O Meu Muro Caiu, literalmente escrita por Carol Araujo


Capítulo 9
Capítulo 9 - Um dia... estranho.




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- VOCÊ NÃO VAI ENCOSTAR ESSE TROÇO NO MEU CABELO! – Gritei para Sabrina que vinha em minha direção com um ferro de passar para cabelo

- Ai, Alexandra, eu to cansada, você quer ou não quer se arrumar para o cinema e para Mateus? 

- Mais eu não vou fazer isso que você ta pensando, eu não vou alisar meu cabelo!

- Alex, ia ficar tão bonitinho...

- Eu prefiro meus cachos a isso - Cruzei os braços

Ela me encarou, mas permaneci com a cara fechada.

- Tá bom, mas eu vou ajeitar essa zona que você chama de cabelo – Ela falou desligando o ferro

Sorri vitoriosa. Ela pegou uma escova e um secador, é mais aceitável. Depois de meia hora quando meu cabelo estava pronto, Sabrina separou uma roupa para mim.

- Que tal esse vestido? – Ela disse um vestido amarelo berrante e curto

- Você quer me matar mesmo? – Falei com meu tom sarcástico

- Eu já te mostrei mais de 5 roupas e você não gostou de nenhuma, você é muito difícil

- Tem mais alguma coisa aí?

- Bom tem um blusa tomara que caia preta – Ela me mostrou uma batinha preta simples toma que caia

- Sabe? È até bonitinha – Sorri

- ALELUIA  - Ela agradeceu – Só falta uma calça jeans, você usa 38 né?

- Aham

- Então tome e se vista – Ela me deu uma calça Jens escura e o tomara que caia.

Me vesti no banheiro, a calça ficou meio apertada mais eu poderia agüentar.  Me olhei no espelho, meus cachos que antes eram volumosos estavam mais comportados, bem mais bonito. A blusa valorizava o pouco de peito que eu tinha e a calça apertada tornava minhas pernas grossas bem mais finas e elegantes, eu gostei. Saí do banheiro e mostrei para Sabrina que me esperava sentada na minha cama.

- Uau – ela disse

- Ficou melhor do que eu imaginei na verdade.

- Eu trouxe um salto alto...

- Eu vou usar meu all star preto – Disse logo antes que ela empurre mais coisa para mim – Eu não te chamei para fazer uma transformação geral

- E maquiagem?

-  Batom e lápis, só isso, pode ter sombra escura.

Ela fez uma careta, mais mesmo assim aceitou.  Depois de me maquiar, ela foi se arrumar, eu calcei meu tênis e saí do meu quarto finalmente. Minha mãe estava no quarto dela, eu entrei lá,ela estava lendo um livro.

- Mãe, você sabe que você vai deixar eu e meus amigos no shopping né?

- Alexandra, é você? Eu não sabia que Sabrina tinha poderes

Revirei meus olhos  - Você vai nos deixar né?

- È claro, é só me chamar que eu vou

- Ótimo – Saí do quarto dela e fui para o jardim chamar Mateus. O muro estava chegando perto do meu pescoço, suspirei. Cheguei mais perto do muro e gritei o nome dele, ele veio correndo, e acenou com um sorriso para mim, mais depois me estranhou.

- Você deve ser a amiga de Alexandra né? – Ele falou perto de mim

- Hahaha, muito engraçado – Revirei meus olhos, eu estava tão diferente assim? – Sou eu

- Nossa, você ta diferente.

- Foi Sabrina, ela ta se arrumando no meu quarto.

- Quem vai mais sair?

- Só eu, você, Sabrina e o namorado dela. – Dei ombros

Ele coçou atrás da cabeça, mal sinal.

- Que foi? – perguntei

- Alana vai vim – Ele falou, mais eu não acreditei no que saiu dos lábios dele

- O QUE?

