Acordo ofegando do meu sonho, ainda estava de noite. Aquilo era tão nítido, tão real, bom eu desejei que fosse real, ou não. Minha cabeça estava incoerente, eu estava incoerente. Levantei-me da cama e fui tomar um pouco de água na cozinha. Aquele beijo, não saia da minha cabeça, repetia várias vezes para me torturar. Deixei o copo de água na pia e voltei pro meu quarto. Peguei meu Mp4, coloquei no volume máximo de doer meus ouvidos e fui me deitar, eu não queria me concentrar na letra da música, abafar minha mente. Meus olhos pesaram e eu adormeci de novo.

 Acordei outra vez, mais os raios de sol já invadiam meu quarto, sinalizando que era de manhã, minha dúvida era uma coisa, era segunda ou terça? Até quando ontem foi sonho?

- Alexandra! – Minha mãe gritou, minha rotina insistia em continuar

- Acordei - Eu disse me levantando.

  Eu me vesti e peguei minha mochila e fui tomar o café da manhã.

- Mãe, que dia é hoje? – Eu perguntei tomando meu leite com Nescau

- Terça feira

- Que horas eu dormi ontem?

- Quando eu cheguei pra almoçar, você já estava dormindo, te deram alguma coisa ontem?Por que você dormiu muito tempo!

- Não, nada mãe – Me levantei – Já vou indo pro colégio

Então, a partir da minha conversa de Gorete, eu dormi muito estranho. O muro estava um pouco mais da metade da minha perna e o Mateus estava lá como no meu sonho, perfeito. O beijo do meu sonho ainda invadia minha mente, me iludindo mais que eu queria. Peguei minha bicicleta do chão e fui em direção ao portão. Indo embora sem olhar para trás.

 O colégio foi um borrão hoje, voltei como fui sem olhar para trás. De volta do colégio, eu fui tomar banho e comer o almoço que Gorete preparou, sem sentir o gosto, pois é estou sendo dramática hoje. Fui pro jardim para ver se ele estava lá, e estava. Ele estava no pé da porta, ele acenou pra eu ir até ele e eu fui, passei pelo muro e fui ao seu encontro.

- Tem alguém que eu quero te apresentar – Ele disse com o sorriso igual ao do meu sonho

- Cadê? – Perguntei curiosa

Ele chamou alguém dentro da casa dele e uma menina de aparência de 18 anos saiu pela porta. O cabelo loiro dela chegava até a  metade das costas, delicado, sua pele bronzeada do sol reluzia seus olhos azuis como o mar, ela era mais alta que eu, e do mesmo tamanho do Mateus. Ela sorriu pra mim, de um jeito convencido.

-Oi. – ela disse com uma voz de bebê

Sinto como tivesse levado um balde de água fria, eu estava paralisada.

- Alexandra, essa é a Alana minha... Namorada – Ele disse