Teenage Runaway escrita por Bridget Black


Capítulo 3
Guess Who’s Coming To Dinner


Notas iniciais do capítulo

[Editado no dia: 26/03/15] Bom guys, aqui está mais um capítulo totalmente feito para vocês, com muito carinho e amor. Sei que demorei reescrevê-lo, mas gostei do resultado final. Então, sem mais delongas, vamos ao capítulo.

Enjoy it!

— B.B.



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“Não há volta. Então é melhor a gente se acostumar com as mudanças.” — Jogos Vorazes

Peguei um dos porta-retratos de dentro da caixa que continha uma foto minha com meus pais e Cashmere. Eu, que devia ter uns seis anos, estava sentada no colo da minha mãe, mexendo as pernas inquietamente. Usava um vestidinho verde e florido que ia até os joelhos e uma sapatilha. Eu ainda tinha uma franjinha na testa, e na foto eu tentava tirar a franja de perto dos meus olhos. Minha mãe tinha os cabelos loiros que vinham até abaixo dos ombros e os olhos caramelo. Ela usava uma calça jeans e uma blusa branca, e gargalhava de Cashmere. Minha irmã estava deitada de cabeça para baixo na parte de cima do encosto do sofá, os longos cabelos loiros e ondulados caindo feito cascata. Ela fazia careta para a câmera para logo depois rir. Meu pai sentava ao lado dela, e se dividia entre sorrir para a câmera e olhar preocupado para a filha mais velha.

Todos sorridentes e felizes, incapazes de prever a desgraça que estava por vir em poucos anos. Meus olhos pairaram sobre o anel que minha mãe sempre usava — que anos depois foi passado para Cashmere por minha avó — e para a inseparável correntinha de ouro com um delicado pingente, que hoje me pertencia. Segurei fortemente as lágrimas e coloquei o porta-retratos em minha velha cômoda rosa, que agora estava em outro quarto. Em outra casa e, obviamente em outro país.

Depois de mais de uma semana depois do aviso sobre a repentina mudança para Little Whitning, infelizmente, o dia da mudança chegara.

Havíamos chegado há algumas horas atrás e eu estava tentando organizar o meu mais novo quarto. Decididamente, aquilo iria dar mais trabalho do que eu imaginei.

As paredes eram de um tom marfim e pareciam ter sido pintadas recentemente. Possuía duas janelas, no qual coloquei cortinas de um tom azul claro com algumas flores. A cama de casal ficava entre as janelas, e pus uma colcha clara com várias almofadas e algumas pelúcias. O criado-mudo branco ficava ao lado da cama, e o decorei com um abajur e alguns outros objetos. Alguns pequenos quadros foram colocados em pontos estratégicos nas paredes. No teto revestido por gesso, pedia um lustre simples.

O armário era como um pequeno cômodo, e a porta dele ficava na parede oposta à porta que dava ao banheiro. A cômoda rosa ficava encostada em uma parede, e eu estava tentando organizar tudo o que devia ficar nela. Algumas caixas estavam espalhadas pelo quarto, sendo esvaziadas uma por uma.

[...]

Já era o meio da tarde quando minha avó veio me chamar, falando que meu pai estava chamando a mim e a Cashmere na sala.

Assim que saí do quarto, minha irmã já estava do lado de fora do dela, digitando inquietamente no celular, provavelmente me esperando.

— Sabe o que ele quer conosco? — questionou assim que me viu. Seguimos em direção à escada que levava para o primeiro andar.

— Não faço a mínima ideia. — respondi, sincera. Descemos os últimos degraus e encontramos nosso pai no sofá, obviamente nos esperando. Assim que percebeu nossa chegada, se levantou e começou.

— Bom, eu sei que parece ser de última hora, mas hoje cedo eu convidei meu primo Harry para jantar e bem — Ele fez uma curta pausa antes de continuar — Ele aceitou.

Assimilei o que ele havia acabado de dizer e, antes que eu pudesse falar algo, Cashmere se pronunciou.

— E o que nós temos a ver com isso? — indagou, secamente. Ela não estava nem um pouco contente por ter de deixar Nancy e nosso pai sabia muito bem disso. Por enquanto ela estava se comportando bem, mas bastaria apenas uma faísca para ela explodir de raiva e frustração.

Nosso pai hesitou por um momento antes de dizer calmamente.

— É um jantar em família, preciso de vocês duas nele. — Com isso, Cashmere soltou uma risada sem-humor e olhou incrédula para ele.

— Realmente, você perdeu a pouca noção que lhe restou — disse, papai olhou para ela, chocado — Eu não vou ficar aqui para o seu teatrinho. — afirmou, fazendo-o respirar fundo, impaciente.

