Outonos escrita por Willa


Capítulo 13
Time


Notas iniciais do capítulo

04 de agosto de 2014.



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Um minuto e trinta segundos, Charles.

Aproximadamente o tempo que eu levei para me apaixonar por você.


Exatamente o tempo em que eu morri.


Não havia nada, Charles, e foi sufocante. A solidão. A morte. Era escuro, e você foi embora, levou minha luz, não restava esperança. E eu sabia que você apareceu por ali. Porque eu sentia seu cheiro. Porque eu ouvia suas cores. Porque me contaram.


Não havia cheiro. Não havia cores. Não havia música.


Eu estava fraca demais para pensar como uma garota apaixonada sem paixão. Fraca demais para lidar com o fato de que você não quis me ver acordar. Fraca demais para aceitar que você tem mais medo do que amor por mim. Você ama a Dominika frágil de porcelana antiga. Você ama a Dominika que não ultrapassa sua sanidade. A Dominika que o ama incondicionalmente.

Mas você não ama a Dominika que chora, corta, mutila, desanda, cai e não canta.


Porque seu mundo é mais colorido. Pichações. Quadros em corpos de menininhas magras demais. De flores nos cabelos que você amou. De bebidas para disfarçar a realidade.


Você ama uma Dominika que luta para existir consigo mesmo. Você ama a garota que tenta, não a que é.


Ah, Charles. É uma triste realidade. Triste triste trise.


Porque você amou alguém que não existe.

Eu não existo.


Eu não existo mais para Emma, para Charli, para Izzy. Para Henry, Thomas ou Seth. Ou para qualquer um que veio depois de você. Porque eu fui de cada e com cada um. Eu fui a Dominika necessitada, feliz, drogada, sádica, masoquista, gay. Inteira, quebrada. Pintada, nua, vestida de terror, amor e farsas.


Eu fui de qualquer um. Porque eu não era mais ninguém.


Porque eu não existia sem você.
Porque eu sou só um corpo que se adapta a necessidade carnal e aos desejos egoístas de uma menina que tem medo da vida. Medo de viver. Mas não tem mais medo de tirar vidas.

Porque a cama está sempre vazia. A porta está sempre aberta. As paredes estão limpas e minha pele também.

Meu coração está quebrado.

Minhas pálpebras lutam contra a esperança que insiste em surgir.

Eu sou a Dominika que te espera voltar.

Que te ama mais e mais e mais.

Que sente nas horas erradas.

Que nem um minuto e trinta segundos clínicos a deixaram mais morta do que o seu vazio.

Dominika Barllet


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Notas finais do capítulo

Tenho um grande problema com 'porques'.
Então não tenho nenhum para explicar a demora. Mas infelizmente esse é o último já escrito. Não sei quando surgirá outro. Mas espero que em breve.