Clichê escrita por desjeitos


Capítulo 19
Capitulo 19


Notas iniciais do capítulo

Essa acabou ficando um pouquinho grande...



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Acordei sábado com minha irmã pulando em cima de mim:

– Acorda pirralha - ela começou a me socar - vai logo.

– Sai daqui! - gritei - é cedo demais.

– Giovana! Nossos pais já estão prontos e te esperando! A gente tem uma surpresa pra você!

– Esta bem! - gritei mais uma vez - estou indo.

– Eba! - ela bateu palmas e saiu.

Levantei meio a contra gosto. Peguei meu celular e passava-se um pouco das nove horas da manha. Cedo demais. Eu não queria demorar então apenas coloquei meu jeans, uma camiseta e um chinelo antes de ir. Fiz minha higiene matinal e acabei colocando óculos escuros também para tentar disfarçar um pouco minhas olheiras.

Quando fui até a sala encontrei todos prontos apenas esperando por mim. Comi um pote de cereal o mais rápido que consegui antes de sair e fomos para o carro. Eu não tinha ideia do lugar que iriamos mas estava com sono demais para perguntar. Antes de sairmos do condomínio paramos em algum lugar que eu não vi qual era já que estava praticamente dormindo. Só fui me virar para olhar quando ouvi a porta do carro batendo, alegando que alguém havia entrado.

– Vocês esta de brincadeira comigo né? - Falei assim que vi Bruna sentada ao lado de Barbara.

– Olha gente não tem problema, eu fico em casa, serio. - a loira respondeu.

– Não, você vai. - minha mãe disse. - eu falei que te levaria e quero muito que você vá com a gente.

– Ótimo! - revirei os olhos.

– E sem mais palavras Giovana! - minha mãe disse severamente.

Eu cruzei os braços e voltei a olhar pela janela.

Cerca de quinze minutos depois chegamos ao lugar de destino. A feira de jardinagem.

Assim que meu pai estacionou, desci do carro e comecei a andar sem esperar por ninguém. Não sei se eles me chamar ou não pois estava com meus fones de ouvido. Eu nunca havia ido aquele lugar então não conhecia nada ao meu redor. Só andei sem rumo, passando por plantas e mais plantas, tudo a minha volta era verde.

Alguns idosos vendiam doces ao fundo do lugar, eu comprei um bolo de cenoura de uma senhora e depois achei algum lugar para me sentar. Foi só depois que me sentei que parei para admirar o lugar. Lá era uma espécie de parque, tinha algumas famílias fazendo piqueniques e muitas crianças correndo de um lado para o outro, brincando na grama.

Desliguei a musica que tocava nos meus ouvidos e comecei a comer o bolo que havia comprado, estava delicioso! Assim que terminei de comer um garotinho meio sujo de barro veio até mim com um cachorrinho no colo:

– Olha só o meu cachorro novo! - ele me disse entusiasmado.

– Ele é muito fofo! Você já deu um nome pra ele? -perguntei com o mesmo tom fazendo carinho no cachorro.

– Já! Ele vai se chamar Rex!

– Adorei esse nome. - estendi minha mão para o garoto bater.

– Desculpe se meu filho esta te incomodando - a mãe do garoto veio até onde estávamos e olhou com uma expressão seria pra ele.

– Não tem problema - eu ri - ele só estava me apresentando o Rex. Não é mesmo? - perguntei para o menino e ele concordou sorrindo.

– Acabamos de adotar essa cachorro e ele esta tão feliz que acho que quer mostrar pro mundo. - a mulher sorriu e bagunçou o cabelo do filho.

– Serio? Adotou aqui? - perguntei.

– Foi sim, tem uma feira de adoção ali - ela apontou para o lugar.

– Acho que vou lá dar um olhada então.

– Isso! Vem, eu o Rex te levamos lá! - O garoto tentou me puxar, mas como não estava esperando acabei permanecendo sentada.

– João! Deixe a moça em paz! - a mulher o repreendeu.

– Eu me chamo Giovana- ri - E se ele puder ir comigo eu vou adorar - sorri para o João e me levantei.

– Tudo bem então - ela concordou - estarei aqui com o seu pai, volte quando terminar.

Eu e o menino apostamos uma corrida até a feira de adoção. Rex mesmo estando preso na coleira correu tanto quanto a gente. Quando chegamos acabei me jogando no chão de cansaço e João começou a rir de mim:

– Vamos logo ver os cachorros! - ele disse impaciente.

