Meredith começou a tossir com a quantidade extra de oxigênio que era enviada ao seu organismo. Sua cabeça doía, uma dor que jamais sentira anteriormente, e ela não sabia como aguentaria a dor por muito mais tempo.

“Ela está acordando!” ouviu alguém ao seu lado exclamar, porém estava incerta a quem tal voz pertencia. “Meredith? Meredith, você pode me ouvir?”

“Hm....” foi o único som que escapou de sua boca.

“Meredith, eu preciso que você fale alguma coisa para mim” a voz continuou a falar.

“Derek...” a única coisa que sua mente conseguia pensar era no nome de seu marido.

“Não a melhor palavra que eu imaginava, mas tudo bem, está ótima para o momento” ela finalmente pôde identificar a voz como de Cristina.

Meredith finalmente abriu seus olhos e tirou a máscara de oxigênio de sobre sua boca. “O q-que aconteceu?”

“Você bateu sua cabeça, por acaso?”

“Hm, o que?”

“Pense bem, Mer. Quando Derek te agarrou, você bateu sua cabeça em algum lugar?”

“Eu... eu acho que sim. Por quê?”

Cristina suspirou. “Você desmaiou, no meio do hospital, o que eu acredito não era algo que você planejava fazer. Você desmaiou por causa de uma concussão, eu suponho”

“C-concussão?”

Ela revirou os olhos. “Olha, eu sei que você ainda está meio confusa, mas podemos por favor parar de fingir do que aconteceu é normal?”

“Cristina....”

“Não, sério, Meredith. Ele te pôs em uma cama de hospital, pelo amor de Deus! O que aconteceu não é normal!"

Meredith olhou para o baixo, incerta do que dizer ou fazer. Sabia muito bem que sua amiga estava certa, mas jamais conseguiria denunciar seu marido para a polícia. “Quem mais sabe? Quem mais... quem mais me viu desmaiar?”

“Metade do hospital?” ela exagerou. “Para sua sorte, apenas alguns residentes estavam ao redor. E não se preocupe, eu já ameacei-os para que não contassem a ninguém sobre o que viram.”

Ela deixou um suspiro escapar de seus lábios, só então percebendo que estava usando um avental de paciente. “Você me internou?!”

Cristina revirou os olhos. “Eu posso muito bem deixar passar o fato que você deveria chamar a polícia, mas não vá esperando que eu não a interne depois de você ter desmaiado em meus braços, com uma concussão na cabeça!”

Meredith assentiu, sabendo que estava provavelmente certa. “Você já fez uma ressonância?”

“Não, estava esperando que acordasse e visse se não havia nenhum dano cerebral” ela disse. “Você vai me falar o que aconteceu agora?”

Ela encarou a parede à sua frente por bons momentos antes de começar a falar: “Nós estávamos tendo uma briga. E não foi nem a maior de nossas brigas, mas, eu não sei, ele estava tão bravo comigo que simplesmente me agarrou pelos braços e me prendeu na parede.... Não foi grande coisa” ela tentou argumentar.

“Não foi grande coisa?” Cristina ergueu uma sobrancelha. “Eu tenho que repetir que ele te pôs em uma cama de hospital?”

“Eu sei que ele não teve intenção de tal”

Cristina pegou um de seus braços e ergueu a manga do avental, mostrando-lhe a ferida que agora estava em uma cor preta. “Ele pode até não ter tido a intenção, mas ele te machucou! Machucou de um jeito que jamais deveria te machucar! O único lugar que ele pode te machucar é na cama e tanto eu como você sabemos que essa não é uma ferida de sexo”

“Derek nunca me machucou na cama” sua voz se tornava cada vez mais baixa.

“O que torna o que ele fez mais grave ainda” Cristina disse. “Mer, eu sei que você ama Derek, mas não acha que deve fazer a coisa certa e chamar a polícia?”