- Alexandra, não dá para ser amigável com ela não, acho que vocês serão amigas com o tempo

- Ela vai ser minha amiga no dia de são nunca – Rugi

- Você é difícil

- Você não é o primeiro a dizer isso hoje – Bufei

- Mais é seu jeito – Ele deu ombros e riu, eu não pude deixar de sorrir como uma boba para ele.

Ouvi a campainha da casa de Mateus tocar, devia ser ela. Me abaixei, me escondendo dela. Eu ouvi Mateus abri o portão.

- Amor – Ouvi a voz da loira burra, meu deus eu vou ter que suportar isso no cinema?

- Oi Alana – Ouvi ele cumprimentar

- A gente vai para o cinema com quem?

- Com a mãe da Alex – Ele falava meu nome, dava uma sensação engraçada em mim.

- AAH – Que vontade de matar essa nojenta. – Cadê a Alex?

- Eu não sei ela estava aqui perto do muro – Ouvi passos na minha direção

Eu pulei saindo da minha posição agachada, Mateus teve um susto, e Alana ficou vermelha, não sei porque.

- O que você estava fazendo agachada? – Ele perguntou

Pense Alex, pense Alex.

- Eu deixei um brinco cair no chão  - Eu disse

- Mais você nem usa brinco

Merda!

- Estava segurando um par para Sabrina que eu esqueci que estavam nas minhas mãos, só isso.

- Ok – Ele disse, eu me acalmei saindo da minha mentira forçada

Ouvi a campainha agora de a minha casa chamar

- Vou atender, deve ser o namorado da Sabrina – Falei indo para o portão e abrindo, era Fernando mesmo

- Oi Alexandra, você ta bonita – Ele falou entrando

- Oi, eu vou chamar Sabrina e minha mãe para ir logo pra o shopping que ta encima da hora – Corri pra dentro de casa e chamei Sabrina no quarto que estava colocando o batom.

- Está na hora – Chamei

- Ok, to indo.

Fui para o quarto de mamãe chamar e minutos depois estávamos todos no carro de mamãe, com eu na frente e os dois casais atrás, tomara que isso valha a pena, muito a pena.

- Tchau mãe – Me despedi saindo do carro em frente ao shopping.

- Tchau filha – Ela saiu com o carro.

Fomos todos para a fila do cinema, quer dizer, eu fiquei de comprar para o pessoal, estavam me servindo de escrava, que divertido. Entramos na sala do cinema com minutos de sobra, me deixando tensa. Estavam os dois felizes casais namorando e eu de vela, isso foi uma péssima idéia.

- Alexandra você ta bem? Você não para de se mexer nessa cadeira – Sabrina perguntou do meu lado

- Nada não – menti

Assisti o filme tentando o máximo de atenção, uma palavra define o filme, caos.È tudo destruindo, tanto faz o lado que você olhe,para tela, para Mateus e Alana ou Fernando e Sabrina, é de se assustar. Na metade do filme Mateus teve que ir para o banheiro, aí eu podia atacar, eu sorri vitoriosa. Peguei uma pipoca e joguei no rosto de Alana, ela olhou para mim com raiva e voltou para tela, eu ri. Joguei outra pipoca, seguida de outra, quase não consegui segurar a risada

- Você quer parar com isso? – Alana falou sussurrando

- Não – Eu disse bem alto – Eu não vou parar com isso

- Shhh – Falou o homem atrás de mim, eu tive que segurar um pouco mais do riso

Joguei outra pipoca, foi o pingo de água para ela. Ela jogou um pipoca em mim. Joguei outra nela e ela ficou toda vermelha, mostrei o dedo para ela finalizando a guerra.

- PARA – Alana gritou no meio do cinema, bem na parte que o Cristo redentor estava destruindo, irônico né?

O lanterninha veio até a nossa fila e colocou logo a luzinha em Alana, que estava vermelha.

- Dá para fazer silêncio senhorita? - Ele falou com uma voz grave, segurei o riso

- Olha só, eu estava no meu canto, em silêncio, e essa VADIA jogou pipoca em mim – Alana quase gritou a palavra vadia

- VADIA È SEU...  – Eu tentei me defender, mais o lanterninha me cortou

- Vocês duas podem sair do cinema?