Levantei me arrastando, mas acabei o seguindo. Ele me mostrou praticamente todos os animais daquele lugar, não haviam só cachorros como outros bichos também. Uns vinte minutos depois a mãe dele chegou o chamando. Eu me despedi e continuei por lá.

Acabei encontrando um cachorrinho preto e pequeno um pouco machucado. Eu não sabia a raça dele, nem mesmo se tinha raça. Mas ele estava quieto, diferente dos outros que brincavam muito com as pessoas que passavam. Ele chamou minha atenção. Entrei dentro do cercado que o prendia e me sentei do lado dele. Tentei fazer carinho nele, mas só o movimento da minha mão o assustou.

Eu tentei interagir com ele varias vezes, mas cada vez que me mexia ele se afastava mais. Olhei a minha volta e vi uma corda jogada eu um canto. Peguei uma das pontas dala e joguei a outra pra ele. Logo estávamos brincando de cabo de guerra. Quando ele já estava cansado de brincar, veio até mim finalmente me deixando passar a mão nele. Ele comecei a me lamber e eu ri.

– Acho que ele gostou de você... - Bruna falou enquanto olhava para mim.

– Eu também gostei dele. - falei seria.

– A gente pode conversar? - eu dei de ombros e ela entrou dentro do cercado sentando-se do meu lado. - Eu quero te pedir desculpa.

– Pelo que?

– Você sabe pelo que. Eu realmente sinto muito.

– Se for pelo que estou pensando não precisa de desculpas, afinal eu não tenho nada a ver com sua vida, você faz o que quiser... - Tive vontade de me levantar e deixa-la falando sozinha lá mas não queria sair de perto do meu novo amigo.

– Preciso sim. Mas você nem me deixou explicar, simplesmente saiu correndo..

– Não tem o que explicar.

– O Miguel passou aquele final de semana em casa. - revirei os olhos - mas ele fez isso porque os pais dele são grande amigos dos meus, trabalharam juntos até. Foi assim que nos conhecemos, eles nos colocaram na mesma escola e incentivaram o nosso namoro mais que qualquer outra pessoa. O Miguel mora aqui em São Paulo com os avos dele, os seus pais estão no Rio. Esse final de semana os pais dele vieram pra cá, por isso todos ficaram na minha casa.

– Você não precisa me explica nada, já disse!

– Que droga Giovana! - ela grito comigo mas assim que percebeu o tom que estava usando acabou o diminuindo. - eu estou tentando!

– Seus pais também te obrigaram a ficar de conversinha com ele a semana toda?

– Não acredito que esta com ciúmes disso...

– Não estou com ciúmes! É só que... ele é um idiota!

– Ele pode até ser, mas ele nunca me fez nada, sempre me tratou bem enquanto estávamos juntos então não tem motivo nenhum para eu não falar com ele.

– Tanto faz - dei de ombros e peguei o cachorro no colo - você sabe onde meus pais estão?

– Você vai mesmo fazer isso?

– Você viu meus pais? - perguntei de novo.

– Estava com sua mãe ali antes de vir pra cá. - ela apontou para o lado e eu segui naquela direção.

Encontrei minha mãe e implorei para ficar com o cachorro. Depois de levar um sermão enorme sobre os cuidados que deveria ter com o animal, ela acabou concordando. Fomos até um senhor e perguntamos o que deveríamos fazer para levar o bichinho pra casa. Ele disse que tínhamos que preencher alguns papeis e responder umas perguntas. Depois de tomar todas medidas necessárias já podíamos levar o cachorro para casa.

Já estávamos todos prontos para ir embora mas não achamos Bruna em nenhum lugar. Tentei ligar pra ela algumas vezes mas ela não me atendia. Minha mãe me mandou ir procura-la e avisou que nos esperaria junto com o resto da minha família no carro.

Eu e meu novo cachorro fomos atrás dela. Acabei o colocando no chão pois sabia que ele não sairia de perto de mim. Depois de andarmos um pouco, ele começou a correr e eu corri tentando alcança-lo.

Foi ele que encontrou Bruna sentada em um banco velho de madeira olhando o horizonte. Me sentei do lado dela e logo meu bichinho pulou em cima de mim:

– Eu vou levar ele pra casa - falei para a loira mas ela não me respondeu - Bruna? - balancei minha mão em frente a seu rosto. - fala comigo! - acabei fazendo uma voz de choro.

– Legal... - ela disse sem me olhar.