— Cashmere, não vai custar nada. — comunicou à loira — Você só precisa...

— Eu só preciso me comportar como alguém que eu não sou, e é exatamente por isso que eu não vou ficar. — sentenciou calmamente — Agora, se me dão licença, tenho coisas mais importantes para fazer. — E com isso ela saiu pela porta da frente, batendo a mesma com força ao fechar. Um silêncio se fez presente por pouco tempo, até que meu pai, finalmente, disse algo.

— Você já sabe que não tem opção, então está dispensada. Pode ir para o seu quarto e começar a se arrumar. — mandou, e assim que eu abri a boca para retrucar ele completou — E sem mas.

Subi para o meu quarto, derrotada, apenas para dar de cara com a pequena bagunça espalhada pelo local. A preguiça resolveu agir por mim, e decidi por terminar de arrumar tudo depois.

Chutei meus chinelos para o lado e me deitei na cama. O pequeno relógio no criado ao lado da cama mostrava que ainda faltavam algumas horas antes da chegada dos Potter. Não havia nada a fazer, então optei simplesmente por esperar.

[...]

Saí do banheiro enrolada em meu roupão, secando meus longos cabelos ruivos com minha toalha. Em cima da cama estava o vestido que eu escolhi para a ocasião e o vesti.

Ele era simples. O fundo era preto, completamente florido, e o tecido era leve. Optei por usar um cinto na cintura, e o deixei um pouco frouxo em cima. Coloquei minha inseparável correntinha e algumas pulseiras delicadas no pulso. Calcei minhas sapatilhas pretas e com um pequeno laço atrás.

Deixei meus cabelos secarem naturalmente e passei uma maquiagem leve no rosto. Olhei-me no espelho e gostei do resultado. Não demorou muito para a campainha tocar e então, eu resolvi descer.

Quanto mais rápido eu chegar lá, mais rápido isso irá acabar.

Da ponta na escada eu já ouvi várias vozes, e de longe avistei uma mulher ruiva e muito bonita. Provavelmente era a esposa do famoso Harry Potter.

Desci as escadas calmamente a ponto de ver nossos visitantes de costas para mim e meu pai tagarelando sem parar coisas que eles não pareciam ligar.

— Ah, eu estava realmente falando de você, querida. — Meu pai comentou, animado — Esta é minha filha, Alexia. — anunciou, fazendo-os me olhar.

Quando se viraram, pude finalmente ver o rosto de cada um. Os dois adultos, Harry e sua esposa, e seus dois filhos adolescentes, um garoto que deveria ter a minha idade e a garota.

Harry se aproximou para me cumprimentar, sorrindo, e eu pude ver sua famosa cicatriz em forma de raio, que agora tem companhia, uma cicatriz marcante sob sua bochecha direita.

— Prazer, eu sou Harry. — disse, e apontando para a mulher, a apresentou — Essa é minha esposa, Ginny — A mulher ruiva se aproximou e me deu um beijo na bochecha, e logo em seguida Harry continuou — E esses são meus filhos Albus e Lily.

O garoto apertou minha mão, exibindo um — maravilhoso — sorriso e sua irmã não mediu cerimonias: correu e me abraçou forte, animada.

Fiquei surpresa com o ato e vi que o tal Albus revirava os olhos com o ato da irmã caçula.

— Papai me disse que você vai para Hogwarts. — contou-me, animada, e eu sorri de lado, sem saber o que dizer.

— Lily, você ‘tá assustando a garota. — falou Albus e eu o olhei atentamente. Moreno e de olhos incrivelmente verdes, como os do pai. Não podia negar que o garoto era lindo, e dono de um sorriso encantador. A mais nova era a cópia da mãe: ruiva e com olhos castanhos. Era bem mais baixa que o irmão e incrivelmente mais baixa que eu.

— Não, ‘tá tudo bem. — resolvi finalmente falar algo. Meu inglês era excelente, afinal meu pai era britânico e eu não poderia fazer feio. Praticamente não tinha sotaque e poderia me passar por britânica tranquilamente. — Sim, vou para Hogwarts. — Infelizmente, completei mentalmente.

— Isso é tão incrível! — disse, feliz. Meu pai olhava a cena, satisfeito, e me lançava um olhar como se dissesse “Viu, não é tão ruim”.

Vovó chegou naquele momento, e meu pai logo a apresentou.

— Esta é minha sogra, Margot.

Muit’ prazerr. — cumprimentou a loira, sorrindo abertamente. Diferente de mim, minha avó tinha um forte sotaque francês que não negava suas origens. — Bom, o jantarr est’ sendo serrvido. — avisou, e logo todos se direcionaram para a mesa. Sentei-me de frente para Harry, enquanto seus filhos se sentaram ao meu lado.