- O QUÊ? EU VOU ESPERAR MEU NAMORADO, SENTADINHA AQUI, ela que vá embora – Ela se sentou na cadeira

- Vocês duas saiam do cinema nesse momento – Ele continuou

- Eu vou é vazar daqui – Eu disse passando pela fila tentando sair dali

Ouvi Alana bufar e me seguir também. Saímos da sala e Mateus já estava voltando do banheiro, ele se assustou a me ver e mais Alana.

- O que aconteceu? – Ele perguntou

- Ela gritou no meio do cinema -  Falei, segurando o riso de novo

- Eu gritei? Você ficou jogando pipoca em mim, você é a menina mais infantil que eu conheço – Alana falou

- Infantil? – Retruquei

- Tá bom meninas, não importa! Vocês vão fazer o que agora?

Dei ombros, eu queria ir pra casa, mais eu queria fazer mais algumas coisas.

- Sei lá – Alana falou

- Vamos comer mesmo – Mateus bufou.

Fomos a praça de alimentação, que estava sempre lotada, eu e Mateus ficamos na fila do Mc Donald’s , enquanto Alana foi pra um restaurante que vende só folha e  tomate, eu tinha pena dela nesse aspecto.

-  Vocês não vão parar de brigar né? – Mateus falou na minha frente

- Não – Eu soltei um riso estridente

- Eu não sei se vou agüentar conviver com isso 

- Então se prepare para dias piores – Falei pegando no meu pedido e levando para mesa

- Vou me esconder mesmo no fundo do meu quarto – Ele se sentou

- Boa sorte

- Obrigada

E foi aí que Alana chegou colocando seu prato e sua água com gás na mesa, eu não sei como se alimenta com isso. A janta foi silenciosa, quando acabei, eu me levantei da mesa.

- Eu já vou – Eu falei, eu que não ia ficar de vela do casal feliz, suspirei.

- Já? – Mateus falou

- Eu acho que eu vou dar uma parada aqui e ali, mais daqui eu vou só – Falei indo embora, dando tchau

- Até que fim ela foi embora – Ouvi Alana falar, minha raiva acordou, mais não tomou conta de mim, eu estava ocupada pela rejeição.

Eu podia dar uma parada na loja de instrumentos, faz um tempo que eu não ia. Fui andando até a loja, quando fui barrada por um homem correndo com uma sacola na mão, calça jeans colada preta, e uma blusa de bolinhas rosa, um viado então.

- SAÍ DE CIMA DE MIM! – Gritei para o bicho que estava em cima de mim

O viado num instante se levantou e me ajudou a levantar e foi se esconder atrás de mim.

- Bofe, me ajude, um policial barrigudo está atrás de mim – Ele falou numa voz afeminada de dar nojo.

Foi aí que eu vi, tinha um policial gordão negro vindo em minha direção. PORQUE ESSA COISA VEM DIRETO PARA MIM?

- A senhorita, viu um homem correndo com uma sacola na mão, e de calça justa preta? Ele roubou um dos nossos artigos.

Mentia ou culpava o viado ladrão?

- Não vi não, policial – Eu sou uma besta mesmo

- Tá ok – Ele se virou e até eu perder de vista

- BOFE, VOCÊ ME SALVOU! – Ele me abraçou por trás

- Merda, eu não sou sua bofe!

- Mais mesmo assim você me salvou!

- Mais uma coisa que eu me arrependo nessa vida

- Você é uma menina muito mal criada, já ouviu isso?

Ignorei ele e continuei andando até a loja de instrumentos.

- PERAI, MENINA! – O viado veio correndo até mim

- O que você quer mais de mim?

- Eu to sem carona para casa

- Pega um taxi, eu não dirijo

- Eu não tenho dinheiro, sou uma bicha pobre

- Percebi, da onde uma bicha rica rouba de lojas?

