem gigantesco avisou. Ele parecia um soldado com números brancos enormes em seu uniforme. — Vocês sabem que ela pode...

O outro fez que sim com a cabeça, olhando pela jaula, nervoso.

— Você! — ele disse sem um pingo de educação. — Nos acompanhe!. Experimente tentar qualquer coisa e será rigorosamente punida!

Fiquei olhando para ele. Minha cabeça girava. Aqueles caras não eram homens normais nem de alguma equipe de estudos.

“Não... Me deixe.. aqui!”— Eles não podiam me ouvir. É claro, como um humano pode ouvir um lobo?

— Venha logo! — o primeiro soldado latiu para mim, com um tom de zombamento e colocando uma coleira apertada em meu pescoço.

“Não! Para! Não se atreva!” — Rosnei e soltei alguns sons que nunca precisei soltar. Mais tarde, aprendi que aquilo se chamava “latir”.

Em seguida, um pensamento me atingiu como um urso deslizando sobre gelo. Era isso que tinha acontecido com papai, não era?

Meu Deus! Eu podia sentir o suor frio se acumulando embaixo dos meus pelos. “Preciso sair daqui”, pensei, desesperada. Tem que haver alguma maneira, algum jeito.

Eu preciso desaparecer.

As luzes se apagaram e aqueles homens em uniformes cinza congelaram de repente.

— Onde ela está? Ela sumiu! Desapareceu! Para onde ela foi? — um deles disse, a voz rouca tomada de pânico.

Apontaram suas lanternas por toda a sala. Um deles ficou de joelhos e olhou embaixo do sofá, como se um lobo fosse conseguir se enfiar lá em baixo. O outro foi procurar nos outros cômodos. Para onde eu tinha ido? Aqueles caras estavam completamente loucos? Eu estava bem ali. O que estava acontecendo?

Talvez fosse um truque deles para terem uma desculpa para usar força bruta. Ou talvez fossem fugitivos de um hospício que tinham vindo me pegar do mesmo jeito que tinham levado papai...

— Olha ela aqui! Pegue a loba! Ela está bem aqui! Rápido, antes que ela suma de novo!

Mãos enormes e desajeitadas agarraram meu corpo, depois, minha cabeça.

“Me soltem!” — soltei um grunhido e parei subitamente de me mover. — “Me.

Soltem.”

Mas as mãos deles eram fortes como aço e me arrastaram pelo corredor até a sala de estar, e depois me jogaram no chão como um saco de lixo.

Eu me levantei rapidamente e mais luzes brilhantes embaralharam a minha visão.

“O que está acontecendo? Quem são esses... monstros?”

De repente, um cachorro com pelagem negra e manchas brancas é jogado do meu lado. Era um pitbull. Jovem e robusto.

— Você está bem? – Ele me olhou, se levantando do chão.

— Não. — Quase chorei, mas não podia, nem iria, e me recusava a deixar aqueles caras me verem com medo. Rememorei todas as histórias horríveis que eu já tinha ouvido e meu estômago virou do avesso. Eu me aninhei perto do pitbull, que passou seu rosto pela minha nuca, fazendo eu encostar meu rosto em seu peito.

De repente, as luzes foram apagadas. Piscamos para nos acostumar à escuridão e começamos a tremer.

— Qual o seu nome? —O jovem pitbull sussurrou. — O meu é Thunder.

– Luna. – Respondi.