— Devo dizer que fiquei muito feliz com o convite, Duda. — falou Harry, obviamente tentando puxar um assunto. Ginny concordou.

— Oh sim, fazia tanto tempo desde que não nos víamos. Alexia nem mesmo era nascida. — disse a mulher ruiva — E agora aqui está ela, indo estudar com os meus filhos. Quantos anos você tem?

— Eu faço dezessete daqui alguns dias. — respondi, e ela sorriu ainda mais.

— Oh, então você vai ir estudar com junto com James, já que ambos tem a mesma idade.

— James? — perguntei, curiosa. Ginny já ia responder, porém seu filho foi mais rápido.

— O idiota do meu irmão mais velho. — respondeu, levando um olhar duro de sua mãe.

— Albus, pelo amor de Deus, tenha modos. — ralhou ela, enquanto seu marido segurava um riso. — E não chame seu irmão de idiota.

— Tecnicamente ele disse a verdade. — murmurou Lily, fazendo com que a mãe a olhasse feio. — Desculpa.

— E por que seu filho não veio? — perguntou meu pai, curioso.

— Rebeldia pura. Agora que atingiu a maioridade vive dizendo que tem que tomar as próprias decisões. Resolveu sair com os amigos essa noite. — respondeu Harry, parecendo sem-graça. Lembrei-me de Cashmere e sorri de lado.

— Filhos... — comentou meu pai, deixando a frase morrer no ar. As taças em nossas frentes então se encheram com um líquido incolor e eu sabia que era obra de Margot.

— Então Alexia, animada para ir para Hogwarts? — questionou Ginny, puxando um assunto. “Oh sim, tão animada quanto estou esta noite para ter que estar num jantar com pessoas que nunca vi em minha vida”.

— Bastante. — disse apenas, vendo Albus me lançar um olhar estranho.

— Imagino que maravilha deve ser vir de outro país, largar seus amigos e sua escola para vir para um lugar completamente desconhecido. — começou, como se não quisesse nada. — Deve estar bastante animada. — ironizou e eu sorri.

— Exatamente isso. — concordei e meu pai me olhou feio. — O que foi? — perguntei, inocentemente.

— Albus, por favor. — suplicou Ginny, e o filho a olhou, se fingindo de desentendido.

— Tenho certeza de que você vai gostar de lá. — disse-me Harry — Eu também me sentia inseguro quando tive que ir e bom, olhe no que deu. — Ah, que tranquilizador ouvir isso do cara que derrubou o maior bruxo das trevas de todos os tempos. Muito legal saber que eu posso acabar descobrindo que tenho parte da alma de um bruxo do mau dentro de mim e que no fim isso vai acabar causando uma grande guerra que vai matar centenas de pessoas e eu vou quase morrer.

— Isso não foi muito tranquilizador. — brinquei, e ele riu, parecendo entender o que eu quis dizer.

— No final, tudo acaba bem. — lembrou-me e eu sorri. Vovó então nos serviu com a entrada do jantar, e Harry tentou puxar outro assunto.

— E como vai tia Petúnia e tio Válter? — perguntou, parecendo um pouco desconfortável. Desta vez eu fui mais rápida.

— Estão muito bem, provavelmente soltando fogos de artifício ao saber que o queridinho deles voltou. Pena que trouxe as malas. — alfinetei e Albus fingiu uma crise de tosse para disfarçar o riso. Minha avó tentava a todo custo segurar uma risada e meu pai me olhou raivoso.

— Lexi, não fale assim. Meus pais te adoram. — falou.

— ‘Tá falando isso pra filha errada. — retruquei, tomando calmamente a minha bebida. Antes que ele pudesse falar algo, Ginny resolveu interromper.

— Filha errada? — perguntou e meu pai pareceu um pouco desconfortável com o fato de sua outra filha ser lembrada.

— Minha filha mais velha. Ausentou-se hoje pelo mesmo motivo que o seu filho. — explicou brevemente meu pai.

Por alguns segundos houve certo desconforto e silêncio e todos se focaram em apenas comer. Papai sentiu que a situação estava saindo do seu controle e resolveu mudar isso.

— Então... Eles se parecem muito com vocês. — começou meu pai, falando sobre Albus e Lily. Harry concordou, sorrindo. — Qual é a idade de vocês?

— Eu tenho quinze. Infelizmente. — respondeu Lily, parecendo realmente odiar o fato de ser a caçula.

— Dezesseis. — disse Albus, indiferente.

— Bom, pelo que eu vi, sua filha não é muito parecida com você. — alfinetou Ginny em tom de brincadeira. Desta vez minha avó respondeu.

Lexi sempre parrecer muit’ com me falêcid’ marrido. — respondeu, sorrindo. Meu pai concordou. — Apesarr qu a corr olhos err minha côse. — completou.