- Foi um momento de fraqueza, tinha uma calça que eu não resisti

- Usa cartão

- O meu estouro e aquela loja não aceita meu cheque, me empresta uns 10 reais?

- Você promete que sai da minha frente, do lado, e de trás?

Ela me abraçou de novo

- Para de me agarrar! – Falei

- Você salvou meu world querida

Dei logo dez reais a ele, e ele saiu correndo da minha frente, aleluia. Continuei andando até a loja e entrei, ali parecia o paraíso para mim, várias guitarras, violões, e baixos brilhavam para mim.

- Alexandra? É você? –A voz de trás de mim, me virei

- Pedro! – Falei, olhando para o homem de 18 anos de idade, cabelos castanhos e olhos cor de caramelo, muito mais alto do que eu, que é atendente dessa loja que eu conheço a uns 2 anos.

- Faz tempo que você não vem aqui – Ele disse com os olhos brilhando de supresa

- Eu andei... Meio ocupada para vir no shopping nessas semanas. Mais eu nem quero falar da minha vida agora, tem alguma novidade para mim?

- Chegou uma Fender importada que você vai adorar, só tenho mais uma, as outras vendidas.

- Ai, e o preço?

- È acessível para você, basta querer. Quer ver?

- Eu necessito ver – Falei com um sorriso estampado na cara, eu nem sabia que estava lá.

Ele me levou ao fundo da loja, até uma guitarra de um preto brilhante, que ofuscava só na luz da loja, ela linda, melhor que minha vermelha toda velha e arranhada, suspirei. Ela tinha sua própria alça, o que era bom para mim.

- É quanto? – Falei com a voz fraca, eu tenho medo até de ouvir o preço

- 300 – Ele falou atrás de mim – Mais eu posso te fazer por 250

- Lá vai começar com seus descontos – Eu ri, foi nisso que ele vendeu minha guitarra – Eu nem sou uma cliente especial nem nada, não precisa .

- Você é uma cliente especial sim, e é amiga do filho do dono, isso quer dizer um super desconto

- E você é esse filho do dono. Mais tudo bem, eu não posso comprar mesmo, eu só recebo 180 por mês do meu pai, e ele quer que eu seja feliz com isso. – Ri lembrando do e mail enorme sobre finanças e de dinheiro do meu pai, eu exclui na hora – Ela é muito linda mais eu não posso.

- Quer que eu reserve?

- Não obrigada Pedro, e eu já vou indo – Eu falei saindo da loja

- Espera, eu vou com você, a moça já vai cobrir meu turno, eu só vou trocar com ela e já volto.

- Não pre...

- Eu vou com você

Ele sim era um homem insistente, depois que ele trocou  o turno com a moça, saímos para uma loja de CDs, onde eu torrei uma boa parte do meu dinheiro em CDs, Pedro era do tipo palhaço, ele sempre me fazia rir, e sai tudo, simplesmente tudo sobre música. Ele era um bom amigo, só isso. Ele me deixou em casa com sua moto que ele ralou para ter, me despedi e entrei em casa. Hoje foi um dia... Estranho. No jardim, estava Mateus, como estivesse me esperando, acenei de longe para ele.

- Chegou tarde- Ele falou encostado no muro.

- Estive com um amigo – Falei

- Que amigo? – Ele falou com um tom de voz alterado

- Um amigo, por que quer saber senhorzinho?

- Curiosidade.

- Boa noite – Falei

- Boa noite, bom sonhos

E que bom o sonhe que eu tive essa noite.

 


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Notas finais do capítulo

*Olha, eu sei que não tem nada a ver com a fic, mais é que eu quero que vocês visitem meu blog, não seria pedir nada de mais né? clique: http://uncoveringthings.blogspot.com/

Beijos,
Carol

PS: Gostaram do capitúlo? Esse eu ri muito, até minha irmã perguntou por que eu estava rindo tanto, e quando eu contei que estava escrevendo ela falou: Doida... Pois é né gente como nossa escritora é tratada?



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