– Você poderia me ajudar a escolher um nome, que tal?

– Pode ser.. - ela passou a mão no cachorro.

– Hmm.... Que tal Apolo? - sugeri.

– Não - ela riu - ele não tem cara de Apolo. Eu gosto de Nolan. Gostou amiguinho? - ela perguntou para o cachorro que começou a latir na hora fazendo ela rir.

– Ótimo! Então seu nome vai ser Nolan agora. - eu disse.

– Vai concordar fácil assim?

– Vou ué. E como já resolvemos esse assunto, vamos logo embora. Todos estão esperando por nós no carro.

Nos levantamos e fomos correndo até o carro junto com o Nolan. Assim que me sentei no banco de trás comecei a bufar.

Fomos direto para o condomínio. O trajeto da volta pareceu durar bem menos que o da ida. O clima estava bem mais leve dentro do carro.

– Bruna, por que você não almoça com a gente hoje? - meu pai sugeriu.

– Bom, não sei.... - ela me olhou para ver se eu concordava e eu meio que balancei a cabeça dizendo que estava tudo bem - Se não for incomodar, eu almoço sim.

Passamos direto pela casa da loira seguindo ate a nossa. Mais uma vez, fui a primeira a sair do carro, estava louca para mostrar a casa toda para Nolan, corremos juntos por todos os lados, eu mostrei cada cantinho para ele. Quando entramos na cozinha me deparei com Bruna ajudando minha mãe com o almoço e acabei rindo um pouco da cena, já parecia que ela era da família.

– Eu vou arrumar a cama do Nolan lá em cima, quer me ajudar? - perguntei pra loira. Ela apenas balançou a cabeça e me seguiu até o meu quarto.

Bruna sentou na minha cama enquanto me observava arrumar as coisas do meu cachorro. Assim que terminei fui até ela e me sentei ao seu lado:

– Quer saber - a encarei - eu acho que vou te desculpar sabe...

– Você jura? - me disse sarcástica - agora quem tem que te desculpar sou eu! - ela cruzou os braços e virou a cara.

– Por que? - fiz tom de ofendida - eu não te fiz nada, nem vem!

– É ai que mora o problema...

– Como é que é? - tentei levantar uma das sobrancelhas mas não consegui.

– Você nunca vai conseguir fazer isso - ela riu de mim e eu a empurrei. - Ei!

– Quer saber? Vamos acampar hoje!

– Acampar onde? Ta maluca?

– Aqui no jardim mesmo! Esta calor, é só a gente montar uma barraca e fechou!

– Não sei não, dormir no chão?

– Não né! A gente coloca uns colchonete, sei lá. Vamos, por favor! - fiz um bico.

– Esta bem - ela revirou os olhos - mas vai ter uma lanterna nessa brincadeira né?

– Vai sim, mas relaxa que eu te protejo do escuro. - levantei meu braço tentando ressaltar meus músculos quase inexistentes.

– Sei... - ela riu - bom, vamos descer porque eu estou com fome.

Fomos até a cozinha e o almoço estava quase pronto. Eu e Bruna colocamos a mesa e depois todos nos sentamos para comer. O almoço foi animado, todos conversavam. Avisei meu pai que eu iria acampar no jardim e ele logo se animou, disse que assim que terminasse de comer iria procurar a barraca.

Terminamos o almoço e eu e Bruna lavamos a louça. O tempo que levamos para lavar tudo foi o mesmo que meu pai preciso para achar a barraca. Ele nos entregou e disse para nos virarmos para monta-la.

Levamos muito tempo para conseguir fazer com que a barraca ficasse de pé. Ela não era grande, cabiam umas três pessoas apertadas, então eu a loira infelizmente não precisaríamos dormir tão próximas. Assim que ficou pronta, busquei os colchonetes e cobertores para nos duas passarmos a noite. Bruna fez questão de pegar as lanternas, no plural mesmo porque foi mais de uma, três pra ser mais exata. Ela alegou que se caso acabasse a pilha de uma teríamos as outras duas de reserva. Pegamos também alguns doces e água.

Estava bem ansiosa, como sempre, para que a noite chegasse. Eu sempre adorei acampamento, sei que dormir no quintal de casa não era bem acampar mas já servia.

Logo apos o jantar eu já me retirei para o jardim junto com Nolan que não me largou nem por um minuto durante o dia todo. Acho que Bruna não estava tão animada assim, ela meio que se arrastou até o lado de fora:

– Por que a gente tem que vir tão cedo pra cá? - ela me perguntou quando entramos na barraca.