— Ah, isso é verdade. — concordou meu pai, e olhando para os convidados pôs-se a explicar — Roy, meu falecido sogro era ruivo, como Lexi. Apenas Lexi e Elena, a tia dela, tem essa característica. Mas os olhos... — Olhou para minha avó antes e completar — Isso veio de Margot.

Logo após, meu pai e Harry começaram a discutir sobre trabalho, o que era estranho, afinal o trabalho do meu pai não tinha nada a ver com o trabalho do primo. Ginny foi para a cozinha com minha avó, com a desculpa de ir ajuda-la, mas eu sabia que era para conversar: minha avó tinha um dom maravilhoso de entender de assuntos femininos, independente da idade da mulher.

— Você deveria relaxar. — A voz de Albus me tirou dos meus devaneios e eu percebi que ele falava comigo — Você vai ver que Hogwarts é bem melhor do que você acha. Com o tempo você se acostuma.

— É verdade. — concordou a caçula, e falando mais baixo como se me contasse um segredo completou — E os garotos são lindos de morrer.

Não pude deixar de rir com seu último comentário, vendo logo depois a cara que seu irmão fez para o comentário da garota.

— Mas esses garotos não são loucos o suficiente para se aproximar de você. — falou Albus, fazendo a caçula o olhar irritado.

— Porque você e James quase os matam! Eu ainda não me esqueci de quando vocês ameaçaram o pobre Nicholas, no ano passado. — sentenciou a irmã, furiosa — Por culpa disso, toda vez que o garoto vê um de vocês, ou até mesmo eu, sai correndo.

— Oh meu Deus. — ri, enquanto Albus olhava para a irmã com desdém.

— Você é muito nova para namorar. — disse Albus, e a ruiva o olhou, perplexa.

— E qual é a idade ideal, então? — perguntou, irritada. O irmão sorriu de lado.

— Apenas quando você for uma jovem senhora de trinta anos. Aí sim, eu não vou me impor. — respondeu o menino, fazendo a caçula o olhar, horrorizada.

— Eu concordo com isso. — disse Harry, que parecia estar prestando atenção na conversa. A menina se irritou e fechou a cara, enquanto os homens riam.

— Aposto que com o tempo você consegue enrolá-los. — murmurei, e Lily sorriu para mim. — Isso se já não o faz, claro. — ri com meu último comentário e ela me acompanhou.

Quê? — Albus falou alto demais, e a caçula apenas o olhou, divertida.

Relaxa, Albus. — debochei, usando suas próprias palavras. O moreno me lançou um olhar raivoso e, antes que pudesse retrucar, Lily o interrompeu.

— Mas vamos voltar ao assunto. Você vai adorar Hogwarts, e nós vamos estar lá. — lembrou-me, e eu assenti contragosto.

— E logo você irá conhecer nossos primos e amigos. — comentou Albus, enquanto observava com gula o seu prato ser preenchido com o jantar principal — Eles são legais, e a maioria tem a sua idade. Vão estudar todos juntos.

— Eu espero realmente gostar de lá, mas queria que minha amiga estivesse comigo, também. — confessei, e Lily pareceu entender tudo, pegando na minha mão.

— Se a amizade de vocês for realmente verdadeira, ela vai apenas se fortalecer, apesar da distância. — consolou-me a pequena, e eu sorri de lado.

— Acho que vocês iriam gostar de conhecê-la. — informei, e olhando maliciosamente para Lily completei — E acho que ela iria adorar conhecer os garotos lindos de morrer, que você tanto fala. — finalizei, dando uma piscadela para Albus, que bufou, indignado.

Lily riu e logo todos começaram a comer. O jantar estava magnífico, como sempre. Minha avó cozinha maravilhosamente bem, e eu realmente invejava isso. Queria ter este dom, como Cashmere também tem. Eu não sei nem fazer um simples suco.

Mais tarde, depois da sobremesa, os Potter resolveram que já era tarde e precisavam ir. Lily me abraçou fortemente antes de ir embora e Albus apenas piscou para mim, para logo depois dizer isso.

— Vemos você em breve.


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Notas finais do capítulo

Antes de tudo, gostaria de dizer o quão difícil foi fazer a Margot falando, tive que olhar bastante as falas da Fleur nos livros HAHA. Vou deixar um recadinho para vocês sobre isso: TODA vez em que ela falar e NÃO estiver em itálico, quer dizer que ela está falando em francês. E quando ela falar em itálico ela está... Arriscando um inglês, por assim dizer.

Então, gostaram? Odiaram? Digam-me amores, deixem aqui seu adorável review e eu vou respondê-lo com todo o amor do mundo