Melissa andava impacientemente pelo salão de treinamentos, o rosto parecendo uma estátua de gelo. Jennifer e Max tentaram acalmá-la, obviamente sem sucesso. Ela odiava ser tratada como criança, ainda mais quando se tratava de caçar demônios. Um pensamento sondava sua mente, se nem mesmo seus pais acreditavam nela, quem iria?

É claro que Jennifer e Max confiavam nela. Jennifer era sua parabatai e Max era seu irmão. Mas seu pai era Jace Lightwood, o melhor caçador de sombras da história, e sua mãe era Clarissa Morgenstern, a garota que parou a guerra, a única pessoa viva a ver o Anjo. O apoio deles era tudo para ela.

Agora os dois estavam em uma missão emocionante enquanto ela estava trancada no Instituto. Nessas horas, gostaria de ter herdado o talento de sua mãe com símbolos para poder criar um portal sozinha. Entretanto, era impossível. Continuou andando até que a porta do salão se abriu. Era Max. Ele disse, com a voz entrecortada:

– Temos um problema.

* * *

Jace já estava impaciente, queria respostas e as teria. Ele perguntou:

– Você é a líder desse lugar?

A sereia, Alarah, o olhou com desprezo. Ela respondeu:

– Não, eu respondo por minha superior, Vivian, a Dama Vermelha.

Simon disse:

– Sério, não tinha um nome mais tosco para inventar?

A sereia mal o olhou e disse:

– Nossos assuntos não são de seu interesse, Diurno.

– Ele tem nome, e é Simon- rosnou Isabelle, com o chicote de cobra pendendo em sua mão, pronto para ser usado- Você e suas comparsas são suspeitas por matar pescadores mundanos.

– E eu assumo com orgulho que somos culpadas. Aqueles mundanos invadiram nosso território! Era nosso direito nos alimentarmos deles.

Todos nas canoas começaram a estremecer. Porém o pescador parecia encantado com a sereia. Ela o olhou e perguntou:

– Será você o meu marinheiro alegre?

E então começou a cantar:

My heart is pierced by cupid

I disdain all glittering gold

There’s nothing can console me

But my jolly sailor bold

Come all you pretty fair maids

Whoever you may be

Who love a jolly sailor bold

That ploughs the raging sea

Conforme a sereia cantava, as águas se agitavam e sereias se aproximavam das canoas. Jace podia sentir o feitiço por traz da musica e suas marcas de proteção queimavam.

O pescador se aproximou cada vez mais da borda até estar quase beijando a sereia. Ela submergiu e seu rosto se modificou. Ao invés de pele haviam escamas, olhos dourados e dentes e garras afiados. O pescador se debateu mas a sereia era mais forte e o puxou consigo para o fundo da lagoa, onde desapareceram.

Todos os Caçadores de Sombras sacaram suas armas e a lagoa escura se iluminou com o brilho de centenas de lâminas serafim.

Tudo aconteceu muito rapidamente. Dezenas de sereias saltaram sobre eles com as guarras expostas e Jace conseguiu ferir várias delas, enquanto as canoas alcançavam a borda de uma ilhota. Alguns Caçadores caíram na água e estavam em uma luta intensa com as Sereias.

Jace alcançou uma pedra e se preparou para atacar quando uma mão o puxa para trás, impedindo que fosse esmagado por uma viga de madeira em chamas.

Ele olhou para trás e viu uma sereia jovem, com um rosto dócil e assustado. Parecia com Melissa, o que fez com que Jace, por um segundo, quisesse protegê-la.

Logo, membros da Clave vieram e a prenderam com uma rede de electrum. Jace podia ver a pele dela se queimando e formando bolhas, e sentiu-se enjoado. Elijah cuspiu na sereia e murmurou algum palavrão ininteligível. A única coisa que ele ouviu a sereia dizer foi:

– Me ajude, por favor.