– Porque sim! A gente acordou cedo então acho que não vamos demorar para dormir, temos que aproveitar o tempo.

– E o que vamos fazer?

– O que você quiser - dei um sorriso malicioso.

– Estou falando serio - ela riu e empurrou meu ombro.

– Não sei, a gente pode conversar, que tal? Me fale de você - apoiei minha cabeça nos meus braços.

– Não tem muito o que falar...

– Nossa, como você é chata! - me joguei no chão.

– Serio! Me pergunta alguma coisa então que eu respondo.

– O que eu quiser? - ela concordou com a cabeça e eu levantei sorrindo - bommm.... Então eu quero saber por que você me beijou aquele dia na festa e depois saiu correndo?

– Primeiro que aquele dia você estava muito linda, eu não consegui resistir - eu sorri e senti minhas bochechas arderem - e não sei porque eu sai correndo...

– Acho que foi porque seu coração bateu mais forte, ai você se viu completamente apaixonada por mim e saiu por medo.

– É, talvez foi isso mesmo.... - ela deu de ombros - Minha vez! Como você consegue controlar esse ciúmes louco que sente por mim? - fiquei seria e ela segurou riso.

– Eu não tem ciúmes de você, idiota.

– Imagina se tivesse - ela riu. - Sua vez, o que mais quer saber?

– Nada! - cruzei os braços - cansei dessa brincadeira.

– Mas eu não, então como você não quer perguntar vai ser minha vez de novo e eu quero saber... tan tan tan.

– Fala logo!

– Quando a gente vai terminar aquilo que começamos na piscina?

– Olha Bruna, eu gosto de você, de verdade, mas você não sabe o quer, tem vezes que eu acho que você também gosta de mim, mas ai depois você corre pro Miguel e sabe....

Bruna me interrompeu juntando seus lábios com os meus, ela me deu um selinho demorado. O beijo durou pouco, ela logo me soltou.

– Depois que você falou que gosta de mim eu parei de te ouvir. E pra sua informação eu também gosto de você. - ela abriu o sorriso mais lindo do mundo que imediatamente foi correspondido por mim.

Depois disso fui eu que tomei a iniciativa. Coloquei uma das minhas mãos em sua nuca e ela pousou as suas em minha cintura. Fiquei parada por alguns segundos apenas sentindo o cheiro que ela tinha, o mesmo que ficou no meu travesseiro. Nossas respirações se tornaram uma só, e então a beijei, devagar, sem pressa. Bruna apertou suas mãos em minha cintura e puxou meu corpo para mais perto. Nosso beijo, parecia ser sincronizado. Apesar de tudo, eu achei aquilo tudo o certo a fazer.

– Nossa... - ela disse ainda de olhos fechados assim que nos separamos.

– Eu sei que beijo muito bem - falei rindo e balançando os ombros

– E agora?

– E agora o que?

– O que vamos fazer depois disso?

– Eu vou deitar, depois você deitar no peito, ai eu vou te abraçar e vamos dormir.

– Estou falando serio!

– E o que você quer que eu diga? Não sou eu que estou em duvidas sobre o que quero...

– Eu quero você! - olhei pra ela um pouco assustada - disso eu sei...

– Fala mais... - abri um sorriso e abaixei o olhar.

– Desde a primeira vez que te vi. Quando você defendeu Amanda eu admirei a coragem que teve em enfrentar todo mundo. Quando você bateu na cara do Miguel depois que ele te desrespeitou. O jeito que você dançava naquela festa, te deixou irresistível. Você ficou do meu lado mesmo mal me conhecendo, foi no hospital comigo e toda vez que te vejo de biquíni, tenho que me controlar pra não te agarrar. Tudo em você me atrai.

– Nossa... Eu não esperava por isso....

– Pois é.

– Você não liga para o fato de eu ser menina e você também?

– Não - ela riu.

– Mas você sabe que os outro ligam não é?

– Sei.

– Hm... Então ta bom... - disse me deitando.

– Serio isso?

– Estou com sono... - fiz bico. Ela se deitou no meu peito e nos cobriu. - amanhã a gente termina essa conversa.

Ela concordou. Dei um beijo no topo de sua cabeça e dormimos abraçadas com Nolan em nossos pés. Bruna nem ligou para as lanternas, ela não se importou de ficar no escuro total comigo.


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Notas finais do capítulo

Finalmente!