“Não... Eu não posso chamar a polícia. Derek jamais me perdoaria se ele fosse para a cadeia”

“Por que ele tem que te perdoar sendo que foi ele quem fez a coisa errada?” ela argumentou, sabia que seria provavelmente a coisa mais difícil que já fez convencê-la a fazer o que devia fazer. “Ok, vamos parar de pensar em Derek por alguns minutos. Pense em você, pense nas crianças. Você não quer que eles cresçam em um lar abusivo, quer?”

“Eu não tenho um lar abusivo” ela cruzou os braços.

“Mas você tem, Mer” ela disse em uma voz mais branda agora. “O que Zola pensará quando ela ver seu pai batendo em sua mãe?”

Meredith mordeu seu lábio inferior. Zola já tinha visto isso acontecer, mas não podia dizer isso a Cristina, senão ela ligaria para a polícia com ou sem sua permissão. “Isto não vai acontecer de novo, eu tenho certeza”

“Então você vai voltar para ele? Voltar apenas para que ele tenha uma outra chance de te machucar?”

“Não vai acontecer de novo” ela não sabia se estava dizendo tais palavras para Cristina ou para si mesma.

“Desta vez ele apenas te agarrou pelos braços; a próxima vez você não pode ter tanta sorte. Ele pode realmente te bater”

“Pare”

“E depois que ele terminar de te bater todo dia, você ficará apenas se questionando o porquê de não ter feito algo antes, enquanto ainda tinha tempo”

“Pare, por favor”

“E mesmo que você faça algo futuramente, você se sentirá culpada por tudo que aconteceu, além de ser marcada para o resto de sua vida”

“Pare!”

Só então Cristina percebeu que estava machucando sua amiga mais do que ajudando. “Desculpe-me, Mer, eu apenas.... Você precisa fazer algo. Você é minha pessoa. Eu não suporto te ver machucada”

Meredith fungou, lutando contra as lágrimas. E se Cristina estivesse certa? E se Derek realmente fosse machucá-la uma outra vez? “Eu não quero ser apenas outra mulher que apanha do marido, Cristina”

Cristina pegou sua mão. “Então faça algo. Não o deixe ganhar. Faça algo, chame a polícia”

“Eu-eu não consigo chamar a polícia. Não sou forte o suficiente para chamar a polícia. Meu amor por Derek.... me deixa fraca”

“Meredith, você é uma das pessoas mais fortes que conheço. Ninguém conseguiria passar por tudo que você passou e continuar otimista – pela maior parte do tempo, ao menos. Você sobreviveu uma bomba, um afogamento, um tiroteio e um acidente de avião, e eu acredito que poderá sobreviver isso também. Você sobreviverá isso, eu sei. Mas você tem que saber disso também. Você não é fraca nem nada. É uma das pessoas mais destemidas que conheço”

Ela engoliu um seco. “Então por que me sinto fraca?”

Cristina pareceu pensar um pouco. “Talvez porque sua vida, tudo que você acreditou nos últimos oito anos acabou de cair em pedaços. Mas isso não significa que você não possa juntar esses pedaços de novo”

“Então você está dizendo que eu posso voltar com Derek?”

“Sim... Mas não agora”

Ela suspirou. “Mas como eu poderia voltar para ele se eu chamar a polícia?”

“Eu não sei, eu acho que você tem que descobrir por si mesma” tirou o celular de seu bolso e entregou-lhe. “Ligue para a polícia”

Meredith segurou o celular em sua mão firmemente, até chegou a discar os três números, mas nunca conseguiu pressionar o botão de ligar. “Eu não consigo fazer isso, não agora.”

A coreana suspirou, sabendo o quão difícil deveria ser para sua amiga. Mas estava ao menos contente por ela ter ao menos considerado ligar para a polícia. “Ok”

“Eu estou cansada, Cristina”

“Descanse um pouco então, eu estarei aqui quando você acordar”

Meredith assentiu e fechou seus olhos, antes de entregar seu corpo à exaustão.